
POR GERSON NOGUEIRA
Sem fazer uma grande exibição, o Papão arrancou empate com sabor de vitória na Arena Castelão e garantiu uma estreia de bom tamanho no Brasileiro da Série B. As muitas modificações comprometeram a evolução e a organização da equipe diante de um adversário tradicionalmente difícil de ser batido em seus domínios. Foi necessário, no fim das contas, mostrar nervos de aço para evitar uma derrota que parecia certa.
Depois de um primeiro tempo equilibrado, a defesa alviceleste sofreu um apagão drástico no começo da etapa final e permitiu dois gols em três minutos. A desvantagem atiçou o Ceará, que teve chances de ampliar o placar. Aos poucos, o Papão foi se recompondo e ganhando força para a reação viria nos minutos derradeiros.
Pode-se afirmar, sem erro, que a arrancada final para o empate evidenciou a qualidade técnica do grupo de jogadores à disposição do técnico Dado Cavalcanti, com destaque na partida para o estreante Rafael Costa e o volante Lucas, autor dos gols bicolores.
Contribuiu para um desfecho positivo a firme determinação do time em buscar o gol. Manteve-se persistente mesmo quando o marcador era desfavorável. Série B é uma competição que exige arrojo, disciplina e confiança no próprio taco.
A partir dos 20 minutos, quando ficou visível a queda de rendimento físico do Ceará, agravada pela saída do bom Serginho, substituído por Tomás Bastos, o Papão cresceu em dinâmica – já com Jonathan em campo e posicionado quase que como um terceiro atacante – e passou a encurralar o adversário em seu próprio campo.
Mais interessado em se defender e explorar o contra-ataque, o Ceará cometeu o erro crasso de ceder espaço ao visitante. Foi por aí que Dado conseguiu fazer o Papão crescer no jogo, indo ao ataque sem desguarnecer o sistema defensivo e superando até mesmo as eventuais dificuldades de entrosamento pela presença de novos jogadores.
Rafael Costa, jogando na faixa normalmente ocupada por Celsinho, mostrou autoridade e conhecimento da função. Aproximou-se também de Alexandro, buscando colocá-lo em condições de finalização, e se movimentou muito para criar alternativas ofensivas. Para uma estreia, jogou mais que a encomenda, deixando claro que chegou para ser titular.
Alexandro, apesar do esforço, desfrutou de poucas oportunidades, mas não comprometeu. João Lucas foi bem quando executou cruzamentos, porém teve fraca participação no setor defensivo.
Por outro lado, Lucas foi um nome de importância decisiva no confronto. Marcou o gol de empate em cabeceio cruzado de cima para baixo, sem chances para o goleiro. No lance do empate, aos 44 minutos, mostrou desembaraço de atacante de área. Atento ao intenso bate-rebate, aproveitou o rebote para mandar a bola para as redes. É outro que carimbou a caderneta da titularidade, seja no meio ou na lateral esquerda.
Pela produção dos times em estreia de campeonato, o resultado foi inteiramente justo, mas as falhas da defesa paraense que permitiram os gols do Ceará precisam ser cuidadosamente analisadas e corrigidas. Um campeonato normalmente difícil não pode ser comprometido por descuidos primários como se viu naqueles três minutos iniciais do segundo tempo.
————————————————–
Lucas e Costa, os melhores
Lucas e Rafael Costa foram os melhores no Papão. O primeiro pelos gols e a participação intensa tanto na cobertura da defesa quanto nas ações ofensivas. O segundo pela articulação e capacidade de finalização.
No Papão, o lado negativo ficou com a zaga (Lombardi, principalmente) bateu cabeça e quase pôs tudo a perder com o incrível apagão de três minutos.
No Ceará, destaque para Serginho e Assisinho
————————————————–
De olho na Série C, Leão goleia bragantinos
Quem foi ao Mangueirão na manhã de domingo ficou bem impressionado com a movimentação de Brinner, Fernandinho e Michel Schmoller, que já passou pelo Remo há dois anos. Héricles (ex-Gama) entrou depois e marcou gol, mostrando desenvoltura.
São reforços que podem emplacar e ajudar na campanha da Série C. Mas é preciso considerar que o adversário, um combinado bragantino, não criou maiores obstáculos à goleada azulina.
Marcelo Veiga havia pedido três amistosos para movimentar o time antes da estreia no Brasileiro. Teve que se contentar com o de ontem. É pouco para montar e testar um time bastante modificado em relação ao que disputou o Parazão e a Copa Verde.
—————————————————
As primeiras impressões
A Série A começou com a esperada supremacia dos mandantes (Palmeiras, Coritiba, Flamengo, Santa Cruz) e algumas verdades já ficaram bem expostas na primeira rodada.
O Botafogo vai mesmo brigar para não cair. Equilibrou o jogo com o São Paulo no Rio, mas não teve força para decidir quando houve chance, mais ou menos como nas finais do Carioca. E voltou a padecer com falha de goleiro. Desta vez, Elton Leite acabou entregando a rapadura.
Já o Santa Cruz voltou à elite atropelando o Vitória, empurrado por sua vibrante torcida e amparado no entrosamento de um time montado no ano passado. Grafite é a referência no ataque, ajudado por Keno.
Na Segunda Divisão, o Vasco abriu a campanha em alto estilo. Sapecou 4 a 0 no Sampaio dentro de São Luís. Claro está que o campeonato terá apenas três vagas de acesso.
(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 16)