O que falta para finalizar o golpe

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POR JARI DA ROCHA, no Tijolaço

A finalização da operação-golpe depende do sucesso das próximas e decisivas jogadas.

Descaracterizar a Lava-jato como instrumento criado para derrubar definitivamente Dilma, prender Lula e inviabilizar o PT para as próximas eleições, cassando, inclusive, a sigla.

Estava dando tudo certo, até a foto oficial do novo governo. A imagem rodou o mundo.

Um projeto dessa magnitude, promover a destituição de um governo legitimamente eleito, seria inviável sem o bombardeio midiático recheado de matérias ardilosamente preparadas.

A ideia era criar confusão mental capaz de fazer crer que, justamente, o governo que mais beneficiou o povo necessitado foi o que mais roubou na história do país.

Foi  a fórmula encontrada para desqualificar os avanços do país, invertendo completamente a realidade. E a crise veio a calhar.

Porém, o ruído da imprensa internacional, mesmo a mais tradicional como inglês The Economist e o alemão Die Zeit, foram causando desconforto a essa falsa credibilidade da imprensa nacional, que se vê, no momento mais crucial, desmentida e contrariada.

As tentativas de legitimar o governo interino foram caindo no vazio.

“O rombo (veja a proximidade de grafia e, principalmente, de pronúncia das palavras rombo e roubo) de 170 bilhões, causado pelo governo Dilma, acabou com o país”.

O objetivo do bombardeio era fazer as  pessoas mais humildes escandalizarem-se com o montante de dinheiro que a presidenta ‘roubou’.

Mas isso era e foi pouco,  mesmo manipulando números e adotando ‘novos’ critérios de análise. E como dar cabo da operação em meio a essa guerra de versões de legitimidade?

Bem provável que dando um novo “banho de loja” na operação Lava-jato.

Para isso, no entanto, “haver-se-ia” de sacrificar bispos, torres e cavalos. Significa dizer que o comando do plano se torna mais restrito e que nem todos se salvarão. O xeque-mate exige sacrifícios de peças dispensáveis.

Novos vazamentos.

Cansados de não ter argumentos contra a blindagem dos políticos partícipes do golpe, os defensores do impeachment poderão, a partir de agora, encher a boca. A justiça – finalmente, ufa! – é igual para todos, independentemente de partidos.

Curioso que, desta forma, grande parte dos ‘cidadãos de bem, apolíticos e apartidários’ será atendida em seus desejos mais nobres de justiça.

As novas gravações, envolvendo um número considerável de pessoas meticulosamente escolhidas para serem jogadas aos tubarões, atingem alguns dos mais representativos caciques da política, porém, ao mesmo tempo, desmoraliza o Supremo Tribunal a ponto de não ter alternativas senão negar qualquer recurso que possa garantir a defesa do mandato de Dilma e salvar Lula da cadeia.

As duas novas operações da Lava-jato, “Senatus” e “do Barba”, seriam as derradeiras?

Tudo leva a crer que o PSDB seria preservado, mesmo que tenha que jogar Aécio – e suas atuais poucas carnes – às piranhas, e Temer seria conduzido até 2018. No entanto, se algo der errado, o interino será jogado, sem cerimônias, no azeite quente.

Possivelmente veremos o  descarte de peças até então protegidas, mas que, em caso de necessidade de preservar o núcleo duro, não serão poupadas. Lembra muito “O Poderoso Chefão” do Mário Puzo, porém, numa escala muito maior.

Uma nova eleição seria alternativa somente em caso de presidente interino frito, já sem os riscos do PT disputar.

Hoje, quase três meses depois da tentativa de prender Lula (em 4 de março), o cenário parece mais favorável para finalizarem o golpe.

O que falta, porém, é ainda combinar tudo isso com a população que já entendeu que qualquer coisa vinda dessa turma será engodo.

Tem uma peça que ainda não fecha.

Eles acreditam que, no caso de Lula ser preso, não haverá nenhuma revolta popular? Acreditam que poderão silenciar a mídia alternativa ou, até mesmo, expulsar os correspondentes internacionais indesejáveis, como supõe o editorial do Estadão?

Se sim, o que lhes dá tamanha segurança? A resposta pode estar na própria pergunta: segurança, reforçada, repressiva.

Ah, e sem esquecer: censura ampla, geral e irrestrita.

Sem surpresas, Leão está escalado para pegar o Asa

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O técnico Marcelo Veiga definiu o time do Remo para o jogo desta noite, no Mangueirão, contra o Asa de Arapiraca. Será a estreia azulina na Série C diante de sua torcida e a escalação não traz surpresas: Fernando Henrique; Murilo, Max, Brinner e Fabiano; Lucas Garcia, Yuri (foto abaixo), Eduardo Ramos e Allan Dias; Fernandinho e Ciro.

No banco de reservas, Douglas Borges, Ítalo, Henrique, Michel, Alisson, Chicão, Héricles, João Victor e Sílvio. Em caso de vitória, o Remo pode entrar para o G4. (Fotos: MÁRIO QUADROS)

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No peito e na raça

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POR GERSON NOGUEIRA

Foi sufoco do começo ao fim. Ainda sem uma proposta bem definida de jogo, o Papão sofreu para arrancar sua primeira vitória na Série B. O Luverdense veio com a fórmula habitual, usando duas linhas de quatro jogadores para conter a pressão dos bicolores. A tática deu certo ao longo do primeiro tempo, quando Celsinho e Rafael Costa pareciam estar se conhecendo naquele momento, incapazes de jogadas mais cerebrais para fazer com que o Papão furasse o bloqueio do visitante.

Na falta de ideias mais brilhantes, a bola era alçada na área o tempo todo, sem qualquer efeito prático. Para piorar as coisas, o Luverdense demonstrava saber exatamente o que devia fazer quando tinha a posse da bola. Foi assim que aproveitou um buraco na marcação e fez o primeiro gol, logo aos 12 minutos. Emerson pareceu um pouco adiantado, aceitando o disparo forte de Jean Patrick de fora da área.

Depois do gol, o jovem time mato-grossense se fechou ainda mais, impedindo qualquer jogada de profundidade dos bicolores. Com boa marcação e melhor distribuído no campo de defesa, o LEC não perdia a segunda bola e começou a perder boas chances.

Alexandro, isolado entre os zagueiros, pouco participava da partida, enquanto Celsinho e Costa se perdiam em jogadas inúteis no meio. Bom na antecipação, Lucas sempre aparecia bem nos poucos ataques agudos do Papão. Na etapa final, essa presença ofensiva foi fundamental, pois logo aos 3 minutos o volante goleador (quatro gols em três partidas) surgiu na pequena área para desviar cruzamento para as redes.

Começava ali a reação. Aos trancos e barrancos, com graves furos de articulação na meia-cancha, o Papão foi crescendo na base da valentia e da determinação. Com Rafael Luz em campo, o time ficou mais atrevido, embora continuasse pouco inspirado. E foi Luz que garantiu a virada, quase ao final, chutando duas vezes para vencer o goleiro. Um gol chorado, mas que valeu a primeira vitória paraense na Série B deste ano.

O curioso é que, ao sofrer o segundo gol, o Luverdense era superior em campo, tinha o controle aparente das ações e estava mais perto de ampliar o placar, obrigando Emerson a duas grandes defesas.

Mas, como futebol é objetividade, o Papão aproveitou as poucas oportunidades surgidas e venceu. Série B é assim. (Foto: MÁRIO QUADROS)

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Algumas lições do sábado à noite

Augusto Recife não consegue dar conta da cobertura pelo seu lado, demonstrando dificuldade para acompanhar os lances mais rápidos. Fica claro que Capanema rende mais e não pode sair do time.

Rafael Costa não disse a que veio. Estreou bem contra o Ceará, mas não conseguiu mais jogar. Com Celsinho ao lado parece até intimidado, deixando o ataque sem o suporte de um meia-armador de verdade. Com a dupla, o Papão perde força criativa.

Alexandro, apesar de esforçado, vai penar enquanto a equipe não resolver a equação do meio-campo. Qualquer atacante de área ficará sempre isolado com a baixa produção dos meias e alas.

Melhores do Papão na partida: Lucas, Gualberto e Fabinho Alves.

Dado Cavalcanti, depois do sufoco, disse que “jogamos bem mais uma vez”. Deve ter sonhado com outro jogo.

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Adeus ao poeta da urbanidade

A semana que passou foi marcada por uma sentida perda. O amigo Noélio Mello, poeta do cotidiano, partiu após breve enfermidade. Convivemos bastante desde os idos de 2000, quando o conheci através de atuando na área de tecnologia e informática. Bicolor de quatro costados, Noélio escrevia muito, quase sempre proseando sobre o cotidiano de Belém e seus habitantes. Consegui um espaço na edição dominical do DIÁRIO, onde sua coluna marcou presença por mais de dois anos, dando origem depois a uma coletânea lançada em livro. Deixa saudades e uma legião de amigos.

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Direto do blog

“Gerson, a escalação antecipada do Yuri faz lembrar das trincas de cabeças-de-área que têm surgido à frente da zaga todo ano. Até o Cacaio, que é afeito ao jogo ofensivo, fez uso disso ano passado. Ao meu ver, no jogo contra o Cuiabá, o Chicão também teria se saído bem pela qualidade do passe e vejo ele melhor nisso que o Yuri. Vejo como mais preocupante que nenhum meia se adapte ao lado do Eduardo Ramos. Athos, Marco Goiano e Alan Dias, que não foi tão bem na estreia, na minha opinião, estão aí para mostrar que alguma coisa está errada. Noto que a semelhança entre todos eles é que parecem mais terceiro volante que meia-atacante, o que indica séria falha de posicionamento. Se Yuri entrar jogando é melhor permanecer com Lucas, pois o Michel não tem a mesma pegada. De todo modo, só o que quero é que o Remo seja ofensivo e some três pontos na tabela”.

Lopes Junior, azulino preocupado com a formação do meio-campo para encarar o ASA-AL.

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De vacilo em vacilo

As derrotas do Botafogo na Série A têm sido motivadas mais por erros crassos de seus defensores do que por méritos dos adversários. Logo na estreia, o goleiro Elton Leite tomou um gol de falta do São Paulo em chute de longa distância. Ontem, contra o Flu, uma lambança monumental entre os beques resultou em novo revés. Acumular tantos erros bisonhos pode ser fatal para quem acaba de retornar à Primeira Divisão.

(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 30)