A carta de um conspirador

POR RODRIGO VIANNA

O ritmo da política se acelera. Nos últimos cinco dias, era evidente que Michel Temer conspirava. Em meio ao pedido de impeachment contra Dilma, feito por um aliado dele (Eduardo Cunha), Temer correu para o berço do golpe: São Paulo.

Encontrou-se com Alckmin, e conspirou com Serra – que hoje deu entrevista à “Folha” dizendo que tudo ficará mais fácil se o PSDB for para um governo Temer e se o mesmo prometer que, em 2018, não tentará a presidência de novo (deixando caminho livre para os tucanos).

Já era visível que Temer era o capitão do golpe – como disse Ciro Gomes. Mas, no PT e no governo, alguns ainda se iludiam: “não podemos ter o Temer contra nós, precisamos trazê-lo pro nosso lado”. Ah, quanta credulidade.

Temer é um “profissional”, que se preparou a vida toda pra ter o poder total. Só pensa nisso, só respira poder. Agora, Temer e Serra jogam juntos e percebem a chance de subir no cavalo do golpe – sem conseguir um voto popular. O vice Michel Temer enviou hoje para a presidenta Dilma uma “carta pessoal”. Cheia de mágoas. Carta de pré-rompimento (clique aqui para ler a carta na íntegra.)

Na verdade, um sinal claro que ele envia ao PSDB de um lado (“sigam na aventura”) e ao PMDB de outro (“chutem o Picciani que apóia a Dilma, e façam o impeachment”). A carta de Temer é o pulo do gato de um vice “constitucionalista”, que se transformou em golpista barato. É a ante-sala do golpe.

Quem é o verdadeiro Underwood?

Nos últimos dias, começava a vingar a imagem de Temer como um oportunista e conspirador. A carta, escrita por ele, e provavelmente vazada por seus assessores, é agora usada para que Temer faça biquinho: “escrevi carta privada, e ela vaza; Planalto feio e malvado”.

Mas o vice tem outros motivos para dar o pulo do gato agora. Em menos de 3 meses, a Lava-Jato pode abrir espaço para novas delações de empreiteiros que “confessariam” ter doado dinheiro à chapa Dilma/Temer para garantir contratos no futuro com estatais. É o que se diz nos bastidores da operação.

Essas delações abririam espaço para a contestação da chapa Dilma/Temer (e não só de Dilma) no TSE. É esse o caminho que interessa a Aécio e Marina: cassação no TSE de Dilma/Temer, seguida de novas eleições. Se isso ocorrer, Temer deixará de ser “alternativa de poder”, e precisará se defender em parceria com Dilma. Ou se safa junto com a Dilma, ou cai junto com ela.

Portanto, a hora de Temer é agora. Ou Temer age agora, ou perde o bonde.

Muita gente via em Eduardo Cunha a personificação de Underwood (o ambicioso da série “House of Cards”, capaz de qualquer coisa pra chegar ao poder). Mas o Underwood  tupiniquim talvez seja outro. O Underwood talvez pode ser aquele a quem uma vez ACM chamou de “porteiro de hotel em filme de terror”.

O filme de terror começou. Mas o papel de Temer não é mais de porteiro. Ele quer o estrelato. As próximas horas serão decisivas para se saber se Temer deu o bote na hora certa, e se conseguirá derrubar Picciani e aprovar o impeachment.

Muita gente no PT se apavorou com a carta do vice. Mas a hora não é de medo. Do outro lado, há dois “profissionais”: um, atabalhoado e afoito, é o Cunha; o outro, discreto e muito mais perigoso, é o Temer.

Temer e Cunha são hoje um único corpo.

O golpe de Cunha é hoje o golpe de Temer e do PSDB.

19 comentários em “A carta de um conspirador

  1. Mas depois da Dilma declarar em público que contava com a confiança de Temer, deixando evidente seu receio, ficou claro que não confia. No mais o que Temer pautou é verdadeiro, então mais uma vacilada das grandes da presidenta que é ruim de oratória. TDZ,

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  2. Lopes Júnior essa é exclusiva para sua reflexão.

    A intervenção militar em 64 ocorreu justamente das desavenças entre direita e a esquerda, tendo um governo socialista no pódio que desagregou a sociedade com medidas adotadas por Jânio Quados, que renunciou, e depois João Goulart, este já sob o regime parlamentarista culminado com greves e grandes manifestações populares que ameaçavam a garantia das leis a da ordem, em resumo.

    Qual a sua visão do momento atual?

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  3. A política é o modo de governar do ocidente desde a Grécia. A política constitui o governo, o Estado, a democracia. A política é melhor que ditaduras, principados, califados e outras formas de poder. A política na democracia, ainda que imperfeita e falível, é o meio pelo qual podemos evoluir, buscar crescimento e desenvolvimento, ou o meio pelo qual nos tornaremos todos bocós, massa de manobra para oportunistas inescrupulosos e outros adjetivos nada elogiosos. A democracia pode até ser perigosamente imperfeita para o povo, mas as outras formas de governo são ainda mais catastróficas. A defesa da democracia reserva esse direito de se manifestar, e de mudar de opinião, de mudar de ideia, de se arrepender e de tentar de novo. Uma ditadura não dá essa oportunidade a ninguém. Ora, o golpe que se desenha é fruto uma nova forma de guerra fria, de uma dicotomia que ainda não superou a mesmice histórica do capital contra o social. A atualidade mostra que se trata da mesma coisa, num nível abaixo, de “mercado”, da defesa dos interesses dos grandes capitalistas, contra o consumidor, que precisa da defesa do Estado. O golpe visa garantir o mesmo que antes, a hegemonia daqueles interesses em detrimento dos interesses do povo, pela apropriação do Estado pela elite, que abandona o povo à própria sorte. Que ninguém se engane, é uma questão de sobrevivência.

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  4. Certo Lopes, até concordo em parte contigo. Mas por favor me responda que hegemonia mais a elite que garantir ou alcançar além dessa de hoje, onde o povo pobre está sofrendo abusos e só a classe rica (elite) pode respirar um pouco aliviada???? Lopes, que mais abandono o povo pobre poderá sofrer alem desse de hoje?? Lopes mais abandono do povo que esse já seria a morte amigo. então so não condordo com finalzinho so teu comentário, onde na minha opinião a elite ja tomou o poder e o povo vem sofrendo: >>>>>>>>>>>>Há 12 anos

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  5. Veja Lopes Júnior. O conceito de política define que é a arte ou ciência da organização, direção e administração de nações ou Estados, se democrático ou não, fica a merce da cultura de um povo.
    Postei uma que estar em moderação para você opinar a respeito, Vamos aguardar. Sobre ditadura do passado que você evidencia acima, não é regra, é exceção, que restringe abusos oriundos de uma situação de desordem por perca de governabilidade anteriormente exercida. logo não é eterna, embora não tenha prazo determinado. Autoritarismo se assemelha, mas veja o governo Venezuelano e tire suas conclusões. Agora só chamo a sua atenção para um fato que hoje todos, sem exceção cobram dos governantes entre muitas, a SEGURANÇA. Essa com certeza foi e será será proporcionada para os homens de bem, do contrário são delinquentes e combatidos, como toda natureza de bandidagem deve ser.

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  6. Três coisas a dizer:

    (1) antes mesmo do C i r o, eu próprio já havia dito aqui no Blog que o problema não era o psdb, mas, sim, o pmdb, que sitiava a presidente. E que o T e m e r era o “cara”;

    (2) agora é que se vai ver com quem o Janot se alinha. Afinal, tal qual o C u n h a, o t e m e r também é investigado na lava a jato; mas diferentemente dele teve tal investigação refreada. Quer dizer, agora, dependendo de com quem o Janot se alinhe, tudo segue refeeado como está, ou, do contrário, se movimenta um pouco mais célere;
    (3) um dado que pouco se falou, mas que, agora, certamente virá à tona, se, de fato, for verdadeiro, é que o t e m e r também teria assinado os tais decretos sem número mobilizando recursos sem autorização do Congresso. E, se isso for verdade…

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  7. Ferdinando, por favor, nunca houve discordância histórica entre direita e esquerda no Brasil antes da constituição de 1988, porque não havia diálogo entre direita e esquerda durante a ditadura. Bem, sequer havia esquerda durante a ditadura. O diálogo entre direita e esquerda é recente, portanto. Houve a imposição da direita no poder, por golpe de Estado, é o que há na História. A convivência entre direita e esquerda sempre foi difícil. O que há e sempre houve é a predominância da elite econômica liberal, historicamente constituída a ferro e fogo, na dizimação dos índios, na humilhação da escravidão, no abismo econômico entre proletário e elite. Costuma-se associar liberalismo com liberar algo, com a ação do verbo e às vezes para significar uma posição política apenas diferente da conservadora. Muitos dizem, inclusive na imprensa, que uma posição contrária à conservadora é a liberal. Quem é contra o racismo, o machismo e a homofobia é frequentemente classificado como liberal. Quem não é liberal, é conservador. É uma classificação estadunidense, e, penso, não serve para o resto do mundo, pois é como se não houvesse direita e esquerda. Mas há.

    Com isso, espero ter destruído essa noção de desavença entre direita e esquerda para justificar o golpe de 64. Veja, discordar é democrático. O golpe, não. Essa noção de apenas desavença, de apenas discordância, é simplesmente ridícula. Não houve desavença, houve a oportunidade de um governante socialista eleito que não foi permitido governar. Daí a renúncia de Jânio. Insistiu-se numa via socialista, com Jango. Daí o golpe. A narrativa da História não deixa dúvida e sequer é possível pensar em diálogo democrático entre socialistas e liberais naquele período histórico. Portanto, o golpe foi para apear do poder um esquerdista brasileiro democraticamente constituído, e não para salvar o país do comunismo. O golpe foi um golpe conservador, um golpe das elites econômicas brasileiras, aliadas aos interesses estrangeiros. Naquele momento, o povo esteve forte, a ponto de eleger um socialista. A elite nacional buscou apoio no exterior, nos interesses estrangeiros em lucrar no Brasil. Desde então, as elites brasileiras dependem desse apoio externo. E o Estado passou a servir aos interesses da elite, pois apropriado por ela. Isso talvez explique a formação histórica da burguesia plutocrata, desprovida de moral e de patriotismo, mas apenas engajada na própria meta de ficar mais rica.

    (…)

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  8. (…)

    Quero dizer que a atuação estadunidense no golpe simplesmente ocorreu porque a burguesia brasileira esteve muito enfraquecida politicamente. Precisou, e muito, do apoio do Tio Sam para emplacar a agenda liberal conservadora, e aqui liberal se refere à posição político-econômica, como oposta à socialista.

    Concluindo minha resposta, caro Ferdinando, não há melhores garantias das leis e da ordem que a justiça social. Os povos ordeiros da Europa, o Canadá, o Japão e os próprios EUA, por exemplo, vivem numa condição econômica confortável e de menor distanciamento econômico entre ricos e pobres. Mas isso nem significa que o capitalismo é a melhor forma de um país crescer, mas a melhor de assegurar poder para ricos, donos do capital. Nesses países, há forte presença do Estado na recuperação da economia quando de crises, além de forte assistência, quando de catástrofes naturais, como terremotos e furacões. O Estado cumpre sua função de proteção social, conhecedor que é do que é necessário para manter a produtividade da economia.

    Devido à democracia, um partido socialista chega ao poder e fortalece o Estado, o que é a própria antítese do Estado neoliberal. Um Estado forte é garantia de proteção ao povo e de limites de poder às elites. O sucateamento estatal promovido desde Collor, e continuado por FHC, visa mesmo enfraquecer as instituições. Só mesmo no contexto de consolidação do poder do Estado desde o primeiro mandato de Lula é que o pobre passou a ter condição de estudar e trabalhar, de crescer como pessoa com um pouco mais de dignidade. Ao longo de 13 anos se viu o fortalecimento das instituições, o que só é possível com investimentos no Estado e apoio popular.

    O PT obteve esse apoio popular e o Estado brasileiro agora é mais forte, a ponto de ser visto como um protagonista da economia mundial. O bolo cresceu, a fatia poderia ser maior, mas a oposição, um fracasso na condução das políticas públicas e apenas eficiente nas privatizações, luta contra o que poderia ser o melhor resultado da história política do Brasil desde a independência, com a cassação de Cunha, e as renúncias de Temer e Calheiros como modo de chegar a aprovar a reforma política que o povo tanto cobra e outras reformas necessárias. Essa crise é, de fato, uma oportunidade para o país reinventar-se.

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  9. Caro celira, a propósito da sua pergunta, a presença do PT na presidência realmente significa, realmente é a realização do povo para uma mudança histórica. O poder não está nas mãos das elites econômicas. Pelo menos por ora. É que as elites nacionais realmente e de fato não concordam com a distribuição de renda e demais programas sociais, porque anseiam tornarem-se, de volta, o principal cliente do governo. Anseiam o retorno de políticas públicas que permitam novamente lucros altos para os rentistas. Anseiam por um cenário em que para ganhar dinheiro não precisem enfrentar multinacionais em plena concorrência no mercado. A elite nacional teme a concorrência direta no mercado com empresas estrangeiras. A ditadura consolidou um cenário econômico positivo às multinacionais em que praticamente não existe concorrência brasileira no próprio solo brasileiro. O preço a pagar pelo apoio dos EUA foi não só a entrada de multinacionais no Brasil, mas a hegemonia delas no mercado. As elites nacionais não investem no povo, mas em bancos, em ações, em papéis. Não geram empregos. Não produzem. A elite nacional é parceira do capitalismo estrangeiro, como fora parceira de Portugal, enquanto colônia. Essa hegemonia traz muitas vantagens econômicas aos parceiros dos interesses estrangeiros, o que se notabiliza na péssima distribuição de renda e no abismo social existente entre a burguesia e os mais pobres em nosso país. Desde o golpe de 64, o momento em que o PT chega ao poder é, de longe, o mais benéfico aos trabalhadores, mostrado por indicadores como a diminuição da miséria e da fome, o aumento das vagas nas universidades, tato públicas quanto privadas, na distribuição de renda que melhorou um pouco; na representação prática do discurso da igualdade, com o presidente operário, a mulher presidente, o presidente negro do STF, a investigação levada a termo pela polícia federal e procuradoria geral da república. Há inúmeros sinais de melhora histórica e revitalização das insttuições, o contrário dos anos de direita neoliberal, de Collor a FHC, em que o Estado passou por forte sucateamento e enfraquecimento político.

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  10. Amigo Lopes, até a página 2 sua teórica explanação é perfeira. Mas, a partir daí, a vida prática, a realidade concreta da vida tem mostrado, com fatos que detonam e soterram as estatísticas oficiais, que os pobres, os negros, os índígenas, os homo, as mulheres, os infantes e os juvenis, principalmente os hiposuficientes das periferias e do interior, seguem massacrados enquanto os “lulinhas” experimentam uma ascenção econômico, financeira e social, numa super celeridade nunca vista na história deste país. Numa palavra, este país nunca mudou!

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  11. Prezado Oliveira, de minha parte, havendo comprovadamente perante a lei algo contra o Lula e familiares, contra Dilma e parceiros, é preciso que as instituições democráticas ajam para restaurar a lei e punir aqueles que cometam delitos de quaisquer natureza, proporcionalmente ao delito. É um senso de justiça apenas, como o seu. Os argumentos pró-impeachment são quase nulos, e só não são totalmente nulos porque encontram apoio entre os comparsas de sempre que sonham com o retorno ao poder, apoiados pela grande mídia e poderosos grupos econômicos internacionais

    No mais, quanto à democracia e aos resultados do PT na presidência, só não vê quem não quer. O crescimento da classe média significa que mais pessoas passaram a viver melhor. O crescimento da classe média é de contingente. Há mais pessoas nessa situação como nunca antes na história desse país. É um fato. O crescimento da classe média é necessariamente uma redução da pobreza e da miséria porque a migração à classe média veio desse contingente. E digo, e digo bem, que o os que lá chegaram querem mais, o que é perfeitamente natural. Mas a estagnação da economia freia este movimento e cria dificuldades para políticas econômicas. Para quem beneficiou-se do momento econômico anterior, de crescimento e prosperidade, é natural culpar o governo pela crise de agora, dado que um Estado forte enseja um governo forte, mas não há varinha de condão contra tamanha crise em que o capitalismo se meteu e envolveu a todos.

    A crise atravessada agora se dá, no meu ponto de vista, mais pela repatriação de recursos pelas multinacionais aos países sedes, onde a crise já passou ou já é controlável, onde o cenário econômico é mais previsível e confiável, e também pelo excesso de produção que leva o empregador a demitir até que o estoque se esgote e provocando inflação pelo caminho. Observe como feijão vem sendo cada vez mais duro e difícil de cozinhar. Note como os mercados estão lotados. O nome disso tudo é volatilidade. E o dinheiro produzido no Brasil é volátil porque quem o ganha é o estrangeiro, que investe em produção, já que os ganhos dos compatriotas de elite estão em movimentações financeiras bancárias, que não geram nem produção e nem empregos.

    Vivemos tempos em que os consumidores, o povo, diga-se, tem obtido poder de barganha e antigas lojas de departamentos com preços exorbitantes e condições de pagamento desfavoráveis ao consumidor têm cedido espaço à empresas atacadistas que abriram as portas ao consumidor de varejo e se tornaram fortes competidores daquelas velhas práticas de vendas em carnê e com juros estratosféricos. A mudança ocorre lentamente, mas o mais importante é que ocorra mesmo. Nos próximos anos, com reformas necessárias nas áreas tributária, política e fiscal além de outras tantas que precisam, e assim o país tende a desenvolver-se ainda mais. Ainda acredito em Dilma para fazer estas mudanças, quem sabe?, é um talvez que para mim soa melhor que a certeza de não acontecer, e por isso não acredito em Michel Temer, e nem em Tucanos para isso.

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  12. Júnior Lopes, desculpe mas soa estranho você afirmar que não havia interesses contrários entre direita e esquerda e que essa passou a existir após a constituição de 1988. Como a pergunta formulada foi a sua visão para a atualidade, sua resposta democraticamente é aceita pois é a visão que você traduziu a seu feitio. Agora não podemos ir contra os fatos e querer desconsiderar que a implantação do comunismo era uma ameaça. Faça-me o favor.

    Boa noite;

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  13. Prezado Ferdinando, você tem muito o que aprender da história do Brasil. Não disse que direita e esquerda não possuíam interesses contrários, disse que a direita liberal nunca tolerou a esquerda socialista. A direita liberal usou o golpe de 64 para afastar a possibilidade de um governo de esquerda socialista. E eu o pleonasmo para me fazer entender. Direita liberal ou esquerda socialista é o mesmo que subir pra cima, entrar pra dentro… O termo que você usou, “desavenças”, no contexto da sua pergunta mal formulada é termo que dá a entender que direita e esquerda conviveram democraticamente nos anos de chumbo e apenas discordavam numa ou noutra coisinha. Não foi assim, Ferdinando. Leia toda a resposta e analise o contexto, pois a reafirmo e explico: nunca houve sequer possibilidade de discordância histórica entre direita e esquerda no Brasil porque durante a ditadura não havia diálogo entre direita e esquerda, o que perdurou até a constituição de 1988. Como haveria esquerda durante a ditadura? A ditadura foi o regime que teve como máximo objetivo perseguir, massacrar e destruir a esquerda. Isso não é democracia, não é diálogo e muito menos mera desavença. É uma ditadura, Ferdinando. A palavra ditadura exclui qualquer possibilidade de significação de democracia, não existe ditadura democrática. Ou é ditadura, ou é democracia e só na democracia há o diálogo entre direita e esquerda. Minha resposta não soa estranho, mas a afirmação de que a ditadura foi uma coisa boa é que sim, soa muito, muito estranho…

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  14. A intervenção militar em 64 ocorreu justamente das desavenças entre direita e a esquerda, tendo um governo socialista no pódio que desagregou a sociedade com medidas adotadas por Jânio Quados, que renunciou, e depois João Goulart, este já sob o regime parlamentarista culminado com greves e grandes manifestações populares que ameaçavam a garantia das leis a da ordem, em resumo.

    Qual a sua visão do momento atual?

    Lopes Júnior. Transcrevi o postagem oriunda para facilitar meu esclarecimento a respeito e desta vez me fazer entender.

    Iniciou dizendo que não sou doutorado no assunto, longe disso, na verdade um mero aprendiz que busca conhecimento nos volumes didáticos originais, jamais em contos pirantas.

    Como visto acima após um breve enunciado finalizo formulando um simples pergunta e boce confessa que não entendeu e considera mal formulada, Estou de acordo que pergunta mal formulada não gera entendimento. Deveria ter retornado e pedido que fosse mais claro quem tenha certeza, faria o máximo esforço para ser o mais objetivo possível, mas preferiu preencher inúmeras linhas com idéias fora do contexto (post 9) chegando ao ápice de citar dizimação de índios e humilhação da escravidão. Paciência.

    Desavenças não é só sinônimo de briga de foices, barracos etc…mas também de não conciliações de opiniões e ideologias, e foi para este aspecto que levei a questão considerado fatos que antecederam a assunção do poder pelos militares., logo nem havia razão para detalhar fatos posteriores, embora alas esquerdas e direitas sempre existiram durante os governos militares onde se sobressaiam entre outros e PDB e Arena,

    Caso queira faça as suas considerações finais pois dou por encerrado este tema, até porque posso estar virtualmente interagindo com um historiador e não quero ficar a pagar mico, nem correr riscos de ser convencido do contrário e acabar também confuso e atabalhoada.

    Até a próxima e fique com Deus;

    Boa quarta-feira

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  15. Amigo Lopes, sobre as ilegalidades é dizer que meu comentário não atribuiu nenhuma a ninguém. E não atribuiu porque não era este o foco do comentário.

    Também não foquei no impeachment, e seus motivos. E não o fiz, porque já fiz isso dias passados, quando analisei o pedido de impeachment e expus minha opinião. Em resumo, ali eu disse: (a) havia motivos suficientes para admitir o pedido de impeachment; (b) os elementos apontados no pedido, não me pareceram suficientes para efetivar o impeachment.

    Enfim, no meu último comentário, foquei foi nos efeitos do governo nestes últimos 13 anos. Isto é, afirmei que à maioria do povo brasileiro não foi permitido fruir dos serviços de que tem necessidade para uma vida com o mínimo de dignidade.

    Foi nessa linha de raciocínio referi os lulinhas como exemplo do único tipo de pessoas que experimentou célere e extratosférico crescimento econômico, financeiro e social no Brasil dos últimos 12 anos. E, ninguém, por mais petista, lulista ou governista que seja, será capaz de negar que eles ascenderam meteoricamente, não pra classe media, apenas; mas, ascenderam, isto sim, pra categoria dos milionários, onde passaram a ter acesso com qualidade a tudo (saúde, segurança, educação, alimentação, saneamento, laser etc) que a esmagadora maioria dos brasileiros trabalhadores jamais tiveram, mesmo os que subiram pra tal “nova classe média” idealizada no governo petista.

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  16. Ferdinando, não sou nem doutorado e nem formado em História. Sou apenas um funcionário público, filho de família humilde, participante desde cedo de movimentos populares, e militante de esquerda. O PT é a principal sigla da esquerda. Mas não a única. Pessoalmente, identifico-me mais com o PSOL, que tem pouca representatividade. Mas sei um bom tanto de História porque a História me levou para a esquerda. A História deixa claro pela visão de Marx a luta de classes, e Antônio Gramsci, pela hegemonia cultural. A esquerda materialista produziu outros tantos modos de observar a História, a sociedade e a economia. Há muito, muito material para se ler de filósofos de esquerda, baseados em Marx e Gramsci, como Althusser e Bourdieu. Há mais que apenas política no socialismo, mas muita, muita filosofia, sociologia, antropologia, o que praticamente não existe do lado liberal, quando comparados. O universo socialista é muito mais rico e muito menos tedioso que a vida chata do capitalismo, de só trabalhar e não ter tempo para família. Socialistas não são preguiçosos, mas, humanos, que querem mais tempo para a família e a educação e cultura. A luta continua companheiro.

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