Em SP, Pearl Jam mostra rock, peso e história

Pearl Jam em Porto Alegre: veja vídeos e setlist

POR THIAGO ROMARIZ E LEONARDO RODRIGUES

O último show do Pearl Jam em São Paulo foi um dos mais difíceis das quatro passagens que a banda teve pela cidade. O clima ameaçava um temporal a cada minuto e os ventos chegaram a derrubar partes da decoração do palco. Fosse outra banda, talvez, essas adversidades encurtassem a apresentação ou a fariam terminar quando o setlist se encerrasse. Eddie Vedder e cia., porém, não são comuns. Além de tocar por mais de três horas, eles entregaram um espetáculo que, como poucos, vale o preço salgado do ingresso.

Felizmente, nenhuma tragédia aconteceu São Paulo. Mas um sentimento de – nas próprias palavras de Vedder – “profunda tristeza” pairava sobre o segundo show da nova turnê da banda no Brasil. “Nosso amor vai para Paris”, leu Vedder, sacando uma anotações em bom português, logo após a segunda música. Alusão aos atentados que deixaram 129 mortos e mais de 350 feridos nesta sexta em Paris. “Temos muito o que superar juntos”, completou.

Começava a maratona de 3h10min, digna dos shows de Bruce Springsteen, figura na qual Vedder, guitarra em punho e estômago quase saindo pela boca, parece se espelhar. Ver o Pearl Jam ao vivo é testemunhar um espetáculo intenso do início ao fim. Dificilmente repetindo um show ou seguindo à risca o setlist, a banda abriu com “Long Road”, “Of the Girl” e “Love Boat Captain”, faixas não tão populares assim. Com a quarta, “Do the Evolution”, sempre lembrada pelo videoclipe animado pelo cartunista Todd McFarlane, a coisa engrenou: um festival de “pula-pula” tomou conta do gramado do Morumbi. Apesar do justo status de rockstars, o grupo, que tem mais de 20 anos de carreira, aposta na simplicidade na decoração do palco e na escolha das primeiras músicas.

As primeiras músicas do novo disco, Lightning Bolt, vieram com quase uma hora de show. “Getaway”, “Lightning Bolt” e “Mind Your Manners” foram as escolhidas, mostrando uma diferença sensível para as outras músicas de fases anteriores do grupo. “Manners”, por exemplo, soou como um punk diferente e mais agressivo que o normal. Esta sensação de mudança constante no tons das faixas mostra ao vivo como o Pearl Jam conseguiu explorar bem diferentes facetas de seus talentos – e independente da época há algo proveitoso no trabalho dos americanos.

Quando a ventania realmente atrapalhou o show e derrubou alguns itens do palco, Vedder pegou o violão e tocou “Elderly Woman”. “Vamos cantar aqui juntos enquanto o pessoal arruma ali atrás”, disse. Ninguém pareceu ligar, já que o Morumbi cantou em uníssono esta música e a que veio logo depois, “Even Flow”. Neste momento, o guitarrista Mike McCready foi para o meio da plateia e fez um solo com a guitarra nas costas. O fim da primeira parte do show veio com uma sequência catártica: “Given to Fly”, “Jeremy”, “Better Man” e “Rearviewmirror” – e veio a chuva, que animou ainda mais quem estava envolvido no show. E mesmo que não alguém tivesse estava claro que o Pearl Jam ainda tinha algumas horas de apresentação planejadas.

Na próxima uma hora de meia veio a segunda homenagem a Paris, com “Imagine”, de John Lennon. Outra referência aos trágicos acontecimentos de Paris. Sacando o potencial do ensejo, Eddie Vedder  pediu e foi atendido: milhares de celulares foram ligados na plateia, formando uma grande via láctea de estrelas pacifistas. “Sirens”, “Whipping” e “I Am Mine” deram continuidade às baladas sem perder em qualidade e animação. Ir a um show do Pearl Jam é, entre várias outras coisas, atestar a competência da banda não só em termos técnicos, mas também na incessante energia que os integrantes têm. Na casa dos 50 anos, todos eles transmitem empolgação e comprometimento durante qualquer faixa – seja ela escrita há 20 anos ou há poucos meses.

Mesmo com uma carreira consolidada, de dez álbuns de estúdio e uma respeitável coleção de hits, o Pearl Jam emociona mesmo é com o primeiro disco, “Ten”. Além de “Even Flow”, “Jeremy”, “Black” e “Alive” foram as que mais arranharam a garganta dos fãs, que lotaram o Morumbi e aguentaram firme sob a chuva, que só parou de cair só no fim. O encerramento teve início com o “Alive”, quando os refletores do estádio começaram a ser acessos, indicando a todos que já era hora de ir embora. Mas não o Pearl Jam. Ignorando a claridade, e para compensar os atrasos causados pelo vento, a banda continuou tocando. Vieram na sequência “Rockin’ in the Free World”, tradicional cover de Neil Young, e “Yellow Ledbetter, lado B do single de “Jeremy”.

Agora, sim, o fim do show…. Só que não. Após escorregar em um poça, cair de bunda no chão, se levantar como se nada tivesse acontecido e dar “tchau, tchau”, Vedder ainda teve energia para puxar a banda em mais uma, uma versão punk de “All Along the Watchtower”, de Bob Dylan, imortalizada por Jimi Hendrix. A música também não estava estava no roteiro original. Apesar de todos os atrasos e intempéries, quase ninguém arredou o pé. “Vocês são os melhores!”, mimou o vocalista.

Neste sábado que seguiu uma das maiores tragédias da história da humanidade, o Pearl Jam fez um espetáculo de rock sem fogos de artíficio, mas cheio de vida, peso e história. Para quem estava ali, entre homenagens, ventanias, covers e hits, há muito para se guardar e nunca mais esquecer.

Setlist

1. “Long Road”
2. “Of the Girl”
3. “Love Boat Captain”
4. “Do the Evolution”
5. “Hail Hail”
6. “Why Go”
7. “Getaway”
8. “Mind Your Manners”
9. “Deep”
10. “Corduroy”
11. “Lightning Bolt”
12. “Elderly Woman Behind the Counter in a Small Town”
13. “Even Flow”
14. “Come Back”
15. “Swallowed Whole”
16. “Given to Fly”
17. “Jeremy”
18. “Better Man”
19. “Rearviewmirror”
20. “Footsteps”
21. “Imagine” (cover de John Lennon)
22. “Sirens”
23. “Whipping”
24. “I Am Mine”
25. “Blood”
26. “Porch”
27. “Comatose”
28. “State of Love and Trust”
29. “Black”
30. “Alive”
31. “Rockin’ in the Free World” (cover de Neil Young)
32. “Yellow Ledbetter”
33. “All Along the Watchtower”

Jornalista critica “má vontade” com o governo

sidneyrezende

POR MAURÍCIO STYCER

Um dia antes de ser demitido da GloboNews, onde estava desde 1997, Sidney Rezende publicou um texto em seu perfil no Facebook e em seu blog pessoal fazendo duras críticas ao jornalismo praticado no Brasil.

Intitulado “Chega de notícias ruins”, o texto defende que notícias positivas também merecem espaço na mídia e lamenta: “Se pesquisarmos a quantidade de boçalidades escritas por jornalistas e ‘soluções’ que quando adotadas deram errado daria para construir um monumento maior do que as pirâmides do Egito. Nós erramos. E não é pouco. Erramos muito.”

Sem citar nomes, nem veículos, Rezende escreveu: “Há uma má vontade dos colegas que se especializaram em política e economia. A obsessão em ver no Governo o demônio, a materialização do mal, ou o porto da incompetência, está sufocando a sociedade e engessando o setor produtivo”.

Como noticiou o colunista Flavio Ricco, no UOL, a demissão de Rezende foi anunciada na sexta-feira (13). “Relações profissionais podem ser interrompidas, sem que isso signifique que não possam ser retomadas mais adiante. A Globo só tem elogios à conduta profissional de Sidney, um jornalista completo”, informou a emissora em nota.

No texto que publicou no dia 12, o jornalista observou: “Uma trupe de jornalistas parece tão certa de que o impedimento da presidente Dilma Rousseff é o único caminho possível para a redenção nacional que se esquece do nosso dever principal, que é noticiar o fato, perseguir a verdade, ser fiel ao ocorrido e refletir sobre o real e não sobre o que pode vir a ser o nosso desejo interior. Essa turma tem suas neuroses loucas e querem nos enlouquecer também”.

Rezende escreveu ainda: “O Governo acumula trapalhadas e elas precisam ser noticiadas na dimensão precisa. Da mesma forma que os acertos também devem ser publicados. E não são. Eles são escondidos. Para nós, jornalistas, não nos cabe juízo de valor do que seria o certo no cumprimento do dever.”

Série B 2015: Classificação atualizada

CLASSIFICAÇÃO PG J V E D GP GC SG %
Botafogo 68 36 20 8 8 58 29 29 63
América-MG 63 36 19 6 11 54 38 16 58
Vitória 63 36 18 9 9 54 37 17 58
Santa Cruz-PE 61 36 18 7 11 57 42 15 56
Bragantino 57 36 18 3 15 54 54 0 53
Náutico 57 36 16 9 11 46 42 4 53
Sampaio Correa-MA 57 36 15 12 9 49 40 9 53
Paysandu 56 36 16 8 12 48 40 8 52
Bahia 55 36 14 13 9 47 40 7 51
10° Luverdense 51 36 14 9 13 44 37 7 47
11° CRB 51 36 14 9 13 44 42 2 47
12° Paraná Clube 46 36 12 10 14 38 40 -2 43
13° Criciúma 46 36 11 13 12 34 39 -5 43
14° Oeste 43 36 10 13 13 36 42 -6 40
15° Atlético-GO 43 36 10 13 13 33 44 -11 40
16° Macaé 42 36 10 12 14 45 52 -7 39
17° Ceará 41 36 11 8 17 40 49 -9 38
18° ABC 32 36 6 14 16 40 60 -20 30
19° Boa Esporte Clube 27 36 6 9 21 31 53 -22 25
20° Mogi Mirim 23 36 4 11 21 32 64 -32 21

Fogão homenageia repórter e vítimas do terror

O minuto de silêncio foi respeitado por jogadores e torcedores no Estádio Nilton Santos

Antes do duelo com o Santa Cruz pela Série B do Brasileiro, na tarde deste sábado, o Botafogo prestou homenagem às vítimas dos atentados terroristas em Paris na noite da última sexta-feira e à jornalista Sandra Moreyra, ex-repórter e editora da TV Globo, falecida na última terça-feira. O Alvinegro concedeu um minuto de silêncio antes da partida no Estádio Nilton Santos.

A homenagem comoveu os torcedores presentes. Normalmente ignorada, o pedido de silêncio foi respeitado pela enorme maioria dos alvinegros que estavam no estádio, mesmo em um dos jogos do clube com maior público em toda a temporada.

Os seis atentados terroristas em Paris deixaram mais de 150 vítimas fatais e cerca de 700 feridos. Um dos alvos foi o entorno do Stade de France, onde era realizado duelo entre França e Alemanha, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2018. As ações tiveram autoria assumida pelo grupo extremista Estado Islâmico neste sábado.

Já a jornalista Sandra Moreyra foi homenageada pela forte ligação com o Botafogo, seu clube de coração. Ela era uma das figuras mais conhecidas do jornalismo da TV Globo e faleceu vítima de um câncer na última terça-feira. (Do UOL)

Os meninos do Brasil

POR GERSON NOGUEIRA

Luan, Gabriel Jesus (foto), Kennedy, Gabigol, Lucas Silva. Jogadores novos e futurosos, que despontam com algum relevo em seus clubes. Luan (Grêmio) e Gabriel (Palmeiras), os mais badalados, despertam a cobiça de times europeus. O gremista já foi comparado a Neymar. São os destaques da seleção olímpica, que ano que vem tentará conquistar o inédito ouro nos Jogos do Rio.

Palmeirense Gabriel Jesus foi titular em vitória da Seleção

O problema é que ainda são desconhecidos do grande público e o torcedor paraense nunca foi lá muito fã de amistosos. Nem a dupla Re-Pa consegue atrair a torcida quando promovem jogos comemorativos ou de entrega de faixas. Sábio, o povo gosta mesmo é de uma boa disputa valendo taça, menosprezando jogos que nada valem.
A bem da verdade, somente a Seleção Brasileira principal foi capaz de arrastar multidões fazendo amistosos em Belém. E aí há uma explicação: o torcedor que comparece é do tipo sazonal, que confunde futebol com patriotismo e vê no escrete um símbolo da nação.
É o cidadão que não tem o hábito de ir a estádios, nem acompanha um time específico. Trata-se do “torcedor de Copa do Mundo”. Veste verde-amarelo, pinta a rua, estende bandeirinha e vira pacheco radical a cada quatro anos. É a esse tipo de público que o jogo Brasil x EUA deste domingo se destina.
Mas, apesar de ingressos a preços acessíveis (arquibancada a R$ 40,00 e cadeira a R$ 80,00) e do bom horário, aparentemente nem esse torcedor especial se encantou pela partida. A procura tem sido discreta e é provável que Belém registre uma das mais fracas bilheterias da fase preparatória.
O fato é que a programação sofre os efeitos danosos da decepção causada ao torcedor pela seleção principal na Copa 2014. Enquanto essa ferida não cicatrizar, dificilmente o torcedor se sentirá motivado a prestigiar. Pior ainda quando se trata de um escrete de garotos em fase de formação.
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Vitória traz alento, mas não esconde desajustes
Não foi uma atuação de gala, mas foi suficiente para que o time voltasse a vencer, mantendo acesa a chama da esperança, mesmo que remota, no acesso. Como em outros jogos recentes, não houve organização, apenas luta por parte de alguns jogadores. Desta vez, pelo menos, os momentos de esforço superaram os de sonolência.
A noite era propícia para jogar futebol, mas a torcida não marcou presença como se esperava, apesar das promoções feitas pela diretoria do Papão. E o jogo começou aberto e interessante, bom de ver.
O cabeceio certeiro de Betinho logo aos 6 minutos indicava uma jornada tranquila, mas o Luverdense ameaçava sempre nas ações pelas laterais. Com assistência de Jonathan, Aylon fez o segundo aos 19 minutos em disparo cruzado que o goleiro Edson aceitou. Ainda assim, o confronto continuava nervoso e indefinido. Aos 46, Lázaro (de cabeça) diminuiu.
A equipe de Dado Cavalcanti voltou para o segundo tempo sob pressão e os visitantes só não chegaram ao empate devido a algumas belas defesas de Emerson, novamente com grande presença em campo. Aos 23 minutos, quando era intenso o cerco do Luverdense, Aylon recebeu na área e bateu cruzado, à meia altura. Mal colocado, o goleiro jogou contra o patrimônio, espalmando para as próprias redes.
O Papão viveu alguns minutos de tranquilidade, mas logo o Luverdense voltou à carga, criando situações de alto risco em cima da atrapalhada zaga paraense. Tanto forçou que diminuiu aos 43, com Diego Rosa, mas já era tarde para buscar o empate.
A vitória foi importante, mas a instabilidade da defesa expõe a perda do sentido de organização que caracterizava o time nos melhores momentos dentro da competição.
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E Dunga ganha um reforço inesperado
Mais do que a organização mostrada pela Argentina e a discretíssima presença de Neymar em campo, o clássico das Américas revelou definitivamente (espera-se) a inutilidade de um zagueiro como David Luiz para a Seleção. Imaginava-se que os jogos ruins na Copa tinham afastado de cena o beque marqueteiro, mas Dunga resolveu insistir com ele.
Depois de falhar no gol de Lavezzi, aventurou-se em subidas malucas ao ataque, no melhor estilo peladeiro. Violento, foi corretamente excluído do jogo na etapa final. E Dunga, sem querer, ganhou a chance de rearrumar a defesa sem o seu mais estabanado defensor.
O resto do time viveu de lampejos. Como se sabe, o escrete não tem técnico, tem um capitão do mato a vociferar ordens e soltar grunhidos à beira do gramado. Isto posto, o empate dentro do Monumental de Nuñez foi terrível para a Argentina e razoável para o Brasil, mesmo considerando que Tato Martino não teve Messi, Aguero e Tevez.
Willian, mesmo lento e dado a apagões, foi o mais participativo. E Lucas Lima aproveitou bem o rebote nascido do único bom ataque feito pelo Brasil no jogo.
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Bola na Torre
Giuseppe Tommaso apresenta, com participações de Valmir Rodrigues, Guilherme Guerreiro Neto e deste escriba de Baião. Programa começa logo depois do Pânico, por volta de 00h20.
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(Coluna publicada no Bola deste domingo, 15)