Referências de talento

Por Gerson Nogueira

unnamed (86)Às vezes, critica-se a falta de bons jogadores paraenses nos principais clubes. A crítica vem sempre acompanhada da lamentação sobre o desinteresse pelas categorias de base. Pois já faz um tempo que o Papão tem como fiel da balança um jogador caseiro, surgido na base do clube e que tem sido mantido no clube apesar das várias propostas para sair. O mesmo vem acontecendo no Remo, onde um atacante arisco e veloz começa a trilhar uma saga que já foi de Neves e outros ponteiros lendários.  

Pikachu e Roni.

Curioso notar que ambos sejam ocupantes de faixa de campo e se disponham a jogar como no futebol de antigamente, embora sejam atletas reconhecidamente modernos. Sobre jogadores decisivos costuma-se dizer que o time tem uma dependência em relação a eles. Quando jogam bem, as coisas normalmente resultam em final feliz. Quando vão mal, o time afunda junto com eles.

Pikachu passou um incômodo período de estiagem no Papão, logo depois da Copa do Mundo e só voltou a sorrir com o retorno de Mazola Jr. ao comando técnico da equipe. Depois de quase dez partidas passando em branco, o meia-atacante jogou bem e fez gol contra o CRB, na semana passada.

Coincidência ou não, naquela noite em Castanhal o Papão teve sua melhor atuação na retomada da Série C. Óbvio que todo o time rendeu e se superou, mas é inegável o papel de Pikachu nesse renascimento. Isso é tão verdade que no domingo, em Arapiraca, com desempenho frustrante do jogador, o Papão também não se encontrou em campo.

Do outro lado da avenida, a situação de Roni é um pouco diferente, embora ele já tenha para o Remo a mesma importância que Pikachu tem na Curuzu. Como atacante de ofício, Roni despontou no Campeonato Paraense, primeiro pelas mãos de Agnaldo de Jesus e posteriormente com Roberto Fernandes.

Realizou partidas em alto nível, como no Re-Pa que decidiu o segundo turno, quando concentrou os lances ofensivos remistas. Naquela noite, esteve a pique de marcar um gol consagrador. Investiu pelo lado esquerdo, foi à linha de fundo, driblou dois marcadores e já dentro da área bateu forte à esquerda do goleiro Mateus. A bola caprichosamente foi beijar a trave. Os azulinos perderam o turno naquele jogo, mas dias depois conquistaria o título estadual.

Roni foi, ao mesmo tempo, revelação e principal jogador do Remo na competição. Aos 20 anos, o ponteiro passou a ser tratado como a grande jóia do clube, com direito a reajuste salarial. Subitamente, na disputa da Série D passou a ser questionado por perder muitos gols, como se isso fosse motivo para queimar alguém.

Na prática, Roni desperdiça chances porque cria muitas situações de gol. Como cria mais do que os outros, passa a ter também o ônus do desperdício. Esteve na reserva por alguns jogos e reapareceu, fulgurante, voando baixo, contra o Guarani em Sobral, domingo. Marcou dois gols, deu passe para outro e foi fundamental para a atuação vitoriosa do time.

De positivo, a certeza de que tanto Leão quanto Papão ainda têm muito a se beneficiar do talento de seus melhores jogadores.

De preocupante, a certeza de que logo ambos serão negociados com clubes do Sul ou Sudeste. Que fazer? Assim é a vida.

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Um paraense na Estrela Solitária

Por aquelas linhas tortuosas (e sábias) que o futebol costuma traçar, um paraense volta a vestir a camisa do Botafogo. Trata-se de André Luís, um santareno de 20 anos, que chegou ao clube da Estrela Solitária no começo deste ano. Sem chances no time titular, ficou alguns jogos como opção no banco de reservas, mas agarrou bem a oportunidade na equipe sub-20.

Habilidoso, ajudou o Botafogo a conquistar o título carioca da categoria e, em reconhecimento pelo destaque obtido, já renovou contrato com o clube até 2017. André Luís surgiu no São Francisco e depois se transferiu para o Grêmio, onde permaneceu até 2013.

Em tempo: os últimos paraenses a atuarem pelo Fogão foram Lupercínio e Jóbson.

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Cada vez mais perto da degola

Com mais seis jogos a cumprir nesta fase da Série C, o Águia deu ontem à noite um gigantesco passo para o rebaixamento. Perdeu em casa para o líder Fortaleza por 2 a 0. A partida marcou a volta de João Galvão à função de técnico do time. Nem a força motivacional do treinador foi suficiente para injetar ânimo novo ao Azulão, que repetiu os mesmos problemas que já vinha mostrando sob o comando de Dario Pereyra e Éverton Goiano.

O Fortaleza não foi tão superior assim, mas mostrou a confiança dos times que estão por cima. Fez um gol logo aos 19 minutos, ficou administrando a vantagem e evitando que a vontade do Águia se transformasse em pressão real. No segundo tempo, depois que Diego Palhinha e Bernardo perderam boas chances, os visitantes procuraram explorar o contra-ataque. Foi assim que liquidou a fatura já nos acréscimos, através do artilheiro Robert.  

Resta agora ao Águia fazer o que não conseguiu ao longo de todo o torneio. E rezar bastante.

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Direto do blog

“Na entrevista ao blog, Vandick reconhece que se afastou muito do futebol. Um erro capital, jamais deveria fazer isso. Como confiar aos outros, mesmo que tenham sido baluartes na sua eleição, o carro-chefe de qualquer clube? Principalmente o Paysandu, que sem o futebol, passa a ser um clube qualquer. Esperamos que a chapa Novos Rumos, que tem seu apoio, ganhe, e continue fazendo o clube avançar, pois fora das quatro linhas teve sucesso e torcedor precisa reconhecer.

Gostaria que o Vandick, antes de sair da presidência, repare um erro histórico: chamar o Iarley, Sandro e o próprio Vanderson, e render-lhes uma homenagem. Nem importa se falaram mal do Papão, e nem se o que ganharam já serviu como prêmio. Mas esses caras foram achincalhados pelo destempero do sr. Luiz Omar e precisam voltar à Curuzu para que se agradeça o que eles fizeram enquanto atletas alvicelestes. Gratidão na vida não tem preço!”.

De Edson do Amaral, sobre a longa entrevista do presidente do Papão ao blog campeão (concedida ao baluarte Cláudio Santos)

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 26). 

23 comentários em “Referências de talento

  1. Paysandu não é time de série D, companheiro Jorge.

    E agora será, com a queda do Aguia, o único clube profissional do Pará que nunca disputou essa divisão. Time grande é outra coisa.

    * Outro jogador que prestou bons serviços ao bicolor e a tal de Terror quis marginaliza-lo, foi o risadinha Welber, só porque foi jogar no rival. Se eu não me engano, ele fazia parte do time que ganhou do Boca em Buenos Aires.

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  2. Impressionante o Paisandu jogando fora de casa não ganha de ninguem, se contar os jogos da serie B do ano passado mais os jogos desse ano na C vamos ver que sao cerca de aproximadamente uns 30 jogos fora e apenas 01 vitoria em cima do America ( MG). Como pode isso?

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  3. O Pará definitivamente não é um bom centro para os jogadores aprimorarem técnica, tática ou mesmo porte físico. Tampouco é vitrine…
    Se Pirão e seus apóstolos tiverem alguma boa intenção com Rony ou mesmo com o próprio Remo, que está na pindaíba, verão que o melhor caminho seria negociar o atleta.

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  4. Edson, apenas um adendo: Velber jogou primeiro na Tuna, depois no Remo e, por conta da desastrada administração de Licínio, conseguiu sua liberação na JT e foi para o Paysandu.

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  5. Justa homenagem seria mesmo aos jogadores dos tempos de glória do time, acho que Iarley seria especialmente pelo gol histórico que colocou o Paysandú entre os poucos times brasileiros que venceram o Boca Juniors na Bombonera.
    Paysandú não é time de quarta divisão, acredito que nem o rival o seja.
    A realidade é bem diferente dos desejos, enquanto o Águia faz de tudo para fazer companhia ao Remo, se este não conseguir subir, e ainda terá que brigar por uma divisão em 2015, o Paysandú se afasta da zona da degola e com chances de ficar entre os quatro.
    Creio que classificando mesmo em quarto lugar, no mata-,ata o time corresponderá e trará este acesso que tanto o futebol do Pará precisa e merece!
    As possibilidades são remotas, mas elas existem, lembrem disso tanto torcedores quanto os secadores de plantão!

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  6. Acompanhei o jogo do Águia x Fortaleza, sinceramente os times estão em um nível sofrível neste ano. É duro saber que mesmo com tanta ruindade em campo o time cearense disparou na liderança, os demais correm pela três vagas restantes! Com 26 pontos creio que o Fortaleza carimbou seu passaporte para o mata-mata!

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  7. Caro amigo Gerson. Parabéns pelo tema-central abordado na coluna, hoje. Sobre a tua pergunta, responderia eu: o ”segredo” (não é segredo algum !!) é investir na base, algo relegado a planos inferiores no futebol do PA. O ponto é: se houvesse o cuidado necessário com as categorias de base (desde o ”dente-de-leite” até Sub-20), haveria muitos outros, como Pikachú e Roni. Assim, não haveria grandes temores sobre a provável futura negociação desses dois grandes valores, pois haveria outros para manter um bom nível de nossos clubes…

    Pergunta: aonde treinam, em PSC e CR as divisões de base (do infantial ao Sub-20) ?! Há campos suficientes a todas as categorias de base ?! Têm os dirigente de PSC e CR cobrado da FPF por campeonatos das categorias de base mais longos, pois estes duram muito pouco ?!

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  8. Caro Gerson; paraenses que atuaram no Fogão além dos citados na coluna de hoje: Mimi Sodré [ Almirante Benjamin Sodré ] ,Nilo Braga [
    pai da atriz Rosamaria Murtinho] , Otávio de Moraes [ filho de Eneida], Quarentinha [ o maior artilheiro do Glorioso ]. O detalhe interessante é que todos foram atacantes. Como é bom torcer pelo
    Botafogo.

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