A tolice do pinga-fogo do Jornal Nacional

Por Luis Nassif

Falando para um público telespectador de largo espectro, e com seu tempo restrito, não se vá exigir do Jornal Nacional aprofundamento nas entrevistas com candidatos a presidente da República.

Mas não precisaria ser tão primário. Uma coisa é falar para o Homer Simpson; outra é deixar para os Homers Simpsons a preparação das perguntas.

Grande entrevista é aquela que extrai do entrevistados o máximo de informações relevantes. Dois dos melhores entrevistadores  – Marilia Gabriela, na TV, Mônica Bérgamo, no jornal – agem quase como ombro-amigo do entrevistado, tornam-se próximas e acabam levando o que querem: Marília expondo o íntimo de seus entrevistados; Mônica, as questões delicadas.

O entrevistador imaturo pretende que a entrevista seja uma luta de boxe, da qual só ele sairá vencedor. E quando a luta tem 15 minutos de duração, sua intenção é liquidar tudo com a bala de prata, o murro definitivo.

Mas há que se ter um mínimo de conteúdo para encurralar três políticos tarimbados.

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Nas três entrevistas, o “ponto alto” foi perguntar do aeroporto para Aécio Neves, do cargo da mãe no TCU para Eduardo Campos e do “mensalão” para Dilma.

Tudo bem que os Homers Simpson queiram perguntas óbvias. E tudo bem que nada se conseguirá extrair dos entrevistados, a não ser respostas óbvias. Afinal, o show prescinde de aprofundamentos maiores.

Mas insistir nas perguntas, como se tivesse montado na lógica mais elevada vira prosa tatibitate.

Os erros de Bonner:

  1. Perguntas longas demais para conteúdos óbvios demais. É como bolo duro coberto com creme de leite. Toca a massarocar creme de leite em cima para disfarçar a falta de sabor.
  2. Toda pergunta longa – mesmo que eventualmente bem elaborada – permite várias rotas de saída para o entrevistado. E essas rotas sempre terminam em respostas longas e evasivas.
  3. Impaciência demais com as respostas longas, motivadas pelas perguntas longas, é grosseria. Desta vez, na entrevista com Dilma, Bonner não contou com o monitoramento sábio de Fátima Bernardes, sinalizando calma com as mãos.
  4. Interrupção das respostas do entrevistado. Convida-se a pessoa para ir à sua casa – o Jornal Nacional – para interrompê-lo a toda hora, querendo que a resposta se encaixe na pergunta a golpes de marreta. Pelos cálculos dos leitores, Boner interrompeu Dilma 21 vezes.

O resultado final das três entrevistas é zero. Quem gosta do candidato achará que ele foi o máximo; quem não gosta, que ele foi o mínimo. Nos jornais e na Internet haverá uma atoarda de gritos a favor ou contra pensando que o Homer é tão Simpson a ponto de se deixar levar por torcidas de Twitter.

Nova era Dunga expõe falta de perspectivas

Por Mauro Cezar Pereira

Algumas novidades (como Philipe Coutinho), óbvias e justas lembranças (Ricardo Goulart e Everton Ribeiro), nomes ignorados por Luiz Felipe Scolari e agora chamados (Diego Tardelli e Miranda), permanência de quem já deveria ter se aposentado da seleção (Maicon), mais um e outro… Pronto. Aí está a “esperada” lista do novo-velho técnico Dunga. As ausências de Daniel Alves e Marcelo lembram a convocação de 2006, quando ele chegou à CBF e “castigou” Kaká e Ronaldinho na primeira lista. Foram eleitos para simbolizar o fracasso no Mundial da Alemanha.

Mais do mesmo, discurso antigo, sem imaginação, típico de um sujeito que nada tem a dizer. Dunga simboliza o futebol brasileiro parado no tempo. Quando mais é preciso, ele está preocupado apenas em vencer, como já resumiu com brilhantismo Tostão. Manteve uma base experiente pensando apenas em triunfos nesses amistosos. Para depois mostrar seus “números”, como na sua reapresentação no cargo após a Copa 2014.

Dunga passa longe do perfil de alguém capaz de buscar uma forma de jogar e jamais estará disposto a correr certos riscos inerentes a uma renovação não apenas de nomes, mas de conceitos. Ele precisa ganhar esses jogos, mesmo os mais inexpressivos, para nesses placares se apoiar. É pouco, ou nada, diante do que hoje seria necessário.

“O jogador tem que vir preparado, focado. Sabe que terá poucas oportunidades de mostrar que merece estar na seleção brasileira, blá, blá, blá”. Voltamos a 2006. É a conversa de sempre, repleta de clichês, de frases feitas. Que cenário desanimador! Ainda mais depois dos humilhantes 7 a 1.

186119f3-3515-3d1c-b904-76e85a17320b (1)Dunga não traz com ele uma filosofia, deixa claro que segue incapaz de entender que seu trabalho não é o de entregador de camisas. Sim, aquele que elege os atletas, os titulares, põe em campo e espera para ver o que cada um consegue fazer. Como representante do futebol brasileiro no exterior, a seleção precisa(va) de filosofia, idéias, conceitos.

Se um jogador é bom, tem potencial, pode render, pode ser últil, um bom técnico não o joga às feras. Ele trabalha o atleta, conversa, orienta, mostra o que deve fazer. Insiste. Com paciência, perseverança, com trabalho que vai além da elaboração de uma lista de nomes e dos velhos cruzamentos na área durante os treinamentos.

A primeira lista da nova “Era” Dunga simboliza a falta de perspectivas para o futebol brasileiro. Se nem o humilhante 7 a 1 força o “Status quo” a mudar as coisas, a alterar a direção, a buscar novos rumos, nada mais dará jeito. A capa da revista inglesa “Four Four Two”(ao lado), publicada três anos antes da Copa 2014 parece mesmo profética.

Vitoriosos e derrotados na lista de Dunga

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Por Paulo Vinícius Coelho, da ESPN

Dez convocados remanescentes da Copa do Mundo e doze novidades. Significa que treze dos copeiros perderam. Mas alguns eram óbvios: Júlio César pela idade, Fred pelo desempenho, Henrique pela rejeição no momento da convocação de Felipão. Alguns poderiam estar e não é definitivo que não voltem, porque Dunga deixou claro que o início de temporada na Europa os atrapalha. Mas Marcelo e Daniel Alves perderam. Especialmente o lateral-direito do Barcelona, levando em conta que Maicon está no início de temporada e é mais velho. E, ainda assim, está na lista de Dunga!

Em comparação com 2006, quando chamou sete copeiros em sua primeira lista, Dunga foi mais condescendente com o fracasso de 2014: chamou dez. Provavelmente porque daquela vez o diagnóstico foi o de que houve descompromisso – e em 2014 o que faltou não foi compromisso.

A seleção terá cinco meias, um deles pode jogar como centroavante – Ricardo Goulart. Éverton Ribeiro, Ricardo Goulart, Oscar, Willian e Philippe Coutinho… Nada mal para quem acha que não se produz mais meias de ligação. Dunga fez uma boa convocação. Claro que as preferências pessoais poderiam produzir nomes diferentes. Mas o time pode ser forte. Se houver trabalho, continuidade, atenção ao que tem acontecido no mundo.

A LISTA DE DUNGA

GOLEIROS
Jéfferson (Botafogo)
Rafael Cabral (Napoli)

LATERAIS
Maicon (Roma)
Danilo (Porto)
Filipe Luís (Chelsea)
Alex Sandro (Porto)

ZAGUEIROS
David Luiz (PSG)
Marquinhos (PSG)
Gil (Corinthians)
Miranda (Atlético de Madrid)

VOLANTES
Luiz Gustavo (foto – Wolfsburg) 
Elias (Corinthians)
Fernandinho (Manchester City)
Ramires (Chelsea)

MEIAS
Éverton Ribeiro (Cruzeiro)
Oscar (Chelsea)
Willian (Chelsea)
Philippe Coutinho (Liverpool)

ATACANTES
Hulk (Zenit)
Ricardo Goulart (Cruzeiro) – Também pode ser meia
Neymar (Barcelona)
Diego Tardelli (Atlético Mineiro)

Galvão volta para tentar salvar o Águia

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O Águia confirmou nesta terça-feira o retorno de João Galvão ao comando técnico do time. Depois de se afastar no começo do ano, Galvão vinha se dedicando a funções administrativas na Diretoria de Futebol do clube, mas volta agora devido à crise técnica vivida pelo Águia no Brasileiro da Série C. Everton Goiano, que substituiu a Dario Pereyra no comando, não conseguiu dar ao time a consistência que a competição exige e o Azulão de Marabá segue na lanterna do Grupo A há várias rodadas. Galvão é o técnico mais vitorioso da história do Águia, tendo treinado a equipe durante mais de cinco anos ininterruptos, um recorde nacional. (Foto: MÁRIO QUADROS/Arquivo Bola)

Remo dispensa Robinho e Igor João

Depois de confirmar a contratação de Danilo Lins, o Remo anunciou as dispensas do zagueiro Igor João e do meia-atacante Robinho. Igor estava no clube desde os 15 anos, integrando-se às categorias de base do clube. Promovido ao grupo de profissionais nunca teve grandes oportunidades para se firmar, embora tenha disputado com destaque as finais do Campeonato Paraense deste ano. Ao ser informado da decisão dos dirigentes, Igor afirmou que foi dispensado sem saber os motivos.

O atleta disse que o clube não deve salários atrasados, e usou ainda sua página no Facebook para de despedir de Belém e do Remo. Agradeceu ao apoio que recebeu na capital. “Vou sair pela porta da frente e deixar muitos”, escreveu. Igor é de São João do Araguaia (PA) e havia renovado contrato em julho passado. Já o meia Robinho chegou ao Baenão em junho deste ano, depois de boa campanha pelo Cametá no Parazão, mas não conseguiu espaço no time titular.

Marcos Paraná fraturou o antebraço

O meia-atacante Marcos Paraná, do Paissandu, que se lesionou no antebraço esquerdo jogo de segunda-feira contra o CRB, teve fratura confirmada em exames realizados nesta terça-feira. Ele sofreu a lesão em disputa normal de bola com o volante do CRB, Glaydson Almeida, aos 13 minutos do primeiro tempo. Em consequência da contusão, Paraná será submetido a uma cirurgia nesta quarta-feira. Não há ainda uma previsão sobre o período de inatividade do jogador.

Alvinho desmente diretoria do Remo

A estranha saída do atacante Alvinho, anunciada pela diretoria do Remo na última quarta-feira, começa a ganhar novos contornos. Em entrevista a uma emissora de rádio potiguar (Ouro Branco), o jogador desmentiu a versão de que teria ido embora por sentir saudades da família. Disse que deixou o Baenão porque os dirigentes remistas não cumpriram o que haviam prometido a ele. Explicou que não assinou contrato e que só queriam pagar um terço do que havia sido combinado antes. Alvinho reclamou ainda que ficou alojado nas dependências do estádio, que ficam sob as arquibancadas do lado da avenida 25 de Setembro.

Reencontro com a vitória

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Por Gerson Nogueira

unnamedJá se esboçava um novo tabu no horizonte bicolor. O Papão não vencia na Série C há seis partidas e vinha de um período desanimador sob a direção técnica de Vica. A reação começou antes mesmo de Mazola Jr. reassumir. Contra o Coritiba, pela Copa do Brasil, a simples notícia da recontratação do treinador já funcionou como estímulo e o time arrancou uma vitória alentadora.

Ontem, em Castanhal, o bom momento se confirmou. O Papão recebeu o perigoso CRB, dono de maior pontuação e brigando para entrar no G4. Com tranquilidade, sem afobação, controlou as ações e construiu no segundo tempo uma vitória convincente. Aliás, foi uma das vitórias mais merecidas da equipe nesta temporada.

Independentemente da simpatia ou antipatia que seu estilo desperte, o fato é que Mazola confirma nessa reentrada a boa impressão deixada no primeiro semestre. Foi o responsável pela montagem de um time aguerrido, marcador e aplicado, que superava as limitações com uma saída para o ataque e muitas jogadas pelos lados da área.

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Desta vez, mesmo sem o artilheiro Lima, Mazola encontrou um grupo ligeiramente mais qualificado, com a vantagem de não ter mais a responsabilidade de prestigiar jogadores que indicou, como Bruninho e Lacerda.

Adepto de formar duplas na estruturação do time, Mazola reeditou diante do CRB a dupla mais afinada que o elenco tem. Parelha que havia sido desfeita na gestão Vica. Pois Djalma e Pikachu voltaram a jogar juntos e, como por encanto, o Papão contabilizou de imediato os lucros dessa iniciativa.

Comentei na Rádio Clube ontem à tarde que o técnico já iria acertar em cheio se resgatasse Pikachu, que nas últimas partidas parecia longe e desligado de tudo. Contra o CRB, Pikachu foi um dos mais ativos jogadores, colaborando no meio e se apresentando para finalizações. Consequência direta disso foi o gol que marcou depois de meses sem balançar as redes.

Para que isso se concretizasse, Mazola teve a sensibilidade de colocar Djalma como escolta de Pikachu. Como jogam juntos há muito tempo, os dois se entendem por música. No primeiro tempo, já mostraram desenvoltura e participaram diretamente das principais manobras ofensivas. O gol não saiu por puro capricho, pois até bola na trave o Papão botou.

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No segundo tempo, a partir do gol de Héverton aos 17 minutos, o time acertou de vez a marcação e resistiu bem ao ensaio de pressão que Ademir Fonseca tentou fazer. Bem montado, o time alagoano saía em bloco para buscar o empate. Charles e Lombardi guarneciam a zaga e não deram chances. Acontece que, com os avanços, o CRB escancarou os espaços pelos quais Mazola estava esperando.

unnamedO segundo gol nasceu quando o Papão ainda enfrentava alguns perigos. A bela finalização de Djalma aos 37 premiou um jogador que esteve praticamente expurgado durante a passagem de Vica e sacramentou a vitória. O escore final de 3 a 0 foi definido por Pikachu nos acréscimos, coroando sua grande atuação e o acerto da estratégia de Mazola.

Apesar da velocidade do CRB e da aplicação de seus jogadores nos contra-ataques, o Papão teve uma atuação sólida, mandou em campo na maior parte do jogo e mereceu até um placar mais dilatado. Mas, para recomeço de trabalho, está de bom tamanho.

Os melhores do jogo (e do Papão): Djalma, Pikachu, Charles e Héverton. Todos jogadores que se destacaram muito pelas mãos de Mazola. Não há mistério em futebol. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

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O retorno triunfal do craque Neymar

Os golaços que Neymar marcou ontem contra o León, pelo torneio Joan Gamper, confirmam que ele está em plena forma depois daquele joelhaço aplicado pelo colombiano Zuniga durante a Copa. Episódio que, por sinal, a Fifa tratou com extrema condescendência, tendo o endosso de muita gente séria da crônica esportiva brasileira. O jornalismo ensina que não se deve brigar com os fatos e as imagens são claríssimas quanto à agressão.

Pois Neymar, recuperado completamente da séria lesão que o afastou da Copa, mostrou a alegria que sempre teve ao jogar futebol. Rápido, insinuante e driblador, apresentou-se na área para receber e finalizar os dois passes de Iniesta e ainda colaborou com o primeiro gol, marcado por Messi.

Tudo bem que o León é mais um desses times mexicanos especialistas em correria, mas o que importa mesmo é ver Neymar recuperando o prazer pelo jogo, sem medo de encarar beques de cara feia.

E Dunga, que tenta relativizar o valor do craque com aquela velha zanga contra jogadores habilidosos, terá forçosamente que engolir esse Neymar revigorado.

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Direto do blog

“Mazola fez o time voltar a jogar bola. Passou sufoco? Passou. Isso é Série C, amigos. Nada é fácil. Papão foi melhor no jogo como um todo, em que pese os momentos de equilíbrio. É preciso destacar que Mazola conseguiu fazer com que jogadores que não estavam rendendo voltassem a jogar bem. Yago e Charles são bons exemplos disso. Vamos Papão! O sonho continua. A Mazola o que é de Mazola!”.

De Celira, torcedor do Papão, exultante com a primeira vitória na Série C depois da Copa.

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No Leão, um freio nas desculpas

Dadá, com a simplicidade dos bons, decretou um fim para o festival de desculpas esfarrapadas depois da derrota para o Guarani de Sobral, em Bragança. Perder em casa não tem justificativa, disse o volante.

Alguém precisava parar com a escalada de lorotas para o tropeço azulino. Afinal, perder faz parte do negócio. E o melhor caminho para reencontrar a vitória é aprender com os próprios erros.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 19)