Pikachu: agora ou nunca

Por Gerson Nogueira

Depois da desastrosa campanha do Paissandu na Série B deste ano somente um jogador pode comemorar um final de temporada auspicioso. É Pikachu, lateral-direito/ala e artilheiro do time na competição. Figurinha carimbada praticamente toda semana na seleção da rodada do campeonato, o jovem revelado nas divisões de base da Curuzu colhe os frutos das boas atuações. Até agora, cinco clubes já se manifestaram interessados em seu futebol.

unnamed (37)Desde o ano passado, Pikachu já frequentava listas de atletas cobiçados pelos grandes clubes do Sul e Sudeste. Devido ao desempenho na Copa do Brasil de 2012, quando brilhou diante do Sport-PE, teve parte de seus direitos federativos adquirida por um empresário e na ocasião quase deixou o Paissandu.

Foi fundamental na campanha que garantiu o acesso à Série B, permanecendo na Curuzu devido à mudança de diretoria. Depois de assumir a presidência e tomar pé da situação, Vandick Lima vetou a saída do jogador. Recentemente, o clube admitiu negociar Pikachu, mas estabeleceu em contrato multa rescisória superior a R$ 6 milhões.

Um dos complicadores para a negociação é o acerto com o empresário detentor de direitos sobre o jogador – até mesmo o percentual (30%) que cabia a Pikachu já foi comprado pelo investidor.

Ontem, surgiu a notícia de que o Goiás estaria mais perto de concretizar negócio. O presidente do clube, Marcelo Segurado, confirmou o interesse, mas admitiu à imprensa goiana dificuldades ante a concorrência de Palmeiras e Flamengo. Por fora, correm também Internacional (representado pelo ex-bicolor Iarley) e Atlético-PR.

O rubro-negro paranaense, porém, parece ter saído da disputa depois que encaminhou proposta de empréstimo (R$ 500 mil), prontamente recusada pela diretoria do Paissandu. No momento, o Palmeiras parece na dianteira da corrida por Pikachu. O clube paulista reformula o elenco depois da passagem pela Segunda Divisão e já acenou com a oferta de R$ 2,5 milhões, mais a cessão de dois jogadores à escolha do clube.

A proposta do Flamengo não foi divulgada, mas, mesmo que Pikachu não seja negociado com um dos clubes citados, é improvável que dispute o Parazão 2014. A transação é de interesse de todos, inclusive do Paissandu, que espera lucrar um pouco mais com o jogador, além dos R$ 700 mil pagos à diretoria anterior.

Da parte do jogador, a intenção é sair. Aconselhado por companheiros mais experientes, Pikachu sabe que precisa aproveitar a valorização e que não pode perder a chance de jogar em centros maiores, com melhor remuneração e mais visibilidade. A carreira, como se sabe, é curta e as boas oportunidades são raras.

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A nova aposta de Lecheva

A malsucedida experiência na Tuna parece não ter bastado a Lecheva, que decidiu assumir outro projeto claudicante, o do Independente Tucuruí. Técnico mais valorizado do nosso futebol no final de 2012, responsável direto pela volta do Paissandu à Série B, o ex-volante alviceleste teve ainda um bom começo de temporada em 2013, conquistando o certame estadual.

Mesmo demitido depois de três tropeços na competição nacional, não teve o prestígio abalado. A própria torcida do Papão reconheceu seu trabalho, considerando ter havido injustiça em seu afastamento. Quando se esperava que Lecheva fosse buscar preparação em grandes clubes nacionais, eis que ele assumiu a Tuna.

Sem jogadores, nem patrocinadores, a Lusa era uma barca furada sob todos os pontos de vista. Fiasco na primeira fase do Parazão, terminou eliminada. Aí, ao contrário do que havia ocorrido no Paissandu, Lecheva saiu chamuscado da experiência, embora tenha sido um dos menos culpados pelo vexame.

O novo projeto implica em sérios riscos para um técnico ainda iniciante e em busca de afirmação. O Independente dispensou Samuel Cândido depois da primeira fase do estadual e não definiu ainda se vai investir em contratações, visto que também deve perder algumas peças.

A situação lembra, mal comparando, as escolhas equivocadas que alguns atores fazem no cinema. Dependendo dos filmes que aceitam fazer, podem dar uma guinada na carreira ou simplesmente afundar. Até agora, depois que saiu da Curuzu, as apostas de Lecheva têm sido infelizes.

No Independente, em campeonato que se prenuncia dos mais difíceis, habilita-se a ser rotulado como “técnico de time emergente”, estigma que marca (e discrimina) o trabalho de Sinomar Naves, Fran Costa, Samuel Cândido, Cacaio e outros profissionais.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 27)

14 comentários em “Pikachu: agora ou nunca

  1. Quanto ao Yago, muitos times demonstraram interesse nesse jogador, mas o único que fez uma proposta, até agora, foi o Goiás.. Toda sorte do mundo ao Yago, que precisa se posicionar a favor de sua saída, perante a diretoria…É como diz o título, é agora ou nunca…

    Olha, amigos, se o Independente é toda essa barca furada pro coitadinho do Lecheva, que já terá um elenco montado, praticamente, só posso pensar que o Samuel Cândido, que acabou de ser campeão com o Galo e tendo que montar o time, é um técnico e tanto… Parabéns Samuel

    Me tire o tubo…

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    1. O Independente não tem elenco montado pro Parazão, amigo Cláudio. Tem uma base, que disputou a primeira fase, mas precisa reforçar e esta foi uma das exigências do Samuel. Talvez por isso tenha saído. Vejo como temerária a opção do Lecheva pois ele acabou de sair do desastre cruzmaltino. Será que sobrevive a outro?

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  2. Brad Pitt, no papel de Achiles no blockbuster ‘Tróia’, foi um desses fiascos monumentais que só um péssimo roteiro é capaz de colocar como casca de banana à frente de bons atores e atrizes. Quanto a Lecheva, além de ter sido um meia exemplar no jogo coletivo, característica que levou para sua nova carreira, demonstra ser alguém antenado com o futebol altamente competitivo praticado na atualidade.
    Iniciando a temporada com um time já praticamente montado abre a perspectiva de fazer do Independente uma equipe igual ou melhor do que o time do ano passado, capaz de fazer o nosso mui estimado Cláudio Santos engolir o seu ‘Delamariano’ “não disse”.

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  3. Todos estes questionamentos sobre o Lecheva, daria um bom papo numa mesa de bar kkkkkk…agora penso que o Lecheva já mostrou competência ao conseguir o acesso a série B com o papão em 2012 depois que recebeu o elenco a beira do rebaixamento das mãos do Givanildo.

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  4. Para o Pikachú é hora de sair para um centro mais valorizado no futebol. Apenas uma pergunta: por que os caras não pagam o que o Paysandú pede pelo lateral e ficam nessa lenga lenga de uma parte em dinheiro e mais duas barcas furadas? Negociação é dinheiro vivo e não promessas que nunca serão cumpridas, é o que eu penso.
    Quanto ao Lecheva imagino que bate o desespero do desemprego e começa a se agarrar a qualquer coisa para fazer caixa. Acho que será mais um equívoco deste!
    O Independente não tem time e será um dos prováveis candidatos ao “rebaixamento” no parazão!

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  5. Samuel saiu porque teria aceitado uma mala branca do Águia de Marabá, juntamente com alguns jogadores, para vencer o jogo.. Até aí, tudo bem, mas não avisou ao presidente do clube, que se sentiu traído e o demitiu, com toda sua comissão técnica… Independente tem um bom elenco ejá contratou, antes do Lecheva ser contratado, 6 jogadores…

    Penso que a competência de um técnico, se percebe, quando ele monta o elenco e consegue seus objetivos… Aí é que eu quero ver… Pegar um time treinado por grandes técnicos, é só ser bom de grupo, que os jogadores levam.. É o famoso técnico bombeiro… exemplos, temos aos montes, no futebol brasileiro…

    – Acreditem, Nélio Pereira, já livrou o Remo de um rebaixamento num brasileiro e foi festejado e carregado…. Pensem.. rs

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  6. Meu caro Gerson, quero esclarecer que não sou só certezas e até acho que o trabalho do Lecheva pode muito bem dar com os burros nágua, afinal, trabalho a longo prazo não é o forte do futebol brasileiro. Ocorre que o atual time do independente não é um pega a pulso como o time da Tuna que não conseguiu uma vitória sequer. Como bem diz o nosso querido Cláudio, aquela derrota do último jogo foi muito estranha e não refletiu a campanha do novo time de Lecheva.
    Só não concordo que o treinador que monta um time é o único que pode fazer o trabalho ter sucesso, principalmente em um futebol caracterizado pela alta rotatividade dos treinadores, alguns trocando de clubes como trocam de roupa. Assim como o Vagner Mancini fez um excelente trabalho no Atlético(PR), mesmo tendo chegado somente em julho, estreando justamente contra o Paissandu na Copa do Brasil, Lecheva tem tudo pra dar certo nesse time do Independente, cujo miolo já está formado e facilitará muito as coisas pro seu novo treinador obter sucesso.

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  7. É um técnico caseiro que ganhou o mundo graças ao trabalho iniciado naquele Santo André que tomou a Copa do Brasil do Flamengo em pleno Maracanã. Assim como o Guardiola era caseiro, pois iniciou sua carreira dentro do próprio clube que defendeu por anos.
    Isso não coloca ninguém em desvantagem, desde que estude e aprofunde seus conhecimentos a ponto de se tornar um profissional gabaritado, seja o Lecheva ou qualquer outro que siga esses exemplos.

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