Por Gerson Nogueira
Só a paixão desenfreada, associada a um forte sentimento de esperança, explica o projeto de marketing mais bem sucedido da história do futebol paraense. Nascido de uma brincadeira despretensiosa, centrada na rivalidade, o mote da Camisa 33 do Remo ganhou rapidamente as ruas e dispensou até recursos da mídia convencional, como outdoor e anúncios. Um autêntico fenômeno mercadológico, que atingirá seu ápice hoje, na festa programada para o Mangueirão.
Grandes clubes brasileiros já lançaram campanhas para vender camisas, captar sócios e custear a contratação de craques. O Flamengo fez isso para repatriar Sócrates da Itália nos anos 80 e o Corinthians elevou esse tipo de projeto a um status de primeiro mundo ao associar brilhantemente a imagem vitoriosa de Ronaldo Fenômeno ao clube.
No caso do Remo, a façanha é ainda mais admirável porque a campanha nasceu do nada e se espalhou como vírus entre os torcedores. As condições não eram propícias, pois o clube atravessava fase árida, excluído de competições nacionais e sem jogos oficiais a disputar.
Apesar disso, a ideia da Camisa 33 frutificou, alavancada pela campanha dos garotos na Copa do Brasil Sub-20. A rigor, a diretoria só teve o trabalho de amarrar acordo com o fabricante de camisas, para comercializar 11 mil unidades a preços vantajosos para o clube.
Enquanto isso, nas ruas o próprio torcedor se encarregava de garantir o êxito da iniciativa, reabrindo as provocações em cima dos célebres 33 jogos (de janeiro de 1993 a maio de 1997) sem derrotas para o Papão.
A partir de agosto, a diretoria centrou esforços na contratação de uma atração de vulto para vestir a 33. Com o sucesso popular da iniciativa, parceiros se agregaram à ideia, permitindo não só o acordo com tal jogador como a aquisição de outros reforços para a temporada 2014.
Mais do que a espera pelo astro, cujo nome foi milagrosamente guardado até o último dia, destaca-se o papel participativo do torcedor. Adquiriu a camisa para financiar os planos de conquista no próximo ano, além de contribuir para a obra de reforma do Baenão. Seja quem for o escolhido – Leandrão, Renato Abreu, Deco ou Bruno Rangel –, importa mesmo a lição de que, com ousadia e paixão, é possível produzir pequenos milagres.
———————————————————-
Papão arma o contra-ataque
Ao contrário da política executada na Série B, a diretoria do Paissandu optou por contratações pontuais para o Campeonato Paraense. Depois de fechar com o goleador Lima, busca trazer Fernando, ex-Luverdense, e conversa ainda com Danilo Galvão e Keno, dupla de sucesso do Águia na Série C. Apesar de alguns embaraços, o gerente Sérgio Papellin trabalha para montar um elenco competitivo para o Parazão e a Copa Verde.
Sem fazer alarde, o Papão prepara uma tacada ambiciosa para ser anunciada oficialmente até o Natal, a fim de sacudir a torcida. Ao mesmo tempo, elabora uma resposta de alto nível à estratégia agressiva da Camisa 33 remista. A resposta ao rival virá nos próximos dias, através de ação do departamento de marketing bicolor. A conferir.
———————————————————–
O ano de mestre Edgar
Na próxima quinta-feira, às 19h, o botafoguense-beatlemaníaco Edgar Augusto Proença lança seu primeiro livro, “Feira da Noite”, no Sesc Boulevard. Ótima razão para que os amigos e admiradores troquem com ele um dedo de prosa sobre o conteúdo da obra, que reúne relatos de andanças musicais pela noite de Belém e a descrição de encontros com astros da MPB. O prefácio é de mestre Paulo André Barata, com edição de Max Reis e ilustrações de Biratan Porto. Edgar reuniu um autêntico dream-team em torno de seu projeto pessoal.
O ano, definitivamente, é dele. Por indicação da redação do DIÁRIO, conquistou o Prêmio Fiepa de Jornalismo na votação pela internet. E prepara-se para receber, também no dia 19, o título de Honra ao Mérito Cultural da Assembleia Legislativa, por proposição do deputado Edmilson Rodrigues. Tudo isso coroado com a volta triunfal do nosso Botafogo à Libertadores.
———————————————————-
Bola na Torre
O programa tem como atração o presidente do Remo, Zeca Pirão. Guerreiro comanda, com a participação de Valmir Rodrigues e deste escriba baionense. Na RBATV, 00h20, logo depois do Pânico na Band.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 15)








