Por Gerson Nogueira
Quem se preparou ontem à tarde para acompanhar a emocionante rodada de fechamento do Campeonato Brasileiro acabou brindado com cenas dignas de MMA, com violência extrema, no jogo Atlético-PR x Vasco, na Arena Joinville, em Santa Catarina. A batalha insana entre bandidos uniformizados com camisas dos dois times durou quase 10 minutos e deixou quatro feridos com gravidade entre os baderneiros. Além das lesões físicas, as imagens da arruaça acarretam danos incalculáveis à imagem do país pentacampeão do mundo e sede da próxima Copa do Mundo.
Embates entre facções uniformizadas se tornaram rotineiros no Brasil inteiro. Nos últimos três anos morreram 26 pessoas em consequência da violência nos campos de futebol. Assusta o fato de que, mesmo com a escalada de hostilidades, as forças de segurança não conseguem cumprir seu papel constitucional de garantir a integridade dos cidadãos.
Em Belém, chegou-se ao cúmulo de cancelar jogos de campeonato sub-20 por orientação da Polícia Militar, que (pasme) teme o duelo entre as hordas de marginais que se fingem torcedores e aterrorizam estádios e áreas próximas, com arrastões e assaltos.
O próprio jogo de ontem foi marcado para Joinville como punição ao Atlético-PR por mau comportamento de torcedores na Vila Capanema, em Curitiba. A emenda mostrou-se pior do que o soneto. A partir de agora, cabe à Justiça Desportiva rever o critério punitivo, pois a simples transferência de local se revela inócua contra a baderna.
Mais assustador ainda é constatar que os tumultos são programados com dias de antecedência através das redes sociais, em ridículas demonstrações de exibicionismo primitivo. Tudo isso às claras, sem disfarces e, ainda assim, a Polícia não consegue monitorar e rastrear os focos de insanidade. A essa altura não se sabe se o aspecto mais temível é o desembaraço dos bárbaros ou a evidente timidez policial para enfrentá-los.
A TV transmitiu ao vivo o espetáculo de selvageria ontem, o que permite, caso haja disposição para isso, identificar todos os envolvidos. Apesar da vergonhosa omissão da Polícia Militar catarinense, que alegou nada a ver com a barbárie que ocorria nas arquibancadas, espera-se que alguma autoridade se disponha a olhar as imagens e providenciar a prisão dos criminosos.
É de lamentar que, mais uma vez, as alegrias e emoções que a rodada iria propiciar tenham ficado em segundo plano diante dos episódios de Joinville. CBF, clubes, patrocinadores e jogadores devem urgentemente se posicionar a respeito e parar de olhar para o problema como se fosse algo sem jeito. Há solução, basta ter firmeza e respeito pelo torcedor.
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Uma dívida com a história
Para os que acompanham futebol há mais tempo, a queda do Fluminense (quarto rebaixamento) representa um acerto de contas com o Remo, que foi alijado da Série A em 2000/2001 graças a uma virada de mesa promovida pela CBF exclusivamente para beneficiar o clube carioca.
Depois de ser campeão da Série C em 1999 sob o comando de Carlos Alberto Parreira, no ano seguinte terminou sendo guindado à Copa João Havelange, sem ter que passar pela Série B. A Copa JH representava um torneio de Série A, excluindo por tabela o Remo da disputa da Primeira Divisão em 2001.
Primeiro campeão nacional rebaixado no ano seguinte à conquista do título, o Fluminense de certa forma vai quitar em 2014 esse débito com as regras do jogo.
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Novo técnico, esperanças de volta
Mazola Júnior chegou, foi apresentado no Paissandu e já começa a traçar planos para o Campeonato Paraense e Copa Verde. Foi contratado porque Sidney Morais não aceitou a proposta do Papão, mas tem o aval do gerente Sérgio Papellin. As lembranças recentes, porém, não o recomendam como nome certo para o momento vivido pelos bicolores.
No ano passado, sob a direção de Mazola, o Sport foi fragorosamente batido pelo Paissandu no confronto direto pela Copa do Brasil. Meses depois, devido ao vexame, o técnico acabaria defenestrado da Ilha do Retiro.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 09)