Soldados da Polícia Militar nos idos de 1968 durante operação no Barreiro. Com direito a pose em frente ao Fusca da patrulhinha. (Via Nostalgia Belém)
Dia: 24 de outubro, 2013
Muito além das expectativas
Por Gerson Nogueira
Uma decisão digna de gente grande. Marcação duríssima, luta em todos os lados do campo, choque e correria. Sangue, suor e lágrimas. Os jogadores, tanto de Remo quanto Criciúma, comportaram-se como guerreiros. Diante de uma multidão nas arquibancadas do Mangueirão, a decisão das quartas-de-final da Copa do Brasil Sub-20 deixou a torcida azulina dividida entre a frustração pelo que podia ter sido e o reconhecimento pela excepcional campanha de seus meninos.
Prevaleceu, ao final da partida, o sentimento de satisfação e orgulho pelo esforço e a categoria do time. Emocionados aplausos saudaram a saída da equipe rumo aos vestiários. Cabe dizer que, em sã consciência, ninguém esperava que o Remo chegasse tão longe. Depois de eliminar os favoritos Vitória e Flamengo, sucumbiu diante do menos cotado Criciúma. O futebol-força dos catarinenses levou a melhor, com méritos e boa dose de catimba.
Os garotos foram incansáveis e aguerridos, mas sentiram o peso de uma decisão perante quase 30 mil torcedores. Coisa inteiramente normal. Até profissionais sofrem o efeito dessa pressão, portanto não há como condenar uma equipe tão jovem.
Mais taludo, o Criciúma soube amplificar suas virtudes – marcação, combate direto e porte físico. Defendeu-se bem das primeiras investidas do Leãozinho e, aos poucos, foi se equilibrando em campo. Recolhia-se, rebatia bolas e saía rápido para o ataque. Teve poucas oportunidades, pois o Remo retinha mais a bola.
Como visitante pragmático, o Criciúma aproveitou a única chance surgida no primeiro tempo. Em falta cobrada da intermediária, aos 27 minutos, Jader rebateu mal e permitiu o primeiro gol. Do entusiasmo inicial, o Remo mergulhou num período de abatimento, que só estancou quando Alex Ruan e Rodrigo arriscaram chutes da entrada da área, levantando a torcida.
O time sentia falta, porém, aquela faísca de explosão e velocidade que garantiu ao Remo triunfos irretocáveis diante do Vitória e do Flamengo. Guilherme embolava com Sílvio pela direita, saindo do duelo com os altos zagueiros do Criciúma. Beto tropeçava e não reeditava o estilo brigador de outras jornadas. No meio-de-campo, Raí errava muitos passes e Rodrigo parecia travado, sem arriscar jogadas individuais e lançamentos.
A defesa tinha pouco trabalho, mas também se confundia com a rapidez de Marcelinho e Bruno nos contra-ataques. Nas saídas, o Remo tinha a bola, mas exagerava na ansiedade. Aos 43, Sílvio foi lançado nas costas da zaga e ficou em posição privilegiada para finalizar, mas hesitou por um segundo e acabou desarmado.
Jaime e Rodrigão entraram no segundo tempo, mas ajudaram pouco. Jaime mantinha-se longe da área e exagerava nas tentativas individuais. Rodrigão foi para o confronto com os beques, mas sem levar vantagem. Aliás, o Remo insistiu inutilmente em bolas aéreas contra uma zaga treinada para isso. As tabelinhas e infiltrações sumiram do repertório nos 45 minutos finais.
Quando o Remo mais insistia com cruzamentos, veio o lance individual que liquidou a fatura. Uma arrancada pelo meio da área resultou no pênalti que deu ao Criciúma a vantagem definitiva. A partir daí, o nervosismo se apoderou de vez do Leãozinho, que não teve mais cabeça para empreender uma reação.
O saldo, porém, é altamente positivo. Além dos lucros financeiros auferidos, o Remo sai da Copa BR com pelo menos seis jogadores (Guilherme, Rodrigo, Alex, Ian, Edcléber e Nadson) em condições de aproveitamento entre os profissionais. E com a lição preciosa de que, com um mínimo de estrutura, é possível ir longe. A garotada deu conta do recado.
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Sobre o massacre
Como fui ao Mangueirão, não acompanhei a tragédia do Maracanã, mas o placar retrata uma noite absolutamente negra do Botafogo, coincidindo com um daqueles jogos em que tudo dá certo para o outro lado. Méritos do Flamengo, que desde a efetivação de Jaime tornou-se um time de verdade, mesmo desprovido de maiores atributos de talento. Em compensação, tem alma e gana de vencer. Isto quase sempre faz a diferença num jogo decisivo.
O Botafogo paga o preço do tradicional desmanche de todo ano em meio ao Brasileiro. Os garotos promovidos da base têm sido importantes, mas o time se ressente de peças de reposição, principalmente quando é obrigado a se dividir entre duas competições importantes. Como diria o grande alvinegro João Saldanha, vida que segue.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 24)






