Por Gerson Nogueira
O Conselho Deliberativo do Remo (com 32 presentes) empurrou com a barriga outra vez a proposta de reforma do estatuto do clube, que deve ser analisada apenas em novembro, inviabilizando sua aplicação nas eleições deste ano. A ideia do voto direto parece aterrorizar os conselheiros e, enquanto isso, a representação política no clube vai se esgarçando cada vez mais.
Resulta desse cenário o distanciamento que a torcida mantém de evento tão importante para o futuro do clube. Enquanto cabeças coroadas se preparam para escolher (pelo voto indireto) o novo gestor, os torcedores permanecem ao largo, conscientes de que pouca coisa de fato irá mudar.
As candidaturas definidas até agora são as de Roberto Macedo e Raphael Levy (com Max Fernandes como vice). Aldemar Barra permanece no páreo, mas já avisou que só concorre se tiver amplo apoio dos conselheiros, o que é pouco provável. O projeto de Marcelo Carneiro, que representaria um sopro de renovação, carece de mais musculatura junto ao colégio eleitoral.
Na seara do futebol profissional, ainda imerso em indefinições depois do fiasco na Série D, o clube anuncia a intenção de honrar compromissos com jogadores que integravam o elenco e esperam pela liberação. A promessa de acerto vem do dinheiro obtido com a venda parcial dos direitos federativos do meia-atacante Reis.
Jogador criticado pela torcida em diversos momentos, Reis virou salvação da lavoura e foi negociado ontem pelo Remo com investidores ao preço de R$ 150 mil (mais 20% de participação em futura transação). No fim das contas, apesar do valor aparentemente modesto, significa que a base continua a dar resultados.
Mesmo com pífios investimentos nessa área, formar jogadores ainda é a saída para os grandes clubes paraenses. Só os míopes ou mal-intencionados não veem isso. Com um pouco mais de interesse e participação dos dirigentes, os resultados viriam rapidamente. Até porque a revelação regular de bons atletas permitiria cobrar preços mais competitivos.
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Parece piada de mau gosto, mas é apenas uma triste verdade. Para o jogo decsivo contra o Santa Cruz, a diretoria do Paissandu definiu o preço do ingresso de arquibancada em R$ 20,00 demonstrando o mais completo desinteresse na presença de um grande público. Em evidente descompasso com o bom senso, a diretoria sinaliza que prefere esvaziar qualquer possibilidade de protestos no Mangueirão.
Depois da derrota diante do Fortaleza e da queda para a sétima colocação na classificação, esperava-se que o torcedor fosse incentivado a comparecer e empurrar o time a uma vitória contra o Coral pernambucano. Afinal, só os três pontos podem aliviar um pouco a situação de quase desespero vivida pelo Paissandu no grupo A da Série C.
Ou a diretoria teme mesmo ser vaiada ou, imaginando que o barco está mesmo afundando, tenta faturar uns cobres a mais. De qualquer maneira, a atitude representa um desrespeito em relação à massa torcedora alviceleste.
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Aristeu Leonardo Tavares, presidente da Comissão de Arbitragem da CBF, em carta divulgada ontem, confirma a tese defendida por este escriba a respeito da anulação de gol do Vasco contra o Cruzeiro. Contestando as afirmações arrogantes de Arnaldo Cézar Coelho, Aristeu cita o livro Regras do Jogo 2012/2013. E declara que a “decisão arbitral deveria ter sido de não considerar-se como envolvido em jogo ativo, por ganhar vantagem, o atleta do Vasco da GAMA, por conta de ter sido a jogada consequência de um passe, pois dois jogadores em sequência tiveram a bola disponível para jogar e o fizeram por três vezes, e não de rebote e sim consequência de má técnica dos envolvidos. (…) Para finalizar que o gol produzido deveria ter sido validado”.
Afirmei mais ou menos isso na coluna de segunda-feira, com o fato adicional (e significativo) de não haver consultado nenhum livro ou especialistas da Conmebol. Minha posição se baseou somente nos princípios mais elementares do velho esporte bretão.
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Via Twitter:
“Ué, não é a gestão que está saneando o clube? Que livra patrimônios das vendas? A base tbm é patrimônio”.
De Marcos Pina Jr., questionando a gestão de Sergio Cabeça no Remo quanto ao FGTS dos garotos da base.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 20)