Por Gerson Nogueira
A Seleção Brasileira continua a ser uma vitrine de extremo poder de venda. Qualquer jogador, por mais limitado que seja, ganha uma valorização natural ao vestir a camisa amarelinha. Sempre foi assim, mas, nas dimensões superlativas dos negócios atuais, ganha um aspecto ainda mais expressivo.
A notícia da venda do atacante Hulk para o clube russo Zenit por quase inacreditáveis (para o nível do jogador) R$ 153,5 milhões confirma essa capacidade sedutora que o uniforme do escrete ainda tem. Mesmo despencando no ranking da Fifa e sem conquistar um torneio importante desde 2002, a força e o prestígio da Seleção continuam em alta.
Com Hulk, já são cinco os jogadores que participaram dos Jogos de Londres defendendo a seleção olímpica do Brasil a serem transacionados, perfazendo a fabulosa soma de R$ 467,6 milhões. Contribuíram para este valor as transferências de Bruno Uvini (Nápoli, R$ 17,9 milhões), Oscar (Chelsea, R$ 80,7 milhões), Lucas (Paris Saint Germain, R$ 108 milhões) e Tiago Silva (PSG, R$ 107 milhões).
As cifras adquirem relevância ainda maior por ter relação com jogadores da safra olímpica. Não está em jogo a seleção principal, embora dê para desconfiar que o interesse do futebol europeu se localize mais nos atletas jovens. Os mais rodados já não causam grandes emoções, alguns até perderam mercado nos últimos tempos – caso de Kaká, praticamente enxotado do Real Madri pelo técnico José Mourinho.
De negativo, fica a constatação que a Seleção Brasileira continua campo fértil para investidores e negociantes, na mesma proporção em que deixou de ser geradora de encanto pelos campos do mundo. Como decretou John Lennon em meados dos anos 70, o sonho acabou.
A profecia que marcou o rock vale para o futebol espetáculo, que parece ter levado o farelo com a aposentadoria de artistas geniais como Pelé, Garrincha & cia., que davam show e se mantinham leais à bandeira de seus clubes. Claro que eram outros tempos, menos globalizados e mais inocentes, mas a diferença é tão brutal que não pode ser ignorada.
O certo mesmo é que os donos do futebol brasileiro continuarão a explorar a galinha dos ovos de ouro até a exaustão definitiva. Sob um olhar mais lúcido, a vitrine de luxo representada pela seleção olímpica significa apenas que o balcão de negócios se instalou definitivamente na CBF, sob o olhar complacente (e conivente) de dirigentes e comissão técnica. Quando se buscam respostas para a pindaíba de títulos e medalhas de ouro, a resposta talvez esteja exatamente nesse desvario mercantilista.
—————————————————————
Com orgulho e admiração, destaco a homenagem prestada aos companheiros Carlos Castilho, Cláudio Guimarães, Carlos Estácio, Zaire Filho, Jones Tavares e Guilherme Guerreiro através da Enciclopédia do Rádio Esportivo Brasileiro, publicação que será lançada no próximo dia 5, em Fortaleza, durante o 35º Congresso da Intercom.
Organizado pelas jornalistas e professoras Nair Prata e Maria Cláudia Santos, o livro tem prefácio do presidente da Intercom, Antonio Hohlfeldt. O trabalho é a mais nova investigação coletiva do Grupo de Pesquisa Rádio e Mídia Sonora da Intercom, com a colaboração de 121 autores.
Publicação da Editora Insular e com o apoio da Intercom, a Enciclopédia apresenta biografias – com fotos – dos 231 mais importantes radialistas esportivos de todo o país. A história desses personagens é contada por meio da recuperação da trajetória de cada um.
No livro, destaque especial a Carlos Estácio, que está há 58 anos em atividade, como repórter esportivo da Rádio Clube do Pará. Além dos radialistas já mencionados, todos da equipe de Guilherme Guerreiro, a enciclopédia inclui outros nomes do jornalismo paraense, como Ivo Amaral e Linomar Baía.
—————————————————————
Givanildo Oliveira reinicia os trabalhos nesta semana com o desafio de recompor o meio-de-campo do Paissandu depois da perda de seus quatro titulares, expulsos (Harison e Tiago Potiguar) e suspensos (Leandrinho e Vânderson). No caso dos volantes, a escolha óbvia deve recair sobre Fabinho e Ricardo Capanema, embora Neto também tenha chances.
Já para a armação a situação é aparentemente mais simples. Alex Willian e Robinho, que entraram muito bem no jogo contra o Luverdense, têm vagas asseguradas. Aliás, ambos renderam mais para o time do que os titulares Harison e Potiguar.
A partir das definições, o trabalho será o de entrosar as peças que entram e dar ao time a sustança necessária para superar o lanterna Guarani. Mais complicado será resolver o nó do ataque, onde Rafael Oliveira parece ter esquecido o caminho do gol.
—————————————————————
Ingresso a R$ 10,00, com promoção a R$ 5,00 para quem comprar antecipadamente, para a decisão de domingo contra o Mixto. Esta é a campanha que a torcida do Remo lançou nas redes sociais. De vez em quando, os dirigentes deveriam ouvir a voz rouca das ruas.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 04)