Sob regime linha-dura

Por Gerson Nogueira

O Remo, depois das hesitações de praxe, fez o que precisava ser feito. Afastou o desgastado técnico Flávio Lopes e anunciou o nome do substituto no começo da tarde de ontem. Na verdade, Edson Gaúcho estava contratado desde a manhã de segunda-feira quando contatos foram mantidos na esteira do vexame remista em Rondônia.
A diretoria concluiu que Lopes não poderia mais continuar no comando. Além da derrota acachapante para um time semi-amador, as declarações depois do jogo acabaram complicando de vez sua situação. Sem explicações convincentes para o fiasco, Lopes alvejou os jogadores, dizendo que havia faltado alma e comprometimento.
Esse tipo de afirmação expôs divisões profundas entre comandante e elenco, além de atritos com o vice-diretor de Futebol, Hamilton Gualberto. Alguns sinais de discórdia já eram visíveis, principalmente em relação aos jogadores caseiros, mas Lopes parecia ainda ter o grupo sob controle. A queimação pública, no melhor estilo Zagallo, demonstrou que o treinador estava sozinho.
Pela maneira surpreendente como foi construída, a derrota para o Vilhena chegou a ser encarada por alguns dirigentes como boicote dos jogadores ao técnico. A tese, porém, perde sentido diante da desastrosa atuação de todo o time.
Em desespero pela má estréia, a diretoria apressou-se em buscar um novo técnico, antes que a situação se tornasse irrecuperável. Afinal, caso sofra outro tropeço em casa, domingo, contra o Penarol, o Remo fica em situação dramática quanto à classificação.
A contratação de Edson Gaúcho já havia sido cogitada por ocasião da perda do primeiro turno do Parazão, quando Sinomar Naves era o técnico. Não houve acordo financeiro e o Remo optou por Lopes, indicado pelo ex-gerente Sérgio Papellin.
Não deixa de ser curiosa a preferência por Edson Gaúcho, levando em conta seu retrospecto mais recente e as passagens mal-sucedidas pelo Paissandu. Da primeira vez, abriu guerra com funcionários, jogadores e imprensa. Da última, quando fazia um bom trabalho, foi dispensado após ruidosa queda-de-braço com dirigentes e o veterano Sandro Goiano. 
Gaúcho cultiva um estilo marcial e disciplinador, que nem sempre é bem absorvido pelos boleiros. O regime linha-dura dá resultado imediato, mas costuma ter vida curta. Retomar o caminho das vitórias é a prioridade do Remo precisa neste momento, mas, a médio prazo, a equipe terá que adquirir consistência e regularidade.
Quanto a isso, infelizmente, as coisas não dependem apenas do técnico. O clube deu preferência à contratação de jogadores veteranos (10 no total) em excesso, aproveitados como titulares por Lopes em detrimento dos mais jovens. Essa opção comprometeu a forma de jogar, tornando o time pesado e lento. Gaúcho assume o respeitável desafio de dar ao Remo um perfil vencedor com o precário elenco disponível.  
 
 
Para o confronto com o Penarol, domingo, o Remo disponibilizou 10.986 ingressos, com arquibancadas a R$ 15,00. O relatório emitido pela assessoria da FPF aponta um lote de 1.100 entradas destinadas a um tal CTOCR (Conselho das Torcidas Organizadas do Clube do Remo), entidade desconhecida até então.
Curiosamente, o Conselho tem direito a uma carga especial de ingressos ao preço unitário de R$ 7,00, menos da metade do valor que será cobrado dos torcedores comuns. A razão desse esquisito privilégio é um mistério que só a direção do clube pode explicar.
 
 
A CBF deve oficializar hoje a abertura da Série C pela CBF. A tabela deve ser confirmada pela manhã, com os jogos Paissandu x Luverdense e Fortaleza x Águia mantidos para a primeira rodada, no próximo domingo. Ontem, tudo indicava que a novela chegaria ao fim, mas questões jurídicas adiaram outra vez a definição.
Segundo o repórter Wellington Campos, da Rádio Clube, a logística das viagens está bem adiantada e os árbitros já foram sorteados. Só resta torcer para que a competição comece mesmo e que Treze e Brasil não atrapalhem mais as coisas.
 
 
 
Direto do blog

“Édson Gaúcho na bagunça e na fogueira de vaidades que formam o Remo de hoje?! Ou vai se aborrecer e pedir o boné, ou vai bater de frente e ser demitido!”.

De Carlos Lima, cético quanto ao futuro de Edson Gaúcho no Baenão.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 27)

13 comentários em “Sob regime linha-dura

  1. Flavio “Giba” Lopes começou bem no Remo. Caiu porque começou a agir como Giba e indicou veteranos. O Edson “Massaranduba” Gaúcho é um excelente técnico, o problema é que ele briga com a sombra. Se tiver sequência e os dirigentes e a imprensa deixarem, subirá.

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  2. Sinceramente, mas sonho, um dia, ainda vou ver alguém da mídia, culpar os dirigentes ao invés de se querer passar para torcedor que o culpado é o técnico.
    Lí ontem de um jornalista, onde ele dizia:
    * A mídia e os torcedores dizem que o elenco do Remo, é velho.Quem os contratou, foram os diretores:
    -Mas a culpa é do técnico.
    *A mídia e os torcedores chamam Aldivan, Juan Sosa, F.Oliveira, Adriano, Diego Barros, Ratinho, Magnum, … de velhos e sem condições de vestir a camisa do Remo. Quem os contratou, foram os diretores:
    – Mas a culpa é do técnico
    …………………..
    Assinei embaixo. Precisamos nos desarmar…

    Penso que o técnico nesse caso, tem culpa sim, por deixar os diretores contratar por ele, mas os maiores culpados, são os dirigentes e, isso precisa ser falado.

    É a minha opinião.

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  3. Acho que os dirigentes do Remo têm e sempre tiveram admiração pelos gostos do Paysandú.. Todo técnico que o Papão contrata o remo vai atrás depois.. E olha que não são lá essas coisas todas.

    .

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  4. Perfeito comentário sobre o edson gaúcho, no paysandu (que sou torcedor) o efeito imediato foi bom, um time melhor estruturado taticamente, mais disposto em campo, ofensivo, porém depois os problemas. Isso nas duas passagens.

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  5. O jogo de domingo tem ingredientes para reabilitação, por ser o jogo em Belém e o time do Penarol ser modesto. mas deve ser lembrado que o mesmo Vilhena era tido como mamão com açucar e não foi. Seriedade e boa disposição é o que o Remo precisa para dar a volta por cima e com EG a frente do time a vantagem aumenta, mas nunca é demais lembrar certas situações já vividas que deixaram marcas.

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  6. Na verdade não há solução para o leãozinho (vergonha da região Norte), pois enquanto imperar a vaidade entre os anciões, esse time não vai sair do buraco. Hoje o leãozinho está mais para asilo do que para clube.
    Os jogadores já perceberam que não há comando por parte da direção do clube, por isso questionam “Quem é o treinador para exigir alguma coisa, se os diretores não exigem”? Tudo começou com a briga entre FL x Gualberto sem a interferência do Cabeça, sem falar que o Paulo Mota é outro ausente.
    Caso o reminho venha engrenar, que é muito difícil, o EG vai cair, pois a imprensa e torcida aplaudirão o EG, com isso a vaidade (ciume) dos diretores será atingida e isso acabará com a demissão do EG.
    O leãozinho deve encontrar uma situação que agrade: comissão técnica, diretores, jogadores, torcida e imprensa, senão vai permanecer no buraco.
    Seria melhor não ter comprado à vaga do Cametá. Leãozinho, eterna vergonha da Região Norte.

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  7. Gérson e amigos, a queda de Flávio Lopes precisa servir de reflexão séria sobre os rumos do futebol no Pará, e aí, concordo com o Cláudio, há faotres de sobra que envolveram o fato. Poderíamos fazer essa avaliação aos doi grandes da capital (a Tuna, já abdicou dessa condição há muito tempo). U clube da tradição do Remo tem sido vítima de gestões sofríveis, desde Licínio Castro, passando por Levy até as duas últimas, do especulador imobiliário Aldebaro Klautau ao processado Sérgio Cabeça com a ajuda do atrapalhado Hamílton Gualberto (o que não ganha uhma nos tribunais). Há tempos venho conversando com o querido Wilton Moreira sobre isso e cada vez mais nos preocupamos com os rumos do Leão. Nesse episódio da demissão do Flávio Lopes ficou evidente os passos errados da diretoria atual e o papel da imprensa esportiva, logicamente sem exirmir a resposabilidade do treinador. Não sou chegado a colocar a culpa das adversidaders na imprensa por achar essa história de “quarto poder” um mito ultrapassado e por que grande parte dela não é formada por jornalistas diplomados, o que já prejudica um debate mais profundo. Por outro lado, essa condição se agrava por paixões clubísticas. No episódio em telas, foi nítido o processo de “fritura” do treinador Flávio Lopes por grande parte da mídia esportiva (excetuando alguns ilustrados como o Gérson Nogueira e o Carlos Ferreira), a partir da recusa correta daquele profissional em relaçlão ao amistoso do RexPa. É sempre bom lembrar que esse treinador assumiu o Remo em condições adversas, conduzindo o limitado time do Remo à conquista do 2º turno. Os erros do segundo semestre de 2011 ainda se refletem no clube do Remo quando o antigo treinador passou mais de um semestre dirigindo uma equipe que não apresentou padrão algum no 1º turno. O título do 2º turno era para ser o do campeionato se não fosse o péssimo trabalho do Sinomar. Por tudo isso, Flávio Lopes, na minha opimião, foi um profissional exemplar e diga-se de passagem teve que aguentar muito sapo com um dirtetor que lhe foi o tempo todo hostil por que queria o Agnaldo como treinador. Não tenho dúvidas em reconhecer que o Flávio Lopes é um profissional competente e até mais treinador que o Edson Gaúcho. Espeeo que se dê ao Gaúcho condições para de fato arrumar a equipe.

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  8. É isso mesmo Cássio, as gestões remistas nos últimos 15 anos tem acabado com o clube. A desorganização é muito grande, os diretores não se ajudam, neste ponto o Paysandu é mais organizado. Quando o LOP assumiu, criaram comissões que melhoraram a Curuzú com ampliação e reformas, depois vieram as brigas. No Remo nem isso acontece é sempre briga.
    Voltando para o futebol, o EG não vai durar no comando, pois com o relatório de dispensas dos jogadores, vai mexer com o brio de muitos diretores que contrataram estes pernas de pau.
    Agora quero ver o HG peitar o EG. Pensei que o técnico seria o HG pois na Cultura (TV) disse que teria condições de treinar o Remo.

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  9. Sr. Cláudio

    Na hora que fiz a pergunta a sua postagem era a nº 4.

    Agora que e minha foi liberada é a nº 5.

    Desculpe-me por um erro que não foi meu.

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