Todo cuidado com a Alemanha

Por Gerson Nogueira 

É um time jovem e, surpreendentemente, tarimbado. Com sua mais seleta geração de craques desde a turma de Franz Beckenbauer, Sepp Mayer e Paul Breitner, que triunfou em1974, aAlemanha segue fazendo estragos e a arrancar elogios por onde passa. Na sexta-feira, goleou implacavelmente o esforçado escrete grego, avançando à semifinal da Euro-2012.

Com mais de 10 chances claras de gol, os alemães marchou sobre a Grécia com determinação e método. Lahm fez um golaço no primeiro tempo, mas o ataque deixava passar boas oportunidades. Veio o empate num contra-ataque bobo, mas a reação alemã foi fulminante. Em vinte minutos, com tranqüilidade e disciplina, construiu a goleada de4 a2.

Observei o nascimento desta nova Alemanha quando cobria a Copa do Mundo de 2006. Na ocasião, Jürgen Klinsmann espantou o mundo executando uma transição de gerações dentro da seleção germânica. Poucos países permitiriam tamanha ousadia.

Naquele torneio surgiram Schweinsteiger, Lahm e Podolski. Não conseguiram conquistar o título, mas deixaram excelente impressão. Em 2010, na África do Sul, a renovação se consolidou com a chegada de Miller, Özil, Boateng e Khedira ao elenco titular.

O mundo passou a levar essa moçada a sério na tarde em que a Argentina de Maradona e Messi foi derrotada com requintes de perversidade, por4 a0, no elegante Green Point Stadium da Cidade do Cabo. 

É, sob todos os pontos de vista, um time alemão diferente de tudo o que se conhecia. O técnico Joachim Low, que sucedeu Klinsmann no comando, deu à seleção feições ofensivas e com amplo repertório de jogadas. As variações garantem segurança mesmo quando a casa ameaça cair, como no começo do segundo tempo diante dos gregos.

Por outro lado, o velho pragmatismo continua intacto, a partir de uma sólida linha de zagueiros, mas é inegável que a Alemanha de hoje joga em função do ataque. Os pulmões jovens permitem que brigue pela bola em todos os quadrantes do gramado. Quando retoma, parte em altíssima velocidade, fazendo triangulações e fugindo do miolo da área. A estratégia é chegar sempre pelos flancos, para cruzamentos rasantes ou entradasem diagonal. Sejaqual for o adversário, quase sempre dá certo.

Low dá-se ao luxo de testar formações diferentes entre um jogo e outro, comprovando que tem um elenco afiado e não apenas 11 titulares. Ver a Alemanha na Euro permitiu observar que ganhou maturidade, ficou cascuda e virá tinindo para a Copa do Brasil. Hoje, é o adversário a ser batido na Euro e desconfio que será assim também em 2014.

Vale dizer que, contra a Grécia, Low e seus comandados puseram por terra aquela velha potoca de técnico brasileiro, segundo a qual é difícil vencer times que se posicionam muito atrás e ficam na espera. A Alemanha partiu para cima da zaga grega e ocupou espaços no campo inimigo. Importante: ao contrário da Espanha, que leva uma eternidade para chutar, a Alemanha aproveita qualquer brecha para meter a bola no gol, com força e precisão. Os alemães podem não ser ainda os melhores do mundo, mas têm o melhor conjunto. Cuidado com eles.

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O Remo, que sob o comando de Flávio Lopes ainda não jogou no sistema 3-5-2, inaugura a experiência hoje à noite, em Vilhena, estreando na Série D. Costumo não dar maior importância a desenhos táticos, pois o que importa é a maneira como os jogadores são distribuindo em campo.

Ocorre que no Brasil a escalação de três zagueiros derivou para retrancas mal-disfarçadas. Pior ainda quando os alas não funcionam como apoiadores que deveriam ser e ficam presos lá atrás.

Com um trio de beques lentos (Edinho, Sosa e Ávalos), o Remo terá que sair para o jogo através de Dida e Paulinho, mas baseará toda a armação no entrosamento da dupla Jhonnatan e André, ponto de equilíbrio da equipe. Ratinho será o homem de ligação com os atacantes Marcelo Maciel e Fábio Oliveira na frente.

A única referência sobre a nova formação do Remo é a fraca atuação contra o Paissandu. Por isso mesmo, não entra como favorito contra o modesto Vilhena. Talvez seja até melhor assim.

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Ganhei um monte livros durante a semana e faço aqui o devido registro. O primeiro é “Parazão Centenário – A História do Campeonato Paraense de Futebol”, do companheiro Ferreira da Costa, jornalista e pesquisador, além de ex-presidente da Aclep. Fichas técnicas e fatos relacionados à competição estadual. O livro pode ser adquirido nos shoppings, Terminal Rodoviário, Yamada Plaza, Newstime, IT Center e Alvino. Recomendo.

Do escritor, desportista e atleta Rufino Almeida recebi os livros “Quaterno”, “A Menina que Soltava Passarinhos”, “Poemas Nus” e “Qu4tro Caminhos”, todos com carinhosas dedicatórias. 

Por fim, do advogado e ex-presidente do TCM Ronaldo Passarinho, desportista azulino e botafoguense, ganhei “Quem Derrubou João Saldanha”, de Carlos Ferreira Vilarinho. É a narrativa detalhada de todos os eventos que levaram à fritura e demissão de João Sem-Medo, um de meus heróis, da Seleção Brasileira que conquistaria o tri mundial no México.

Agradeço penhoradamente. 

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Zé Augusto, ex-volante do Paissandu e de diversos outros times paraenses, é o convidado do Bola na Torre (RBATV, às 23h45). Comando de Guilherme Guerreiro.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 24)

13 comentários em “Todo cuidado com a Alemanha

  1. Sinceramente, mas acredito no Remo de Flávio Lopes, mesmo com todas as lambanças desses dirigentes, tentando atrapalhar a caminhada Remista. O 3-5-2 do Remo, não é diferente do 3-5-2 do Águia que todos elogiam e dizem que o Galvão joga pra frente. Vale dizer que os 3 jogadores de defesa do Remo, são muito melhores que os 3 do Azulão, alem dos dois alas.
    – Concordo com o amigo Gerson, em relação a essa nova geração da Alemanha, mas ainda acredito na Espanha, que joga um futebol interessante.
    É a minha opinão.

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  2. De fato o futebol germânico lembra o bom e velho ofensivo futebol brasileiro praticado magistralmente até os anos 80 e e com certa cautela, mas ainda bem executado, entre meados da mesma década e até meados da década de 2000. Torço para que os alemães levem essa, pois são bem mais insinuantes que os espanhóis.

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  3. Gerson, a coluna esta perfeita. Porém, gostaria de acrescentar a ela um paralelo de atitudes. Quando em 2006, a Alemanha jogou desta forma, os times copiaram este jogo e hj o campeonato alemao eh muito disputado com times superofensivos e por isso esta sempre surgindo novos valores. Já no Brasil, tivemos o santos do dorival encantando td o Brasil, jogando como a Alemanha joga, pra rente sempre, e Ai eu pergunto, quem copiou a idéia? Todos continuam a jogar com monte de zagueiros e volantes e com jogos bem amarrados.

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    1. O mais absurdo, Allan, é que essa influência a que você se refere diz respeito ao jeito de jogar daquela malsinada seleção do Dunga. Além da queda, o coice. Ao invés de evoluirmos, estamos copiando nos clubes o que não deu certo na Seleção.

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  4. A seleção Alemã, pode ate terminar a competição não sendo a campeã, mais a cada jogo da mostras de que e a melhor seleção do mundo. Na minha opinião! Está sendo bem treinada pelo Joaquim Low, conta com um excelente setor defensivo, além de um excelente goleiro, tem no seu meio campo, o que para mim, é o melhor volante do mundo que é o bastian schweinsteiger, outros que merecem bastantes elogios são os dois meio-campistas do RealMadrid, o Ozzil e Kendira.
    O Ataque alemão está bem servido, mais a força desse time e a união e o conjunto, aliados as qualidades individuais de cada jogador.
    Enquanto isso, temos que nos deparar com essa bombas com a camisa de nossa seleção brasileira, escaladas pelo MANO!

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  5. Daniel Malcher, concordo quando você diz que os alemães podem ser mais insinuantes que os espanhóis.

    Mas, discordo com o bicolor André, quando diz ser o selecionado alemão, o melhor do mundo.

    Portanto, a diferença entre alemães e espanhóis é que: enquanto os alemães são apenas insinuantes os espanhóis são insinuantes ( e insinuam mesmos!!!) eles, os espanhóis provam que jogam o fino do futebol mundial. E o segundo melhor time do planeta está tão longe, que os espanhóis não conseguem vê-los.

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  6. Da série “como o futebol é maravilhoso”.

    Montolivio bate e erra o pênalti para a querida Itália.
    Mas tarde Pirlo faz uma pintura de gol, na base da cavadinha.
    Em seguida Young da Inglaterra dá uma paulada que quase arranca o travessão.
    Bufon agarra um pênalti e oferece ao companheiro e no final a Azurra faz o último e se classifica.

    Viva o Brasil, viva o futebol, viva a Itália.

    * Vendo a Alemanha iinsistir com o Klose( seu sonho é vim ao Brasil e fazer gols pra desbancar o fenomeno como artilheiro das copas)fico me perguntando porque nos apressamos em aposentar nossos craques, já que nem temos mais tantos assim.

    É claro que não quero o Romário vestindo a amarelinha de novo, mas ele com a idade do Klose jogava e fazia muito mais gol do que ele, e aqui no Brasil ele foi praticamente enxotádo dos gramados.
    O Ronaldo só parou por não controlar a gordura, mas perto de Liedson e outras malas corintianas não tinha nem comparação.
    Hoje não temos nenhum velho e nenhum novo camisa 9 que preste, mas na Alemanha o velho Klose ainda faz gol.

    Sou Itália, para que o futebol tecnico não seja atropelado.
    Vamos azurra!

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  7. Cada um tem uma opinião caro Cezar Falconi! Continuo com a mesma e você deve permanecer com a sua.

    Como eu disse acima – a seleção alemã, pode ate vir a ser a campeã do torneio, mais vem jogando com campeã desde o início da competição e da mostra que tende a melhorar ainda mais ate a próxima copa do mundo, que e aqui no Brasil e, tem amplas chances de conquista-la ao lado da Argentina.

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