Por Gerson Nogueira
O que não serve para o Paissandu pode ser bom para o Remo, ou vice-versa? Bem, essa regra nem sempre funcionou. Bira, que foi ídolo remista nos anos 70/80, teve passagem apagada pelo Paissandu. Fábio Oliveira, artilheiro com a camisa azulina, foi um tremendo fiasco ao vestir a alviceleste. Zé Carlos, goleador na Curuzu, passou em brancas nuvens pelo Baenão. A rigor, Rubilota e Dadinho são os raros exemplos de jogadores que vingaram dos dois lados da avenida Almirante Barroso.
A nova travessia envolveria Adriano Magrão, que marcou apenas dois gols pelo Paissandu em mais de três meses no clube e agora pode se transferir de armas e bagagens para o maior rival, sob aplausos do técnico Flávio Lopes. Almoço em fino restaurante da cidade selou negócio, cujo principal interessado (o jogador) foi o último a ser avisado.
Ao espectador distraído pode parecer que negócio dessa natureza é normal e corriqueiro entre os dois clubes. Não é bem assim. O que há, segundo fontes de ambos os lados, é o vivo interesse do Paissandu em se livrar de um pesado fardo financeiro.
O jogador seria liberado para o Remo, que assume os seis meses restantes de contrato. Isso, em tese, deixaria todos felizes, inclusive o próprio Magrão, considerado fora dos planos de Roberval Davino. É claro que, numa transação tripartite, há sempre a chance de alguém sair perdendo. Neste caso específico, os remistas podem herdar o King Kong do ano.
Magrão, bom profissional e com passagem respeitável por outros clubes (Fluminense e Sport), não mostrou na Curuzu as qualidades próprias de um goleador. Só conseguiu balançar as redes contra o Sport pela Copa do Brasil, dois meses depois de estrear. O segundo gol viria contra o Nacional (AM), em amistoso caça-níquel realizado em Paragominas.
Como ganha algo em torno de R$ 25 mil mensais no Paissandu, pode-se, num cálculo simples, avaliar que cada um de seus gols saiu por mais de R$ 37 mil. A média, das mais caras do país, explica a pressa dos dirigentes em se safar do incômodo “reforço”.
Inusitada é a extrema boa vontade demonstrada pelo Remo. O técnico Flávio Lopes endossou a parada, encantado com a possibilidade de contar com o único centroavante que não conseguiu fazer gols no Parazão.
A repentina camaradagem entre os clubes se completaria com a liberação do jovem zagueiro Igor João ao Papão, hipótese especulada na sexta-feira. Se o acordo se confirmar, repetirá a célebre cessão a custo zero do atacante Héliton, obra da gestão Amaro Klautau.
Impressiona nesse rolo a ausência de preocupação das duas diretorias com os prováveis prejuízos decorrentes da operação, inclusive no aspecto jurídico. Como contratos são firmados sem maior preocupação com as normas legais, ninguém deve se surpreender se o jogador, mais à frente, decidir acionar judicialmente os dois titãs.
Re-Pa confirmado para o dia 10. Não há um apelo, mas as motivações são claras: arrecadar dinheiro para compensar o prejuízo desse atraso nas Séries C e D. Tecnicamente, servirá para movimentação dos novos times e apresentação dos recém-contratados.
É o que dirigentes e técnicos irão dizer para badalar o clássico. Mas, se os treinadores pudessem falar o que realmente pensam, diriam que o embate pode safar um mês de salários, mas traz o risco de contusões às vésperas das competições nacionais.
Brasil e México é aquele típico jogo sem graça e que reúne forças desiguais no cenário do futebol. Vale exclusivamente pelo cachê milionário para os cofres da CBF. Não é, jamais foi ou será, um clássico. Mas teve força suficiente para suspender a rodada da Série A, atravancando ainda mais o calendário dos clubes.
Como teste para Mano Menezes pode ter valor prático se a seleção de Pancho Villa repetir as últimas apresentações contra nós, quando criou dificuldades. No escrete olímpico, nova chance para observar Oscar, Marcelo, Neymar, Hulk e Damião. E para esculachar, de novo, a misteriosa opção pelo bate-estaca Sandro no lugar do bom Ramires.
Aos leitores que cobraram notícias, aí vai uma parcial da enquete do portal UOL sobre a maior torcida da internet, até o começo da madrugada de sábado: Remo em 1º lugar, com 82.542 (17%); Paissandu em 2º, com 70.235 (14%); Corinthians em 3º, com 38.017 (8%); Palmeiras em 4º, com 35.075 (7%) e São Paulo em 5º, com 26.922 (6%).
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 03)