Uma decisão diferente

Por Gerson Nogueira

Mudou tudo. Não há como negar que a decisão do campeonato ganhou outro contorno com a notícia de que a CBF vai bancar as despesas dos clubes na Série D. Remo e Cametá, que antes esperavam herdar uma das vagas por desistência de outros clubes da região, descobriram que terão que disputar a única vaga possível no certame nacional.
Desde sexta-feira, quando a CBF anunciou a novidade, a decisão do Parazão passou a valer o título estadual e o preenchimento de calendário no restante da temporada. Significa, acima de tudo, a certeza de faturamento garantido, principalmente para o Remo, cuja torcida demonstra fidelidade cada vez maior.
Em relação aos dois jogos, muda principalmente o ânimo do Cametá, que entra como franco-atirador diante da torcida azulina, desafiando o favoritismo que o Remo ostenta. Longe de sua torcida, onde normalmente se saiu melhor no atual campeonato, o time de Sinomar Naves deve adotar postura mais cautelosa, esperando que os remistas se lancem ao ataque.
Com estratégia parecida, o próprio Sinomar conseguiu a inédita conquista do Independente no ano passado. A diferença é que o time de Tucuruí fez a primeira partida em casa, abrindo vantagem na decisão e administrando o confronto final em Belém.  
Desta vez, com o apoio da torcida, o Remo certamente vai sufocar desde o começo, a fim de estabelecer diferença de gols para o segundo jogo. A estabilidade que o time demonstrou contra o Águia na decisão do returno, vencendo as duas partidas, é o maior trunfo para as finais do campeonato.
Flávio Lopes, que substituiu Sinomar no final do primeiro turno, terá de volta o quarteto de meio-campo: André, Jhonnatan, Magnum e Reis. Cassiano volta ao ataque e Fábio Oliveira confirmou presença, após alguns dias sob observação.
Lopes vai, acima de tudo, ter pela frente um adversário bem armado ofensivamente. O Cametá dispõe de meio-de-campo tão ou mais entrosado que o azulino. Ricardo Capanema, Paulo de Tarso, Ratinho e Soares dão sustentação a um ataque produtivo, com Rafael Paty e Jailson, responsável pela quarta artilharia (26 gols) no campeonato. O ponto vulnerável do time é a linha de zaga, que tomou 27 gols na competição.  
Com 32 pontos conquistados, o Remo apresenta a melhor campanha, graças à fantástica recuperação empreendida no returno, quando ganhou seis vezes e empatou cinco. É contra essa invencibilidade de Flávio Lopes e o espírito vencedor que incutiu no time que o Cametá terá que lutar ao longo de 180 minutos.
 
 
O desnível entre os elencos impõe uma verdade na final carioca. Todo mundo sabe que o Botafogo tem gandula bonitinha e um time até razoável, mas o Fluminense tem pelo menos dois craques (Deco e Fred) e um elenco que faz a diferença. O primeiro jogo surpreendeu pela goleada, mas a vitória tricolor confirma a lógica.
Nem adianta considerar, quanto ao jogo, que o árbitro foi mais rigoroso com o Botafogo, pois seria chover no molhado quanto aos apitadores cariocas. Como também não interessa a essa altura observar que a gestão do Flu beira o inacreditável, com um patrocinador que sai à caça de jogadores caros e banca seus salários.
Aos tricolores, importa agora é a condição de melhor time do Rio e um dos melhores do continente, com grandes perspectivas na Libertadores. Quanto ao meu Botafogo, a sensatez indica concentrar esforços na Copa do Brasil (como o Vasco fez em 2011) e tornar honrosa a perda do Cariocão.  
 
 
Só ingênuos ou distraídos acreditam que a intransigência do presidente do Paissandu em relação ao técnico Lecheva, até a última sexta-feira, era apenas teimosia. Não. A idéia era criar uma situação insustentável que obrigasse a comissão de notáveis do futebol a sair de cena, deixando livre o caminho para a administração individualista e personalista que reina no clube há três temporadas.
Como o grupo de dirigentes manteve o pé firme, o presidente viu-se obrigado a recuar e aceitar a contratação do novo treinador, que será anunciado na manhã de hoje. Mas, que ninguém se iluda, a comissão voltará a ter sua paciência testada até a abertura da Série C.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 07)

6 comentários em “Uma decisão diferente

  1. – Acredito, Gerson e amigos, que o Cametá tem jogadores que podem decidir uma partida, realmente. Agora, mal treinados, talvez não vejam a bola, hoje à noite, caso o Remo continue a jogar o que vem jogando. Acredito que o Remo será o campeão de 2012, mas terá que continuar a mostrar sua evolução tática e, tem um bom técnico, para fazer com que isso continue acontecendo;
    – Quanto ao Botafogo, fiquei surpreso com o placar, agora, o elenco do Flu, é um dos melhores do Brasil e, isso, em uma decisão, conta muito. Penso que, para o elenco que tem o Bota, ele foi muito longe;
    – Com todas essas trapalhadas do LOP, penso que para o torcedor, o mais importante, num primeiro momento, foi a confirmação da saída do Lecheva( Não pode ser nem auxiliar, é melhor sair de uma vez). Agora, é esperar, para ver quem vem e, aí é que vai ser definido, qual a intenção dessa diretoria, se é subir para a série B, permanecer na série C ou cair para a série D. Vamos aguardar. Penso que, se o obetivo seja o de subir, Benazzi seria o cara;

    CARA DE PAU DO DIA: Uma parte da Entrevista do Sinomar ao Cláudio Guimarães, no Bola, sobre a passagem dele no Remo:

    ” Fiz um bom trabalho, iniciado do zero, formando uma equipe, que hoje, está na final do Campeonato”.

    – Se ele não fosse, hoje, o técnico do Cametá, ainda diria: ” E, vai ser campeão.Anotem”

    Te dizer….

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  2. Lendo hoje cedo o caderno do Bola, lí a coluna do Ronaldo Porto, onde o mesmo de certa forma faz uma critica aos nossos dirigentes, em relação a contratação, ou melhor – recontratação de ex-jogadores que já passaram pelos nossos clubes.
    Ele cita o caso do Moíses, esse que despontou no Paysandu no ano de 2010, porém saiu de forma excusa do clube bicolor. O que quero dizer, que ele não deixa de ter razão, mais vale também lembrar, as atuiais situações financeiras que atravessam os nossos clubes, além disso, é mais fácil apostar todas as fichas em jogadores já conhecidos de nossa praça esportiva, do que arriscar no escuro em jogadores desconhecidos.
    Outra coisa, o Moíses e um jogador da terra, é que quer dar a volta por cima em sua carreira, que quase foi interrompida pelos empresários sanguenolentos, que o tiraram da Curuzu, promentento mundos e fundos ao mesmo e nada aconteceu.

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  3. Amigos,

    Penso que o paysandu está nesta situação por diversas trapalhadas do LOP, a primeira seria a paralisação do futebol quando da eliminação da Série C de 2011. Quando já deveria preparar o time para a próxima temporada, fechou o bicolor para balanço.

    Montou um time nas vésperas do Parazão e deu no que deu, um dos piores campeonatos paraenses da história do bicolor. Manteve dois técnicos que amam o paysandu, mas não sabem muito do ofício.

    Hoje tem até bons valores, mas como já está muito em cima do campeonato, o próximo técnico terá pouco tempo para montar o time que entende ser bom para subir de série.

    Deveriam ter trocado de comando ainda na metade do Parazão.

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  4. Não sei se estou certo mas penso que o Cametá aceitou jogar as duas em Belém por conta da renda. Afinal já tinha desistido da série D.

    Depois de tudo acertado sai a notícia de que a CBF pagaria as despesas. Não sei não, mas se essa notícia saisse antes, acredito que o primeiro jogo seria em Cametá.

    Com a palavra os experts.

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