Sobrou vontade, faltou bola

Por Gerson Nogueira

A missão era indigesta, quase impossível. Por isso, não houve surpresa. No placar agregado, ficou 5 a 1 para o Coritiba, resultado incontestável. O Paissandu tinha que jogar muito mais do que tem jogado na temporada e ter a sorte de pegar o adversário numa noite ruim. Nada disso aconteceu. Nem a equipe paraense fez um grande jogo, nem o visitante atuou mal – longe disso até.
Com a vantagem estabelecida no primeiro confronto, o Coritiba entrou disposto a administrar a situação. Plantou-se na defesa, com quatro zagueiros e três volantes, encurtando os espaços do Paissandu.
Bloqueou a passagem de Pikachu e Potiguar, mantendo-se atrás, rebatendo bolas e cozinhando o galo. Esperava o momento certo de contra-atacar. A multidão (mais de 39 mil torcedores) presente ao Mangueirão cumpria seu papel, empurrando os bicolores.
Harisson aparecia bem pelo lado direito, aproximando-se de Pikachu e criando boas jogadas, mas o que podia ter sido uma estratégia aos poucos se transformou em tentativas isoladas. A dupla ainda conseguiu duas faltas perigosas, e ficou nisso. O fato é que o meio-de-campo não criava e nem saía com a velocidade exigida contra um adversário que marcava forte.


Como o Paissandu não ia, o Coritiba veio. Com perigo, aos 10 minutos, em chute do atacante Roberto que saiu por cima do gol. Aos 12, aconteceu o melhor lance do ataque paraense. Um cruzamento de Djalma atravessou a área, mas Pikachu tropeçou na bola.
Ansioso pela necessidade de fazer um gol logo de cara, o Paissandu errava muitos passes – foram 19 só no primeiro tempo – e perdia o duelo técnico e físico na meia-cancha. Rafael fez um gol, mas o lance foi anulado, pois Potiguar estava impedido quando cruzou.
À frente da zaga do Coxa, os volantes Junior Urso e Sérgio Manoel espanavam todas, mas os meias e atacantes do Paissandu estavam afoitos demais para aproveitar. Até que, aos 43 minutos, o Coritiba contra-atacou e Everton Ribeiro foi empurrado por Tiago Costa na área.
O árbitro marcou falta fora da área. Dali, para Tcheco, é quase pênalti e ele mandou no canto. Abriu o placar e aumentou terrivelmente as dificuldades do Paissandu em campo. Precisava agora de cinco gols para se classificar.


No segundo tempo, já com Héliton, o Paissandu ficou mais rápido e insinuante. Várias situações foram criadas antes dos 15 minutos. Uma bola chutada por Harisson na trave levantou a torcida e reacendeu esperanças, mas aos poucos o ânimo foi arrefecendo. O Coritiba se estabilizou atrás e começou a sair com mais velocidade para os contra-ataques.
Não demorou e os paranaenses também mandaram um chute na trave, com Tcheco, e Anderson Aquino até fez o segundo gol, mas estava impedido.
O Paissandu até chegava à linha de fundo, mas, pressionados, Pikachu e Potiguar cruzavam sempre nos pés dos zagueiros. Conferi oito cruzamentos que terminaram dessa forma. Mais resoluto e fisicamente inteiro, o Coritiba controlou a metade final do segundo tempo, perdendo gols. Ronaldo fez três grandes defesas e os atacantes perderam outros tantos.
Apesar disso, a equipe paraense foi buscar fôlego onde não havia mais e empreendeu um cerco impressionante nos últimos instantes, buscando o empate. Héliton, Pikachu e Magrão tiveram oportunidades, mas o gol não veio. 
No apito final, o torcedor reconheceu e aplaudiu o esforço. Tudo porque viu gana, alma e comprometimento em campo. É assim que grandes times (e grandes torcidas) se comportam. 
 
 
Nem bem o jogo terminou, um diretor do Paissandu anunciou o afastamento de Lecheva do comando técnico. A saída era iminente. Seus críticos ganharam força nos dois jogos contra o Coritiba pela Copa do Brasil. No primeiro, barrou Neto para prestigiar o amigo Vânderson. Ontem, repetiu o erro e ainda escalou Djalma, que não encontrou posição em campo.
Para piorar a situação, peças fundamentais, como Potiguar e Rafael Oliveira, negaram fogo nos momentos decisivos. Como a corda sempre arrebenta do lado mais fraco, Lecheva sai. A diretoria, porém, deve despachar uma barca com 12 nomes de jogadores a partir de hoje. Magrão deve encabeçar a tripulação. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 04)

Lutador de MMA faz palestra para motivar bicolores

O lutador e campeão de vale-tudo Lyoto Machida fez palestra motivacional para os jogadores do Paissandu, na manhã desta quinta-feira, como parte dos preparativos para o jogo contra o Coritiba. No ano passado, antes da definição da vaga na Série C, Machida também visitou a concentração, vestiu a camisa e palestrou para os jogadores. No registro acima, o lutador ao lado do atacante Zé Augusto. (Foto: Ascom/PSC – via Twitter)

Dia Internacional da Liberdade de Imprensa

Por Luis Kawaguti (da BBC Brasil em São Paulo)

Embora não sofram sanções estatais por divulgar informações no mundo virtual da internet – como ocorre em Cuba, no Irã ou na China- , muitos jornalistas e blogueiros brasileiros têm sua atividade limitada por ameaças e agressões praticadas no mundo “real”. A intimidação é mais comum contra blogueiros e jornalistas de veículos de comunicação menores ou que trabalham em locais distantes de grandes centros urbanos. Dos quatro assassinatos de jornalistas ocorridos neste ano no Brasil, apenas um foi praticado contra funcionário de um jornal de grande circulação – o do repórter Décio Sá, do Diário do Maranhão, no dia 23 de abril.

“Fazer jornalismo na Amazônia é caminhar sobre a lâmina do perigo. Cada dia é como se fosse o último”, disse à BBC Brasil Carlos Mendes, do Diário do Pará. Após fazer reportagens sobre extração ilegal de madeira em áreas indígenas e devastação ambiental em 2005, ele teve que mudar de casa três vezes em menos de seis meses devido a ameaças do crime organizado. Segundo Mendes, no Brasil as ameaças são “mais sutis e complexas” do que em Cuba ou na China. “Alguns políticos até recebem bem críticas, mas outros pedem a demissão do jornalista com [ameaças contra a empresa jornalística sobre] corte de verbas publicitárias”, disse.

Um relatório da Anistia Internacional divulgado nesta quinta-feira – Dia Internacional da Liberdade de Imprensa – alerta em particular para a repressão de jornalistas e blogueiros que usam a internet para veicular suas reportagens para milhões de leitores, virtualmente sem fronteiras. O Brasil não é citado no relatório, que cita as proibições em sites de busca, a aprovação de leis restritivas à liberdade de expressão online e até os custos proibitivos de uso da rede como ações que enfraquecem a democracia nos países.
No Brasil, outra forma comum de intimidação é a abertura de processos sem muita fundamentação jurídica. O premiado jornalista e blogueiro Lúcio Flávio Pinto já sofreu 33 processos judiciais, sendo condenado em cinco. Segundo ele, todos foram movidos por grileiros, madeireiros e empresários de veículos de imprensa concorrentes. Pinto diz acreditar que o objetivo de seus acusadores, além da intimidação, é fazê-lo usar seu tempo para se defender ao invés de investigar casos de corrupção ou crime. Pinto é fundador e o único jornalista do Jornal Pessoal, que desde 1987 possui uma tiragem quinzenal de 2.000 exemplares em Belém do Pará, além de e um site na internet. “Já fui proibido pela Justiça de publicar informações sobre um assunto sob pena de pagar multa diária de R$ 200 mil”, disse à BBC Brasil. A decisão foi revogada depois que ele divulgou o caso na internet.
Violência – Pinto já sofreu ao menos três agressões físicas, frutos de denúncias publicadas no veículo. “Uma vez levei um murro nas costas de um empresário. Depois os seguranças dele ficaram me chutando enquanto eu ainda estava no chão”, disse. De acordo com ele, as intimidações contra os profissionais de imprensa provocam uma espécie de autocensura, na qual o jornalista não aborda determinado assunto para não sofrer represálias. “Estamos hoje na fase do medo, da autocensura”, disse.

(A matéria foi encaminhada pelo amigo Carlos Mendes, que informa ainda que o áudio da entrevista dele e do Lúcio, com mais de 15 minutos cada um, será exibido hoje à noite pelo serviço brasileiro da rádio BBC, de Londres, em sua transmissão em Português. Poderemos postar aqui o conteúdo do que falamos. A BBC ficou de mandar o áudio por e-mail)  

Primeiro jogo da decisão muda de horário

A Federação Paraense de Futebol anunciou na manhã desta quinta-feira o novo horário do jogo Remo x Cametá pelas finais do Parazão: será na segunda-feira, às 20h30, no estádio Edgar Proença. Anteriormente, estava previsto para 20h. Não satisfeita, a FPF queria também alterar a data do segundo jogo da final, marcado para domingo, 11, transferindo-o para segunda, 12. O Remo não aceitou e a partida será realizada mesmo no Dia das Mães, às 17h.

GP de Atletismo reunirá atletas de mais de 20 países

O Grande Prêmio Internacional Caixa/Governo do Pará, que será disputado no próximo domingo 6, a partir das 08h30, no estádio olímpico Edgar Proença (Mangueirão), reunirá pelo menos 40 atletas, entre os 50 mais bem colocados no ranking mundial, de acordo com lista de participantes do Meeting, divulgada pelos organizadores. A organização fez algumas adequações no programa-horário. A competição terá 15 provas, sendo sete masculinas e oito femininas. No total, mais de 20 países estarão representados por 128 atletas no GP de Belém, que marca a abertura do Brazilian Athletics Tour-2012, principal circuito do Atletismo latino-americano.

Entre os brasileiros, são várias as atrações do GP, caso de Maurren Maggi, campeã olímpica do salto em distância. Outro nome é o campeão mundial indoor do salto em distância masculino, Mauro Vinícius da Silva, o Duda. Também estão confirmados os velocistas Bruno Lins e Ana Cláudia Lemos, pré-convocados para a Olimpíada de Londres, além de Sandro Viana, que na semana passada fez o índice para os Jogos nos 200 m. Keila Costa, que competirá no salto em distância no Mangueirão em busca do índice, que já tem no triplo.

Entre os atletas do exterior, um destaque é a nigeriana Oludamola Osayomi, número 8 do mundo nos 100 m. Ela conseguiu 10.99 no GP São Paulo/Caixa do ano passado. Campeã do ano passado em Belém, ela tentará o bi nos 100 m e correrá ainda os 200 m. Outra forte concorrente nos 100 m é a norte-americana Alexandria Anderson, 10ª do mundo, com 11.01. (Com informações da assessoria de imprensa)

Os vingadores em ação

Por Gerson Nogueira

Dá para reverter a diferença de três gols? Os desfalques enfraquecem muito o Coritiba? Vânderson joga e Neto fica no banco? Paulo Rafael faz muita falta? Será possível igualar os 40 mil torcedores do jogo do Remo? Lecheva continuará no comando se o Paissandu não se classificar? Tantas perguntas em torno de um jogo que, inicialmente, parecia apenas cumprimento de tabela. Sinal de que há muita esperança pairando no ar.
Há uma semana, depois da goleada no estádio Couto Pereira, tudo fazia crer que a parada estava inapelavelmente decidida em favor dos paranaenses. Poucos ousariam apostar, de verdade, numa reação do Paissandu diante da diferença imposta no primeiro jogo. Afinal, o próprio time saiu de campo cabisbaixo, sorumbático, após o mau resultado. 
Alguns elementos, porém, contribuíram para reduzir o peso da responsabilidade e aumentar a carga de confiança da torcida e dos jogadores. O mais notório foi o entrevero entre o meia Harisson e um repórter de rádio curitibano, que mexeu com os brios alvicelestes.
Harisson, diante da incredulidade do radialista, afirmou que a torcida do Paissandu é maior que a do Coritiba e que ajudaria o time a se classificar no Mangueirão. O episódio, reproduzido nas redes sociais, impulsionou a mobilização dos torcedores e deve garantir a presença de um público superior a 30 mil pessoas.
Todo esse entusiasmo não arrefeceu nem mesmo diante das trapalhadas da diretoria, que inventou uma promoção de ingressos a R$ 10,00, recolheu os bilhetes antes do tempo e não cumpriu o prometido de manter o preço mais baixo até 18h de ontem.
Outro fator responsável pela reação da torcida foi, seguramente, o exemplo do maior rival, que levou 40 mil pessoas ao Mangueirão na decisão do returno, no último domingo. O exemplo do vizinho pode ter atiçado ainda mais a torcida Fiel a se manifestar. 
Como a torcida está fazendo sua parte, resta ao time de Lecheva corresponder dentro de campo. Mais que obter a vaga, é fundamental que mostre gana e alma. Precisa estar, pelo menos, à altura da esperança cega que move a massa.
 
 
A formação desenhada por Lecheva traz Jairinho de volta à lateral e efetiva Harisson no meio-de-campo. Vânderson deve ser mantido e o ataque terá Rafael Oliveira e, provavelmente, Adriano Magrão.
Ainda prefiro Neto ao lado de Billy no meio, com Harisson na armação. No ataque, Potiguar, Rafael Oliveira e Héliton.
 
 
O Real Madri sagrou-se campeão espanhol em pleno apogeu de seu maior rival, Barcelona. Os lusos Cristiano Ronaldo e José Mourinho estão nos braços da galera merengue enquanto o brasileiro Kaká, endeusado pela mídia paulistana, não foi sequer lembrado para aquele protocolar encerramento de jogo, os 10 ou 15 minutos que reservas de luxo ganham para ficar em paz com a torcida.
Mourinho não confia e nem quer o brasileiro no elenco. Aturou Kaká porque tem um salário de estrela e não apareceu clube interessado em contratá-lo. As contusões seguidas e a conseqüente dificuldade do meia-armador em arrancar com a bola, sua principal característica, fecharam as portas do Santiago Bernabeu para ele. A saída, honrosa ou não, é apenas questão de dias.  
Essa situação dá bem a dimensão do nível atual do futebol brasileiro. Renegado pelo Real, Kaká é apontado por quase todos os técnicos como possível titular da Seleção na Copa de 2014. Valha-nos quem?, perguntaria o implacável Comendador Raymundo Mário Sobral.
 
 
Depois de ter sido anunciado com pompa e circunstância como novo homem-forte do futebol alviceleste, logo no começo do returno, o ex-deputado Robgol sumiu e aparentemente não pertence mais ao departamento de futebol do clube. Com as funções esvaziadas pelo próprio presidente Luiz Omar, segundo fontes do próprio clube, o eterno artilheiro perdeu interesse e decidiu sair de cena. O estranho é que não houve qualquer comunicação oficial sobre seu desligamento ou possível licença. Na prática, Robgol não dá as caras na Curuzu há mais de um mês.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 03)

A frase do dia

“A sensação da tribuna é que ele operou o time do Corinthians. Quero arbitragem séria para que ganhe aquele que jogar melhor. O que foi feito aqui hoje foi um desrespeito ao desporto mundial. É uma vergonha isso. O árbitro é ruim. A Conmebol tem que punir esse árbitro, afastá-lo. É incompetente. Não quero que aconteça mais isso”.

De Mário Gobbi, presidente do Corinthians, revoltado com a arbitragem de José Buitrago (Colômbia) no empate com o Emelec no Equador.

Árbitro do jogo tem, pelo menos, 100 anos de perdão.