O passado é uma parada

“Apartamentos com todo conforto – água corrente em todos os quartos – orquestra diária – cozinha esmerada”. Estes eram alguns dos atributos do Grande Hotel no final da década de 60. Imponente, o prédio ficava na avenida Presidente Vargas (onde hoje está situado o Hilton) e dominava o centro da capital paraense com salões sempre lotados e um bar de grande prestígio. O anúncio, de 1969, pertence ao acervo do amigo Fernando Jares Martins.

Remo lidera a enquete UOL, Paissandu vem em 2º

Para quem não conhecia a força das grandes torcidas paraenses, a enquete nacional UOL sobre a maior torcida do país aponta o seguinte resultado parcial. (A pesquisa está há mais de uma semana no ar e deve se encerrar na próxima quarta-feira):

Remo – 74.185 votos (17%)

Paissandu – 67.452 (15%)

3º Corinthians – 35.878 (8%)

4º Palmeiras – 30.240 (7%)

5º São Paulo – 25.194 (6%)

Velha guarda em alta

Por Gerson Nogueira

Os zagueiros Ávalos, 32, e Santiago, 33, foram os últimos reforços anunciados pelo Remo na semana. Ambos vêm se juntar aos outros cinco jogadores recém-contratados para a disputa da Série D. No Paissandu, a lista de aquisições já chega a quase uma dezena. O assunto é repetitivo, chato até, mas a gravidade da coisa impõe uma reflexão.
Em primeiro lugar, cabe reconhecer que os clubes têm feito esforços para evitar as importações em massa. Em comparação com 2010 e 2011, por exemplo, a dupla Re-Pa conseguiu reduzir bastante a quantidade de contratações pós-campeonato estadual.
Boa parte da responsabilidade pela contenção de gastos deve ser atribuída aos técnicos dos dois clubes. No Remo, Flávio Lopes assumiu na metade do certame estadual e teve tempo de conhecer o elenco. Por isso, depois de perder o título para o Cametá e confirmada a participação na Série D, o treinador sabia exatamente o que faltava para encorpar o grupo.
Dedicou-se, então, a indicar contratações pontuais, suprindo as verdadeiras necessidades. Nas posições em que havia excesso, fez escolhas que garantiram razoável enxugamento da folha salarial.
Como nada é perfeito, nos últimos dias, o Remo lançou-se a uma feroz busca por zagueiros, depois de confirmada a lesão de Diego Barros. Havia a chance de trazer o jovem Perema, melhor beque do último Parazão, mas o clube insistia em trazer o experiente Charles, do Águia. Quando este foi descartado, o técnico optou por dois jogadores rodados, os já citados Ávalos e Santiago. Perema, disponível e menos caro, foi desprezado.
Nesse ponto, verifica-se a repetição de um incômodo aleijão: na dúvida, os técnicos de fora optam sempre por jogadores experientes e sua confiança. Parecem crer na fonte da eterna juventude e menosprezam fatores importantes, até mesmo no aspecto climático. Atletas do Sul e Sudeste costumam ter dificuldades de adaptação ao calor e à umidade da região. Quando começam a se acostumar, a competição já está chegando ao fim.
A preferência por forasteiros também se evidencia na lista do Paissandu. Responsável pelas indicações, Roberval Davino indicou jogadores em quantidade suficiente para alterar a cara do time do Parazão e da Copa do Brasil. O lado temerário é que o projeto de acesso à Série B, prioridade do clube há seis anos, dependerá totalmente do rendimento dos novos atletas.
Os garotos lançados por Nad na fase de vacas magras foram deixados de lado. Paulo Rafael, Pikachu e Tiago Costa devem ser aproveitados, mas é visível que o novo técnico tem outro planejamento. O esboço do time da estréia sinaliza para isso: Paulo Rafael; Marcus Vinícius, Tiago Costa e Fábio Sanches; Pikachu, Vânderson, Fabinho, Alex William e Leandrinho; Kiros e Tiago Potiguar.
No fundo, dói verificar que em temporada tão fértil em jovens talentos (Pikachu, Jhonnatan, Tiago Cametá, Neto, Tiago Costa, Betinho, Reis, Bartola) a velha guarda continue a dar as cartas.  
 
 
Ainda assim, o número de importados é até modesto em comparação com o começo de outras temporadas – fato que só confirma o descalabro que caracteriza a gestão do futebol profissional no Pará. Em recente temporada, o Paissandu estabeleceu um recorde. Importou cerca de 20 jogadores para disputar o Parazão e, ao final do torneio, dispensou todos. Trouxe outro técnico, que providenciou de imediato nova remessa de jogadores. Desta vez, o consumismo está mais controlado.
 
 
Por puro acaso, o Paissandu acabou tomando uma decisão certa. Como se descobriu que o gramado da Curuzu estava impraticável, a diretoria viu-se obrigada a mandar seus jogos no estádio Edgar Proença. Tomara que os resultados e o faturamento convençam os dirigentes a permanecerem com a primeira escolha.
No Remo, cujo histórico de Mangueirão lotado na Série C 2005 parece esquecido pelos atuais manda-chuvas, a ordem é começar jogando no Baenão. O pedido, ao que parece, foi do técnico Flávio Lopes. Ele teme que o time não esteja pronto para enfrentar o Penarol do Amazonas em campo neutro. Se a estréia for bem-sucedida, promete optar pelo Mangueirão a partir do segundo compromisso em casa. Duvido.
 
 
Era só o que faltava. A PM de Minas Gerais, sem saber mais como proceder para controlar os arremessadores que comparecem aos estádios de BH, adotou medida drástica: a partir de agora, os torcedores terão que cadastrar os radinhos de pilha na chegada ao estádio.
A PM registra uma alta incidência de objetos atirados no gramado por torcedores aborrecidos com árbitros e jogadores. No ranking de artefatos usados, rádios e pilhas lideram por ampla margem.
Não demora muito e a moda vai chegar a Belém, que deve ser a campeã mundial de apedrejamento em campos de futebol. 
 
 
Roberval Davino é o convidado do Bola na Torre de hoje, às 23h45, na RBATV. Comando de Giuseppe Tommaso.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 27)