Velho desportista paraense, colaborador da coluna, envia mensagem recordando os bons tempos de Oscar Castro e coronel Bahia, quando presidentes de federações ainda tinham independência e, acima tudo, coragem para questionar decisões da CBF. Naqueles tempos, por coincidência, nossos clubes recebiam pelo menos de tratamento mais respeitoso por parte da entidade.
Nos últimos anos, já sob o reinado de Ricardo Teixeira, o futebol do Pará entrou em parafuso, os clubes vivem endividados e os times não conseguem mais se estabilizar em competições nacionais, nem aquelas mais molambentas.
O Paissandu, que, num descuido dos poderosos, ousou conquistar a Copa dos Campeões, chegando à Taça Libertadores e participando por cinco anos da Série A, acabou penalizado em diversas oportunidades por arbitragens capciosas e decisões esdrúxulas dos tribunais especializados. O Remo pena até hoje por seus muitos erros e boa dose de má vontade da confederação.
Desta vez, mesmo de maneira indireta, o Paissandu volta a ser lesado pelo STJD. Com a confirmação da punição ao Rio Branco, o representante paraense vê esfumaçar boa parte de sua bela campanha na segunda fase da Série C. E não está sozinho no muro das lamentações. Ao lado de CRB e América (RN), o Paissandu é obrigado a aceitar o retorno do Luverdense à competição quando metade desta etapa já havia sido cumprida.
Além dos óbvios prejuízos financeiros – já que a CBF não custeia as despesas das Séries B, C e D –, a reviravolta na disputa agride frontalmente o princípio constitucional da igualdade. Segundo juristas e advogados gabaritados, os clubes têm o direito de espernear e buscar seus direitos. Obviamente, pelas razões mais do que óbvias, ninguém terá peito de protestar oficialmente.
A questão é simples: ao ser readmitido no campeonato, para disputar 18 pontos, o Luverdense deixa em flagrante desvantagem os outros participantes, que já têm vários pontos perdidos nas rodadas já disputadas. É justamente essa desigualdade que afronta a lei e que deveria ter sido levada em consideração pelo STJD ao julgar o caso. A mencionada ilegalidade vem se juntar aos abusos cometidos contra o Estatuto do Torcedor, virtualmente pisoteado pelas recentes decisões do STJD e deliberações da CBF.
Mas, como vivemos no país que trata a lei como potoca, será apenas mais um esbulho a ser assimilado pela arraia miúda do futebol. Até quando?
Sobre o jogo deste domingo, resta ao Paissandu provar em campo sua qualificação para merecer o acesso à Série B. Pouco importa se ainda precisará acumular mais sete pontos para realizar esse sonho. Para isso, porém, terá que retomar o padrão estabelecido nos dois primeiros jogos desta etapa, quando derrotou América e Rio Branco.
Naquelas jornadas, o time mostrou velocidade, iniciativa ofensiva e aproximação entre os setores. E, acima de tudo, foi eficiente no passe, retendo a bola e não permitindo que seus adversários ditassem o ritmo. O quadrado de meio-campo foi fundamental para essas performances.
Contra o CRB, porém, veio o descompasso. Daniel, Rodrigo Pontes, Juliano e Luciano Henrique não conseguiram avançar a marcação e foram dominados pela boa movimentação dos alagoanos. Deve-se levar em conta que, jogando no estádio Rei Pelé, o CRB não abandonou as cautelas, usando somente dois atacantes. No Mangueirão, é improvável que seja ousado. Caberá ao Paissandu, portanto, tomar as iniciativas e tomar providências para que o contra-ataque alagoano não funcione.
Soa exagerada a onda de críticas a Neymar pelo destempero em algumas ocasiões. Na última quinta-feira, contra o Atlético-MG, xingou o árbitro permissivo e foi expulso de campo. Havia sido marcado implacavelmente, quase sempre com rispidez pelos atleticanos. Agüentou o quanto pode, mas acabou explodindo. Imediatamente, soaram as trombetas da reprovação.
Críticos rabugentos condenam o pavio curto, como se fosse fácil resistir a tanto sarrafo e se um jovem boleiro tivesse o estofo necessário para seguir apanhando e cedendo a outra face, conforme o preceito bíblico. Mais injusto ainda porque Neymar é o jogador brasileiro que mais jogou na temporada (57 partidas), dividindo-se entre o Santos e a Seleção. Paciência com o moleque.
Leandro Camilo, do Paissandu, é o convidado do Bola na Torre (RBATV), às 21h45. Comando de Guilherme Guerreiro.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 16)