Televisão americana sente saudades dos anos 60

Por Ana Maria Bahiana

Nove anos atrás, quando Matthew Weiner, então integrante da equipe de roteiristas de Família Soprano, começou a procurar um canal para seu projeto do coração, uma série sobre as vidas e as famílias de um grupo de publicitários na Nova York dos anos 1960, quase ninguém se interessou. As razões iam desde “os personagens são muito remotos” a “ninguém vai querer ver uma história que se passa nos anos 1960”. Assim caminha a humanidade: como o executivo da Decca que disse aos Beatles que conjuntos de guitarra não fariam sucesso, ou o da Universal que comunicou a George Lucas que o gênero “ficção científica” estava morto, todas as cabeças coroadas da TV estão, neste momento, mordendo publicamente suas línguas.

Quatro temporadas e muitos Emmys depois, Mad Men é uma das séries mais importantes e premiadas dos EUA. Mesmo que os números de Mad Men sejam discretos – 2. 92 milhões de espectadores na temporada de 2010- eles cresceram espetacularmente de temporada para temporada. E, mais que isso, os temas e estilo da série se integraram completamente à cultura pop – se alguém, falando de uma pessoa, diz “ah, ele é um Don Draper”, todo mundo sabe exatamente do que se trata.

Não é por acaso, portanto, que esta nova temporada de TV venha não com uma mas duas séries tão diretamente inspiradas por Mad Men que chega até a pegar mal: The Playboy Club (Imagine/20th Century Fox, canal NBC) e PanAm (Sony Pictures Television, canal ABC). Ambas se passam na primeira metade dos anos 1960, ambas são focadas em ambientes em que mulheres tinham como mandato serem belas, disponíveis e submissas e ambas tiram o máximo possível de partido do clima da época_ moda, música, referências culturais, de cigarros onipresentes à familia Kennedy.

As semelhanças param aqui. Em primeiro lugar, porque Playboy Club e PanAm são séries de TV aberta e não de um canal pago. Para um canal como a AMC, fazem sentido o ritmo pensativo e o aprofundamento dos personagens que são a marca de Mad Men. Em canais abertos como a ABC e a NBC, o ritmo tem necessariamente que ser mais veloz, coisas tem que acontecer, a mera existencia e conflitos dos personagens não são o bastante. E, é claro, aquele interlúdio entre Betty e a lavadora, ao som de “Água de Beber”, é impossível.

E depois porque as duas séries são criaturas muito diferentes entre si, embora nascidas do mesmo desejo de ser uma espécie de “Mad Men para as massas”. Produzida com as bençãos de Hugh Hefner (em troca do uso do nome e da logomarca) The Playboy Club é a mais fraquinha. Porque foi devidamente sancionada, ela é asséptica _ nada acontece no clube além de animados giros pela pista de dança, e a Mansão Playboy parece mais um pensionato para moças extremamente bonitas. Como exploração de personagens não é seu forte, a série já começa com um crime e um advogado – Eddie Cibrian, tentando com grande esforço encarnar Don Draper em Chicago. E em pouco tempo estamos com uma espécie de CSI-Chicago-nos anos 60, interrompido de tempos em tempos por moças vestidas de coelhinhas.

PanAm é produto de mais classe. Com Christina Ricci encabeçando o elenco e uma cuidadosa atenção aos detalhes da direção de arte, a série consegue de cara achar um foco e um clima precisos: o romance e o fascínio da viagem, numa época em que voar era algo glamouroso, elegante e sexy. Suspensos em verdadeiros navios com asas – o primeiro episódio gira em torno do  vôo inaugural do luxuoso Clipper 707 da PanAm, de Nova York a Londres – pilotos eram os galantes cavaleiros e comissárias, as gueixas da era moderna. Ao dar a Ricci uma personagem que, quando se livra das cintas, luvas e chapeuzinho de seu uniforme de aeromoça, é uma beatnick do Village, flertando com o socialismo, a série abre uma possibilidade interessante de aterrar a fantasia do vôo com a realidade de uma década turbulenta. Ainda é cedo para saber se as promessas de PanAm serão cumpridas – a série estreou neste domingo nos EUA. Mas, mesmo com as restrições de um produto feito para o consumo maciço de um canal aberto, PanAm parece destinada a um belo vôo.

6 comentários em “Televisão americana sente saudades dos anos 60

  1. Domingo que vem a nação tucuruiense será convocada para lotar o Navegantão, dando força para o INDEPENDENTE reverter esse resultado e conseguir o acesso à série “C”. Acreditamos muito no time e sabemos que os atletas nos darão mais um domingo de muita alegria em Tucuruí. PRA CIMA DELES INDEPENDENTE, RUMO A SÉRIE “C”

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    1. Acredito sr.Mathews que se o Independente jogar com sabedoria vai se classificar sim .Aí teremos dois clubes na Serie C do ano que vem.E um na Serie B e talvez o Remo na D.Digo talvez pelas dificuldades que o remo tem nos últimos anos se portando mais como time mediano do futebol paraense do que como o verdadeiro rival do PAPÃO.

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    2. Meu caro Matheus, aquele segundo gol foi terrível. O Independente até vinha se defendendo bem, mas a defesa cochilou no cruzamento. Paciência, agora é lutar para reverter. Parada duríssima porque o Cuiabá tem um time arrumado, segundo ouvi na transmissão da Rádio Clube.

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  2. Amigos e irmãos desse espaço ,esquecendo um pouco os contínuos sonhos de imperialismo americano e voltando nossos olhos para o Brasileirão 2011(Serie A) tanto Botafogo quanto Vasco estão dando mole demais.O blogueiro ainda não postou nada sobre o empate do Botafogo,ONTEM.DEVE ESTAR preparando algo.O que quero dizer é que com um jogo a menos e se vencesse teria tudo pra ser o líder em breve,mas o Fogão não soube vencer e ainda tivemos que aturar o tal de Souza.Te dizer.
    E o Vasco ? Voltou da Bolívia com a “coxa bamba”.

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  3. Concerteza amigo Gerson, essa equipe do Cuiabá é muito forte, vem provando isso ao longo do campeonato. O segundo gol no final do jogo complicou um pouco nossa situação, porém aki em Tucuruí a equipe de MT vai sentir a pressão e acredito que o Independente com muita raça se clasificará. Aguardaremos otimistas!!!

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