Passou longe de uma exibição empolgante do Paissandu. Foi, quando muito, razoável. Nada, porém, diminui a importância do resultado. Muito pelo contrário. A vitória suada, conquistada com gana, empolgou a torcida e trouxe tranqüilidade para os próximos passos do time na competição. E, lá no fundo, é isso que realmente importa.
O jogo transcorreu conforme o esperado. O visitante encolhido, usando a velhíssima tática de duas linhas de quatro homens atrás da linha da bola. O Paissandu pressionando o tempo todo, perseguindo o gol, mas pecando na organização dos lances.
Dono absoluto das ações, o Paissandu não encontrava jeito de furar o bloqueio armado pelo Luverdense. Com Josiel e Rafael Oliveira na área, Tiago Potiguar era o jogador que tentava abrir brechas na retranca inimiga. Começou como meia avançado, explorando as extremas, mas quando afunilava acabava embolando com Luciano Henrique.
Mesmo com todas as dificuldades de criação, Rafael conseguiu duas oportunidades na base da raça. Na mais clara situação de gol, dividiu com o bom goleiro Tiago e a bola saiu caprichosamente rente à trave. Se Rafael corria e invertia posicionamentos, Josiel se acomodava e parecia meio fora de jogo. A torcida percebeu e começou a pegar no pé.
Por obra do acaso, o Paissandu arrumou um pouco mais a meia cancha quando Sandro substituiu Jean, que se contundiu. Com o veterano volante mais adiantado, o passe melhorou e Rafael passou a ser mais acionado. Apesar disso, o Luverdense quase abriu o placar em jogadas de Alan e Ray. Fávaro apareceu esplendidamente nos dois lances.
Na saída dos times para o intervalo, a torcida chiou e cobrou mudanças. Fernandes atendeu: botou Robinho no lugar de Luciano Henrique, mas a alteração não tornou o Paissandu mais articulado. Josiel continuava escondido no ataque e apenas Rafael e Potiguar se desdobravam contra o batalhão de marcadores do Luverdense.
Por ironia, aos 30 minutos, logo depois de uma chance incrível criada pelo Luverdense e defendida por Fávaro veio o gol salvador. E um detalhe foi decisivo na jogada: a zaga ficou marcando os atacantes e descuidou do zagueiro Vagner, que desviou para as redes o cruzamento perfeito de Rafael Oliveira.
A vibrante comemoração do capitão demonstrou o nível de esforço e vontade do time. Pelos 19 minutos restantes, o Paissandu ficou tocando a bola no ataque, abafando as tentativas do Luverdense. Fernandes lembrou de tirar Josiel e botou mais um zagueiro, Márcio Santos. Sandro ainda mandou uma bola na trave, mas 1 a 0 foi o escore justo para um embate bem equilibrado.
O Paissandu segue na liderança, mas continua com sérios problemas de criação. Sandro, pelo que se viu ontem, talvez seja o organizador que Luciano Henrique não conseguiu ser. Robinho entrou fora de sintonia com Sidny, que não dá sequência às jogadas de linha de fundo. Fávaro se redimiu amplamente da falha em Marabá. Vagner, além do gol, foi o zagueiro mais vigilante. Ninguém, porém, superou Rafael Oliveira, em esforço e desprendimento.
De quase eliminados há duas rodadas, São Raimundo e Independente Tucuruí conseguiram vitórias que abrem a possibilidade de classificação na Série D. O problema é que o grupo está emboladíssimo: a diferença entre o primeiro, Sampaio, e o quinto, Trem, é de apenas dois pontos. Mas a reação da dupla paraense é digna de registro.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 29)