
Depois da difícil vitória sobre o Luverdense, o técnico Roberto Fernandes deu outra grande entrevista, explicando por A + B o que se passou no jogo e porque o seu Paissandu ainda não encanta a galera. Pelo contrário, provoca sustos e calafrios durante boa parte dos jogos. Apesar da mudança de discurso em relação aos primeiros passos no clube, Fernandes foi sincero.
Reconheceu que o time não está engrenado e recomendou que o torcedor esteja preparado porque não há moleza na Série C. Na verdade, carne assada é artigo raro em qualquer tipo de torneio oficial. O problema é que o torcedor já sabe disso, calejado com seguidas campanhas de grande sacrifício. Em defesa do técnico, a visível ausência de mais peças de qualidade no elenco.
O time parecia bem arrumado no papel, em comparação com o bando que terminou o campeonato, mas não consegue se desembaraçar em campo. Alguns erros de avaliação na montagem do elenco só estejam se fazendo notar no momento mais agudo do campeonato. Esse desacerto fica particularmente escancarado no meio-campo.
São quatro volantes: Rodrigo Pontes, Charles Vagner, Sandro e Alexandre Carioca. Fernandes só bota fé nos dois primeiros, trazidos por ele, e um candidato a titular (Alexandre) se contundiu no começo da competição. Como Sandro não estava nos planos iniciais, o setor ficou restrito a Pontes e Charles, com prejuízos para o desempenho geral do time.
Para a criação, foram contratados Luciano Henrique, Robinho, Tiago Potiguar e Juliano. Fernandes claramente prefere Luciano, o mais experiente do quarteto. Acontece que não se estabeleceu a conexão fundamental no setor porque Robinho e Potiguar não rendem ao lado de Luciano. Isso voltou a ocorrer, domingo, forçando a entrada (não programada) de Robinho no intervalo.
A mudança de planos evidenciou, por outro lado, um lado positivo de Fernandes na leitura do jogo. Mostrou estar vendo as coisas com os mesmos olhos do torcedor. Talvez não haja tempo para correção de rumos na criação, embora não tenha sido possível avaliar melhor o rendimento de Juliano, que é bom jogador. Se não for o homem certo, talvez Sandro deva ser efetivado ali entre os volantes e o meia de ligação.
Já na contenção, a chegada de Daniel (ex-Águia) talvez ajude a acertar as coisas, funcionando como alternativa a Pontes e Charles. De qualquer maneira, não são situações alarmantes. Há remédio. E, se não houver a solução ideal, o jeito é trabalhar com as peças possíveis. (Foto: MÁRIO QUADROS/Bola)
Em situação desesperadora na Série C, sob ameaça até de rebaixamento, o Fortaleza acertou ontem um daqueles contratos de altíssimo risco, como o Remo costuma fazer. Contratou o emburrado Ademir Fonseca, que ajudou a afundar o Paissandu em 2006 e ainda saiu esculachando com o futebol daqui. O Tricolor tem 6 pontos no grupo B, apenas um a mais que o Campinense (PB), que tem um jogo a menos. Fonseca vai comandar o time em apenas duas partidas. Haja reza para Padre Cícero…
Via Facebook, o amigo Diego Gonçalves lembra uma dessas ironias próprias do futebol. Fernandão, herói palmeirense no clássico diante do Corinthians, domingo, é aquele mesmo atacante que ficou no come-e-dorme no Paissandu, em 2010, trazido por Charles Guerreiro. De bonde na Curuzu virou locomotiva no Verdão. Coisas da vida.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 30)