A frase do dia

“Não preciso me preocupar com o Paissandu. Tenho espião lá dentro, observando tudo. E, dependendo da situação até domingo, vou botar o time no sistema 3-4-3, com três atacantes, bem ofensivo mesmo”.

Palavras de João Galvão, técnico do Águia, aparentemente sem medo do confronto de domingo. 

Paissandu escalado para pegar o Águia

Paissandu quase escalado para enfrentar o Águia, domingo, no Mangueirão: Alexandre Fávaro; Sidny, Vagner, Márcio Santos e Fábio; Rodrigo Pontes, Charles Vagner, Robinho e Luciano Henrique; Josiel e Rafael Oliveira.

Orgulho de ser do Pará

Sérgio Martins Pandolfo*
   
Não vamos deixar, pois sim!
que estranhos vindos pra cá
mudem pra Pará-Mirim
o que já foi Grão-Pará

                                                   SerPan     

O carimbó é o legítimo e mais tradicional ritmo musical parauara, com instrumental lusoafroameríndio primitivo e letras de uma singeleza tal que raia às lindes da ingenuidade, o que não impede de retratar, quase fielmente, os fatos do cotidiano. O carimbó é também dança folclórica, das mais autênticas e representativas da região, quiçá do Brasil. Há uma música do Mestre Pinduca que diz assim: “Embarca morena embarca/ molha o pé, mas não molha a meia/ viemos da nossa terra fazer barulho na terra alheia” (bis). 
A letra reflete bem o que está ocorrendo com as áreas que nos pertencem e querem subtrair do Pará, formando mais dois estados, deixando para nós, que somos os donos e mantenedores deste naco de solo setentrional quase desde o começo do Brasil, apenas uma nesga de terra, quem sabe a título de consolação.
Na verdade isso se iniciou após a abertura das rodovias Transamazônica e Cuiabá-Santarém, com a vinda de milhares de indivíduos de outros estados e/ou regiões do País. Na inidentidade de origem, cremos, reside o problema fulcral, pois que os que pra cá vieram não têm conosco, nenhum liame sentimental ou, como se costuma dizer popularmente, “não têm o umbigo aqui, enterrado”. 
O genuíno parauara ama e quer seu Estado por inteiro, como sempre foi; falamos a mesma linguagem, o parauarês, que se reconhece ao primeiro contato e queremos continuar juntos, com nossas raízes assentadas nas duas margens de nossos “rios gigantes”, que banham nossas “terras de ricas florestas, fecundadas ao sol do Equador”, por inteiro. E, por favor, não nos venham alegar xenofobia, pois, longe de nós que temos verdadeira miscelânea étnico-geográfica na família, assim de fora como de dentro do País, o que inclui laços parentais com pessoas das regiões pretensamente separatistas. Muito menos preconceito, palavrinha hoje abominavelmente usada a modo de escudo protetor por quem quer impor suas esdrúxulas ambições a muque. Nada de separatismo étnico-cultural para cima de nós, que muito nos orgulhamos de nossas origens indígenas. Mesmo contra os milhões pagos ao marqueteiro algoz dos galináceos.
Somos extremamente ciosos de nossos domínios terreais, hauridos a ferro e fogo em um tempo que já se faz distante. Esta terra que cuidamos e sustivemos desde quando, ainda Inferno Verde, amedrontava os pusilânimes, passou a Verde Vagomundo do Bené e é, agora, o Eldorado do Brasil e do Globo. As regiões que maquinam nos subtrair sempre foram por nós muito queridas e valorizadas, bem como as populações que lá mourejam e ajudam a desenvolver com sua participação laboral honesta, dedicada, indispensável, sejam elas autóctones ou provindas de outras regiões, todas bem-vindas e apetecidas, pois filhas deste mesmo Brasil gigante.
Há um outro “hino” parauara, além do oficial, que é a belíssima composição do conjunto Mosaico de Ravena, com uma letra precisa e preciosa e estribilhos em legítimo, espevitado e remexente carimbó, denominada “Belém, Pará, Brasil”, que nos adverte: A culpa é da mentalidade/Criada sobre a região/Por que é que tanta gente teme? Norte não é com M”. De fato, a região assusta, mete medo mesmo, para quem não a conhece, mas, depois que nela pisam e se assentam veem que “nossos índios não comem ninguém, agora é só Hambúrguer” – que alguém já trouxe pr’aqui para lentamente envenená-los – ficam encantados e não mais a deixam. O problema é que muitos dos que pra cá vieram e se adonaram de pedaços às vezes imensos de terra logo pensam delas se tornar caciques e comandar os “índios” daqui. Pensam ter a força! Não, ”não queremos nossos jacarés tropeçando em vocês”, mas, também não os venham matar. “Por que ninguém nos leva a sério? Só o nosso minério”.
O sangue cabano que ainda nos corre nas veias vai novamente fazer-nos pegar em armas, estas mais requintadas e eficientes, o voto eletrônico que nos garantirá a vitória plebiscitária final, legítima e irretorquível, a garantir, para o Pará, sua grandeza e inteireza.

(*) Médico e escritor. ABRAMES/SOBRAMES
E-mail: sergio.serpan@gmail.com  –  serpan@amazon.com.br
Site: www.sergiopandolfo.com

CBF confirma jogo Brasil x Argentina no Mangueirão

A Seleção Brasileira vai realizar um jogo amistoso contra a seleção da Argentina, no estádio Olímpico Edgard Proença, em Belém, no dia 28 de setembro deste ano, às 21h45, numa espécie de reedição da Copa Rocca, que foi disputada pelos dois países entre 1914 e 1976. A CBF confirmou oficilamente a partida no começo da tarde desta quarta-feira. Em Belém, pela manhã, o anúncio foi feito pela assessoria do senador Flexa Ribeiro (PSDB). O pedido para que Belém sediasse um jogo da Seleção foi encaminhado em março pelo governador Simão Jatene ao presidente da entidade, Ricardo Teixeira. Na ocasião, Jatene, acompanhado pelo presidente da FPF, Antonio Carlos Nunes, e por Flexa Ribeiro, reivindicou que a capital paraense pudesse ser incluída na agenda de jogos preparatórios da Seleção para a Copa do Mundo de 2014 e até de outras seleções na fase de preparação para o Mundial. Na mesma reunião, Jatene e Flexa Ribeiro defenderam junto à Teixeira a idéia de a capital paraense sediar alguns eventos como forma de compensação, já que foi excluída da lista das cidades que servirão de sub-sede da Copa.

A CBF confirmou a realização de dois amistosos em homenagem ao presidente da Confederação Sul-Americano, o paraguaio Nicolas Leoz, valendo pelo “Desafio das Américas”, nos dias 14 (em Buenos Aires) e 28, em Belém, entre Brasil e Argentina. Como é praxe no torneio, as seleções são formadas exclusivamente por jogadores que atuam nos próprios países, deixando de fora os chamados “estrangeiros”. Significa que a Seleção poderá ter Ganso e Neymar e a Argentina não terá Lionel Messi e Tevez.

Coluna: Nova chance para o craque

Ronaldinho Gaúcho, personagem do encarte especial Super Bola de hoje, é – quem diria? – o grande destaque do Campeonato Brasileiro. Além de ter voltado a jogar com a competência conhecida, distribuindo jogadas e fazendo lançamentos que chegam a lembrar os bons tempos de Barcelona, surpreende pela quantidade de gols marcados, algo inédito em sua carreira. Segundo Vanderlei Luxemburgo, Ronaldinho voltou a ser Ronaldinho desde que acatou suas orientações e passou a se revezar com Tiago Neves à entrada da área dos adversários. Pode até ser potoca do técnico, mas é certo que o desembaraço que o meia-atacante vem mostrando indicam que se sente finalmente à vontade com a camisa 10 do Flamengo.
É uma grande notícia para todos os que viram Ronaldinho chegar à Seleção e em seguida conquistar o mundo defendendo o Barcelona. O auge de sua carreira durou pouco mais de cinco anos, de 2001 a 2006. A Copa da Alemanha marca o começo da derrocada. Abalado com o fiasco naquele que seria o mundial de sua consagração, o craque nunca mais foi o mesmo.
Em tempo recorde, desceu dos patamares da glória às profundezas da derrota. Viu seu espaço (e prestígio) minguar no Barcelona, chegando ao ponto de ser isolado do contato com os jovens atletas que o tinham como ídolo e exemplo.
As farras passaram a substituir os treinos e causaram episódios constrangedores nos vestiários do Camp Nou. Segundo a revista Placar, auxiliares de Pep Guardiola contam que Ronaldinho e Deco pegaram no sono durante sessão de massagem antes de um treino.
Ambos haviam passado a noite em claro, divertindo-se em boates da belíssima cidade. Desde então, tiveram seus nomes riscados da lista de prioridades para a montagem do novo Barcelona.
Antes de voltar ao Brasil, Ronaldinho ainda teve uma última oportunidade no rico futebol europeu, mas no Milan não conseguiu mostrar mais do que um futebol mediano, muito abaixo do nível esperado de um astro eleito pela Fifa duas vezes como melhor do mundo.       
Como quase todos os jogadores que decidem retornar ao futebol brasileiro, Ronaldinho foi visto com desconfiança. O problema se ampliou pelo leilão orquestrado pelo irmão e empresário Assis, que prolongou exageradamente o anúncio da escolha deixando em suspense as torcidas de Corinthians, Palmeiras, Grêmio e Flamengo.
O começo no Rio também não ajudou muito com a sequência de notícias sobre noitadas pagodeiras. A imagem negativa foi tão marcante que o Flamengo até hoje não conseguiu completar as parcerias de patrocínio. Os gols e, principalmente, a qualidade dos passes e dos dribles devem mudar esse cenário.
O futebol, como se sabe, é generoso com os seus artistas. Com esforço e perseverança, o caso de Ronaldinho mostra que sempre é possível ganhar uma nova chance. Até mesmo na Seleção, de onde foi sumariamente descartado antes da última Copa. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 3)