Por Cássio Andrade
Desculpem os amigos abrir esta exceção. Não estou escrevendo sobre futebol ou política. Aprendi com os gregos que a emoção e o carinho são como presentes e devem ser partilhados entre os pares. Quero falar de meu pai! Na semana do dia do Radialista, soube que o velho Castelinho recebeu um prêmio em alusão ao dia do Radialista, por ser um dos mais antigos ainda no batente. Soube também da imagem dos olhos marejados do velho, emotivo como ele só e o reconhecimento pelos anos dedicados ao ofício de levar sons aos aparelhos de tevê. Lembranças mil à memória, acompanhadas da tristeza de não ter presenciado o fato.
Ah, Castelinho, tive uma semana decisiva em minha vida, dessas que de novembro para cá tenho passado. Não vi tevê, pouco acessei blogs e muito pouco escrevi em minha tese. Perdoa o filho que anda a provar ultimamente do fel da vida. De longe, me sinto feliz e partilho de perto sua emoção. Lembro quando, ainda pequeno, me orgulhava de sua “vida de artista”, e olhava àquela carteira azul da Ordem dos Músicos, e enchia o peito aos colegas da Santo Antônio: “olha, meu pai foi artista e dos bons. Até gravou disco!”. O registro em códigos garrafais: ritmista. Aí, ouvia falar em Lélio, Álvaro, Sayonara, Guilherme Coutinho e uma plêiade de gente muito boa, como diria àquele comercial. Quanto orgulho, quando acompanhou o Sivuca naquele programa da TV Marajoara! O gênio albino no acordeom e o Castelinho no pandeiro. Que dupla! Ah medição de IBOPE à época… Olivar Castelo Branco de Andrade. Meu pai! Nome pomposo nos registros formais, “Seu Olivar” para a família e “Castelinho” na praça. Não importa como é chamado. Meu pai e pronto. O amor ao compasso, ao ritmo e à televisão, seu legado a esse artista frustrado. O árido caminho acadêmico e militante deixou-me o vazio de continuar a jornada nos dois castelos: o da música e o da TV. Que fique a Dani Franco a responsabilidade de continuar a espécie.
Nesse momento, vem-me a memória o caminho de volta da escola, da velha FEIJ, lá pela boca das 12, às vezes, com um de meus irmãos mais velhos, bebendo água na “bica do padeiro galego” da 09 de janeiro. Dobrava a São Jerônimo para frente e lá na sede da TV Marajoara, prédio moderno à época, com seus traçados verdes (depois azuis) e em um de seus inúmeros estúdios, o velho reinava absoluto em seu castelo, operando o áudio da emissora para entrar no ar. Na minha infância, já estávamos na “era do VT”, mas com certo atraso na programação do sul para Belém. Via de antemão o que ia passar à tarde e à noite e disso me gabava na passagem.
Quantos vi se aproximar do velho e com ele comungar piadas e histórias: Sandro Vale, Elói Santos, Tacimar Cantuária, Ronald Pastor, Iracema Oliveira, Moraes, Celinho, Travassos, Costa Filho, Cleyton Palmeira, Paulo Carneiro, Uchôa, Dilermando (o velho Dila, da RBA), Ivo Amaral, entre vivos e partidos, homens e mulheres que fizeram e fazem a história da radioteledifusão local, à frente das câmeras e dos microfones e nos bastidores de ambos. Lembro da boa e combatida bolsa do Sindicato dos Radialistas (ah, o doce pelego Barbosa!). Todo o mês ia à escola abonar a bolsa do sindicato. Era pouco, mas ajudou muito em nossos estudos, da irmã mais velha até o chaveiro que aqui escreve.
O primo Dilermando é uma história à parte. O Dila do bigode, para o Anaisse, é o nosso Dilermando cujas mãos com as câmeras eram (e ainda o são) tão firmes quanto nos pregos e serrotes. Carpinteiro também de mão cheia, vivia a zoar na construção de nossa tapera na Santo Antônio. O que tinha de bigode tinha de boca e coração. Grande Dila, outro baluarte, como diz o Gérson, na operação da televisão. Sei que o velho já não tem mais a força de antes, para operar as máquinas de áudio no SBT. Esta por lá, ainda, firme, em outra função, mas tão vivo e altaneiro quanto outrora eras. Nunca porém, deixarei de ouvir o “Obrigado por assistir a programação do SBT…”, sem lembrar do velho tentando a todo custo diminuir o áudio da emissora do Senor Abravanel, cujas máquinas até pouco tempo, ainda eram reminiscências da fundação em 1981. Por falar nisso, pai, nunca esquecerei o quanto sofremos com o senhor, quando a ditadura fechou a Tupi e com ela o condomínio local da Marajoara. Daquela, nem o emprego da Borges conseguimos escapar.
O tempo passou e o velho esta lá, em seu castelo da Alcindo Cacela. Vive e soube viver. Por isso, partilho essa alegria com vocês aqui do Blog. E olha velho, nada de passear lá pela Condor.
Ao meu pai, com carinho!
Cássio, eu fiquei emocionado!
Pessoas, que como tu, amam e honram seu pai, merece vida longa e feliz!
Eu, que amo muito e agradeço a Deus por ter meu pai comigo, não poderia deixar de te congratular!
Moro longe do Pará, e uma das minhas maiores saudades, é do meu pai!
Não sei se estou triste, ou se estou feliz, mas neste exato momento, sinto um aperto em meu coração!
Provavelmente é saudade!…e muita!
Fica com Deus, tu e teu velho!
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Vou ligar pro meu pai agora!!!
E dizer que lhe amo muito!
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Faça isso Alberto….pena que o meu foi embora cedo…mas sinto falta do ”velho” e suas falas de como viver a vida….
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Qualquer pai sentir-se-ia feliz com estas palavras de um filho, e, com certeza, recompensado por tudo que dedicou a seus filhos. Além de bem narrado, muito emocionante. Parabéns pelo pai que tens, e parabéns pelo filho que seu Castelinho tem.
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Grande Cássio e seu Grande Pai. Legal acompanhar esse enredo. Mau pai já está no céu, mas sempre presente no meu dia a dia. Pelo muito que fez por mim, foi-se e não conseguir pagar tudo o que lhe devia, nem a eternidade me daria tempo para isso, neste impedimento, repasso aos seus netos, meus dois filhos, certamente é o que pediria. “De a eles, se possível o dobro, na dificuldade não deixe faltar o mínimo”. Pensei……
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Parabéns Cassio pelo carinho e orgulho que você tem pelo seu pai. Perdi o meu aos 12, e é por isso que procuro ser para os meus, o melhor possível. Abs
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Brilhante e emocionante. Vou fazer o mesmo que o Cássio, ligar pra o meu velho.
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Parabéns, a gratidão é o maior dos sentimentos, a pai e mãe então, nem se fala.
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O texto rememora um tempo presente que se estabelece nas lembranças do pasado e a vivaz vontade e realizações no presente!
Parabéns, velho camarada Cássio!
Vida longa pra ti e para seu “Castelinho”.
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Obs…: passado…
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É um garoto de ouro esse amigo blogueiro Cássio Andrade. Parabéns pelo Pai que vc tem e pelo texto, amigo.
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Puxa Cassio, emocionante! Todos nós, creio, temos vontade de dizer isso ao pai enquando vivo mas, um certo ranço de machismo nos leva a tratar o velho como um amigão, etc. e tal mas só fazer, por escrito, saudações à mãe. Valeu cara eu confesso que perdi essa chance e eu sei que onde ele está agora há de entender que foi por puro machismo.
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“Honra teu pai e tua mãe, como o Senhor te ordenou, para que se prolonguem os teus dias, e para que te vá bem na terra que te dá o Senhor teu Deus” Dt 5:16
Parabens Cassio, estás cumprindo uma ordenança de Deus.
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Parabens, Paulo.
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Cassio, teu pai o Castelinho é pessoa que nos distingue quando nos encontramos. Nas vezes que vou ao SBT recebe-me sempre com um abraço que sinto fraternal, revelador de uma alegria sincera que os autenticos soi ser. Por teu intermédio, virtualmente, abraço o Castelinho. Sou um veterano pouquinho mais novo que o Castelinho “velho de guerra”.
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Paulo,vc foi muito feliz em lembrar um dos 10 mandamentos que o nosso Sr deus ,criador dos céus e da terra ,deixou :honrar pai e mãe.numa sociedade caótica,todos deveríamos lembrar desses maravilhosos estatutos divinos e ,sempre q possivel lê-los.ver exodo 20:4-17 .
Ao Cassio ,as minhas considerações.
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Amigos, por tudo isso fiz questão de compartilhar com vocês o texto e fico feliz por isso. É uma pena que o papai não lê blog, nem tem e-mail. Abs a todos.
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o velinho que mora la na lameira bitencourt 757 é meu avô, eu amo todos dakela casa inclusive ele !
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