Sortudos da Mega: exposição ou informação?

Do Comunique-se

Até onde a identidade de um ganhador da Mega Sena é de interesse público? É ético revelar o nome do vencedor de um prêmio tão visado? Para especialistas em comunicação, a exposição, neste caso, é um erro da imprensa. Nos últimos dias, informações como nome, idade, cônjuge, profissão, número de filhos e cidade do ganhador, de apenas 30 mil habitantes, foram divulgadas por diversos veículos. O Estadão chegou a publicar a foto da casa e o nome da rua onde o ganhador mora.

Antes das informações serem reveladas, os ganhadores pediram à Caixa, responsável pelo prêmio de mais de R$ 70 milhões para cada um, que não divulgassem nenhum dado sobre eles, mesmo informações básicas, como o órgão costuma fazer. O ganhador de Brasília é desconhecido, mas o de Santa Rita do Passa Quatro (SP) foi divulgado pela mídia. “Isso faz parte da vida privada. Existe um conflito entre o direito de privacidade e o direito da informação. Esse é um caso que podemos deslumbrar uma situação de conflito entre esses dois direitos”, disse Manuel Carlos Chaparro, doutor em Ciência da Comunicação e professor da ECA/USP.

Para Chaparro, expor a identidade do vencedor pode ser prejudicial para ele e sua família. “As proporções do prêmio e as pressões que isso pode envolver recomendam a proteção da vida privada”, completa. Nilson Lage, mestre em Comunicação e professor da UFSC, também concorda que revelar a identidade do vencedor pode trazer problemas. “Não é de interesse público. Porque vai trazer para ele um problema insolúvel. A não ser que ele queira se expor”. E acrescenta. “Ele vai ter um incômodo terrível, vai ter que se avivar em outro lugar. Ninguém ganha com a divulgação do nome dele. Não é de interesse público saber o nome do homem”, critica.

7 comentários em “Sortudos da Mega: exposição ou informação?

  1. Faz tempo que a mídia não se preocupa em analisar se isso ou aquilo é de interesse público.

    A impressão que tenho é que a função hoje é gerar o tal ‘interesse público’ e assim vender, vender, vender.

    O nome do sortudo que levou a bolada não interessa; assim como não interessa se a fulana do BBB tá de namorado novo; se a alpinista social colocou não sei quantos litros de silicone.

    Mas tudo isso está nas capas das revistas; nas sessões “culturais” dos jornais; nas chamadas dos principais sites da internet.

    A fomentação da baixaria e da violência exacerbada encontra guarida na mídia. Por isso essa crise de indentificação que vivemos hoje.

    O fato é de interesse público porque a mídia divulga ou a mídia divulga porque o fato é de interesse público?

    Quem explica???

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  2. Gerson, a imprensa hoje já está até informando que o sortudo de Brasilia é filha de paraense, rs…meu falecido Pai dizia que a imprensa é uma faca de dois ”legumes”….se for pro seu bem ela é boa, se for pro seu mal, ela é péssima…nunca vou esquecer aquele caso da escola base se nao me engano, aquela dos japoneses que a imprensa paulista seguida pelas demais fizeram os caras perderem tudo, ou quase td….li ontem que o Simon esteve apitando no mundial de clubes e ele diz assim : ”fui bem e ninguem escreveu nada, seu eu tivesse ido mal, a imprensa divulgaria até no ”tuíter”…” e olha que ele é jornalista no RS…rsrs…

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  3. Não culpem a mídia.
    O culpado é quem consome o que a mídia vende.
    Se o povo buscasse por informação científica, artes, cultura, etc…, automaticamente a mídia os alimentaria com esse produto, mas não.
    O povo gosta de saber sobre o silicone, sobre o traveco do Fenômeno, sobre quem morreu no deslizavento e aí vai…

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