Por Antonio Oliveira
Há alguns dias passados, tive que fazer um grande esforço para não escrever para sua coluna. Foi quando me pareceu que você, se referindo ao Clube do Remo, demonstrou algum entusiasmo com a proposta daqueles que se auto-intitularam “cinturão de aço”. Mas, no final, refletindo que todos tem direito a manifestar simpatia, bem assim que não parecia de boa política só escrever para reclamar, discordar, polemizar, como fiz das outras poucas vezes anteriores em que lhe escrevi, acabei conseguindo me segurar.
Agora, lendo o que você escreve na coluna de hoje (29/10/09), vejo que fiz muito bem em me segurar. Afinal, se tivesse me manifestado naquela oportunidade, teria cometido o erro da precipitação, pois, lendo a coluna “Mundico vira referência”, me parece muito claro que você forma no imenso grupo daqueles que querem ver o Remo longe desta situação caótica em que ele se encontra. Daqueles que querem o clube sem dívidas estratosféricas, com o seu patrimônio material preservado e com a sua gigantesca e apaixonada torcida – que é seu bem maior – esperançosa de um futuro digno. Deveras, eu teria reclamado, discordado, polemizado, injustamente.
Gerson, este auto-proclamado “cinturão de aço”, é o mesmo que de há muito, muito mesmo, muitíssimo, está firmemente enroscado no pescoço do “Leão de Antonio Baena”, e que o deixou nesta sufocante situação pré-falimentar em que ele se encontra. Você, além de muitos outros anônimos de que eu tenho conhecimento, têm toda razão: o que o Clube do Remo precisa é se conscientizar da situação caótica em que se encontra e buscar alternativas realistas, sóbrias, austeras.
Noutras palavras, o que o Remo menos precisa agora, e em qualquer época no futuro, é contrair estratosféricas e irresponsáveis dívidas com comissões técnicas, jogadores. Sobretudo, o Remo precisa buscar se imunizar destes nefastos agenciadores de jogadores e técnicos, ainda que para isso tenha que abdicar do título do campeonato. O mais importante, a curtíssimo prazo, é o Remo conseguir voltar às competições nacionais sem aumentar, além do estritamente necessário, o atual passivo que já se mostra próximo do impagável.
Ah, para terminar, cumpre dizer que à mídia esportiva, cediça formadora de opinião, máxime aquela vinculada às empresas de maior índice de preferência junto ao torcedor, cabe importantíssimo papel relacionado ao controle da pressão inerente a todo clube de massa que se propõe a desenvolver projetos do tipo “pé no chão”. Mas, uma ressalva: não é porque a mídia cobra, muita vez sensacionalisticamente, melhores times, jogadores de renome, reclama de técnicos desconhecidos etc, que o dirigente obrigatoriamente tem que praticar atos irresponsáveis, temerários, tresloucados, que nem atendem ao que a midia exige e nem ao que o Clube precisa. Numa palavra, a midia só aumenta a pressão, quem comete o equívoco (até porque querem se promover na mídia, pra dizer o menos), são os próprios dirigentes.



