Coluna: Planejamento de araque

Não passa um único dia sem que alguém defenda, publicamente, a salvação do futebol paraense pela via do planejamento. Parece mantra. Muita gente nem sabe ao certo do que se trata, mas todos acreditam que o caminho da redenção passa por aí. Obviamente, merece apoio geral a idéia de um futebol organizado e bem estruturado. Acontece que a história mostra resultados em campo que nada têm a ver com o tal planejamento.
Basta pesquisar um pouco para ver que algumas das maiores vitórias dos clubes paraenses decorreram, em boa medida, do simples acaso. Quem, por exemplo, haverá de negar que o sensacional triunfo do Paissandu na Copa dos Campeões, em 2002, deveu-se em grande parte a uma convergência feliz de coincidências?
O time de Givanildo Oliveira era bem entrosado e foi vencendo seus jogos em Belém, até chegar à final. A decisão, em Fortaleza, foi rica em acontecimentos surpreendentes. O Cruzeiro, que só precisava do empate, abriu o marcador. Aos poucos, porém, foi relaxando. Quando se deu conta, o Paissandu já havia virado o placar e acabou vencendo nos penais.
Viradas espetaculares são próprias do jogo e vivem a se repetir. A questão é que ninguém, em sã consciência, pode afirmar que a conquista refletiu ações planejadas. Tudo foi bem porque acabou bem, mas o triunfo derivou exclusivamente de ações de jogo. Depois disso, aí sim, o Paissandu montaria grande equipe, reforçada por Iarley e Róbson. A partir de então, incluindo a participação na Libertadores de 2003 (e a épica noite em La Bombonera), os êxitos refletiram atitudes estratégicas. 
Outro resultado igualmente fortuito foi obtido pelo Remo, em 2005, no Brasileiro da Série C. Remontado às pressas por Roberval Davino, depois que Valter Lima foi afastado, teve caminhada acidentada nas primeiras fases – chegando a ser ameaçado de eliminação pelo Abaeté. 
Na reta final, depois de empate frustrante com o Ipatinga (2 a 2), no Mangueirão, veio a vitória sobre o Novo Hamburgo, fora de casa. Sob todos os pontos de vista, foi um pequeno milagre. O time tinha fragilidades na defesa e no meio-campo, mas se safava em lances de bola parada, a cargo de Maurílio e Capitão, e nos contra-ataques puxados por Landu. 
Como o Paissandu de três anos antes, o Remo teve providencial ajuda do destino para chegar ao primeiro título nacional. Pequeno exemplo do caos: nas últimas rodadas, apesar dos boas rendas, uma pendência de R$ 8 mil quase fez Davino bater em retirada. Foi necessária a pronta intervenção de conselheiros para apagar o incêndio. Improvisos desse tipo continuam, até hoje, a disfarçar a ausência de profissionalismo que trava o futebol do Pará. 
 
 
O único problema de Lúcio Santarém para o jogo desta tarde, em Volta Redonda, é a ignorância sobre o adversário. O Macaé é um ilustre desconhecido. Seu mais famoso jogador é Lugão, goleiro que frangueou miseravelmente numa decisão de turno carioca, há dois anos, contra o Fluminense. Por outro lado, o Mundico não terá torcida contra, pois o Macaé também está fora de casa. Se a lógica prevalecer, dá empate.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 25)

19 comentários em “Coluna: Planejamento de araque

  1. Gerson, o que vc escreveu, passa por tudo que sempre falo: ‘ Se vc quer ter alegria passageira, gaste, monte um grande time, fique todo endividado, ganhe o título que está disputando e, depois….. . Agora, se vc quer ter alegria para sempre, se organize na parte administrativa, contrate um bom Diretor de Futebol, que entenda de planejamento para o time de Futebol, óbvio, que, aí sim, no caso de Remo e Paysandu, até hoje, estariam bem e, contando com orgulhos os seus feitos. Entenda uma coisa: Parte Administrativa e Futebol, tem que andar bem e, lado a lado uma com a outra. Uma pergunta, onde estão Remo(Campeão da Série C), Paysandu(e seus grandes feitos)? Olha só Gerson: Os times que mais trocaram de Técnicos esse ano na Série B: Bahia, Fortaleza, Campinense e América de Natal( todos, quase rebaixados a série C), viu só? Nesse caso, Gerson, as vezes, a culpa é do péssimo Treinador que Contrataram para montar o time e, as vezes, contrataram um bom treinador, mais a parte administrativa não tá bem( Atraso de salários, …) Aqui em Belém, mas precisamente, ainda não entendem que, um bom planejamento para o Futebol passa por um bom Técnico. Eles preferem fazer a alegria do Torcedor, momentâneamente, com contratação de jogadores e, esquecem do Bom Técnico, por isso, enquanto não mudar essa mentalidade, não vão sair do fundo do poço, Infelizmente.

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  2. Engraçado! Já estou convicto que planejar é sonhar, méritos é obra do acaso e que falência é causada por excesso de dinheiro. Arthur Tourinho neste caso é produto de uma gravidez indesejada, por falta de técnica do seu genitor no momento oportuno, da inexperiência de sua mãe e principalmente pela má qualidade da camisinha utilizada. Somos penta-campeões mundiais por coragem e outros copas perdidas por covardia. O Palmeiras a 4 rodadas atrás era espelho do planejamento, hoje é um vagão fora do trilho. A melhor obra é fruto da empreitada, obra pronta em tempo determinado. Gerson e Cláudio! Onde encontrar a paciência contra certas opiniões?

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  3. Berlli, apesar de não ter entendido, no todo, seu comentário, mas, quando vc fala do Palmeiras, digo, que o Palmeiras fez um bom planejamento, só que o São Paulo Também, Cruzeiro, Inter,.. e, só um pode ser campeão, o que garanto a vc é que nunca vamos ver esses times brigando para escapar do Rebaixamento e sim, brigando por títulos, como agora, enquanto mantiverem esse planejamento, apesar de, como tudo na vida, uns planejam melhor que os outros. Hoje, não mudo minha opinião, o Palmeiras continua com bom planejamento, talvez falte reforçar mais seu time de Futebol, coisas que o Luxemburgo já falava, na época que treinava o mesmo.

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  4. O que eu quis dizer é que com o Gerson expõe uma opinião em que tira o mérito das conquistas do Paissandu e você reforça. Claro que foi fruto de um planejamento onde até certo ponto houve harmonia. Agora dizer que tudo foi fortuito pelo seqüencial que originou a conquista me surpreende pelo veterano que o Gerson é. O Paissandú investiu naquela ocasião em um bom time e financeiramente suportou até onde deu. Você lembra quanto custava a folha de pagamento na época da libertadores? Entrou grana como saiu e Tourinho não foi tão larápio como afirmam. Mil vezes o contestado Tourinho que esse embromador liso sem arrocho que é LOP. RR e AK não são exceções, outros lisos que se meteram a ganhar popularidade com segundas intenções.

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    1. Berlli,
      Você entendeu mal. Não tiro o mérito de nenhuma das duas conquistas (para os clubes, as mais importantes de suas histórias), mas defendo que foram produto muito mais de coincidências favoráveis do que de planejamento e investimentos de longo ou médio prazo. Garanto a você que o próprio Artur Tourinho, o mais vitorioso presidente da história do nosso futebol, concorda inteiramente comigo, pois já conversamos a respeito. Lamento que tenha olhado a coisa apenas pelo aspecto da visão de torcedor. Avalie bem o que ocorreu na Copa dos Campeões e verá que tenho razão. A estratégia viria depois, para a Libertadores, com a aquisição de bons jogadores e visão de longo curso.

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  5. Mas, aí Berlli, penso que há controvérsias em tudo isso, pois a mesma pessoa que trouxe essas glórias ao Paysandu, foi o mesmo que o levou ao fundo do poço, provando que seu planejamento estava errado, ou que nem existia. É como se, hoje o Paysandu antecipasse todas as cotas de patrocínio, fizesse um grande time, com Yarlei e companhia, ganhasse a série C, INVICTO e tudo mais. em 2010, sem dinheiro, voltaria para a série C e depois D, entenda, foi isso que aconteceu com o Tourinho e, esse não é o caminho certo, aqui pra nós. É isso que falo de alegrias passageiras. Pense bem, do ano que o Goiás subiu para a série A, o Paysandu já Ganhou a copa dos Campeões, Ganhou o Boca, Copa Norte, subiu pra A, desceu pra B, pra C, Quase foi pra D e, enquanto isso, o Goiás, continua na série A, fazendo grandes campanhas, com dinheiro em caixa, inclusive, para contratar Luxemburgo(que não aceitou), tirar Fernandão do Inter, …. . Planejamento é tudo. É assim que penso.

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  6. Berlli,
    O planejamento é elaborado justamente para determinar às ações (tudo deve ser seguido de acordo com o que está no escopo planejado). Gastar além de suas possibilidade não é sinônimo de Planejamento, ao contrário, é ir de encontro a esta necessidade.
    O Gerson foi feliz, nas suas observações colocadas no post acima. Mas, para Berrli a verdade é pimenta nos olhos!

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  7. E mais, meu caro Cláudio. Em relação á conquista da terceira divisão do Remo, este indiscutivelmente caiu do céu, mas se beneficiou de aonde até chegou e do comodismo do América-RN que almejava mais a ascensão a série B. O Novo Hamburgo se tivesse perspectiva de alcançar algo que o beneficiasse o Remo naquela ocasião nem empataria, esteja certo disso, porque apenas saiu de Belém para cumprir tabela. Agora um fato é notório, desde 2006 para aos dias atuais só temos a frente da direção dos nossos clubes dirigentes investidores em projetos pessoais, conselheiros omissos, comprometidos e covardes, que se reúnem para nada decidir e estamos. Nós torcedores, a debater a fragilidade e inoperância dos mesmos sem nenhuma solução, por não termos poder de decisão. Não que eu tenha me desencantado co o futebol local, mas ainda vamos penar por muito tempo.

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  8. Falconi! Só de faço uma pergunta. A máquina azul continua de vento em popa? Foi planejamento ou um caso fortuito? Até agora falta peça na praça, ou estou errado?

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  9. Cláudio. Fui bem claro. Disse que o investimento foi até onde foi possível. Não queira comparar nossa estrutura que nem existe, com a do Goiás, pois lá simplesmente há seriedade e prestação de contas, pelo que eu sei. Outro dia alguém citou que o Ceará, que já esteve em situação pior que a nossa, era exemplo para nossos dirigentes, por que será? É caso do acaso ou fluiu do nada? Sou como você um torcedor e quero a ascensão dos nossos clubes, quero assistir grandes jogos, não me contentar com Luverdense, Holanda e etc… mas a imprensa é a primeira que passa a rasteira e tira o brilho das nossas conquistas. Compara o ontem com o hoje é no mínimo estar em estado febril.

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  10. Bom, como última participação nesse assunto, não poderia deixar de parabenizar o Gerson, pela coluna de hoje, na minha opinião. O título então, foi arrasador. Parabéns.

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  11. Gerson, se você quis dizer que o discurso de planejamento adotado no futebol paraense é de araque concordo, mas se você quis dizer que o planejamento não é a solução para os problemas devo discordar. Quanto as conquistas estabelecidas pelo PSC também discordo, pois se não houve um planejamento para o clube, enquanto instituição, houve para o time que jajogava junto a aproximadamente dois anos, por isso era entrosado. O caso do Remo eu concordo, pois começou o campeonato com um time e terminou com outro.
    Abraço!

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    1. Lira,
      Ao expressar minha opinião de que o planejamento não existe e muitos falam a respeito sem nem ao menos compreenderem seu sentido quis, ao contrário, lamentar sua ausência na vida dos nossos clubes.

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  12. PLANEJAMENTO não é SINÔNIMO de GARANTIA.

    Devo lembrar aos ADORADORES de “BOIS” que nenhum PLANEJAMENTO é GARANTIDO, por mais que ele seja CAPRICHOSO.

    “O JUIZ NÃO VIU, SEGUE O JOGO”…

    … rsrsrs …

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    1. Devo RESSALTAR que o GUARANI/SP está prestes a SUBIR para a SÉRIE -A- do BRASILEIRÃO/2010 e nem por isso deixará de DISPUTAR a 2ª DIVISÃO do Campeonato PAULISTA.

      O PLANEJAMENTO DELES é de ARAQUE ???

      … rsrsrs …

      ADO ADO ADO, cada um no seu QUADRADO !!!

      … rsrsrs …

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      1. Pois é GERSON, e só de lembrar que esse GUARANI/SP poderia ser o nosso ÁGUIA MARABAENSE…. ( Snif… snif… snif… ).

        Por falar em ÁGUIA MARABAENSE, nunca mais tivemos NOTÍCIAS de lá, não é mesmo ???

        Ou temos ???

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