Armando Bracalli, ex-goleiro e atualmente trabalhando com gerenciamento de clubes, era o nome escolhido para assumir o departamento de futebol profissional do Remo. A indicação partiu do grupo denominado Cinturão de Aço, de Antonio Carlos Teixeira, Marcelo Carneiro, Sérgio Cabeça Braz, João Santos e César Castilho. Entre sugestão e efetivação, porém, a idéia acabou subitamente arquivada pelos dirigentes do clube.
Bracalli, que defendeu com brilho o Remo nos anos 80, participou diretamente do projeto que levou o Paulista de Jundiaí ao título da Copa do Brasil e a boas participações no Campeonato Paulista e na Série B. Respeitado pela torcida e pelos principais conselheiros remistas, tinha tudo para ser uma escolha unânime.
O objetivo da contratação era o de profissionalizar um setor vital para o resgate do prestígio do Remo nos gramados. O tempo foi passando e a diretoria se manteve em silêncio, ignorando a proposta sem ao menos dar uma resposta definitiva. Foi a primeira (e, pelo visto, última) iniciativa dos novos colaboradores. Depois de ser procurado e aceitar o convite, Bracalli chegou a sondar nomes para dirigir o time em 2010 e conversou com possíveis reforços.
Sérgio Guedes, Giba e Roberval Davino encabeçavam a lista de técnicos. Alguns jogadores também estavam agendados: o zagueiro Dema, campeão da Copa do Brasil com o Paulista; o meia-atacante Francisco Alex, atualmente no Sport (PE); o atacante Somália (Brasiliense) e os ex-azulinos Otacílio e Emerson (Vila Nova-GO).
Todos os contatos com o futuro gerente de futebol basearam-se no orçamento previsto para o próximo ano: R$ 300 mil mensais, valor revelado pelo vice-presidente, Orlando Frade, que fazia a ponte entre Amaro Klautau e os colaboradores. A parceria gorou, segundo os integrantes do Cinturão, porque a diretoria temia a participação de Sérgio Cabeça, apontado como pré-candidato à sucessão no clube.
“Topamos a parceria com a expectativa de ajudar o Remo num momento difícil, como já fizemos na Série C de 2005, atendendo ao presidente Rafael Levy. A idéia inicial era trazer pelo menos oito bons jogadores, formar uma espinha dorsal forte e garantir a conquista do campeonato estadual. Depois, reforçaríamos ainda mais o grupo para as competições nacionais”, resume à coluna um dos líderes do Cinturão, que se considera liberado da missão de auxiliar a atual diretoria.
Juras de amores feitas por jogadores de futebol são vistas com natural reserva pelo torcedor. A desconfiança é tão grande que já há uma rejeição àquele gesto do beijo no escudo, que os novos contratados costumam dar, para demonstrar afeição pela nova camisa. Por tudo isso, carece de confirmação a declaração de Ronaldo, dizendo que é corintiano para todo o sempre. O próprio histórico do Fenômeno, que costuma sair dos clubes sem ao menos se despedir, conspira contra a afirmação.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 21)