Quando o S. Raimundo levou uma goleada do Paissandu, nas finais do primeiro turno do Parazão, Valter Lima, então técnico do time, insinuou que seus jogadores teriam tomado um suco “batizado” nos vestiários do Mangueirão. Aqui neste espaço deplorei a atitude, questionando o motivo de os dirigentes do clube não terem denunciado o fato ainda no estádio, já que havia suspeita sobre o portador da bebida.
Da forma como o assunto foi exposto pelo técnico, passou a clara impressão de uma desculpa de (mau) perdedor, empanando a excelente campanha do time santareno na competição. Caso típico de declaração infeliz, que denuncia a crônica dificuldade em aceitar derrotas inesperadas.
Anteontem, depois do jogo no estádio Barbalhão e em meio aos festejos pelo acesso à Série C de 2010, vários jogadores e dirigentes do S. Raimundo incorreram em pecado completamente inverso, mas igualmente deplorável: o de não saber vencer com grandeza.
Ganhar não é ato isolado, desconectado do bom senso e da noção de realidade. Ganhar implica em responsabilidades, talvez maiores do que nos momentos de derrota. É importante, principalmente, respeitar os adversários, diretos ou indiretos.
Nas entrevistas, ao invés da louvação aos méritos do Pantera, o mote comum eram as críticas, ressentidas e debochadas, a Remo e Paissandu, as forças mais tradicionais do futebol paraense. Claro que é preciso levar em conta a euforia e o destempero próprios das comemorações, mas soa deselegante achincalhar clubes tão importantes na história do esporte na região. E mais que isso: são agremiações que mobilizam milhares de torcedores, merecedores de respeito e fair-play.
Cláudio Santos, um dos baluartes do espaço e técnico do Colúmbia (Val-de-Cans), chama atenção para o grau de incapacidade de alguns clubes “na hora de fazer um planejamento para o time de futebol, principalmente na composição da comissão técnica, que como já falei exaustivamente, é o ponto de partida para o sucesso de uma equipe”. E faz um comparativo das primeiras e últimas colocações na Série A, para atestar que os times bem sucedidos são os que souberam contratar seus comandantes.
Sobre os primeiros na classificação, diz o seguinte: 1º. Palmeiras (“trocou Luxemburgo por Muricy; ou seja, 10 por 10”); 2º. Goiás, “que há tempos tem o mesmo bom técnico, Hélio dos Anjos”; 3º. S. Paulo (“substituiu o experiente Muricy por outro do mesmo nível, Ricardo Gomes”); e 4º. Inter, “que manteve Tite e hoje é considerado um dos maiores clubes do Brasil”.
Quanto aos últimos da tabela, Cláudio observa que as escolhas erradas explicam boa parte de suas desditas. “O Santo André, que começou com Sérgio Soares, dispensou e depois trouxe de volta. Pode?. O Botafogo abriu mão de Ney Franco para trazer Estevam Soares, acostumado a times de médio porte. O Flu foi o que mais errou. Contratou Parreira, ultrapassado, e quando o demitiu optou por Renato Gaúcho. Pra mim, já está rebaixado”.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 29)