Estamos em guerra

Por Heraldo Campos, especial para o blog

“Em vez de sofrer cortes, como outros ministérios, recursos para as Forças Armadas subiram e chegaram a 8,32 bi; para a área de saúde, houve um aumento de apenas R$ 1,2 bi em relação ao projeto que foi enviado no ano passado”, noticiou o “Estadão” em 23/03/2021.

Bacana, isso, não?

O pessoal da linha de frente da saúde, que vive um estresse diário absurdo nos hospitais, como também alunos e professores sem acesso à internet, não chegam nem perto dessas contas.

Parece que “vamos muito bem, obrigado” nas áreas da saúde, da educação e do meio ambiente e que os servidores civis que trabalham nesses setores “supérfluos” da nossa “promissora sociedade” devem estar vivendo numa boa, com um bom estoque de “leite condensado” para suas necessidades básicas.

Diga-se de passagem, que não chegamos nessa situação, em que se privilegia a corporação do presidente da república, por acaso. A nossa “promissora sociedade”, que gosta e venera qualquer cidadão de farda para chamar de seu, votou no “mito” para colocar os militares num projeto de permanência de, pelo menos, uma geração no poder.  

Na minha modesta opinião, do setor militar, somente deveriam existir o pessoal do Corpo de Bombeiros e das Bandas de Músicas para se ouvir umas marchinhas de carnaval, uns chorinhos e os clássicos do Glenn Miller. Fora isso, com todo respeito, não vejo muita função para as outras categorias a não ser ficar assistindo, indignado, o aparelhamento do estado, como a ditadura que aí está funcionando a todo o vapor.

Para interromper esse processo insano, concordo plenamente com o Fernando Haddad, que perguntou faz pouco tempo, depois de saber o resultado de uma pesquisa de opinião: “Que tal uma eleição?”

No entanto, entendo que esperar a eleição de 2022 é muito tempo e não teremos saúde para aguentar o tranco, se esse não for mesmo o plano do governo de plantão. Por que não antecipar as eleições utilizando-se as vias legais do Tribunal Superior Eleitoral e do Congresso Nacional para isso?

A cassação da chapa militar eleita, a elaboração de regras e calendário, entre outros assuntos correlacionados, teriam que entrar logo em discussão nos poderes judiciário e legislativo, porque motivos existem de sobra para uma movimentação nesse sentido. Ou existe algum impedimento constitucional para que as eleições não possam ser antecipadas, se os trâmites legais forem respeitados?

Por exemplo, o trecho da “Nota da Defesa do Presidente Lula” de 23/03/2021, emitida logo após o final julgamento no Supremo Tribunal Federal sobre o caso da suspeição do juiz de Curitiba, aponta um bom motivo para antecipar as eleições: “Os danos causados a Lula são irreparáveis, envolveram uma prisão ilegal de 580 dias, e tiveram repercussão relevante inclusive no processo democrático do país.”

Aliás, o processo democrático do país, que vem sendo atropelado diariamente, nos faz lembrar um programa humorístico que passava na TV aberta, nos anos de chumbo da década de 70, que era o “Faça Humor, Não Faça Guerra”. Nesse programa tinham dois louquinhos, o Lelé e o Da Cuca, interpretados pelos humoristas Jô Soares e Renato Corte Real. 

No hospício que virou o Brasil hoje não temos mais esses dois personagens inventados e a loucura é bem real. Hoje são mais de 300 mil os mortos por causa do coronavírus. Assim, como o dia 31 de março se aproxima, data que os militares gostam tanto de lembrar, fica aqui uma sugestão comemorativa: por que eles não se cotizam, fretam um navio de cruzeiro com exclusividade, e partem para uma excursão rumo ao Pinatubo?

Se a tropa de militares comissionados no governo que embarcar nessa excursão pedagógica tiver um mínimo de paciência, quando chegar ao Pinatubo, quem sabe não terão o prazer de assistir uma manifestação geológica dele, como uma comprovação definitiva de que a Terra é realmente plana.

A viagem pode ser longa, mas vale a pena. E, por favor, levem o chefe junto.

*Heraldo Campos é Graduado em geologia (1976) pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas da Universidade Estadual Paulista – UNESP, Mestre em Geologia Geral e de Aplicação (1987) e Doutor em Ciências (1993) pelo Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo – USP. Pós-doutor (2000) pelo Departamento de Ingeniería del Terreno y Cartográfica, Universidad Politécnica de Cataluña – UPC e pós-doutorado (2010) pelo Departamento de Hidráulica e Saneamento, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo – USP.

Um ídolo não pode calar

POR GERSON NOGUEIRA

De saída? Atacante Nicolas, do Paysandu, confirma interesse do Sport

Fazia um bom tempo que o PSC não tinha um ídolo para chamar de seu. Nicolas chegou há dois anos e, aos poucos, com talento e persistência, ocupou o espaço vago. De cara, não parecia talhado para cair nas graças da Fiel torcida, mas foi evoluindo, marcando gols em profusão e logo se transformaria em xodó absoluto.

Junto com a inegável capacidade de fazer gols e a execução de múltiplas funções do meio para frente, Nicolas se estabeleceu como um jogador taticamente imprescindível. Pelo menos cinco técnicos passaram pelo clube nesse período e todos, indistintamente, basearam seus sistemas de jogo no potencial do atacante.

Foi um casamento perfeito ao longo dessas duas temporadas. Quando desembarcou em Belém, Nicolas não veio cercado de expectativa ou badalação – talvez por isso mesmo tenha dado certo. Havia atuado por clubes de pouco destaque e no Criciúma, seu último endereço antes do PSC, era um jogador de segundo tempo, entrando para reforçar o jogo pelos lados, sem maior brilho.

Não chegou com cartaz de goleador. Seu currículo não prenunciava o atacante que a torcida do Papão passou a admirar e os adversários a respeitar. Junte-se a suas diversas funcionalidades um irrepreensível comportamento como atleta. É o tipo do jogador adorado pelos técnicos. Cuida-se muito, raramente se lesiona ou desfalca o time por suspensões disciplinares.

Deve ter ficado ausente de três ou no máximo quatro partidas desde que chegou à Curuzu. Com essas credenciais, tornou-se naturalmente o astro do time, o que lhe garantiu um lugar de destaque no elenco e um contrato diferenciado. O ônus disso é a responsabilidade sempre alta em relação à instituição e à torcida.

A velha máxima de que o amor vem de braços dados com o ódio aplica-se ao atual momento de Nicolas no PSC. Assediado por vários clubes desde o ano passado, o jogador se mantém em silêncio a respeito das ofertas e se dedica com afinco ao trabalho, sem dar margem a críticas.

Depois do Sport, o Goiás se apresentou como interessado em contratá-lo. As conversas, mesmo negadas pela diretoria alviceleste, evoluíram a ponto de o clube goiano ter preparado um vídeo de apresentação do reforço. Teria também comprado passagem para o jogador ir a Goiânia. Tudo acabou desfeito, não sem queixas por parte do Goiás.

O episódio ainda nem havia saído das resenhas quando surgiu a informação de que o Vasco também tinha interesse no atacante. O PSC confirmou a oferta (R$ 600 mil, parcelados) sem demonstrar a intenção de aceitar. Aí veio o executivo Alexandre Pássaro e a história ganhou outro contorno.

Segundo Pássaro, o Vasco foi procurado por Nicolas e seu empresário. O jogador teria falado com o técnico Marcelo Cabo e dito que seu sonho era defender o clube de São Januário. Coincidentemente, depois da afirmação do executivo, o atacante passou a treinar em separado, o que soou como um pré-litígio.

As palavras de Pássaro reverberaram negativamente junto à torcida do Papão, que se manifestou nas redes sociais criticando pela primeira vez o comportamento do ídolo. Nicolas, por seu turno, fechou-se em copas. Um comportamento que só confunde e dificulta a compreensão. Pelo carinho que sempre recebeu, tem agora o dever de, pelo menos, esclarecer as coisas. Ainda há tempo.

Bola na Torre

Lino Machado apresenta o programa, a partir das 20h, excepcionalmente. Participações de Guilherme Guerreiro, Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião, via home office.

Em discussão, a Copa do Brasil e a expectativa pela retomada do Campeonato Estadual. A edição é de Lourdes Cézar.

Gedoz reina absoluto no setor de criação do Leão

Tem sido frequente o debate sobre a formação do meio-campo azulino a partir do retorno de Felipe Gedoz. Retorno triunfal, por sinal, com direito a gol decisivo no confronto com o Esportivo (RS) pela Copa do Brasil. Há quem acredite na possibilidade de Gedoz ter a companhia de outro meia, que seria Renan Oliveira.

Acontece que a formação usada por Paulo Bonamigo desde que chegou ao clube não faz crer em dois meias lado a lado. Renan ainda não estreou de verdade. Tem sido discretíssimo até aqui, fazendo um trabalho mais burocrático que criativo, apesar de inegáveis qualidades técnicas.

É mais provável que, para confrontos contra adversários mais qualificados, Gedoz seja o responsável pela criação, atuando à frente dos volantes Lucas Siqueira e Uchoa, outro que ainda está devendo uma estreia.

No Parazão, em jogos menos importantes, a torcida talvez tenha a oportunidade de ver a dupla Gedoz-Renan em ação. Mas, para o embate da segunda fase da Copa do Brasil, contra o CSA, é improvável que Bonamigo altere seu plano de jogo escalando os dois meias.

Lusa já contratou um substituto para Ramos

A Tuna emitiu sinais de que não espera mais pelo retorno de Eduardo Ramos, que havia pedido folga por tempo indeterminado para ficar ao lado da família. A contratação de um outro meia já é dada como certa pelos dirigentes cruzmaltinos, embora seja mantido sigilo quanto ao nome.

O nome do contratado não foi revelado, mas é um nome com potencial para compensar a perda do camisa 10. Como o campeonato ainda está em seu início, o encaixe desse reforço não deverá representar problema para o técnico Robson Melo. 

(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 28)

Saudades do Bevilácqua

Por Regina Alves, no Facebook

Ontem voltei um pouco ao passado numa live do Sinjor Pará . Hoje, a notícia da morte de Jaime Bevilácqua me levou à primeira redação, O Liberal da Santo Antônio, quando o prédio da Receita Federal não encobria a vista, o voo vespertino das andorinhas e o vento que entrava pelos janelões sempre abertos. Ainda não havia ar condicionado.

Eu e a querida Lucimar, a laboratorista já veterana, éramos as únicas naquele Clube do Bolinha. Eu era da turma do dia, mas às vezes entrava pela noite e aí encontrava com o Bevilácqua, que logo iria admirar como um dos melhores tituleiros que conheci.

Tinha um humor especial, era grande leitor, grande redator. Seus melhores títulos eram os impublicáveis. Não havia censura prévia, mas sabíamos o que podia acontecer: toda a redação de O Pasquim tinha sido presa no Rio. Tarso de Castro foi o último a sair. Bevi mandou um 3 X 1 1 para a primeira página: “Pessoal, soltaram o Tarso!”.

Todos adoramos. Inclusive o Eládio Malato, secretário de Redação, que, com seu sorriso de ídolo oriental, pediu outra versão. Bevilácqua não hesitou: “Pessoal, soltaram o Tarso …Mas prenderam o Malato!”.

Naquele tempo a gente tinha medo, ganhava pouco, mas ria muito.

Nota do blogueiro:

Primeiro, é uma honra transcrever aqui um texto de minha queridíssima Regina Alves, mentora, amiga, professora de Jornalismo, mestra que mora no meu coração.

Sobre o nosso querido Bevi, tenho a dizer que era daqueles jornalistas de um outro tempo. Preparadíssimo, politizado (por óbvio), culto, leitor voraz (sim, tínhamos jornalistas que apreciavam livros), bom papo, conhecedor de vinhos e de boa música. Editor top, mancheteiro diferenciado, Bevi era também estiloso no vestir. Lembro que na redação da quase moribunda Província, em 1997, Bevi chegava arrasando com blusas em gola rolê mostarda ou salmão homenageando gloriosamente os estudantes parisienses de 1968. Um tipo inesquecível, como dizia a revistinha Seleções. Reminiscências que afagam a alma já cheia de saudades.

Direto do Twitter

“Hoje nos EUA morreram 1211 pessoas de covid. População de 328 milhões de pessoas. O ‘Brasil acima de tudo’ matou 3.650 pessoas. População de 219 milhões. Somos o primeiro em mortes, com 3 vezes mais do que o segundo colocado e mais do que a soma do segundo ao sexto lugar”.

Fernando Horta, historiador e professor

O passado é uma parada

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Náutico anos 80. Em pé da direita para a esquerda: Mazaropi, Vilson Cavalo, Manguinha, Lourival, Newmar, Albéris e o massagista Valdir. Agachados: o paraense Heyder, Baiano, Mirandinha, Ademir Lobo e Zé Eduardo.

Com fim do lockdown, Re-Pa é confirmado para o domingo da Páscoa

Raio-X do Re-Pa: como Remo e Paysandu chegam à final do Campeonato Paraense  2020 | campeonato paraense | ge

O Campeonato Paraense está liberado para recomeçar a partir de terça-feira, 30. O lockdown na Grande Belém foi suspenso a partir da próxima semana. A decisão foi anunciada neste sábado pelo governador Helder Barbalho, com a concordância dos prefeitos dos municípios que integram a Região Metropolitana. A competição estava suspensa desde 15 de março, quando entrou em vigor o bandeiramento preto. A medida foi uma tentativa de conter o avanço da covid-19 nesta parte do Pará.  

Diante disso, os presidentes de Remo e PSC acertaram com a FPF a realização do clássico Re-Pa para o primeiro domingo de abril, 4, valendo pela quarta rodada do Parazão 2021. O confronto será realizado na Curuzu. A tabela dos demais jogos deve ser divulgada ainda hoje pela FPF.

Em função do lockdown, Remo, PSC e Tuna tiveram que sair da capital para manter a rotina de treinos. Enquanto a dupla Re-Pa foi para Castanhal, a Lusa escolheu Salinas como destino. Os clubes devem retornar a Belém a partir de segunda-feira, para retomar a rotina de treinos.