A um passo da grande final

POR GERSON NOGUEIRA

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Talvez nem a direção do Remo esteja se dando conta da real importância desta Copa Verde para o clube. Até agora a manifestação mais arrebatada, se é se que se pode afirmar isso, foi do técnico Paulo Bonamigo. Segundo ele, depois de perder o título da Série C, a conquista do torneio inter-regional virou uma obrigação.

Acontece que é bem mais que isso. Está em disputa uma competição que o Remo só conseguiu chegar uma vez à final, em 2015, com direito a traumático desfecho – perdeu de 5 a 1 para o Cuiabá depois de vencer em Belém por 4 a 0. Para ter chances reais de título, é preciso que o time acredite que isso é possível.

Ironicamente, o Remo poucas vezes entrou na competição tão pouco reforçado. E olha que o time só atuou com um time realmente forte em 2015, embora desfalcado do promissor Roni, que foi negociado pelo então presidente Pedro Minowa e deixou o clube antes da final.

As chances de êxito são razoáveis desta vez, mas, para isso, primeiro o Manaus terá que ser superado hoje à tarde, no estádio Jornalista Edgar Proença. Contra um adversário que se apresenta como franco-atirador, sem nada a perder, as dificuldades tendem a aumentar.

Na primeira partida, em Manaus, o Remo se atrapalhou em seus próprios erros. Permitiu a vantagem logo nos minutos iniciais, por uma lambança coletiva na marcação. Depois disso, o jogo foi se tornando um suplício para o time de Bonamigo, sem força reativa no ataque e sérias hesitações no meio-de-campo.

Foi preocupante a maneira como o time se confundia entre pressa e afobação, tornando-se presa fácil de contra-ataques do Manaus. A dificuldade de entendimento entre Lucas Siqueira e Pingo na marcação foi o ponto mais visível da dificuldade do time em se proteger.

Ao mesmo tempo, peças destacadas da última temporada, como Marlon, Wallace e Hélio, não renderam o esperado, o que diminuiu o poder de fogo ofensivo. Ressalte-se que o baixo rendimento do trio está diretamente associado à consequência do surto de covid (caso de Marlon) e a lesões recentes, situação de Hélio e Wallace.

O empate só veio depois de um esforço desmedido, mesmo contra um adversário que tinha um homem a menos, mas se protegia melhor quando atacado. Ao Remo faltou naquela tarde mais agressividade, principalmente no segundo tempo. Caso investisse em busca do gol certamente teria conseguido sem maiores atropelos.

O fato é que, para superar o Manaus, o Remo não pode repetir falhas do último sábado, como exagerar na troca exagerada de passes laterais, que não trazem consequência nenhuma. Será necessário tomar as rédeas do jogo, impor pressão e aproveitar as chances criadas.

Um outro aspecto que pode ter influído na partida de ida foi a falta de alternativas de substituição. Bonamigo levou sete suplentes, mas só recorreu uma vez – e mal – ao banco. Tirou Pingo e botou Dioguinho, de pífio desempenho no segundo tempo.

Jogadores promissores como Ronald, Warley, Pepê e David Lima, de boa técnica, estão pedindo passagem, mas o técnico, segundo suas próprias palavras, desconhece suas características.

Ocorre que, para passar pelo Manaus e chegar à final com possibilidades de vencer, Bonamigo não terá outra saída a não ser descobrir rapidamente o que a garota tem a apresentar. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)

Terá sido a última valsa de Messi no Camp Nou?

Foi surpreendente, não pela vitória, mas pelo resultado acachapante. Pelas oitavas de final da Champions League, o PSG visitou o Barcelona no Camp Nou na terça-feira (16) e meteu 4 a 1 no time de Lionel Messi. Mbappé fez três gols e voltou a ganhar respeito, depois de dois anos em baixa no continente. Neymar, lesionado, nem fez falta.

Mbappé quebrou também um tabu que durava 16 anos; com o hat-trick em cima do Barça, ele repetiu o uruguaio Diego Forlán, do Villarreal, último jogador a anotar três gols como visitante no Camp Nou, em 2005.

Por outro lado, de forma melancólica, o jogo pareceu o último de Messi pelo Barcelona no lendário gramado do Camp Nou. No time que Ronald Koeman vem montando, Messi parece cada vez mais desconfortável. Até tenta ajudar; e fez algumas partidas empolgantes do ponto de vista individual.

Mas, quando precisa de um time para chamar de seu, La Pulga fica a pé. Griezman, Dembelé e outros menos votados estão longe de compensar as perdas que o ataque do Barcelona sofreu nos últimos anos. A saída de Neymar foi o primeiro baque. Logo depois, Luizito Suarez pediu as contas.

Messi ficou sozinho e, ao que parece, este será seu último ano no clube catalão. Mostrou disposição para sair no ano passado, mas acabou forçado (pelas circunstâncias e multa contratual) a permanecer. Nada indica que, aos 34 anos, aceite ficar.

Claus vai apitar a “decisão”: perigo, perigo, perigo

A CBF definiu com larga antecedência a escolha do árbitro para o jogo de domingo, entre Flamengo e Internacional, que será praticamente a decisão do Campeonato Brasileiro. O eleito é Raphael Claus, velho conhecido da torcida rubro-negra, responsável por marcações simpáticas ao longo de seu tempo como árbitro do quadro principal da entidade.

Árbitro caseiro, cabelo carregado na gomalina, Claus na dúvida sempre pende para o mandante. Talvez a ausência de torcida ajude a atenuar essa característica. De toda sorte, a imprensa gaúcha e a torcida colorada já se mostram preocupadas, com várias manifestações nas redes sociais.

É bom que fiquem espertos e estejam em alerta. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 18)

Rock na madrugada – Iggy Pop & Josh Homme, “China Girl”

O passado é uma parada

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Paul Michael Glaser e David Soul como “Starsky & Hutch” (1975-79).

Menino do Brasil

Por Heraldo Campos (*)

É sabido que um povo doente, combalido, alimentado com informações tortas e maldosas, fácil de ser dominado, acaba sendo extremamente útil para determinados tipos de governos autoritários.

No meio dessa quarentena, que está longe para acabar, me veio na cabeça um pedaço da letra de uma música da Rita Lee que diz “Se a Debora Kerr que o Gregory Peck”. 

Como ficou somente esse fragmento da música na memória, recorri à Internet e encontrei a letra de “Flagra” da cantora, composta junto com Roberto de Carvalho no ano de 1982, e que a estrofe inteira diz o seguinte: “Se a Deborah Kerr que o Gregory Peck / Não vou bancar o santinho / Minha garota é Mae West / Eu sou o Sheik Valentino”. 

O pedaço, e depois a letra inteira dessa fantástica música, poderia remeter para diversos lugares e situações, mas num meandro abandonado da minha mente parou um nome: Gregory Peck.

Logo de cara me lembrei do filme “Os Canhões de Navarone”, que o Gregory Peck foi um dos protagonistas, e que assisti num cinema de bairro nos anos 60 na cidade de São Vicente, no litoral do Estado de São Paulo. Bons tempos aqueles, mas como estamos vivendo nesses dias de arrepiar o cabelo, me apareceram algumas imagens de um filme em que ele trabalhou, também, uns vinte anos depois dos “Canhões”, intitulado “Os Meninos do Brasil”.

Segundo a sinopse existente na Wikipédia, a enciclopédia livre, esse filme com o título original em inglês “The Boys from Brazil”, de 1978, “O caçador de nazistas Ezra Lieberman segue a pista de criminosos de guerra até a América do Sul, onde descobre e tenta impedir um plano diabólico do cientista do III Reich Josef Mengele, que tenta criar clones de Adolf Hitler”. Gregory Peck interpreta, nada mais, nada menos, nessa história apavorante, o diabólico médico nazista Josef Mengele.

Por outro lado, é sabido que um povo doente, combalido, alimentado com informações tortas e maldosas, fácil de ser dominado, acaba sendo extremamente útil para determinados tipos de governos autoritários. E também não é mais novidade para ninguém que o atual presidente tem o perfil de uma pessoa racista, homofóbica, psicopata, misógina, necrófila, entre outras péssimas qualidades, pois parece que quer aniquilar de vez o povo que habita essa parte do planeta chamado Brasil. 

Ou isso é um exagero?

Por exemplo, a sua fixação em querer armar a população para que ela resolva seus “próprios problemas” é de uma bestialidade tamanha e ele até já vem sendo qualificado como um anticristo por estudiosos no assunto, depois de seus dois antecessores, Napoleão e Hitler, de acordo com alguns escritos e profecias. 

Mas se da ficção para a realidade o passo pode ser curto, será que esse “cidadão” poderia ser um “menino do Brasil”, ou “um clone do Adolf”, como vimos na tela do tenebroso filme “Os Meninos do Brasil”, protagonizado pelo Gregory Peck?

Vai saber!

“Nem todos têm a capacidade e os meios de construir na medida do que gostariam. Mas todos, sem exceção, podem evitar os males dos realizadores sem escrúpulos, dos empreiteiros ambiciosos, dos que destroem tudo por onde passam no afã do lucro, numa política de cupidez e terra arrasada. Você pode não realizar seus sonhos mas deve fazer tudo para que outros não realizem seus pesadelos.” (Millôr Fernandes).

Para finalizar, uma última pergunta: será que estamos fazendo de fato “tudo para que outros não realizem” nossos pesadelos? 

(*) Graduado em geologia (1976) pelo Instituto de Geociências e Ciências Exatas (UNESP), mestre em Geologia Geral e de Aplicação (1987) e doutor em Ciências (1993) pela USP. Pós-doutor (2000) pela Universidad Politécnica de Cataluña – UPC e pós-doutorado (2010) pela Escola de Engenharia de São Carlos (USP)

A imagem do dia

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Sempre tem um negacionista para estragar a foto.

Técio Lins e Silva sobre Silveira: gordo nos músculos, atrofiado no cérebro

Daniel Silveira e Técio Lins e Silva

Um dos maiores advogados do país e considerado o “príncipe dos criminalistas”, Técio Lins e Silva disse à TV 247 nesta quarta-feira (17) que o Supremo Tribunal Federal (STF) tem razão em determinar e confirmar a prisão do deputado federal Daniel Silveira após o parlamentar ter divulgado um vídeo com ofensas e ameaças contra ministros do Supremo. O especialista criticou o linguajar do deputado, classificando-o como “um tosco, um grosso, uma coisa horrorosa, se achando acima de tudo. Não sei o que pensa esse moço. Ele engordou nos músculos, mas o cérebro parece que continua atrofiado”.

Lins e Silva pediu ainda a cassação do mandato do parlamentar pela própria Câmara dos Deputados. “Ele só faz atividade política para o mal, para falar mal. Fico muito triste em ter um representante nosso, do Rio de Janeiro, na Câmara dos Deputados com aquela linguagem tosca, desabrida. Isso não é um deputado. Duvido que o Conselho de Ética possa deixar esse moço com mandato. Tem que ser cassado pela própria Casa porque ele causa indignação a política e a todos nós, ao país, ao Brasil, a todos nós que acreditamos nas instituições, no Congresso, na Justiça. Fiquei absolutamente triste, em parte com tristeza e com nojo. O Supremo reagiu e não poderia deixar de reagir. É um sujeito que está na contramão de tudo, não só da lei. Vivemos tempos difíceis”.

Sobre a imunidade parlamentar, direito conferido aos deputados e utilizado pelos que defendem Silveira para pedir sua soltura, o advogado esclareceu que o benefício não serve para deixar com que crimes passem impunes. “A imunidade é para assegurar a liberdade no exercício do mandato, não é para acobertar o deputado da prática de crimes, daquilo que é anormal”.

Barragens transformam Amazônia em zona de sacrifício

Por Philip Martin Fearnside (*)

Maior floresta tropical do mundo, a Amazônia contempla também a maior bacia hidrográfica do planeta, cujo rio principal – o Amazonas – é alimentado por afluentes que ramificam em mais de 1.100 rios e formam um sistema de drenagem sem igual. Cerca de um quinto de toda a água que escorre da superfície da Terra acaba nele. No entanto, toda essa exuberância – responsável por fornecer importantes serviços ecossistêmicos para a humanidade – está ameaçada.

Como os fluxos de água podem gerar muita eletricidade, a bacia do rio Amazonas tem despertado, há muito tempo, o interesse de governos, especuladores e indústrias para a geração de energia hidrelétrica por meio de barragens. De acordo com um estudo publicado em 2019 pela revista Nature Communications, pelo menos 158 barragens, incluindo pequenas barragens, operavam ou estavam em construção na bacia amazônica, e outras 351 haviam sido propostas.

Um dos exemplos mais notáveis é o da barragem de Belo Monte, quarto maior projeto hidrelétrico do mundo. A obra foi responsável pelo bloqueio do rio Xingu, um importante afluente do Amazonas. Seu reservatório inundou 518 quilômetros quadrados, deslocou mais de 20 mil pessoas e causou danos extensos a um ecossistema de rio que contém mais de 500 espécies de peixes, muitos deles não encontrados em nenhum outro lugar e dos quais dependem populações indígenas locais. Para completar, o ciclo sazonal natural do rio Xingu inclui um longo período de baixa vazão que impede Belo Monte de usar muitas de suas caras turbinas durante grande parte do ano.

Outro caso é o projeto Barão do Rio Branco, plano de infraestrutura na região amazônica que prevê, entre outras obras, a construção de uma hidrelétrica de 2 mil a 3 mil megawatts no rio Trombetas, que flui por uma região isolada e rica em minerais. A barragem necessária para essa hidrelétrica poderá inundar terras quilombolas e ameaçar uma das maiores praias da Amazônia, usada para a reprodução de tartarugas.

Esses são dois exemplos de como a bacia amazônica tem sido explorada sem controle pelo governo brasileiro – e de como os limites legais são testados constantemente. Embora essa política tenha se iniciado antes do governo de Jair Bolsonaro, foi com o atual presidente que ela se tornou mais intensa e perigosa, em especial a partir do desmantelamento dos órgãos ambientais e sistemas de licenciamento para projetos de infraestrutura, reduzindo as proteções para a biodiversidade e para os povos tradicionais.

Quando ecossistemas fluviais são transformados em reservatórios, eles prejudicam a diversidade aquática. Barragens podem, por exemplo, bloquear as migrações anuais de peixes, como a do bagre gigante do rio Madeira. Depois que o Brasil construiu barragens no rio Madeira em 2011 e em 2013, a captura de peixes naquela que foi a segunda maior região para a pesca fluvial do mundo despencou no Brasil, Bolívia e Peru. Milhares de pessoas perderam seus meios de subsistência de pesca, e o declínio acentuado desta atividade também gerou tensões sociais que persistem até hoje na região.

As barragens também aprisionam sedimentos ricos em nutrientes, que sem elas seriam transportados pelo curso d’água. A perda de nutrientes prejudica a agricultura e afeta a cadeia alimentar da qual dependem os peixes rio abaixo, comprometendo a pesca ao longo de milhares de quilômetros de rios amazônicos. E não para por aí: como no fundo dos reservatórios quase não há oxigênio, o mercúrio que ocorre no solo, tanto naturalmente como com acréscimos pela atividade garimpeira, pode sofrer uma reação química e ser transformado em metilmercúrio – altamente venenoso. Altos níveis deste componente foram encontrados nos cabelos de pessoas que vivem no entorno da barragem de Tucuruí, no Pará, e de Balbina, no Amazonas.

É preciso ter consciência de que os rios de fluxo livre da Amazônia são a força vital de suas florestas e dos povos indígenas que dependem deles há séculos. Tratar a Amazônia como uma zona de sacrifício para a extração de recursos naturais é injusto e desnecessário. Os custos humanos e ambientais são demasiadamente altos.

*Philip Martin Fearnside é membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e membro da Academia Brasileira de Ciências

Daniel Silveira na PM: como licença médica mandrake garantiu o mandato de deputado

Por Sérgio Ramalho – The Intercept_Brasil

A imagem do anabolizado então candidato a deputado federal pelo PSL exibindo pedaços de uma placa em homenagem a Marielle Franco como troféu tirou do anonimato Daniel Lúcio da Silveira. Era quinta-feira, 4 de outubro de 2018, quando a foto ganhou as capas de jornais, sites e revistas. Naquela mesma data, uma outra publicação envolvendo Silveira não viralizou.

Trata-se do Boletim Interno da Polícia Militar nº 45, que trazia no alto da página 15 a exclusão do então soldado Silveira, com data retroativa a 14 de agosto. Chegava ao fim uma problemática carreira de cinco anos, nove meses e 17 dias na PM do Rio de Janeiro. O Intercept teve acesso, com exclusividade, ao histórico disciplinar do ex-policial. Ali está anotado que ele passou, ao todo, 80 dias preso no quartel entre os anos de 2013 e 2017.

A sequência de infrações resultou num processo administrativo disciplinar que Silveira tentou driblar empilhando licenças médicas e que, se tivesse sido levado a cabo, poderia resultar na sua inelegibilidade, de acordo com a Lei da Ficha limpa.

Em 2020, Silveira voltou ao noticiário: desta vez por estar na lista dos parlamentares  investigados no inquérito das fake news e do financiamento de atos contra instituições democráticas que tramita no Supremo Tribunal Federal.

O “mau comportamento” de Silveira já havia sido detalhado oito meses antes da destruição da placa da vereadora assassinada, nas páginas 15 e 16 do boletim nº 23 da PM do Rio. Segundo o relatado por seus superiores no texto, “os atos praticados pelo soldado revelam atitudes incompatíveis com a condição de policial militar”.

O “mau comportamento” de Silveira foi detalhado na pg 16 do boletim nº 23 da PM do Rio.

“Em virtude de numerosas transgressões disciplinares cometidas ao longo de 2013 e 2017, por atrasos e faltas aos serviços”, enumera o documento, além de 26 dias de prisão e 54 dias de detenção, “o soldado acumulou em seu histórico 60 sanções disciplinares, 14 repreensões e duas advertências”. Silveira, segundo consta no boletim, deixa “cristalina a sua inadequação ao serviço na Polícia Militar”.

Entre os motivos que levaram o deputado a ser detido tanto tempo estão mau comportamento, faltas, atrasos e, sobretudo, a gravação e postagem de vídeos ofensivos durante ações de patrulhamento. Foram esses mesmos vídeos que lhe deram popularidade e o incentivaram a mudar de carreira. Com 32 mil votos, ele ficou com a última das 12 cadeiras do PSL fluminense na Câmara Federal.

Apesar do currículo na corporação, Silveira só acabou excluído dos quadros da PM quando teve confirmado o registro de candidatura ao Congresso. A Constituição exige que militares com menos de dez anos de serviço sejam afastados caso decidam se candidatar a um cargo eletivo.

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A incompatibilidade entre o aspirante a soldado e as regras da PM já aparecia antes mesmo de seu ingresso na corporação. Silveira passou com louvor pelo teste físico, foi mediano nas provas teóricas e acabou reprovado no exame social por ter “passagem pela polícia”.

Parte fundamental no processo de seleção à polícia, a varredura no histórico do então candidato revelou um registro de prisão por suspeita de venda de anabolizantes em academias de Petrópolis, sua cidade natal, na Região Serrana do Rio. O ano era 2012, e o então candidato a PM recorreu à justiça para conseguir driblar as regras e, assim, ingressar na corporação.

Uma magistrada do juizado especial acolheu o argumento de presunção de inocência e garantiu a vaga a Silveira na corporação. Como ela não tinha atribuição para julgar o caso, que deveria tramitar em vara de Fazenda Pública, a Procuradoria do Estado recorreu, e, em meio ao vaivém no Judiciário, Daniel Silveira acabou integrado à tropa. Os procuradores não desistiram e recorreram ao Supremo Tribunal Federal, o STF, para tentar excluir o recruta.

A investigação da delegacia de Petrópolis foi arquivada, mas o processo para tentar impedir a permanência dele na corporação se arrastou no Supremo até 2014, quando o ministro Marco Aurélio de Mello devolveu a ação ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, onde ela acabou rejeitada e arquivada. E Silveira, com sua vaga na PM.

Bolsonaro busca inspiração no ditador Mussolini: “Só um povo armado é forte e livre”

A capa do jornal carioca “Correio da Manhã” circula pelas redes sociais por conta da semelhança entre a fala de Jair Bolsonaro sobre armar a população e a declaração de Benito Mussolini, líder do regime fascista italiano.

“Olha como é fácil impor uma ditadura no Brasil. Por isso eu quero que o povo se arme, a garantia de que não vai aparecer um filho da puta e impor uma ditadura aqui. A bosta de um decreto, algema e bota todo mundo dentro de casa. Se ele tivesse armado ia para rua. Se eu fosse ditador, eu desarmava como fizeram todos no passado”, afirmou Bolsonaro.

Mussolini era mais sucinto, mas falava a mesma coisa: “Só um povo armado é forte e livre”.