Saudades de mestre Audálio

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Por Eliane Brum

Audálio Dantas, um dos homens mais dignos deste país, morreu. E nós todos acordamos hoje mais pobres.
Audálio era inspiração e era amigo. Eu o chamava de “Monu”, uma contração de “Monumento”, porque ele era um monumento que andava, para o meu espanto, e às vezes batia um pratão num boteco mesmo depois dos 80. E sempre que eu o chamava assim, ele retrucava que as pombas cagavam nos monumentos, o que o fazia desconfiar desse título. Mas ele era um Monumento que andava. E como ele se movia pelos Brasis! 
Audálio Dantas nos ensinou a criar uma vida com sentidos, e nos ensinou a viver mesmo quando parecia impossível seguir. Audálio foi a pessoa mais viva que eu conheci. E morreu vivo. E agora vive em todas as pessoas que tiveram a sorte de serem tocadas por ele.
Muito obrigada, Audálio. Me faltará vida para lhe agradecer pelo tanto que deu a mim, a todos os seus amigos e familiares, e a este Brasil que você tanto amou, mesmo nas tantas vezes em que o país e seu povo não mereceram um homem do seu tamanho. Muito obrigada, Monu. Por tudo e por tanto.

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