
O goleiro Sven Ulreich, do Bayern, sentado no gramado após o jogo de ontem no estádio Santiago Bernabeu. Sozinho, abandonado em campo pelos colegas, ele foi o último a deixar o campo enquanto os espanhóis do Real Madri faziam a festa pela classificação à final. Autor de falha monumental, ao não conseguir cortar uma bola recuada, Ulreich deve estar balbuciando até agora: “Não consigo entender. Não sei o que aconteceu comigo. Não há explicação”. Coisas da vida de goleiro, a figura mais solitária do futebol.
Sei bem o que é isso!
Futebol é esporte de equipe? Menos para o goleiro!
Na juventude joguei sempre no gol, apaixonado por Gilmar, Castilho, Manga e mais tarde, por Félix (goleiro do Tri). Jogava direitinho nas peladas da rua de casa, depois no ginásio, mais tarde dos times de futebol de salão (não esse tal de futsal) no ginásio da UFPA.
Sempre ali na cozinha, no braseiro, “zoiand0” o jogo pelas costas dos colegas de equipe e nos olhos dos adversários.
Bastava um erro, umzinho só e… pimba! Lá se iam pro ralo os tapinhas nas costas, os elogios pelas defesas realizadas, muitas delas no sacrifício..
Larguei de vez as luvas (que inda guardo) num jogo muito disputado no ginásio da antiga Escola de Agronomia da Amazônia (EAA) depois FCAP e hoje UFRA, contra os donos da casa, quando num lance de tiro direto de fora da área fui tentar rebater o canhonaço com os punhos e o bólido atingiu-me em cheio o rosto e fez minha cabeça brigar com o poste (de ferro) da meta. Desacordado por minutos e levantado grogue, vi ali meu mundo cair de vez.
Já se vão 47 anos desde o infausto e lembro direitinho de tudo, inclusive do cheiro nauseabundo do amoníaco.
Ah.. nem a vitória no jogo arrefeceu minha decepção.
Bicho solitário o goleiro!
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