O meia Xuxa, que acaba de deixar a Ponte Preta, chegou a ser procurado pela diretoria do Paissandu, mas acabou fechando acordo com o Figueirense. A negociação não avançou porque o jogador passou a ser disputado por outros clubes e os valores dispararam. Pelo que informa a imprensa catarinense, Xuxa vai ganhar no Figueirense por R$ 60 mil mensais. O Papão segue em busca de outro camisa 10.
Mês: agosto 2017
Remo cede atletas ao Sport Belém

O Remo anunciou nesta sexta-feira a cessão por empréstimo ao Sport Belém de jogadores egressos de suas divisões de base. São o goleiro André Felipe, o volante Lucas Vítor, o zagueiro Luís Cláudio e os atacantes Edcléber e Sílvio. Todos já passaram pelo elenco profissional, mas não vinham sendo aproveitados na Série C. O Sport se prepara para disputar o torneio de acesso ao Parazão 2018, a partir de outubro.
Missão desafiadora

POR GERSON NOGUEIRA
O Papão tem hoje seu maior desafio neste segundo turno da Série B. Enfrentar o Internacional dentro de Porto Alegre é normalmente difícil para qualquer visitante, mas os problemas redobram de tamanho quando o Colorado atravessa boa fase técnica e aspira alcançar a liderança do campeonato – como se sabe, na partida desta noite, o time treinado por Guto Ferreira tem pela primeira vez a chance de chegar ao topo.
Além do poderio do Inter, que parece ter encontrado a formação ideal e aprendido a encarar as particularidades da competição, o Papão terá que lutar contra a empolgação da massa colorada, cada vez mais entusiasmada com o bom momento do time.
Em comparação com o jogo da última rodada, que resultou no empate diante do Paraná Clube, os bicolores terão mudanças no gol e no ataque. Emerson, titular da equipe, sai da equipe por contusão e Marcão será o goleiro no Beira-Rio. Em contrapartida, o artilheiro Bergson volta ao ataque.
A presença de seu principal atacante deve dar ao PSC a mobilidade ofensiva tão ausente contra os paranaenses. Bergson anotou seis gols na Série B e, acima de tudo, vem se destacando pela movimentação que imprime às manobras de ataque.
Nos últimos triunfos fora de casa, contra Santa Cruz e Oeste, o time se mostrou rápido nas saídas para o ataque e certeiro nas finalizações, em boa medida graças às intervenções de Bergson, cuja participação na tarefa de construir jogadas não pode ser minimizada.
Outro aspecto deve ser ressaltado quando o assunto envolve o artilheiro. É dos poucos jogadores da equipe que demonstra absoluto desembaraço para arriscar chutes de longa e média distância, sem qualquer receio de eventuais erros.
A menção a Bergson se impõe obrigatória por sua importância óbvia para as armações que o ataque bicolor elabora a cada jogo. Sem um meia de ofício (Rodrigo tem sido o jogador mais utilizado na função, embora sem dar as respostas esperadas), o time carece de rapidez e qualidade nas investidas rumo à área adversária.
Quando o goleador está em campo, garantindo agilidade nas jogadas e força ofensiva, o papel de um meia-armador chega a ser relativizado, embora não necessariamente esquecido. Marquinhos Santos certamente levou isso em conta ao esquematizar o Papão para o jogo, com Rodrigo próximo a Marcão e a Bergson.
Talvez fosse mais interessante e produtivo utilizar um atacante menos óbvio, como Magno, ao invés de um centroavante de características mais centralizadoras, como Marcão. De toda sorte, o técnico demonstra coerência em não abrir mão do sistema utilizado nas últimas rodadas, com três homens de marcação à frente da defesa e três avançados.
Pode dar certo, como no Recife e na Arena Barueri. Vai, logicamente, depender bastante da capacidade de concentração do time contra um adversário que há muito deixou de lado as hesitações exibidas no jogo do primeiro turno em Belém, quando acabou superado sem maiores dificuldades no Mangueirão. (Foto: FERNANDO TORRES/Ascom-PSC)
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Direto do blog
“Sou da época em que jogavam Remo e Paysandú, cada um no seu respectivo estádio, na mesma hora, como uma espécie de tira-teima, e também como atrativo para o torcedor que queria ver o seu time levar mais torcida. Sei que nunca vai ficar esclarecido, como no caso do homem do sapato branco que confessou ter comprado títulos para seu clube de coração, mas noticiava-se à boca pequena que endinheirados do Paysandú chegavam a comprar ingressos e distribuir a seus torcedores como forma de engordar o número de público. Pois bem, nem assim o time bicolor conseguia botar mais gente no estádio como o Remo.
Isso porque a torcida do Leão Azul é simplesmente maior. Além disso, o público do Remo que vai a estádio é também maior. Contra fatos não há argumentos.”
Antonio Valentim, a propósito de recente comparação de público nos estádios, favorável ao lado azulino
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“Só na adversidade mais braba é que a torcida do Papão dará resposta. Lembremos que a massa bicolor ganhou o apelido de ‘fiel’ na década de 1970, época em que o Remo surfava nas ondas da simpatia do regime militar e foi ‘nomeado’ o representante do Pará nas disputas nacionais, mesmo com a Tuna sendo campeã de 1970, e o Paysandu bi, em 1971 e 1972. Veio o século XXI e o Papão passou a ser hegemônico, com conquistas até então impensáveis pra realidade do nosso futebol e junto vieram os maiores públicos já registrados na história do Mangueirão.
Hoje essa hegemonia perdura, todavia, muito mais pela decadência do rival, daí a torcida bicolor demonstrar ter hoje o mesmo nível de exigência que tinha a massa azulina há tempos atrás, enquanto hoje os azulinos dormem, sonham e acordam pensando em superar o rival, esta a maior motivação da torcida remista ter comportamento semelhante aos torcedores do Papão daqueles tempos e vice versa”.
Jorge Paz Amorim, a respeito do mesmo levantamento sobre torcidas.
(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 25)
Rock na madrugada – Led Zeppelin, Misty Mountain Hop
Sem Emerson, Papão mantém esquema com 3 atacantes contra o Inter

Marcão; Lucas Taylor (Ayrton), Lombardi, Diego Ivo e Peri; Augusto Recife, Nando Carandina e Renato Augusto; Magno, Marcão e Bergson. Este é o provável time do Paissandu para enfrentar o Internacional, nesta sexta-feira, em Porto Alegre. Marquinhos Santos definiu a equipe nos últimos treinos e a única dúvida é na lateral-direita, onde o antigo titular Ayrton disputa lugar com o surpreendente Lucas, que atuou muito bem na partida contra o Oeste.
Apesar de encarar o vice-líder da competição, em grande momento no campeonato, o Papão vai manter o esquema com três atacantes, responsável pelas quatro vitórias fora de casa. Marquinhos preferiu não alterar o sistema de jogo.
Os desfalques são o goleiro Emerson, com lesão muscular que deve afastá-lo por quatro rodadas, e Gualberto, com problema na vista. No meio-campo, Diogo Oliveira também não foi relacionado. Recuperado de contusão, Bergson volta ao time. Para substituir Emerson, Marcão já está escalado e promete não decepcionar, reconhecendo o poderio do Inter no Beira-Rio. (Foto: FERNANDO TORRES/Ascom-PSC)
Democracia sem povo

POR ELIANE BRUM
Se discute muito 2018. Se Lula (PT) será candidato ou estará preso, se o político de Facebook João Doria (PSDB) vai dar o bote decisivo no padrinho Geraldo Alckmin(PSDB), se Jair Bolsonaro (PSC por enquanto) vai conseguir aumentar seu número de votos com o discurso de extrema-direita, se Marina Silva (Rede), a que não é mais novidade, conseguirá se recuperar. Como o PMDB e o DEM se articularão para continuar no poder. Mas discutimos menos do que deveríamos o que vivemos em 2017, neste exato momento. Agora. Neste momento em que um país inteiro foi transformado em refém. Não como metáfora, não como força de expressão. Refém é o nome do que somos.
Até então só as ditaduras, aquelas com tanques e com fuzis nas ruas, haviam conseguido isso. O que acontece no Brasil é mais insidioso. O Brasil inventou a democracia sem povo. Não aquela das retóricas ou dos textos acadêmicos, mas aquela que é. O povo, para aqueles que hoje detêm o poder no Brasil, não tem a menor importância. O povo é um nada.
Com 5% de aprovação, segundo o Ibope, a menor de um presidente desde a redemocratização do país, Michel Temer (PMDB) pode fazer – faz e fará – todas as maldades e concessões que precisar para continuar onde está. Sente-se livre para não precisar dar qualquer satisfação à população. Todo o seu cálculo é evitar ser arrancado do Planalto e em algum momento despachado para a cadeia pela aceitação pelo Congresso da próxima denúncia que virá, já que da primeira ele escapou. Havia uma conversa de conteúdo mais do que suspeito, fora da agenda, à noite, na residência do presidente, e uma mala de dinheiro nas mãos de um homem de confiança de Temer – e não foi suficiente. Por que não foi suficiente? Era mais do que suficiente. Mas a justiça não está em questão. E dizer isso é o óbvio ululante de Nelson Rodrigues, chega a ser constrangedor escrever algo tão óbvio.
A presidência do Brasil hoje está nas mãos de um homem que não tem nada a perder desagradando seus eleitores, porque sequer tem eleitores. E sabe que dificilmente recuperará qualquer capital eleitoral. Sua salvação está em outro lugar. Sua salvação está nas mãos daqueles que agrada distribuindo os recursos públicos que faltam para o que é essencial e tomando decisões que ferem profundamente o Brasil e afetarão a vida dos brasileiros por décadas.
Temer goza da liberdade desesperada – e perigosa – dos que já têm pouco a perder. O que ele tem a perder depende, neste momento, do Congresso e não da população. Assim como depende de as forças econômicas promotoras do impeachment continuarem achando que ele ainda pode fazer o serviço sujo de implantar rapidamente um projeto não eleito, um projeto que provavelmente nunca seria eleito, tarefa que ele tem desempenhado com aplicação. Então, o povo que se lixe. O povo saiu da equação.

O Congresso – ou pelo menos significativa parte dele – não teme mais perder eleitores. Nem mesmo considera importante simular qualquer probidade para seus eleitores. Esse nível já foi ultrapassado. A reputação dos políticos e do Congresso chegou a um nível tão baixo, que também resta pouco, quase nada, a perder. Esta poderia ser uma preocupação, a de como recuperar a imagem, nem que seja pensando nas próximas eleições. Mas o rumo tomado foi outro. A oportunidade de saquear a nação a favor dos grupos que os sustentam e de sua própria locupletação foi tão atrativa diante de um presidente que sangra por todos os poros que para que se preocupar com o povo? Que se lixe o povo. A hora é agora.
O Congresso busca agradar àqueles a quem realmente serve – e, claro, a si mesmo. Para não deixar pontas soltas onde interessa, os deputados cuidam também de aprovar o que chamam de “reforma política”, mas uma que torne mais difícil renovar a Câmara com quem não pertença à turma. É o caso do tal “Distritão”, considerado pela maioria dos analistas a pior alternativa possível. Entre seus defeitos, está o de tornar ainda pior o que já é bem ruim: a representatividade do parlamento. Mas os deputados sabem bem por que fazem o que fazem – e o que buscam ao fazê-lo.
A Bancada Ruralista é o exemplo mais bem acabado deste momento do Congresso. Grande fiadora da permanência de Temer na presidência, com 200 deputados e 24 senadores, a também chamada “bancada do boi” coleciona vitórias numa velocidade atordoante. Quando se fala em ruralistas é preciso compreender que não está se falando dos agricultores que botam comida na mesa da população nem do agronegócio moderno, capaz de entender que a preservação do meio ambiente é um ativo fundamental para o setor.
Quem está dando as cartas no Congresso (e no Governo) é o que há de mais arcaico no setor agropecuário, um tipo que evoluiu muito pouco desde a República Velha. Essa espécie não se pauta por melhorar a produção pelo avanço tecnológico e pela recuperação das terras e pastos degradados, mas pelo que lhe parece mais fácil: avançando sobre as terras públicas, incluindo terras indígenas e unidades de preservação ambiental. O coronelismo parece já ter se infiltrado no DNA, seja herdado ou imitado.
Para avançar sobre as terras públicas de usufruto dos povos indígenas, as mais preservadas do país, os ruralistas têm cometido todo o tipo de atrocidades. Desde a posse de Temer, a bancada do boi conseguiu suspender demarcações cujos processos já estavam concluídos e se esforça para aprovar algo totalmente inconstitucional: o “marco temporal”. Por esse instrumento, só teriam direito às suas terras os povos indígenas que estavam sobre elas em 1988, quando a Constituição foi promulgada. Para ficar mais fácil de entender, é mais ou menos o seguinte: você foi expulso da sua casa por pistoleiros ou por projetos do Estado. Era, portanto, fugir ou morrer. Mas você perde o direito de voltar para a sua casa porque não estava lá naquela data. Não é só estapafúrdio. É perverso. O marco temporal deverá voltar ao STF em algum momento, mas, para agradar aos amigos ruralistas, Temer já assinou um parecer tornando o marco temporal vinculante em toda a administração federal.
Na lista de mercadorias da fatura ruralista para a manutenção de Temer no poder já foram entregues ou podem ser em muito breve barbaridades de todo o tipo: o desmonte da Funai, hoje à míngua e nas mãos de um general; a regularização de terras griladas (roubadas do patrimônio público), legalizando a rapinagem, aumentando o desmatamento e os conflitos, especialmente na Amazônia; o parcelamento de dívidas de proprietários rurais com a previdência em até 176 vezes, com o mimo adicional da redução da alíquota de contribuição; a redução em curso da proteção de centenas de milhares de hectares de unidades de conservação; mudanças nas regras do licenciamento ambiental que, se aprovadas, na prática não só abrirão a porteira para os empreendimentos dos coronéis da bancada e seus financiadores, mas tornarão o licenciamento ambiental quase inexistente (vale lembrar que a lama da Samarco aconteceu com as regras atuais e o que querem é torná-las muito mais frouxas).
Não para por aí. Os ruralistas querem bem mais: querem até o fim deste ano conseguir a permissão da venda de terras para estrangeiros e também mudar as regras sobre os agrotóxicos, o que no Brasil já é uma farra com graves consequências para a saúde de trabalhadores e de toda a população, mas os coronéis acham que tá pouco. E o objetivo de sempre, sua bandeira mais querida: botar a mão nas terras públicas de usufruto dos índios com a abominação chamada PEC 215.
A eleição de 2018, esta que ainda é uma incógnita, está perto? Me parece que está muito longe. Enquanto ela não chega, os ruralistas estão transformando o país numa ação entre amigos. Estão fazendo, sem que ninguém os freie, algo muito, mas muito grave, que afetará gerações de brasileiros que ainda nem nasceram: estão mudando o mapa do Brasil. Quando 2018 chegar, já era. Porque já é.
Há muita vida até 2018. E muita gente morrendo pela democracia sem povo que aí está. A fome e a miséria aumentando, as chacinas no campo e na floresta aumentando, os moradores de rua multiplicando-se nas calçadas (e sendo atacados, quando não mortos), os faróis repletos de pessoas tentando desesperadamente sobreviver vendendo alguma coisa, e os direitos duramente conquistados por décadas sendo destruídos um a um. Qualquer um que viva a vida de quem trabalha para se sustentar sente no dia a dia que perde. E perde rapidamente. Perde objetivamente, perde subjetivamente. Os abusos de poder estão por toda parte. E a Polícia Militar assumiu sem disfarces a ideologia de defender os grupos no poder contra o povo violentado por estes grupos.
Parece que se vive como se “ok, por agora está tudo perdido mesmo, vamos tentar melhorar o xadrez para 2018”. Um xadrez que, pelo menos para a esquerda, não está fácil. E não está fácil nem mesmo para qualquer coisa que se possa chamar de uma direita de fato. Mas a vida acontece agora. E muito está acontecendo agora. Tudo o que se viverá até a eleição e a posse dos eleitos afeta e afetará de forma profunda e permanente a vida dos brasileiros.
Este momento não é um soluço no tempo. O ano de 2017 não pode ser um entretempos, porque não está sendo para quem tem o poder para saquear o Brasil e os direitos dos brasileiros. Para estes está sendo o melhor tempo. Poder usurpar de tal forma o poder e ainda chamar de democracia?
É um outro nível este a que o Brasil chegou depois do impeachment de Dilma Rousseff, este momento em que não é preciso mais sequer manter as aparências. Para o impeachment, havia multidões nas ruas. Pode se discordar da interpretação que estas pessoas faziam do momento do país, pode se suspeitar das reais intenções dos grupos que lideravam os protestos “anticorrupção” – hoje desmoralizados pelo silêncio diante das evidências muito mais eloquentes contra Michel Temer –, mas não se pode negar que havia milhões nas ruas. Havia aparência. Havia a aparência de que a voz de parte significativa da população estava sendo ouvida mesmo que as razões para o impeachment fossem claramente insuficientes para justificá-lo.
Hoje, a população sequer está nas ruas. E torna-se muito mais assustador quando aqueles que detêm o poder chegam à conclusão de que não precisam mais sequer convencer a população ou cortejar seus eleitores. Quando descobrem que não precisam sequer se dar ao trabalho. De que podem prescindir de fazer de conta. A tarefa que precisavam que a população desempenhasse era a de ir para as ruas pedir o impeachment de Dilma Rousseff. Milhões foram, vestidos de amarelo, sob a sombra do pato da Fiesp. E agora se tornaram dispensáveis. E a parcela da esquerda que ainda podia fazer um barulho nas ruas pelo impeachment de Temer parece ter também calculado que é melhor (para seu projeto eleitoral) deixar as coisas se esgarçarem ainda mais até 2018. Se houve algum barulho quando o Congresso decidiu rejeitar a denúncia contra Temer, ele foi sepultado por um silêncio de tumba.
Ter o país sob o comando de pessoas que distorcem e afirmam o contrário do que apontam os fatos é assustador. Mas alcançamos um outro tipo de perversão, aquela que dispensa até mesmo as aparências. Pessoas que sequer se preocupam em aparentarem fazer a coisa certa. Os encontros à noite, fora da agenda, entre Michel Temer agora até mesmo com a procuradora-geral que nem assumiu ainda, as confabulações de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal, com pessoas que poderá julgar, Aécio Neves autoconvertido no novo Eduardo Cunha. Enfim, nada mais eloquente do que uma mala de dinheiro ligada a um presidente que não é impedido de presidir.
Se Temer ainda no Planalto é a materialização do cinismo vigente no país, o candidato a substituí-lo em caso de afastamento, Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara e também investigado da Lava Jato, é a troca para nada mudar, já devidamente acertada com os reais donos do poder. Mas ainda assim era preciso que isso acontecesse, para que algum limite existisse. Como não aconteceu, descemos a esse estranho mundo sem referências em que cada um está dando um jeito de se mimetizar e sobreviver.
A crise da palavra, esta que está no coração deste momento histórico, segue produzindo fantasmagorias. Como a “pacificação do país” de Michel Temer, em que a paz é só para ele e os que o mantêm no poder. Ou o argumento mais furado que uma peneira de que é melhor não tirar Temer agora por conta da “estabilidade”. Estabilidade para quem? Quem são os que estão se sentindo estáveis? Você está?
No segundo mandato interrompido de Dilma Rousseff, a palavra mais obscena era “governabilidade”. Em nome da “governabilidade”, traições profundas foram cometidas. Hoje, a obscenidade que enche a boca de tantos e consome muita tinta nos jornais é “estabilidade”. Há também os tais “sinais da economia”. Se há algo que atravessa a história do país, com especial ênfase a partir da ditadura civil-militar, é a mística dos economistas, com seus jargões, fazendo que pareça evidência científica o que seguidamente está mais próximo da astrologia.
Certa casta de economistas um dia terá uma categorização própria na história. Olhando com a necessária distância, é bem curioso o poder que exerce, ao ocupar largos espaços na mídia para legitimar o ilegitimável. Delfim Netto é talvez o personagem mais fascinante. Signatário do AI-5 e ministro de vários governos da ditadura civil-militar, inclusive liderando a pasta da Fazenda nos tempos de Médici, os mais brutais do regime, conseguiu a façanha de hoje opinar na imprensa de todos os espectros ideológicos, da direita à esquerda. Tornou-se um guru, sem que isso produza um mínimo de estranhamento ou perguntas incômodas sobre o fato de ter compactuado com uma ditadura que sequestrou, torturou e matou milhares de brasileiros. Está aí, bem tranquilo, ditando o que está certo e errado no país. Dando receitas para o momento como se estivesse num programa de culinária.
Os gritos nas redes sociais (quase) não produzem movimento. Servem mais para ilusão de que se protesta e de que se age. Uma espécie de descarga de energia que se exaure na própria bolha e nada causa. Servem, sim, para camuflar a paralisia. Nem mesmo a vergonha que se produzia com a imprensa estrangeira chamando o Brasil de “república de bananas” provoca hoje qualquer efeito concreto. Temer causa vexame em cima de vexame no exterior e já não importa. Já não há vergonha. Há uma espécie de aceitação de destino, do pior destino. E há uma desistência. E talvez algo ainda pior, que é a corrosão de qualquer sentimento de pertencer a uma comunidade. O imperativo parece ser o de cuidar da própria vida enquanto der. Mesmo sentindo que há muito já não está dando.
Fica a dica: 2018 está longe, embora muitos digam que é logo ali. Sem contar que não há nenhuma garantia de que vai melhorar depois da eleição. Mas agora, neste momento, pessoas estão morrendo mais do que antes, passando fome mais do que antes, sendo expulsas de suas casas mais do que antes, perdendo seus direitos mais do que antes. Nas periferias urbanas e rurais, aqueles que matam estão matando mais, seguidamente com a farda do Estado. A floresta amazônica está sendo mais uma vez entregue ao que há de mais arcaico na história do Brasil e está sendo destruída de forma acelerada, comprometendo qualquer futuro possível. E você, isso que se convencionou chamar de “povo”, não importa para mais nada.
Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista. Autora dos livros de não ficção Coluna Prestes – o Avesso da Lenda, A Vida Que Ninguém vê, O Olho da Rua, A Menina Quebrada, Meus Desacontecimentos, e do romance Uma Duas. Site: desacontecimentos.com Email: elianebrum.coluna@gmail.com Twitter: @brumelianebrum/ Facebook: @brumelianebrum
Rock na madrugada – R.E.M., Man On the Moon
Japão acabou com ‘distritão’ porque era caro e ‘estimulou a corrupção’

POR EWERTON TOBACE, de Tóquio – BBC Brasil
Uma das mudanças mais polêmicas no texto da reforma política aprovada pela comissão da Câmara dos Deputados – e que começa a ser votada no plenário nesta terça-feira – é a mudança do sistema eleitoral para o “distritão”, um modelo que funcionou no Japão do pós-guerra até o começo dos anos 1990, mas foi extinto por causa do aumento dos gastos e pela inviabilização do debate político.
Caso a proposta passe no Congresso, serão eleitos apenas os deputados e vereadores com maior votação, daí o sistema ser considerado majoritário. Hoje, no chamado sistema proporcional, valem os votos recebidos pelo conjunto dos candidatos do partido e também pela legenda.
“Esse sistema (distritão) exige um maior investimento financeiro e é preciso ficar de olho, pois pode aumentar as chances de corrupção”, afirmou à BBC Brasil Tokuou Konishi, professor e pesquisador do Departamento de Ciências Políticas e Econômicas da Universidade Meiji em Tóquio, especializado em história e atualidade política do Japão.
Na sua avaliação, isso ocorre porque os candidatos passam a trabalhar com recursos limitados dentro dos partidos. “A competição interna pode fazer com que os candidatos busquem recursos extras para obter destaque em suas zonas eleitorais”, explicou.
Hoje, o distritão vigora atualmente apenas no Afeganistão, na Jordânia e em alguns pequenos países insulares e é criticado por especialistas e por parte da classe política. Muitos acreditam que o modelo traz problemas ainda maiores do que os do sistema proporcional atualmente adotado no Brasil.
No caso do Japão, Konishi contou que o sistema era usado para escolha de deputados e até funcionou bem no início, mas passou a gerar competição entre candidatos do mesmo partido, o que provocou controvérsias no debate político.
Sob o antigo sistema eleitoral, em uso desde 1947 e baseado no distritão, os membros da Câmara dos Deputados japonesa eram eleitos por meio de 129 distritos, que garantiam entre um e seis assentos cada.
O modelo acabou levando os partidos a adotarem estratégias, já que era necessário colocar vários candidatos na maioria dos distritos para ganhar lugares suficientes para obter uma maioria ou uma minoria significativa de assentos.
Para maximizar a representação, as legendas precisavam encontrar métodos para garantir que cada candidato tivesse o número mínimo de votos necessário para ser eleito – mas não era vantagem que um deles recebesse uma votação superior, o que poderia prejudicar os colegas.
Como forma de resolver o problema, o Partido Liberal-Democrata (PLD), do atual primeiro-ministro Shinzo Abe, que dominou o cenário político japonês por décadas, passou a oferecer “benefícios” para grupos em cada distrito eleitoral para eleger seus candidatos, dando início a um esquema de corrupção.
No início da década de 1990, a insatisfação da população resultou numa pressão para a reforma eleitoral. Atualmente, o sistema eleitoral japonês combina votação uninominal e representação proporcional. De um total de 480 deputados, 300 são eleitos com base em processo eleitoral em 300 distritos. As 180 cadeiras restantes são escolhidas pelo critério proporcional em 11 grandes zonas regionais.
Konishi aponta a falta de um debate político de interesse da população como uma característica ruim do sistema antigo. Afinal, os candidatos estavam mais preocupados com brigas internas que começavam bem antes das campanhas políticas. “Se os principais rivais são do mesmo partido, cada candidato precisava fazer uma vitrine pessoal sobre o que já havia conquistado de melhorias e serviços para a população. A competição dentro do mesmo partido tornou o gasto de campanha elevado, o que acabou inviabilizando o sistema”, detalhou.
Para o pesquisador japonês, o lado bom é que neste sistema não importava se um candidato popular tivesse muitos votos, pois o importante era se eleger, independente de ser o primeiro ou o quinto lugar.
“Diferente do que se pensa, existia ainda a possibilidade de eleger um candidato também com menos votos. No geral, uma média de 13% dos votos era suficiente para garantir uma vaga”. Konishi desconversa quando perguntado se o sistema pode dar certo em um país como o Brasil.
“Isso depende da cultura, história, situação política do país”, disse, para depois lembrar que o distritão tem pontos positivos e negativos. “O mais importante é que os dois lados sejam analisados amplamente antes de se tomar uma decisão.”
A Câmara brasileira realizou nesta terça-feira a primeira votação do texto-base da proposta de emenda à Constituição (PEC) 77/2003, que altera o sistema eleitoral e o financiamento das campanhas. Por falta de quórum, a sessão foi adiada.
De acordo com a proposta atual, o distritão seria aplicado nas eleições de 2018 e 2022. Nas seguintes, o pleito para deputados adotaria o sistema distrital misto, no qual metade das vagas seria preenchida pelos candidatos mais votados nos distritos e a outra, conforme lista pré-estabelecida pelos partidos.
Por se tratar de uma PEC, serão necessários pelo menos 308 votos para aprovar o texto-base, o equivalente a 3/5 dos 513 deputados. Caso aprovada em dois turnos, a proposta segue para o Senado, onde também há necessidade de aprovação em dois turnos.
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Remo, na Série C, tem mais público e o dobro de renda do Paysandu, na Série B

DO SR. GOOOL
A torcida do Paysandu irá esperar o time entrar na zona de rebaixamento da Série B do Campeonato Brasileiro ou descer até a Série C para marcar presença nas arquibancadas? O Papão, mesmo estando uma divisão acima do Remo, tem média de público inferior a do rival, assim como arrecadação menor. A renda líquida do Leão, aliás, é duas vezes maior do que a apresentada pelo Bicolor, segundo levantamento do Sr. Goool. (Clique na imagem abaixo e confira o ranking agrupado das Séries B e C!)
E não pense que o Remo faz uma campanha exemplar na Série C. Pelo contrário. O Leão já passou por altos e baixos e, no momento, está no limite da zona de classificação. Ainda assim, a torcida tem feito sua parte. O Remo lidera a média de público do terceiro escalão nacional com 9.773 pagantes. Tal marca deixa o clube de Belém no 18º lugar no ranking agrupado com participantes das Séries A, B, C e D.
O Paysandu, por sua vez, aparece apenas na 26ª posição com média de 5.748 espectadores. No ranking da Série B o Bicolor ocupa a 3ª colocação. Sem tantos torcedores nas arquibancadas, o Paysandu deixa de arrecadar. Em 11 partidas como mandante, o Papão amealhou R$ 523.816,00. O Remo, em oito jogos ao lado da torcida, já abocanhou R$ 1.082.555,45 – valor duas vezes superior ao apresentado pelo rival bicolor.
O Remo tem como sua maior renda líquida o duelo ante o Confiança (R$ 296.398,22), enquanto o jogo contra o Botafogo recebeu o maior número de pagantes (18.124). Já o Paysandu, nem mesmo com a presença do Internacional, conseguiu fazer receita. O duelo contra o Colorado garantiu a melhor renda ao Papão que embolsou apenas R$ 150.657,91. Enquanto isso, a partida contra o Paraná garantiu o maior público (11.784).
Em campo, o Papão ocupa o 14º lugar com 27 pontos, quatro a mais do que a zona de rebaixamento. O Remo, por sua vez, está na 4ª colocação do Grupo A com 21 pontos, um a mais do que o primeiro rival fora da zona de classificação. O Leão voltará a campo no sábado, às 17h15, para encarar o Moto Club no Estádio do Castelão, em São Luís, pela 16ª rodada da Série C. Já o Paysandu enfrentará o Inter na sexta-feira, às 21h30, no Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre, pela 22ª rodada da Série B.
“Bofetada” na cartolagem
Uma foto aumentou ainda mais a crise vivida pelo Barcelona. Neymar voou de Paris até a Espanha e reuniu o trio MSN mais uma vez, posando para foto na casa de Lionel Messi e também ao lado de Luis Suárez.
A postagem de Lionel ainda tinha uma brincadeira com Piqué, com os dizeres “Volvió” (“voltou”) e o nome do zagueiro marcado – em referência ao “Se queda” (“fica”) postado por Piqué em meio as negociações com o PSG.
O próprio Piqué, assim como Douglas e Rakitic, também estava no reencontro, além de Daniel Alves, ‘representando’ o PSG.
Poderia ser um reencontro qualquer, mas muitos garantem que não é. Ainda mais pelo dia em que ele aconteceu, horas depois de o Barcelona anunciar que entraria na Justiça contra Neymar. Como diz o jornal catalão Sport, “é uma bofetada em toda a junta diretiva do Barcelona”.
Uma coisa é clara no vestiário catalão: ninguém gostou da forma como o clube tratou a saída de Neymar. E o brasileiro, mesmo forçando a ida ao PSG, não saiu ‘queimado’. E a situação ficou ainda pior quando o clube decidiu processar o jogador.
Tanto é que, além dos presentes, metade do elenco do Barcelona já ‘curtiu’ a foto postada pelo trio. Nomes como Sergi Roberto, Rakitic, Denis Suárez, Cillessen, Mascherano e Aleñá apareceram entre os ‘likes’.
Nos últimos dias, surgiram até rumores de que Lionel Messi estaria descontente com a diretoria catalã, o que fez aparecer também um suposto interesse do Manchester City em pagar a multa rescisória para tirar o argentino da Espanha.
Vale ressaltar que, durante a manhã brasileira, o Barcelona emitiu um comunicado oficial em que cobra que Neymar devolva o dinheiro de luvas recebidos referente à renovação de contrato assinada em 2016, depois da transferência para o PSG. O clube também quer receber uma multa e juros.
Segundo a equipe catalã, a demanda foi enviada à Federação Espanhola de Futebol no último dia 11 de agosto para ser repassada à Federação Francesa e também à Fifa.
Neymar tinha direito a receber, até o último dia 31 de julho, ainda antes de oficializar sua ida ao PSG, 26 milhões de euros (R$ 96 milhões) como luvas da assinatura do contrato que renovava seu vínculo até 2021. O Barcelona realizou o depósito do valor, mas em juízo.
Além da quantia, o Barcelona também cobra, segundo seu comunicado, 8,5 milhões de euros (pouco mais de R$ 31 milhões) como multa por “danos e prejuízos” e mais 10% em relação a esse valor em juros (850 mil euros ou R$ 3,1 milhões aproximadamente na cotação atual). (Da ESPN)