
POR GERSON NOGUEIRA
Diante do alvorecer de uma crise decorrente dos maus resultados em casa, a diretoria do Papão tratou de reformular seus planos para o restante do Brasileiro da Série B. A princípio, havia a perspectiva de mudanças na equipe responsável pelo futebol, mas as reuniões que aconteceram nos dias seguintes à derrota para o Figueirense acabaram servindo para organizar as prioridades. Nesse sentido, ficou claro que não seria possível partir para uma reformulação – mesmo parcial – do elenco sem a presença do executivo de futebol.
Como o trabalho de Marquinhos Santos no comando técnico é avaliado como bom, diante das circunstâncias e contando com o fator atenuante de que não montou o elenco, os esforços passam a se concentrar na melhoria de qualidade do grupo.
Por essa razão, o clube vai se empenhar em buscar jogadores para os setores mais críticos do time. É óbvia a necessidade de mais um zagueiro de área, laterais para os dois lados, um atacante e o tão desejado e esperado camisa 10.
A curta temporada de caça aos reforços já começou. Está na fase de prospecção de nomes, mas não será concretizada enquanto não forem desligados alguns jogadores. O mau rendimento de alguns atletas fez com que a comissão técnica e a diretoria optassem por liberações, que podem ser definitivas ou por empréstimo – no caso de jogadores cujos direitos pertencem ao clube.
A montanha-russa vivida pelo Papão no campeonato não pode ser atribuída exclusivamente a jogadores em má fase. Existem outros fatores que contribuem para o atual estado de coisas, mas há a percepção quase unânime de que a política de contratações para a Série B está na origem da maioria dos problemas.
No ano passado, o começo foi até mais assustador, levando a mudanças drásticas e contratações de emergência. No segundo turno, porém, um grande acerto resultou em bálsamo para quase todas as mazelas do time. A vinda de Tiago Luiz, meia-atacante de boas passagens por Santos e América-MG, deu um jeito no caótico setor de criação e ainda adicionou potencial ofensivo. Um quase milagre.
Foi graças ao camisa 10 que o Papão afastou os riscos de rebaixamento, acalmando-se na competição, embora sem maior brilho. É o exemplo de Tiago Luiz que baliza as análises deste momento. Tudo começa pela arrumação da meia-cancha, afinal toda a engrenagem depende de qualidade na transição e criatividade nas jogadas que originam os ataques.
O grande xis do problema é: como encontrar um novo Tiago Luiz, a essa altura do pagode¿ Nas séries A e B não há armador com as mesmas características em disponibilidade. Restam as opções da Série C, onde alguns atletas demonstram um nível até superior a muitos que desfilam na Segunda Divisão.
Recentemente, por exemplo, enfrentaram o Remo em Belém os meias Doda (ASA) e Tito (Confiança), além dos atacantes Leandro Kível (ASA) e Elias (Cuiabá). Arrisco dizer que o quarteto citado está alguns degraus acima de similares que o Papão tem hoje.
Resta, portanto, ter olhos perspicazes para descobrir as peças certas, grana para desembolsar e contar sempre com o fator sorte, pois o futebol vive a ensinar que não é uma ciência exata. Atletas que se destacam num time nem sempre representam garantia plena de êxito em outra agremiação.
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Direto do Twitter
“Colo Colo, Olímpia, Estudiantes de La Plata, Atlético Nacional e Nacional do Uruguai… Campeão? O Botafogo traça. Próximo agora é o Grêmio”.
Cláudio Arreguy, jornalista mineiro
“É preciso registrar mais uma vez que o craque da Libertadores-2017 foi esquecido por Tite e ninguém falou nada. #chapapimpão”.
André Rizek, jornalista – SporTV
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Convocação de Tite volta a gerar questionamentos
Baixa um certo clima de desconforto quando Edu Gaspar, o executivo da Seleção, anuncia os nomes de Alisson, Fagner, Rodrigo Caio, Giuliano e Taison. São jogadores que Tite insiste em prestigiar, mas cuja qualidade é questionada abertamente.
Óbvio que os técnicos têm aqueles jogadores de sua cota de confiança. Apostam nos caras e enxergam virtudes impossíveis de serem notadas a olho nu. Mestre Telê adorava Elzo. Parreira era fã de Viola. Dunga levou Josué e Felipão curtia Hulk, e por aí vai.
Por ora, a teimosia de Tite não tem resultado em nenhum dano à sua imagem como comandante do escrete. Invicto, com a Seleção liderando as Eliminatórias e o ranking da Fifa, tem licença até para errar. Duvido que a situação continue amena se os ventos da bonança pararem de soprar.
(Coluna publicada no Bola desta sexta-feira, 11)
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