Lula e Mandela

POR ALDRIN MOURA DE FIGUEIREDO (*) – transcrito do Facebook

Essa tentativa de destruir lideranças políticas é antiga. O que tá acontecendo com Lula foi tentado nos quatro cantos do mundo, aqui e alhures, e em várias épocas. Impedi-lo de ser candidato em 2018 será a maior burrada, pois sempre haverá quem questione a legitimidade de uma eleição em que Lula seja impedido de ser candidato (especialmente num processo como este que até a Folha de São Paulo considera frágil e sem provas cabais). Impedido ou preso, Lula, sem nenhuma dúvida a maior referência internacional da esquerda no Brasil, poderá se transformar num Mandela, goste você dele ou não. E esse clima de divisão e hostilidade no país se arrastará por décadas! A imprensa internacional toda está descrente do processo que corre no Brasil. Até mesmo a imprensa nacional não sabe o que fazer pois seus antigos heróis estão na lama. Aguardemos as instâncias superiores da justiça brasileira.

O caso Moro-Lula, me fez lembrar de um episódio da história do Pará, quando nas guerras de independência, na década de 1820, o líder ativista cônego João Gonçalves Batista Campos (considerado por muitos como o mentor intelectual da cabanagem), foi posto na boca de um canhão, no Largo do Palácio dos Governadores do Pará, por ordem do enviado da Corte John Pascoe Grenfell, no dia 17 de outubro de 1823.

Batista Campos era famosíssimo no Pará, e até fora daqui, foi vice-presidente do Conselho do Governo da Província e fez parte da Junta Provisória do Governo, de agosto de 1823 a abril de 1824. Digamos, era amado e odiado no mesmo grau. Vendo aquela situação, o velho bispo do Pará, D. Romualdo de Sousa Coelho, que conhecia as ramificações do poder como poucos, chegou até o inglês e disse algo mais ou menos assim: A ralé, os escravos, os comuns, o povo, essa gente tá vendo esse homem ser colocado na boca do canhão.

Traduzindo: ou dê um julgamento justo a este homem ou uma hora dessas quem vai pra boca do canhão será o senhor. E assim, o padre foi retirado da boca do canhão, morrendo 11 anos depois de causa nada política. Quando a justiça é partidária, acabou a justiça.

PS. O bispo não tinha nenhuma simpatia por Batista Campos, mas de tanto ler tratados de direito romano e canônico, entendia bastante de justiça. A história não se repete, nem ensina, mas permite analogias e bons anacronismos. É muito cedo pra dizer que o povão está apático. Ano que vem, esperemos, teremos eleições. Esperemos, democráticas. Esperemos, com todas as forças políticas participando. Enquanto isso, todas as misérias políticas estão sendo vistas, ao vivo e on-line. O lado bom é que estamos vendo tudo, praticamente tudo.

(*) Professor da UFPA, doutor e mestre em História e História Social

Retrospectiva

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POR DANIEL MALCHER, no Facebook

Em 2013, participei de duas passeatas das chamadas “Jornadas de Junho” na condição de “observador participante”, contudo sem o brilhantismo de Bronislaw Malinowisk ou de Clifford Geertz, é claro. Hoje vejo como certeza o que era mera especulação ante o caráter difuso das pautas e motivações das passeatas: foi uma campanha coordenada de desestabilização política. As eleições foram um interlúdio e a campanha continuou logo após a apuração das urnas que desembocaram no golpe. Quando blackblocs e o MPL (por onde anda, afinal?) davam a tônica nas manifestações a cobertura do mainstream midiático era uma. Quando pularam fora e a direita e a extrema-direita sequestraram as passeatas com o mantra a-político (nada mais fascista do que este discurso) do “combate à corrupção” e da proibição de bandeiras de organizações políticas sob o lema “sem partido” a grande imprensa passou a ver as passeatas com bons olhos.

Os mesmos que “atiravam na classe política” em 2013 via de regra fecharam com Aécio em 2014, dividindo o eleitorado, quase mezzo a mezzo. A ira pela derrota, pois a vitória era dada como certa (surgiu então a teoria paranoica das “urnas fraudadas”), foi tão grande que descaradamente desancaram o Nordeste (reduto vermelho), quando decisivos foram os votos de MG e SP. Abertamente o criminoso derrotado no pleito falava em “paralisar o governo”, sem nenhum pudor. O ataque a céu aberto se revelou. A campanha de ódio “contra a classe política” que atirava só num espectro dessa classe (o PT e a esquerda) se intensificou desde então. Deu no que deu.

Um ex-lateral é o homem por trás da ‘revolução’ do PSG

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Em sua pré-temporada nos Estados Unidos, uma pergunta ‘marcava’ os assessores do Paris Saint-Germain: a nomenclatura que Maxwell, recém-aposentado, receberia em seu novo cargo fora de campo. Ex-lateral esquerdo, o brasileiro fez a sua primeira aparição pública como um personagem dos bastidores do PSG em 15 de julho. Ele já havia sido flagrado no Camp des Loges, centro de treinamento do clube, ainda no início daquele mês. Somente no dia 23, no entanto, a dúvida dos repórteres foi, enfim, saciada em Miami: o novo coordenador esportivo dos parisienses estava apresentado.

A preocupação tinha motivo de ser. A função não chega a ser nova. Claude Makélélé ocupou antes e, mais recentemente, Zoumana Camara também a desempenhou. Nenhum deles teve, no entanto, o impacto que Maxwell está protagonizando ao lado do novo diretor Antero Henrique e do presidente Nasser Al-Khelaïfi.

Na tarde da última quarta-feira, foi o ex-camisa 6 o responsável por desembarcar no Porto ao lado do médico Eric Rolland para acompanhar os exames de Neymar, novo reforço do PSG e também o mais caro da história, com o pagamento da multa rescisória de 222 milhões de euros (R$ 821 milhões) ao Barcelona. Chelsea, City e Manchester United mostraram interesse pelo craque de 25 anos ao longo das últimas semanas, mas o ex-cruzeirense deixou tudo alinhado.

A sua ida para Portugal realça a importância de seu papel internamente.

Mas não fica nisso.

Conforme apurado pelo ESPN.com.br, ele foi figura importante na contratação de Daniel Alves, ‘desenhando’ dossiê sobre o ex-companheiro de seleção e fazendo o lobby para que deixasse o City de lado e frustrasse Pep Guardiola.

Além disso, como personagem que sempre transitou bem não apenas entre seus compatriotas, mas também com os estrangeiros – especialmente os italianos -, fez o trabalho para convencer Marco Verratti a seguir no Parque dos Princípes. Segundo avaliação, o volante estava ‘envenenado’ por seu então empresário.

Em seguida, coincidência ou não, ele o trocou pelo superagente Mino Raiola, que cuidou de Maxwell durante toda a sua carreira. “Ele é a pessoa perfeita para fazer essa ligação entre os jogadores e a direção. Na última temporada, (o técnico) Unai Emery nem sempre conseguiu se fazer compreendido no vestiário. Com Maxwell nesse papel de intermediação, terá um ambiente mais a seus pés”, analisa o repórter Cyril Olivès-Berthet, do jornal L’Equipe, à reportagem.

“A sua presença foi decisiva para a vinda de Daniel Alves. Essa contratação foi ‘a sua contratação’, se assim podemos dizer. E será o mesmo com Neymar porque a chegada de Dani foi uma de suas condições. É um trabalho incrível”, prossegue.

A pessoas próximas, o adeus de Maxwell dos gramados com 35 títulos conquistados ao fim da última temporada e a sua rápida transição para os bastidores não surpreendeu.

Com quatro filhos, ‘pacto’ com a sua família e animado com a nova função, amadureceu a ideia ao longo do primeiro semestre. E ele tem a consciência de, mesmo com o sucesso repentino, estar começando por baixo. A qualquer pessoa que o chama de diretor, se apressa a corrigi-la com a nomenclatura correta de seu novo cargo.

Não deverá mudar ao aterrissar em Paris com Neymar na bagagem e uma contratação que fará o PSG definitivamente mudar de patamar. (Da ESPN)

Vivo, fraco, mas perigoso

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POR FERNANDO BRITO, no Tijolaço

A consequência imediata da “vitória” de Michel Temer na Câmara dos Deputados é a volta da tramitação da reforma da Previdência, anunciam hoje os jornais.

É verdade que, numericamente, houve um aparente encolhimento da “carteira de parlamentares” que Michel Temer dispõe para isso, com 263 votos, 45 a menos que os 308 necessários à aprovação de reformas constitucionais.

Mas é conveniente lembrar que parte dos parlamentares da base governistas que deram votos contrários está, agora, num “mato sem cachorro”.

O PSDB, transformado em um Zumbi, tem o poder da Aécio Neves cada vez mais agressivo na manutenção do poder partidário. Alckmin, que tinha tudo em suas mãos há  um mês e meio atrás, que abra o olho. A imagem pública do partido, já baqueada por todos os escândalos, ganhou ontem, com a transmissão da votação, o rótulo do “Fica, Temer” dado pelo fato de ser de um tucano o relatório-muleta em que os pró-Temer se apoiavam.

Temer, como Sarney, não é exatamente o PMDB, mas uma massa amorfa de conveniências de parlamentares e seu partido é este “centrão”,  que prefere a sua parte em dinheiro, favores, cargos, emendas, mal disfarçada em um discurso inacreditável de que “o país está entrando nos eixos”.

Este é o provável caminho a ser seguido por Temer nos próximos dias, até como blindagem para a provável segunda denúncia a ser apresentada por Rodrigo Janot, com Henrique Meirelles posto a brandir o “rombo” ameaçador nas contas públicas.

Temer, o vencedor combalido, segue vivo. E, por isso, perigoso, porque o preço da sua presidência é, como sempre foi, o papel de degolar os direitos do povo brasileiro.

O outro vencedor de ontem, paradoxalmente, foi Lula.

Como fazer a população compreender que Temer possa ser inocentado previamente, mesmo diante de malas de dinheiro e ele seja condenado por um apartamento que dizem – e não provam – que é dele?

“Adeus, Neymar. Até nunca mais”

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O diário “Sport”, um dos principais jornais da Catalunha, não perdoou Neymar após o brasileiro comunicar seus companheiros de Barcelona que está mesmo indo para o PSG. Em artigo de opinião, assinado pelo diretor da publicação Lluís Mascaró, o atacante e também são pai são detonados.

O texto cita cena do filme “Jerry Maguire”, em que o personagem Rod Tiwell, um jogador de futebol americano interpretado por Cuba Gooding Jr., exige a seu empresário, Jerry Maguire (Tom Cruise), que grite no telefone “Mostre-me o dinheiro” para que não seja demitido, para falar sobre Neymar.

“É o melhor exemplo do que significa o esporte profissional hoje em dia: o dinheiro acima de tudo. Justamente o que pensaram Neymar e seu pai-empresário. Aceitaram a oferta do PSG porque representa muitíssimo mais dinheiro para ambos. Estamos em um mundo de mercenários em que os sentimentos e os valores importam bem pouco. Ou nada”, escreve o diretor do jornal catalão.

“Neymar já veio ao Barça por dinheiro. Pelos 40 milhões (de euros) de luvas da transferência que pagou (o então presidente Sandro) Rosell a seu pai. Uma operação que colocou o clube entre a espada e a parede, sendo inclusive julgado e condenado por uma dupla fraude fiscal”, acrescenta.

“Neymar e seu pai devolveram o ‘favor’ ao Barcelona pagando com uma traição: se vão ao PSG por outros 50 milhões de luvas para o pai e 30 milhões líquidos por temporada para o filho. O que ganha o clube blaugrana? Os 222 milhões (de euros) que deve pagar o clube francês pela rescisão.”

Mascaró encerra o artigo dizendo que o “Barcelona também ganhará tranquilidade” e cita o holandês Johan Cruyff, ídolo do Barcelona, para dizer que Neymar “não nos serve”.

“Como dizia Cruyff, um jogador que não é feliz no Barça é melhor que se vá. E se Neymar prefere o dinheiro ao projeto esportivo, não nos serve. Aqui, o único intocável é Messi. E o futuro do clube já não passa pelo brasileiro. Há que buscar um substituto imediatamente: Griezmann, Mbappé ou Dembélé. Adeus, Neymar. Até nunca mais. Mas antes de ir, mostre-nos o dinheiro!”, conclui. (Da ESPN)

Liga Espanhola não aceita pagamento do PSG por Neymar

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O PSG cumpriu, nesta quinta-feira, a etapa que restava para concluir a contratação de Neymar ao apresentar um documento bancário no valor de 222 milhões de euros (R$ 821 milhões) para liberar o brasileiro de seu contrato com o Barcelona. A Liga Espanhola, contudo, não aceitou o pagamento.

“Nós confirmamos que os representantes legais do jogador vieram até LaLiga para depositar a cláusula (de rescisão) e que ela foi rejeitada. Essas são todas as informações que podemos dar no momento”, disse LaLiga em comunicado enviado à ESPN.

Mediante a negativa da Liga Espanhola, segundo o jornal espanhol “Marca”, o próximo passo a ser dado pelo astro brasileiro é solicitar sua transferência provisória à Fifa, o que lhe permitiria vestir a camisa do PSG.

Como a cláusula de rescisão do contrato de Neymar com o Barcelona foi cumprida, apesar da negativa em relação ao pagamento, ainda segundo o jornal espanhol, a Liga não pode bloquear a saída do brasileiro e, portanto, a Fifa deve conceder a transferência provisória liberando o jogador.

Os principais argumentos para que a LaLiga não aceite os 222 milhões de euros são a possibilidade de o PSG estar infringindo as normas de fair play financeiro da Uefa, mas também uma pendência entre Barcelona e Neymar, referente ao pagamento de um bônus previsto pela renovação de contrato.

O clube espanhol tinha até a última segunda-feira para pagar cerca de 25 milhões de euros (R$ 92,5 milhões) a Neymar e seu pai, em cláusula prevista na renovação até 2021 assinada pelo brasileiro em 2016. O Barça, contudo, congelou esse pagamento, diante da iminente saída do atleta para o PSG. (Da ESPN)