
POR GERSON NOGUEIRA
O Remo custou a entrar no jogo, sábado à tarde, em São Luís. Apático e lento, só deu o primeiro chute a gol depois dos 20 minutos e, ainda assim, em lance invalidado pela arbitragem. Na etapa final, com mais rapidez nas chegadas ao ataque e ajuste nas articulações pelo meio, acabou se safando graças a um golaço de Jayme. O empate garantiu ao time paraense a permanência no G4, dependendo exclusivamente de suas forças para obter a classificação à próxima fase.
Com pouca mobilidade do meio em diante e sem apoio dos laterais, o Remo foi improdutivo nos primeiros 45 minutos. Podia ter feitoo gol, na única jogada coletiva do ataque, finalizada por Pimentinha, mas o atacante estava adiantado quando o passe de Tsunami partiu em sua direção.
O lance ocorreu aos 22 minutos. Antes e depois disso, o Remo ficou vendo a banda passar. O Moto, mesmo sem criatividade, ameaçava com bolas cruzadas na área, dirigidas a Vinícius Paquetá e Alex Henrique. Insistiu tanto nesse tipo de jogada que acabou chegando lá.
No último lance do primeiro tempo, Danilo Bala driblou dois azulinos, deixando Dudu no chão, e mandou chute colocado e rasteiro. A bola bateu no poste esquerdo de Vinícius e voltou nos pés de Paquetá, que tocou para as redes. Cochilo geral da defesa.
Depois do intervalo, como sempre ocorre, o time voltou mais plugado. Não deu entender foi Léo Goiano ter esperado até os 3 minutos para trocar Luiz Eduardo por Edgar. Sem atacante no centro, o Remo passou a depender de seus pontas. Pimentinha se ressentia da forte marcação e do isolamento, pois não tinha apoio por parte de Léo Rosa.
Com o suporte de Tsunami, Edgar fez boas jogadas pela esquerda. Uma delas foi salva na linha pela zaga motense. Depois disso, França cedeu lugar a Danilinho, que encaixou bem no trabalho de proteção à zaga e distribuição de jogadas. O último a entrar foi Jayme, substituindo a Eduardo Ramos.
A partir das três mudanças, o Remo se tornou mais ágil e Pimentinha passou a ter mais liberdade para chegar à área, criando lances agudos seguidamente. Pelo meio, Jayme voltava para receber bolas. E assim foi construída a jogada feliz que levou ao gol de empate, aos 35’.
Os festejos remistas no Castelão foram intensos e justificados, mas o time não pode repetir nesta reta decisiva a acomodação tática exibida no primeiro tempo. Contra uma equipe mais qualificada, a passividade dos azulinos poderia ter resultado num placar mais dilatado.
A destacar, pelo segundo tempo, a movimentação de Pimentinha, Edgar e Tsunami. Jayme virou merecidamente o herói da jornada por fazer o básico: chutar em direção ao gol. (Foto: LUCAS ALMEIDA/L17 Comunicação)
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Começa a temporada do “se”
Os resultados da rodada foram razoavelmente bons para o Remo na Série C. Ruim mesmo passa a ser a situação do Fortaleza. O tropeço em casa diante do CSA deixou o tricolor cearense em risco na competição, com 24 pontos. Passa a ser alvo direto tanto de Remo e Cuiabá (22 pontos) quanto do Salgueiro (21). Aos azulinos, resta vencer seus jogos para se classificar, embora um triunfo no sábado possa antecipar essa condição, se Cuiabá e Salgueiro perderem seus jogos.
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Trégua para ajustar o time e estabelecer meta
A derrota em Porto Alegre era esperada. Estava dentro da chamada cota de normalidade, afinal o favorito Internacional é um time de Série A disputando a Série B. Ocorre que os colorados não foram plenamente superiores. Andaram se atrapalhando em lances de defesa, relaxaram e permitiram até que o Papão endurecesse o jogo nos dez minutos finais.
Ficou a impressão de que, com mais organização no meio e confiança para pressionar desde o começo, o Papão podia ter tido melhor sorte. De qualquer maneira, o placar apertado permitiu ao técnico Marquinhos Santos a liberdade poética de que a atuação foi satisfatória.
É óbvio que não há atuação a ser louvada quando o time se porta com excessiva polidez como visitante. O comportamento do Papão no Beira-Rio deve ser lembrado como mau exemplo e não como referência positiva. Com duas semanas de trégua para realinhar suas projeções e recondicionar jogadores, o Papão terá que priorizar a meta de conquistar os 19 pontos necessários para selar a permanência na Série B.
O outro aspecto positivo desse período de folga é a oportunidade para que Bergson se recupere plenamente. Sua utilidade é cada vez mais óbvia: na sexta-feira, mesmo longe das condições ideais, foi o jogador que mais acreditou na vitória, terminando por fazer um gol de puro oportunismo.
(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 28)