
POR GERSON NOGUEIRA
Deu gosto ver o Papão jogar no sábado à noite, na Arena Barueri, contra o até então invicto Oeste. Em lances pontuais, com extrema frieza e perícia, o time construiu uma vitória irretocável a partir de dois gols marcados no primeiro tempo. Pela maneira como o confronto se desenrolou, foi a melhor apresentação bicolor na Série B deste ano.
A marcação firme tanto na defesa quanto na linha de volantes foi o ponto alto da esquematização do Papão, que primou pelo apuro na troca de passes e na rapidez com que saía de seu próprio campo.
Augusto Recife, Carandina e Renato Augusto se constituíram, juntamente com o artilheiro Bergson, nos grandes nomes da vitória alviceleste, embora se possa afirmar que o time todo rendeu muito bem.
Cabe destacar também os ajustes feitos pelo técnico Marquinhos Santos, que apostou em Lucas Taylor para ocupar o lado direito, como substituto do titular Ayrton, extraindo do jogador uma atuação irrepreensível no aspecto ofensivo e firme na retaguarda, com participação em dois gols.
A vitória começou a nascer logo aos 12’, com gol contra de Rodrigo San, cortando para as redes um cruzamento rasante de Lucas Taylor. Depois, aos 29’, quando o Oeste ainda cambaleava junto às cordas, Bergson foi implacável: recebeu na intermediária e disparou um foguete que foi se alojar na gaveta esquerda de Rodrigo. Um golaço.
O meio-campo jogava por música, intenso e aplicado do princípio ao fim, sem permitir chances ao adversário. Tanto que o gol do Oeste, no começo do 2º tempo, resultou de um acidente: o zagueiro Gualberto escorregou e a bola sobrou para Robert, sozinho, tocar para as redes.
Quando o time de Roberto Cavalo tentava se animar, veio a ducha de água fria. Preciso, o Papão liquidou a fatura com categoria e frieza: aos 25’, em arrancada pela direita, Bergson serviu a Gualberto, que cruzou para o cabeceio certeiro de Magno no canto do gol.
Magno perderia outra grande chance e Bergson ainda foi derrubado pelo goleiro dentro da área, em penal que o árbitro ignorou. Pela lei natural das coisas, o Papão merecia ter goleado. Futebol não faltou para isso.
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Apático, Leão perde sem oferecer resistência
Deu pena ver o Remo jogar no sábado à tarde, no estádio Rei Pelé, em Maceió, contra o cada vez mais invicto CSA. Foram 90 minutos de total domínio alagoano em campo, sem que o time mandante precisasse jogar bem para alcançar seus objetivos. Fez 2 a 0 e poderia ter goleado, não fosse a imperícia e a afobação de seus dianteiros.
Do lado remista, apenas o goleiro Vinícius e o volante João Paulo se salvaram do desastre, nem tanto pelo placar, mas pela maneira frouxa e descompromissada com que o Remo se lançou ao confronto. Nas circunstâncias, o escore de 2 a 0 deixou o Leão no lucro.
O Remo entrou programado para se defender e esperar uma chance para encaixar um bom contragolpe. O plano caiu por terra logo de cara porque o time era frágil ao se defender e absolutamente inofensivo nas ações de ataque. O goleiro do CSA não foi incomodado, pois os remistas não dispararam um único chute em direção ao gol.
Vinícius, ao contrário, teve muito trabalho. Defendeu chutes perigosos de Daniel Costa e Boquita, mas não tinha como deter o disparo certeiro de Rafinha, aos 35 minutos, em cobrança de falta que explodiu no poste direito e entrou do outro lado.
O gol fez justiça ao único time interessado em alguma coisa no jogo. Em seguida, Léo Goiano trocou Ilaílson por Flamel, deslocando Dudu para a lateral direita. A mexida, inócua, expôs um erro frequente de Goiano no Remo: a dificuldade em escolher os jogadores mais aptos para cada função.
Na etapa final, até 10 minutos, o Remo ensaiou uma reação, correndo mais e cercando a área do CSA. Mera ilusão. Conseguiu três escanteios, e foi só.
A partir dos 20 minutos, o time alagoano se plantou atrás e esperou os azulinos abrirem espaço. Michel e Boquita perderam boas oportunidades diante de Vinícius, que operou alguns milagres. Como até os bons vacilam, aos 40’, o goleiro errou ao sair para cortar um cruzamento curto na área e permitiu ao baixinho Didira desviar de cabeça para as redes.
As chances de classificação ainda existem, mas a indolência do time em Maceió revela que os obstáculos são mais internos do que externos.
(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 14)