A frase do dia

“Calma, Excelência. Vazamentos não são exclusividade de ninguém”.

Juca Kfouri, cirúrgico, ao comentar a detenção do blogueiro Eduardo Guimarães, por ordem do juiz de Maringá. 

O juiz que sequestrou um jornalista

POR FELIPE PENNA (*)

“Tenho Pena dele” é o nome da página no facebook que minha mulher fez pra mim.

No começo, não achei a ideia boa. Argumentei que não ficaria bem perante a minha comunidade, mas acabei cedendo às pressões do amor midiático da Karlinha, esposa amada e zelosa.

Como sabem, sou juiz da Liga de Futebol de Várzea do meu bairro. Quando me visto de preto, todos me respeitam a abaixam a cabeça. Apito com força e conhecimento. Sou formado pela Soccer Judge Association, em Harvard, capital intelectual do esporte.

No campo, minhas decisões são rápidas. Não hesito em distribuir cartões vermelhos. Já mandei muita gente pro chuveiro mais cedo. Em alguns casos, deixo o jogador trancado no vestiário por meses até que ele entregue o técnico que o instruiu a entrar de carrinho no adversário. Aí expulso o técnico, o massagista e até o porteiro do clube. Sou o justiceiro da liga.

Os torcedores me amam. Quer dizer, a quase totalidade me ama. Os de amarelo amam um pouco mais. Tiram até selfies comigo quando vou a restaurantes, shows e homenagens. Mas, no ano passado, tivemos um pequeno problema de comunicação e minha dileta consorte pediu vênia para fazer a tal página no livro dos rostos.

“Será um desagravo a você” – dizia, com uma admiração karnal, ultrapassando a metafísica e querendo me defender de um episódio controverso.

Ela se referia ao fato de eu ter divulgado gravações de conversas com os jogadores durante uma partida. Na época, vazei tudo para a imprensa, mesmo sabendo que era ilegal. O importante era garantir a transparência do jogo através do grampo no meu apito. Mas o pessoal da federação não gostou e puxou a minha orelha. Quer saber? Obrei pra eles.

O problema mesmo é que ficaram irritadinhos porque chamei o capitão do time adversário pra uma conversa coercitiva com meus lindos e poderosos bandeirinhas. Nada demais, só uma vasculhada nas gavetas e duas ou três invasões de domicílio pra causar um AVC nos familiares.

E ainda fui obrigado a adiar a conversa porque um jornalista cretino vazou a operação. Quem ele pensa que é? Só quem vaza informação nesse jogo sou eu, meu querido. “Vai se arrepender” – pensei, e aguardei um ano pra dar o troco. Um ano de paciência, mas a hora do sujeito finalmente chegou.

Hoje, meti uma coercitiva nele. O meliante do microfone foi arrancado de casa pelos meus bandeirinhas musculosos (comandados por um hipster todo trabalhado no fascismo) e conduzido para a sede da federação dos juízes. E ainda levei computadores, celular, tablet e aquela parafernália eletrônica do blog. Se ele conseguir sair do cativeiro, vai ficar um bom tempo sem trabalhar.

Os colegas do cara nem reclamaram. São todos meus amigos e vivem das informações que vazo pra eles. Se não fosse por mim, não teriam notícias. Acha que alguém é louco de me peitar nesse bairro?

O futebol é meu esporte.

Sou o dono da bola e faço as regras aqui na várzea.

Os poucos que não se enquadram enfrentam a fúria de Karla, minha esposa, minha protetora e minha blogueira.

Entrem na página que ela fez pra mim no facebook.

Hoje, deixei um vídeo pra vocês. Amanhã, mostrarei as algemas do cativeiro e as fotos do sequestrado para aumentar o número de views.

Eu sei, eu sei: quando um juiz se preocupa com a popularidade, não faz justiça, faz política.

Mas quem se importa?

Isso é apenas futebol.

De bairro.

E de várzea.

Tenho pena de mim.

  • Felipe Pena é jornalista, escritor e psicanalista. Doutor em literatura pela PUC-Rio, com pós-doutorado pela Sorbonne III, foi visiting scholar da NYU e comentarista da GloboNews. É autor de 15 livros, entre eles o ensaio “No jornalismo não há fibrose”, finalista do prêmio Jabuti.

Recife festeja classificação e volta ao time titular do Papão

Um dos jogadores mais experientes do elenco do Papão, Augusto Recife está com motivos de sobra para comemorar. Após se lesionar na estreia da temporada contra o Castanhal, o volante retornou à equipe no encerramento da primeira fase da Copa Verde, quando o time comandado por Marcelo Chamusca venceu o Galvez por 2×0.

Ao entrar em campo, aos 15 minutos da etapa final, Augusto Recife completava sua partida de número 150 com a camisa bicolor. “É uma marca muito significativa. Estou na minha quarta temporada consecutiva defendo essa camisa que aprendi a respeitar e admirar. Tenho um carinho muito grande por todos do clube e pelos torcedores que sempre me trataram muito bem. Só posso agradecer a confiança da diretoria e dizer aos torcedores que seguiremos lutando para levar o Papão à conquistar os seus objetivos”, revelou.

Na noite desta terça-feira (21), pelo Campeonato Paraense, o volante foi titular na goleada de 3×0 sobre o São Francisco. Com o resultado, o Paysandu conquistou a classificação para às semifinais do estadual com duas rodadas de antecedência. “Fizemos um jogo consistente do início ao fim. Mesmo com alguns titulares poupados pela comissão técnica, sabíamos que esse resultado nos daria uma tranquilidade maior para a sequência da competição”, analisou.

No próximo domingo (26), às 16h, o Paysandu receberá o Remo no Mangueirão. Com vários Re-Pa no currículo, Augusto Recife reforça a importância de vencer um clássico. “É um jogo especial e sem favorito. Ela mexe com os torcedores e a gente percebe que o clima na cidade fica diferente . O clássico Re-Pa é sempre um espetáculo a parte e espero que os torcedores possam assistir a partida com tranquilidade e que o Paysandu saia vitorioso após os noventa minutos”, finalizou. (Da AV Assessoria) 

Papão exige antidoping e mudança de vestiário e banco de reservas

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A diretoria do Paissandu enviou ofício à Federação Paraense de Futebol (FPF), na última terça-feira (21), para solicitar a realização de exame antidoping no clássico do próximo domingo, válido pela 9ª rodada do Campeonato Paraense.

Outra providência diz respeito à exigência do Papão para, como mandante, ocupar vestiário e banco de reservas que ficam do lado B do estádio Jornalista Edgar Proença, espaços que normalmente são utilizados pelo Remo.

Para formular o pedido, os dirigentes alvicelestes se amparam no artigo 28 do Regulamento Geral das Competições, que diz o seguinte: “O clube que tiver o mando de campo, em estádios neutros, terá prioridade na escolha do vestiário a ser utilizado”.

Após a vitória em Santarém, ontem, a delegação retornou a Belém e o técnico Marcelo Chamusca deve definir até amanhã a escalação para o clássico, embora só deva divulgar momentos antes da partida. (Com informações da Rádio Clube)

Para acalmar os espíritos

POR GERSON NOGUEIRA

A incontestável vitória de ontem à noite, em Santarém, garantiu de vez a classificação do Papão às semifinais do Campeonato Estadual e serviu para pacificar os ânimos na Curuzu, depois dos entreveros entre Marcelo Chamusca e parte da torcida em função da má atuação contra o Galvez na Copa Verde. Ao mesmo tempo, o chamado time B deixou em má situação o time A, cujo entrosamento não tem sido dos melhores.

O Papão, mesclado de suplentes produziu uma atuação linear e equilibrada entre os dois tempos, como não se via já há alguns jogos. Talvez a última apresentação irretocável tenha sido contra o Águia no Mangueirão, também derrotado por 3 a 0.

O triunfo se concretizou a partir da postura de espera observada pelo time nos primeiros minutos. Chamusca deu ao São Francisco corda para se enforcar – e o truque funcionou.

Em desespero de causa, pois precisava dos três pontos para fugir ao rebaixamento, o time santareno entrou com três atacantes (Balotelli, Ricardinho e Bartola), expondo-se muito ao alinhar apenas dois homens de marcação, pois o meia Juninho não marcava ninguém. Quando perdia a bola na frente – e perdeu várias –, a defesa ficava aberta.

Rodrigo Andrade e Augusto Recife, encarregados da marcação no lado bicolor, faziam bem a função, sem permitir brechas. O Papão sofria apenas com a já notória ausência de criatividade no meio. Sobralense entrou, mas não jogou. Errou muitos passes e se omitiu na maioria das ações ofensivas.

O tempo foi passando e o São Francisco dando sinais de que havia perdido o entusiasmo inicial. Aos 25 minutos, Alfredo recebeu bola na entrada da área e disparou à meia altura. Labilá espalmou para o lado errado, justamente onde estava Jonathan livre para finalizar.

O gol atarantou os franciscanos e permitiu mais tranquilidade ao meio-campo do Papão, que explorava bem as subidas de Will pela esquerda. Dez minutos depois, o goleiro Emerson cobrou falta, a bola desviou na barreira e caiu nos pés de Alfredo. Sem marcação, ele só teve o trabalho de chutar.

A primeira metade terminou com o São Francisco emocionalmente batido e sem forças para empreender uma reação. O Papão de Chamusca mostrava para si mesmo que às vezes a receita para chegar à vitória passa apenas por uma boa dose de simplicidade.

Sem ser brilhante, seguiu envolvendo o São Francisco na etapa final. O time de Walter Lima exibiu com todas as tintas os motivos de estar na lanterna da competição. Desorganizado e com peças individuais pouco efetivas, o Leão santareno não é nem sombra do time confiante de um ano atrás. Aos 40 minutos, depois de perder várias chances, o Papão chegou ao terceiro gol, marcado por Alfredo.

Além de se garantir na semifinal, Chamusca sai fortalecido com a boa atuação de uma equipe bastante alterada em sua estrutura, reencontrando a paz necessária para trabalhar na semana do Re-Pa.

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Galo só disputa a Série D em 2018

Na coluna de segunda-feira, informei erradamente que o Independente havia conquistado a vaga para disputar a Série D neste ano. Na verdade, o time de Tucuruí se garantiu para o Brasileiro de 2018. Na edição deste ano, os representantes paraenses serão São Raimundo e São Francisco.

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Desafio para o jovem e invicto time de Tite

O Brasil de Tite encara amanhã um daqueles desafios historicamente encardidos. Enfrentar o Uruguai, em qualquer circunstância, é sempre parada duríssima para a Seleção Brasileira. O jovem time liderado por Neymar terá uma prova de fogo quanto à sua capacidade de resistir à dura (às vezes, violenta) marcação da Celeste Olímpica. Que vença o melhor e que todos saiam vivos.

(Coluna publicada no Bola desta quarta-feira, 22)

Corrida eleitoral começou no sertão da Paraíba

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POR RUDOLFO LAGO – Os Divergentes

Ricardo Stuckert, o fotógrafo oficial do Instituto Lula voltou do sertão paraibano com um repertório lindo de imagens. Uma multidão de gente vestida de vermelho. Luiz Inácio Lula da Silva usando um chapéu de vaqueiro para aspergir água nas pessoas. Gente mergulhando e nadando nos reservatórios. Lula transformando o pó em água. De novo, o imaginário de São Lula. De novo, o imaginário do Pai dos Pobres. No dia 19 de março, no meio da caatinga sertaneja, começou a corrida eleitoral de 2018.

Sempre se soube que qualquer reação petista teria de começar pelo Nordeste. Ali, sempre foi menor que nas demais regiões a construção do sentimento contra o PT que veio das denúncias da Operação Lava-Jato, do noticiário sobre as pedaladas que derrubou Dilma Rousseff e do agravamento da crise econômica que Dilma ignorou na sua campanha de reeleição e depois não conseguiu contornar. No Nordeste, onde está a maioria dos beneficiários dos programas sociais reunidos no Bolsa-Família, é menor o impacto de tudo isso, ainda que ele também exista. O retrato da divisão Sul/Norte que as urnas das últimas eleições presidenciais mostraram permanece.

No caso do fim de semana, a impressão que fica é de uma certa legitimização pela população sobre quem ela considera realmente a responsável pela chegada da água, com a transposição do São Francisco. Na verdade, algo justo. De fato, esse foi um projeto levado adiante por Lula no início do seu primeiro mandato. Um projeto que começa a se completar agora. Sempre será possível questionar por que atrasou e demorou tanto. E é bem possível que uma apuração mais detalhada sobre as razões dessa demora acabe depois provocando certos questionamentos e desconfortos.

Também é possível que mais à frente a briga pela paternidade da transposição do São Francisco se inverta. Se a água chega no sertão, por diversos erros ela falta na sua origem. Projetos de irrigação equivocados, assoreamentos, etc. Sempre se questionou que o projeto não levava em conta que o São Francisco está secando. Se a água é menor no seu leito original, será que ela dará para os novos consumidores que passarão a se beneficiar dela? Se houver no futuro um dano ambiental mais grave, quem assumirá realmente como pai da criança?

Neste momento, no entanto, a massa que apareceu na cidade de Monteiro parece creditar a Lula a chegada da água. Ficou claro ali que o principal líder do PT ainda reúne suas velhas capacidades de arregimentar gente ao seu lado. Após o evento, seus aliados já discutiam nesta segunda-feira (20) uma estratégia de realizar outros eventos parecidos.

Lula vai às ruas. E esses comícios começarão a movimentar o cenário eleitoral. Deverá mover seus adversários no mesmo sentido. O que pode impedí-lo? Um entendimento do Supremo Tribunal Federal de que não possa ser candidato por ser réu. A estratégia petista é colocar Lula nas ruas – se ele conseguir reunir multidões – a gerar uma pressão popular contra esse entendimento. Um entendimento que, dada a altura da lama gerada pela Lava-Jato e afins, não atinge somente a ele. Há outros aspirantes ao cargo de presidente na mesma situação.

O jogo começou…

Papão supera S. Francisco e se classifica

https://www.youtube.com/watch?v=AHpZLDugH8k

S. Francisco x PSC – comentários on-line

Campeonato Paraense 2017 – 8ª rodada

São Francisco x Paissandu – estádio Barbalhão, 20h30

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Na Rádio Clube, Guilherme Guerreiro narra; Rui Guimarães comenta. Reportagens – Dinho Menezes, Paulo Fernando. Banco de Informações – Fábio Scerni

Sangria dos vazamentos dá dois pesos e duas medidas à Lava Jato

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POR HELENA CHAGAS – Os Divergentes

Quem sou eu para sugerir mudanças de procedimentos ao Supremo Tribunal Federal ou ao Ministério Público. Mas há algo de errado, muito errado mesmo, nos rituais, prazos e normas regimentais dessas instituições, que parecem ter parado no tempo e acabam produzindo situações injustas. Não dá nem para comentar a lentidão, clara no prazo de uma semana que a Lista de Janot versão 2.0 está levando para chegar às mãos do relator Edson Fachin.

O que pode trazer mais danos, porém, é a sangria dos vazamentos seletivos, que continuam a pingar diariamente, apesar do sigilo legal que ainda protege a lista dos políticos citados nos depoimentos da Odebrecht. Em tese, o Ministério Público é o guardião da lei. Mas parece não hesitar em descumpri-la na hora de passar alguns nomes que interessam para a imprensa.

E aí é que está. São sempre alguns, enquanto outros são preservados. A imprensa não pode ser responsabilizada. Afinal, queremos notícia. Mas está sendo dado um benefício indireto aos políticos que estão tendo seus nomes não revelados. Por quê?

Diferentemente do vazamento do primeiro dia, fruto de uma coletiva em off – uma contradição em termos – agora cada veículo dá um time diferente. Sabemos de um lado que já serão nove ministros de Michel Temer no alvo. De outro, que Aécio Neves será objeto de seus inquéritos. De forma mais diluída, que Geraldo Alckmin, que não apareceu no primeiro momento, está, sim, entre os futuros investigados. Só que eles são mais de cem.

Ninguém tem dúvida alguma de que o nosso sistema político está caindo de podre. Na hora de reforma-lo, porém,  é preciso incluir também o STF e as normas processuais elaboradas no tempo do telex e das cartas, quando ainda havia possibilidade de haver sigilo sobre alguma coisa.

A primeira atitude de Edson Facchin deveria ser a suspensão total, geral e irrestrita do sigilo da lista de Janot.