
POR GERSON NOGUEIRA
Foi sufoco do começo ao fim. Ainda sem uma proposta bem definida de jogo, o Papão sofreu para arrancar sua primeira vitória na Série B. O Luverdense veio com a fórmula habitual, usando duas linhas de quatro jogadores para conter a pressão dos bicolores. A tática deu certo ao longo do primeiro tempo, quando Celsinho e Rafael Costa pareciam estar se conhecendo naquele momento, incapazes de jogadas mais cerebrais para fazer com que o Papão furasse o bloqueio do visitante.
Na falta de ideias mais brilhantes, a bola era alçada na área o tempo todo, sem qualquer efeito prático. Para piorar as coisas, o Luverdense demonstrava saber exatamente o que devia fazer quando tinha a posse da bola. Foi assim que aproveitou um buraco na marcação e fez o primeiro gol, logo aos 12 minutos. Emerson pareceu um pouco adiantado, aceitando o disparo forte de Jean Patrick de fora da área.
Depois do gol, o jovem time mato-grossense se fechou ainda mais, impedindo qualquer jogada de profundidade dos bicolores. Com boa marcação e melhor distribuído no campo de defesa, o LEC não perdia a segunda bola e começou a perder boas chances.
Alexandro, isolado entre os zagueiros, pouco participava da partida, enquanto Celsinho e Costa se perdiam em jogadas inúteis no meio. Bom na antecipação, Lucas sempre aparecia bem nos poucos ataques agudos do Papão. Na etapa final, essa presença ofensiva foi fundamental, pois logo aos 3 minutos o volante goleador (quatro gols em três partidas) surgiu na pequena área para desviar cruzamento para as redes.
Começava ali a reação. Aos trancos e barrancos, com graves furos de articulação na meia-cancha, o Papão foi crescendo na base da valentia e da determinação. Com Rafael Luz em campo, o time ficou mais atrevido, embora continuasse pouco inspirado. E foi Luz que garantiu a virada, quase ao final, chutando duas vezes para vencer o goleiro. Um gol chorado, mas que valeu a primeira vitória paraense na Série B deste ano.
O curioso é que, ao sofrer o segundo gol, o Luverdense era superior em campo, tinha o controle aparente das ações e estava mais perto de ampliar o placar, obrigando Emerson a duas grandes defesas.
Mas, como futebol é objetividade, o Papão aproveitou as poucas oportunidades surgidas e venceu. Série B é assim. (Foto: MÁRIO QUADROS)
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Algumas lições do sábado à noite
Augusto Recife não consegue dar conta da cobertura pelo seu lado, demonstrando dificuldade para acompanhar os lances mais rápidos. Fica claro que Capanema rende mais e não pode sair do time.
Rafael Costa não disse a que veio. Estreou bem contra o Ceará, mas não conseguiu mais jogar. Com Celsinho ao lado parece até intimidado, deixando o ataque sem o suporte de um meia-armador de verdade. Com a dupla, o Papão perde força criativa.
Alexandro, apesar de esforçado, vai penar enquanto a equipe não resolver a equação do meio-campo. Qualquer atacante de área ficará sempre isolado com a baixa produção dos meias e alas.
Melhores do Papão na partida: Lucas, Gualberto e Fabinho Alves.
Dado Cavalcanti, depois do sufoco, disse que “jogamos bem mais uma vez”. Deve ter sonhado com outro jogo.
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Adeus ao poeta da urbanidade
A semana que passou foi marcada por uma sentida perda. O amigo Noélio Mello, poeta do cotidiano, partiu após breve enfermidade. Convivemos bastante desde os idos de 2000, quando o conheci através de atuando na área de tecnologia e informática. Bicolor de quatro costados, Noélio escrevia muito, quase sempre proseando sobre o cotidiano de Belém e seus habitantes. Consegui um espaço na edição dominical do DIÁRIO, onde sua coluna marcou presença por mais de dois anos, dando origem depois a uma coletânea lançada em livro. Deixa saudades e uma legião de amigos.
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Direto do blog
“Gerson, a escalação antecipada do Yuri faz lembrar das trincas de cabeças-de-área que têm surgido à frente da zaga todo ano. Até o Cacaio, que é afeito ao jogo ofensivo, fez uso disso ano passado. Ao meu ver, no jogo contra o Cuiabá, o Chicão também teria se saído bem pela qualidade do passe e vejo ele melhor nisso que o Yuri. Vejo como mais preocupante que nenhum meia se adapte ao lado do Eduardo Ramos. Athos, Marco Goiano e Alan Dias, que não foi tão bem na estreia, na minha opinião, estão aí para mostrar que alguma coisa está errada. Noto que a semelhança entre todos eles é que parecem mais terceiro volante que meia-atacante, o que indica séria falha de posicionamento. Se Yuri entrar jogando é melhor permanecer com Lucas, pois o Michel não tem a mesma pegada. De todo modo, só o que quero é que o Remo seja ofensivo e some três pontos na tabela”.
Lopes Junior, azulino preocupado com a formação do meio-campo para encarar o ASA-AL.
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De vacilo em vacilo
As derrotas do Botafogo na Série A têm sido motivadas mais por erros crassos de seus defensores do que por méritos dos adversários. Logo na estreia, o goleiro Elton Leite tomou um gol de falta do São Paulo em chute de longa distância. Ontem, contra o Flu, uma lambança monumental entre os beques resultou em novo revés. Acumular tantos erros bisonhos pode ser fatal para quem acaba de retornar à Primeira Divisão.
(Coluna publicada no Bola desta segunda-feira, 30)









