Bolsonaro, que se diz capaz de estuprar, ofende uma deputada e merece ser cassado

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Por Ricardo Noblat, em O Globo

O deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) não é apenas um falastrão como querem seus amigos. Nem apenas um bronco como reconhecem alguns dos seus colegas. É um sujeito indecente, obsceno e, com frequência, indecoroso.

Admiradores e desafetos dele na Câmara costumam fazer de conta que não ouvem seus insultos. Procedem assim alegando que confrontar Bolsonaro é fazer o seu jogo. Ele ganha votos quando se torna pivô de polêmicas.

Só que há limite para tudo. E Bolsonaro, na tarde de ontem, ultrapassou todos os limites. Se ainda houver um mínimo de vergonha na Câmara, será instalado um processo no Conselho de Ética para cassar o mandato de Bolsonaro.

Menos do que isso será compactuar com ele.

A deputada Maria Do Rosário (PT-RS), ex-ministra dos Direitos Humanos, foi gravemente ofendida por Bolsonaro. Mas não somente ela. Também todas as pessoas de bom senso que tomaram conhecimento do episódio.

A Câmara celebrava o Dia Internacional dos Direitos Humanos. E Maria do Rosário acabara de discursar quando Bolsonaro a sucedeu na tribuna. E disse para espanto da maioria dos que o ouviram:

– Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Há poucos dias você me chamou de estuprador no Salão Verde [da Câmara] e eu falei que eu não estuprava você porque você não merece. Fique aqui para ouvir — disse Bolsonaro. E foi além:

– A Maria do Rosário saiu daqui agora correndo. Por que não falou da sua chefe, Dilma Rousseff, cujo primeiro marido sequestrou um avião e foi pra Cuba, participou da execução do major alemão? O segundo marido confessou publicamente que expropriava bancos, roubava bancos, pegava armas em quarteis e assaltava caminhões de carga na Baixada Fluminense. Por que não fala isso? Mentirosa, deslavada e covarde. Eu a ouvi falando aqui as asneiras dela. E fiquei aqui.

Em 2003, sem que nada tenha lhe acontecido, Bolsonaro disse a mesma frase e, e seguida, empurrou Maria do Rosário, chamando-a de vagabunda.

A reação da deputada foi enérgica, mas por si só não esgota a questão.

— Não me dirigi a esse senhor, tenho o direito de trabalhar. Peço à Mesa Diretora da Câmara que o mantenha distante e que ele não use meu nome. Não aceitarei. Talvez em alguns locais de tortura, essas palavras são típicas de quem fala em tortura.

No exercício do mandato, os parlamentares são imunes a processos. É o que determina a lei. Mas nem por isso eles podem cometer desatinos que configurem, por exemplo, a quebra do decoro parlamentar.

Luiz Estevão de Oliveira, o primeiro senador cassado da História do Congresso brasileiro, não perdeu o mandato porque embolsou dinheiro público destinado à construção do Fórum Trabalhista da cidade de São Paulo.

Perdeu porque mentiu a seus pares. Isso é quebra de decoro. Pela mesma razão, José Dirceu, ex-ministro do primeiro governo Lula, acabou cassado. Estevão está preso na Penitenciária da Papuda, em Brasília. Dirceu saiu de lá há pouco.

Por mais horror que isso represente, Bolsonaro pode, sim, defender o uso da tortura como método para extrair confissões. Já o fez. Pode, sim, defender uma ditadura militar como o melhor dos regimes. Também já o fez.

Mas nada disso equivale ao que ele fez ontem. Bolsonaro admitiu que seria capaz de estuprar uma pessoa. E ao se dirigir à deputada Maria do Rosário, afirmou que só não a estupraria porque ela não fizera por merecer.

(Em um passado nem tão remoto assim, o então deputado Paulo Maluf cunhou uma triste frase a respeito do uso de violência contra mulheres: “Estupra, mas não mata”. Ficou impune.)

O que as organizações de Direitos Humanos esperam para sair em defesa da honra agredida da deputada Maria do Rosário?

O que falta para que os partidos entrem no Conselho de Ética da Câmara com um pedido de abertura de processo para cassar o mandato e os direitos políticos de Bolsonaro?

Por que o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, não lidera essa iniciativa?

E se o Nassif tiver razão

Por Miguel do Rosário

Há semanas que o blogueiro Luis Nassif, em geral um analista moderado e pacato, como convêm a um bom mineiro, tem martelado que a escolha de Gilmar Mendes para relatar as contas de campanha de Dilma Rousseff, não foi uma coincidência. Aliás, duas coincidências: Gilmar foi “sorteado” para relatar as contas da campanha de Dilma e também do PT.

Reza a lenda que o raio da tempestade não cai jamais no mesmo lugar. Não foi o caso desta vez. O raio caiu três vezes no mesmo lugar.

Gilmar foi sorteado para relatar as contas de Dilma.

Gilmar foi sorteado para relatar as contas do PT.

Gilmar foi sorteado para relatar a interpelação que o PT decidiu fazer contra Aécio Neves, quando este disse que perdeu as eleições para uma “organização criminosa”.

Nassif especulou, com base na sua intuição mineira e quiçá em alguma informação mais sólida, que Toffoli entrou para o esquema da mídia e do golpe. E por isso teria fraudado o processo de escolha do relator das contas de campanha da Dilma duas vezes: 1) ao não esperar a nomeação de um novo ministro do TSE,  aproveitando-se da viagem da presidenta para fora do país; 2) manipulando o sorteio para escolher Gilmar Mendes.

A teoria de conspiração de Nassif, apesar de irretocável, não fez muito sucesso. Eu mesmo não acreditei. Pois agora começo a acreditar.

No domingo, a Folha dá manchete dizendo que a maioria dos brasileiros culpa Dilma pela corrupção na Petrobrás. É uma manchete mentirosa. A Folha fraudou a própria pesquisa, ao somar o eleitorado tucano, que afirma, naturalmente, que Dilma tem “muita responsabilidade” nos escândalos da Petrobrás, aos que acham que a presidenta tem “pouca responsabilidade”. Juntou ambos os grupos como sendo um só, os que dizem “sim, a presidenta tem culpa”, e produziu um factoide pró-impeachment.

Hoje, segunda-feira, outra rede do golpe foi jogada sobre a opinião pública.

A jogada é evidente. Como Gilmar é muito identificado como o principal e mais fiel quadro tucano dentro do Judiciário, eles armaram a rejeição como uma coisa “técnica”. Com isso, blindam a decisão de Gilmar Mendes de rejeitar as contas de campanha da presidenta.

A gente tem de tirar o chapéu. Eles estão se aperfeiçoando.

O governo não ficou atento aos movimentos da escolha do relator. Ao invés de nomear logo o novo nome para o TSE, Dilma viajou ao exterior, dando margem para a traição de Toffoli. O golpismo está atento aos mínimos erros e distrações do governo.

O jogo de xadrez atingiu um momento crítico.

A pesquisa Datafolha, apesar da manchete mentirosa da Folha, mostrou que a maioria da população começou a enxergar Dilma como alguém que luta contra a corrupção como nenhum outro presidente já fez. Ou seja, a aprovação de Dilma está crescendo, e isso apavora a mídia e a oposição.

Segundo o Datafolha, popularidade da presidenta, miraculosamente, diante dos ataques incessantes da mídia e da oposição, se manteve estável, no mesmo nível da campanha eleitoral. Quem sabe não está em curso uma movimentação totalmente orquestrada para, de fato, derrubar Dilma?

A Globo faz uma entrevista com Aécio, no programa do Roberto D’Ávila, em que não há nenhum questionamento sobre as suspeitas envolvendo o senador. Ao contrário, serve de palanque para Aécio lançar o conceito de uma campanha pelo impeachment: “fui vencido por uma organização criminosa.”

B4cmidHCQAAdwrSOu seja, Aécio não foi vencido pelo voto. Não fomos eu, nós, vocês, todos, tentando convencer a maioria da população de que o PSDB não tem moral nenhuma para se arvorar em paladino da ética, e que Dilma, apesar de seus inúmeros defeitos, era, de longe, a melhor opção para o país.

Em seguida, Aécio, num movimento esperto para testar e exercitar suas forças,  convoca manifestações de rua. Que foram um fiasco, mas contam sempre com a ajuda da grande mídia para reduzir o dano. As “dezenas” de participantes, segundo o portal Terra, se transformam em “milhares”, em matéria da Globo.

O Ministério Público e o procurador-geral já começam a sofrer pressões espúrias por parte da mídia. Na alta cúpula do Judiciário, a única voz que se ouve, em entrevistas intermináveis, é a de Gilmar Mendes. Apesar de isolado tanto no TSE quanto no STF, ele parece pautar sozinho a agenda política dessas duas instituições. Como? Por causa do apoio incondicional da mídia.

Nunca um terceiro turno foi tão incendiário como agora. A oposição e a mídia ganharam experiência. O erro fundamental do governo, por sua vez, é não sinalizar para as suas bases e não estruturar um sistema democrático de informação.

Não há necessidade de se fazer um comício na Central do Brasil, nem qualquer tipo de provocação “bolivariana”, mas poderia já ter definido os seus nomes políticos, o que lhe fortaleceria nesse momento crítico. O governo, neste momento, está perigosamente fraco, porque grande parte dos ocupantes de ministérios vivem num limbo: não estão nem dentro nem fora da estrutura.

As bases sociais só recebem notícia ruim da grande mídia. O próprio governo, repetindo o erro cometido em 2010, as negligencia. Mercadante, o homem forte da Dilma, só dá entrevista para a Miriam Leitão, em tv fechada. Miguel Rosseto não é empossado e, com isso, tem seus braços atados.

Enquanto isso, a mídia e seus aliados ampliam seu arsenal, de um lado, e aumentam a carga sobre seus críticos, de outro. A Globo inaugura um novo telejornal na primeira hora da manhã. Um tribunal do Distrito Federal aumenta a multa imposta à Carta Capital por matérias sobre Gilmar Mendes. Matérias contra Lula, Dilma e qualquer nome da base aliada, podem ser publicadas à vontade.

Contra tucanos, não se pode falar nada.

Enquanto isso, o governo continua dando dinheiro para a Globo, a mesma empresa cujo diretor de jornalismo processa blogueiros, exigindo “indenização”. É um jogo barra pesada.

E quanto tentamos nos convencer de que tudo vai terminar bem, que estamos sendo paranoicos, descobre-se que a esposa do juiz Sergio Moro, o novo Joaquim Barbosa da mídia, é advogada do PSDB. Pior, o seu escritório de advocacia presta serviços para  a Shell, principal concorrente da Petrobrás.

Mas eles tem um ponto fraco: não ganharam as eleições. Não se conformam com isso. Não se conformam que o povo, mesmo com 12 anos de ataques sistemáticos da mídia, tenha resistido às suas mentiras e manipulações.

E, apesar da truculência da mídia e da covardia do governo, seguirá resistindo…

Paraenses caem no Ranking da CBF

Saiu a atualização do ranking brasileiro de futebol, organizado pela CBF, e as notícias não são boas para o Pará. Em primeiro lugar, a Federação Paraense de Futebol perdeu posição para Alagoas, caindo para a 13ª colocação.

Entre os clubes, o Paissandu caiu para o 34º lugar, sendo ultrapassado por Bragantino (32º) e  Joinville (33º). O Águia também perdeu duas posições e caiu para 57º lugar. O Remo subiu uma posição, passando ao 67º lugar no ranking.

O Paragominas ganhou 11 posições, passando a ocupar o 128º lugar. O Independente caiu 26 posições e agora é o 146º.  O São Raimundo foi quem mais despencou: perdeu 58 posições e hoje é o 150º colocado. O Cametá caiu 25 posições e é o 179º.

Estamos sendo justos com Pelé?

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Por Gustavo Carratte, do site Conexão Fut

No momento em que Pelé deixou o Hospital Albert Einstein, onde estava internado desde o dia 24 de novembro, foram dadas as condições mínimas para que cada brasileiro iniciasse as suas reflexões a respeito de sua postura tão crítica, exigente e até mesmo cruel perante o Rei do Futebol nas últimas décadas. Isso porque, embora transformar graves episódios médicos em oportunidades pedagógicas possa parecer uma atitude insensível e desnecessária, talvez sejam justamente nestas ocasiões em que as tentativas de conscientização surtam mais efeito.

Pelé foi o maior gênio na arte de chutar uma bola que já existiu, e assim é tratado em qualquer lugar. Além da conquista de três Copas e mais uma série de façanhas com a camisa da Seleção Brasileira, foi o protagonista máximo de um Santos que encantou o mundo com duas Copas Intercontinentais, duas Libertadores da América, seis troféus nacionais e dez títulos paulistas, numa época em que os estaduais eram o que mais importava em um calendário futebolístico. Não parece pouco.

Edson Arantes do Nascimento, por sua vez, tem defeitos. Noves fora seus questionáveis posicionamentos pessoais, que não entrarão em questão justamente por assim serem, o homem que marcou mais de 1280 gols em sua carreira não costuma ser um exemplo de ativismo inteligente e progressista nas infindáveis vezes em que alguém que tem um microfone na mão acredita que ele precisa dizer a sua opinião sobre as grandes questões da humanidade.

O exemplo mais recente e emblemático aparece no caso de racismo de parte da torcida gremista contra o goleiro Aranha, na Copa do Brasil. Para ele, o assunto sairá de cena no exato instante em que todos pararem de falar sobre isso. Trata-se de um comportamento omisso e absolutamente ineficaz para o combate deste mal, além de ser o principal álibi para que tais manifestações, dignas de repúdio em qualquer momento da história, sejam tão expressivas em pleno dezembro de 2014. Não se pode esquecer, porém, que esse era o comportamento tido como padrão para as pessoas de sua época. Um rapaz falecido há mais de um século daria a isso o nome de “evolução da espécie”.

No futebol atual, as bandeiras mais relevantes também não estão no colo dos jogadores de maior projeção. O recém-aposentado Alex, por exemplo, era um destaque supremo no Coritiba. Por sua brilhante capacidade técnica, conseguia, inclusive, aparecer com força no cenário nacional. Mas não tinha e nem queria ter o protagonismo contínuo que, neste ano, coube a Éverton Ribeiro, Ganso, Diego Tardelli, D’Alessandro, Guerrero e outros tantos. Como uma segunda amostra disso, o zagueiro Paulo André não era o melhor de sua posição sequer no clube em que atuava no Brasil. Portanto, menos.

Pelé é um homem de seu tempo que vive em um outro tempo, e não está nem perto de ser uma referência política admirável, mas a distância entre o que ele representa na esfera socioesportiva e tudo aquilo que ele poderia representar no âmbito político – onde as coisas são, de fato, transformadas – não pode ser um vácuo impunemente explorado em nome de uma sociedade mais avançada.

Sejam quais forem as motivações por trás desta postura, uma lupa cheia de rispidez e ironias degradantes que aponta para determinados fatos em detrimento de outros, todas são desonestas. Se isso não mudar, a única coisa que irá sobrar em complicações clínicas futuras será uma comoção popular com contornos de desculpe-por-ter-sido-tão-injusto-com-a-sua-grandeza. Assim como aconteceu nos últimos dias.

A frase da semana

schweinsteiger-com-a-taça“Agora já sei como vencer um grande título de uma competição internacional. E quero repetir estes momentos, especalmente aquele de erguer uma taça. Vou confessar uma coisa: títulos viciam e como capitão do time e com minha experiência pretendo liderar a equipe para vencer batalhas como a do Rio de Janeiro”.

Bastian Schweinsteiger, volante da seleção da Alemanha, à revista “Focus”.

PVC deixa ESPN e estreia na Fox Sports em janeiro

paulo-vinicius-coelho-pvc-comentarista-da-espn-1398891955481_615x470O comentarista Paulo Vinícius Coelho, um dos principais nomes da ESPN Brasil, está de saída da emissora, onde atuava desde 2000. A partir de 1º de janeiro, ele vai atuar no canal Fox Sports.

Conhecido como PVC, o jornalista participa de vários programas na emissora, como “Bate-Bola”, “Linha de Passe” e “Loucos por Futebol”. Na ESPN, cobriu as últimas três Copas do Mundo. Suas novas funções na Fox Sports ainda não são conhecidas.

PVC é também colunista do jornal “Folha de S.Paulo” e autor dos livros “Jornalismo Esportivo”, “O Planeta Neymar” e “Bola Fora: A História do Êxodo do Futebol Brasileiro”, entre outros.