Parauapebas vence 1ª fase do Parazão

Depois de empate em 1 a 1 no tempo normal, Parauapebas e Tapajós decidiram nos penais o título da primeira fase do Campeonato Paraense e o time de Carajás conquistou a Taça Aclep. O jogo foi realizado no estádio Rosenão, em Parauapebas, na tarde deste sábado. Nos 90 minutos, Tiago Potiguar marcou para os donos da casa aos 2 minutos do segundo tempo e Leandrinho empatou para o Tapajós, aos 16. Na série de penalidades, o Parauapebas venceu por 4 a 2.

Com a definição de primeiro e segundo colocados na fase de acesso ao Parazão, os grupos da competição ficaram assim divididos: no A1 estão Remo, Independente, São Francisco, Parauapebas e Castanhal; no A2, Paissandu, Cametá, Paragominas, Tapajós e Gavião.

Abaeté conquista Intermunicipal após 33 anos

A seleção de Abaetetuba sagrou-se na tarde deste sábado campeã do Intermunicipal 2014, depois de 33 anos sem conquistar o título. A partida final foi realizada no estádio Jornalista Edgar Proença, Abaeté goleou Benevides por 5 a 0. Superior tecnicamente, a seleção abaetetubense marcou 2 a 0 ainda no primeiro tempo, com gols de Gatão (35′) e Wilson, aos 47. No segundo tempo, Edmilson fez o terceiro aos 15, Gatão ampliou aos 22 e Renan fechou a contagem aos 26.

Furtado lamenta a irrelevância do cinema

Por André Miranda

Com 30 anos de carreira no cinema e 32 na TV, o gaúcho Jorge Furtado sempre foi uma unanimidade nacional: diretor de especiais como “Doce de mãe” e de longas-metragens como “Meu tio matou um cara” (2004) e o recente “O mercado de notícias” (2014), ele é considerado um dos maiores talentos na criação de histórias no país. Por isso, entre os dias 9 e 21 de dezembro, a Caixa Cultural apresentará no Rio a mostra Palavra em Movimento — Filmes e Roteiros de Jorge Furtado, uma retrospectiva de seus principais trabalhos para cinema e TV. Nesta entrevista ao GLOBO, o cineasta fala sobre o passado e também sobre o presente do cinema brasileiro. “O que existe hoje é um cinema descartável”, afirma.

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Como você encara a ideia de fazer uma retrospectiva do seu trabalho?

Eu disse que estou considerando como o intervalo de um jogo, em que a TV mostra os melhores momentos do primeiro tempo. Mas ainda falta o segundo tempo. Olhando o que vai ser exibido, é interessante perceber como a TV mudou. A gente fazia programas mensais, “A comédia da vida privada” (1995) era mensal. Era um luxo: três ou quatro roteiristas trabalhando um mês num programa. Projetos assim não existem mais. A TV, num certo sentido, se empobreceu. A competição com o cabo e a internet faz com que a TV aberta navegue numa faixa mais estreita.

O que o levou a trabalhar com audiovisual?

Sempre gostei de escrever e sempre gostei de imagens. Mas eu achava que esses mundos, o da palavra e o da imagem, eram inconciliáveis, então fui estudar Medicina. Só que aí, no início dos anos 1980, o pessoal começou a fazer cinema em Porto Alegre, e percebi que minha busca era pelo cinema. Antes, eu já frequentava ciclos de cineastas, em que só passavam filmes do Resnais, do Kurosawa, do Bergman. Ali eu comecei a abrir minha cabeça. Então, larguei a Medicina e fui estudar Jornalismo, onde havia uma cadeira de cinema.

E logo um de seus primeiros filmes, o curta “Ilha das Flores” (1989), fez um sucesso gigantesco.

Ele é um fenômeno, realmente. Toda semana, recebo notícias do “Ilha”. Deixa eu olhar agora no Twitter, espera aí. Olha só: tem aqui, de 13 horas atrás, alguém dizendo que o filme é “nostalgicamente atual”. Eu perdi o controle sobre ele.

Acompanhando seu blog no site da produtora de que você é sócio, a Casa de Cinema de Porto Alegre, e também o que você faz em seus filmes, esse tema do “Ilha das Flores”, o da injustiça social, parece estar sempre em discussão no seu trabalho.

Eu me interesso pela vida real, e não consigo separar esse interesse do meu trabalho. Tive uma formação no cinema político. Para a minha geração, o cinema sempre foi um formador de opinião. A gente ficava esperando o que Truffaut, Scorsese, Godard ou Resnais iriam dizer sobre o mundo. Hoje isso não existe mais. O cinema perdeu muito da sua importância para pensar a realidade, a sociedade. São poucos os filmes ainda relevantes.

Por que isso aconteceu?

O cinema perdeu a relevância. Antigamente todo mundo queria saber o que o Bergman fez de novo. No fim dos anos 1970, eu fui até Buenos Aires de ônibus para ver “Laranja mecânica” (de Stanley Kubrick), que ainda era proibido no Brasil. E hoje? O que aconteceu é que, com a internet, veio uma profusão de imagens que banalizou muito o que é feito. É muito raro aparecer um filme que gere reflexão. No cinema brasileiro, são poucos os que ajudam a pensar o país.

Mas são poucos filmes relevantes mesmo num momento em que a produção brasileira não para de crescer?

Exatamente, são mais de cem filmes por ano. Acho que falta fazer um cinema útil, durável, que nos leve a debater. O que existe hoje é um cinema descartável, de puro entretenimento. Não é apenas no Brasil. Eu não sou contra o cinema pop, mas esses filmes de super-heróis me interessam pouquíssimo. Um filme como “Boyhood”, que é espetacular, só aparece de vez em quando. São raros. O cinema perdeu sua força.

E ainda é possível fazer esse cinema útil e atrair pessoas? Os filmes brasileiros, quando estreiam, não passam muito de uma semana em cartaz por falta de interesse do público.

Essa é a pergunta de um milhão de dólares. Acho que a resposta passa por garantir o espaço do filme na sala, para que o público possa encontrar esse filme, mas passa também por uma autocrítica dos realizadores para saber se eles estão conseguindo fazer algo interessante para as pessoas. Se não houver uma preocupação com o público, o cinema vira um clube de aeromodelismo.

Esse debate esbarra numa discussão antiga que existe no Brasil, sobre o financiamento dos filmes.

As leis de incentivo que nasceram no Brasil têm como vício de origem essa isenção de 100% do imposto de renda. Às vezes a pessoa não está nem aí se vai lançar o filme ou não. Não faz diferença se o público viu ou não: o cara já pegou o dinheiro, fez o filme, circulou nos festivais e deu entrevista. As leis de incentivo criaram um descompromisso com o público. Mas, por outro lado, se só existirem filmes cujo interesse é fazer milhões de espectadores, você acaba criando um cinema descartável. São essas comédias fáceis que têm um megapúblico, mas, passados cinco anos, viram peça de museu. Não servem para nada, são muito frágeis. Acho que todo tipo de filme deve ser feito, mas é preciso repensar como financiar essas produções. E também sou a favor de encontrarmos um cinema intermediário entre os filmes totalmente cabeça e esses arrasa-quarteirão. Um cinema popular de qualidade.

É o que você buscou nas suas ficções?

É o que eu, o Guel Arraes e nossa turma sempre pensamos. Queremos fazer coisas populares, mas que não sejam só bobagem.

Você já disse que seus filmes são sobre pessoas modificadas por uma paixão. Por que esse tipo de história lhe interessa?

São paixões diversificadas, não apenas por mulheres. Em “Saneamento básico”, por exemplo, a paixão era pelo cinema. Acontece que eu sempre vi a ficção como um exercício para a alma, onde a gente exercita nossas emoções através do outro. Quando vê um filme como “Ladrões de bicicleta” (1948), você se transforma, passa a enxergar a vida de outro ponto de vista. Ou, quando você vê “Corações e mentes” (1974), entende o horror da guerra. São situações que te educam emocionalmente, numa diversidade de temas. A outra opção de cinema é apelar para os instintos mais básicos. Se quiser, você pode fazer um filme com sexo e violência pelo qual qualquer ser humano vai se interessar. São situações que sempre vão funcionar, mas isso acaba banalizando o cinema. Para fazer algo mais complexo, é necessário elaboração.

Você escreve bastante sobre política em seu blog e nesta última eleição declarou voto em Dilma Rousseff. Numa campanha mais raivosa como foi a deste ano, houve uma reação dos leitores por conta de você se posicionar politicamente?

Desde que tenho o blog, declaro em quem vou votar. Este ano, porém, tentei pegar mais leve, falei menos do assunto do que normalmente falo. Nós estamos numa democracia há 25 anos, e na democracia a gente vai aprendendo aos poucos. Eu sou bem otimista, e temos que aprender a conviver com pessoas que pensam diferente. Meu amigo vota em alguém, e eu voto em outra pessoa, isso é normal. Na política o que precisamos fazer é buscar as coisas que temos em comum. Alguém é contra uma melhor educação pública? Um melhor sistema de saúde? Ninguém é contra isso. A questão é como chegar lá. Política não é só opinião, é ação. Esta semana nós ficamos sabendo que a mortalidade infantil no Brasil caiu pela metade nos últimos dez anos. Isso é uma coisa que só a política faz, o cinema não diminui a mortalidade infantil.

É possível resgatar a crença do brasileiro na política?

Nós temos uma geração que não viveu a ditadura e que pode achar que o Congresso é uma porcaria e que a política é uma atividade quase criminosa. É verdade que a política realmente atrai muito picareta. Mas daí a dizer que os políticos não servem para nada é demais. A gente tem que lembrar que sem partidio político não há democracia. É importante lembrarmos dessas cosias e debatermos com civilidade.

Mas que tipo de críticas você recebeu por declarar voto?

Eu sempre sou criticado em todas as eleições. É normal. Não indo pelo lado pessoal, sendo uma discussão no campo das ideias, eu gosto de debater. Eu só evito baixarias. Tenho uma regra: não bato em quem gosta de apanhar, porque aí será um trabalho interminável. Meu blog não aceita comentários e não tenho Facebook. Eu só escrevo alguma coisa quando tenho algo a dizer. Com essa quantidade imensa de mídia, tenho a impressão de que está todo mundo falando, mas ninguém escutando.

Coisas de menino mimado

Por Ribamar Fonseca

Decorridos mais de um mês das eleições de outubro, o senador Aécio Neves continua no palanque, inconformado com as derrotas para a Presidência da República e para o governo de Minas. E não perde uma oportunidade para agredir os vencedores e eleitores, comportando-se como um menino mimado que não aceita ser contrariado. Em recente entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila, da Globonews, ele atribuiu sua derrota a uma “campanha sórdida”, afirmando que perdeu as eleições não para um partido político, mas para uma “organização criminosa”. Desta vez ele extrapolou, atingindo não apenas o PT mas, também, os seus eleitores.

Como consequência a essa declaração infeliz, que reafirmou no dia seguinte garantindo que não retira uma única palavra, Aécio vai responder a uma enxurrada de processos na Justiça. Além do próprio PT, eleitores de todo o país, que se sentiram ofendidos, já manifestaram, nas redes sociais, a disposição de processá-lo criminalmente por difamação, calúnia e injúria, cobrando-lhe inclusive indenização por danos morais. Por conta desse excesso ele também mereceu críticas severas do jornalista Jânio de Freitas, sobretudo por continuar alimentando o clima de ódio que criou durante a campanha eleitoral. “É difícil admitir que Aécio Neves esteja consciente do papel que está exercendo”, disse o colunista da “Folha”.

A frustração do senador tucano com a derrota é tão grande que, além de comportar-se como se ainda estivesse no palanque, ele não mede as consequências das suas palavras no acirramento desse ódio inexplicável, que chegou a ser apontado na época pela colunista Laura Capriglione como causa do seu fracasso nas urnas. Ela advertiu que suas agressões a Dilma estavam “matando” a sua candidatura. E acentuou: “Os marqueteiros de Aécio já deviam saber que o ódio é um aliado mortal em eleições democráticas. É sórdido”. Aécio, no entanto, com o apoio da grande mídia, passou a atribuir ao PT as suas próprias atitudes.

Riquinho habituado a ter tudo o que desejou, desde a divulgação do resultado das urnas ele não consegue aceitar a derrota e, por isso, além da sistemática agressão aos vitoriosos, tenta convencer a si mesmo – e aos seus acólitos – de que, pelo fato de ter sido relativamente pequena a diferença de votos, foi o grande vencedor do pleito. Chegou, inclusive, a proclamar a teoria maluca de que “perdeu vencendo”, enquanto Dilma “venceu perdendo”. Difícil dizer se é caso de tratamento psicológico ou psiquiátrico.

Parecendo o garoto do buchão, que vive choramingando porque lhe tomaram o pirulito, o senador tucano revela, com esse comportamento, total falta de maturidade, incapaz de aceitar as regras do jogo democrático quando o resultado lhe é desfavorável. É a primeira vez, na história da democracia no Brasil, que um candidato derrotado nas urnas se recusa a aceitar o seu veredito, entregando-se a permanente choradeira. Já pensaram se todos os candidatos derrotados aos governos estaduais adotassem o mesmo comportamento? O país não conseguiria dormir com tanto chororô.

Com esse comportamento infantil o senador presidente do PSDB, além de estar perdendo o equilíbrio com seus inoportunos e virulentos ataques, está se isolando dentro do seu próprio partido, pois, afora o seu pequeno grupo de acólitos chorões, ele não tem recebido o apoio de outras lideranças tucanas, como dos governadores Geraldo Alckmin e Marconi Perillo e do senador eleito José Serra. Mais maduros e convencidos da legitimidade da vitória da candidata petista e da importância de um relacionamento formal e respeitoso com o poder central, os três preferem ficar distantes de Aécio, para não serem respingados pelo seu ódio inconcebível.

Talvez a maior dor de Aécio, no entanto, esteja relacionada com o futuro, porque ele provavelmente concluiu que a eleição deste ano pode ter sido a sua primeira e última oportunidade de chegar à Presidência da República. Isto porque em 2018 ele deverá enfrentar, dentro do seu próprio partido, dois fortes candidatos ao Palácio do Planalto – o governador Geraldo Alckmin e o senador José Serra – os quais, mesmo a contragosto, abriram mão da vaga este ano. E, também, caso consiga vencer a disputa interna no ninho tucano, deverá ter pela frente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cuja candidatura à sucessão da presidenta Dilma Rousseff é considerada fava contada.

Na verdade, não apenas o candidato derrotado à Presidência se mostra revoltado com a vitória de Dilma. A mídia oposicionista também ainda não digeriu a reeleição da Presidenta. O jornal “O Globo”, por exemplo, em editorial logo após o pleito, sob o título de “A mensagem das urnas”, disse que a eleição presidencial deixou o país dividido entre “o que produz e paga impostos, que deseja o PT longe do Planalto, e o Brasil cuja população se beneficia dos lautos programas sociais, que não quer mudanças em Brasília por razões óbvias”. O jornalão carioca, que surpreende com semelhante interpretação preconceituosa do resultado das urnas, ainda debocha dos pobres ao classificar de “lautos” os programas sociais.

O fato, porém, é que a maioria do povo brasileiro decidiu manter a presidenta Dilma Rousseff no Palácio do Planalto pelos próximos quatro anos. Afinal, o voto do pobre não é diferente do voto do rico, assim como a pequena diferença não tira a legitimidade da vitória. Diante disso, resta ao senador Aécio Neves deixar de ser infantil – até porque não fica bem semelhante atitude a um aspirante à Presidência da República – parar com a choradeira e as crises de revolta e aceitar democraticamente o resultado das urnas, preparando-se para tentar ser mais convincente – e menos agressivo – no pleito de 2018, caso até lá consiga manter-se candidato. Afinal, Alckmin e Serra estão aí mesmo…