A incrível urucubaca dos nativos

Por Gerson Nogueira

O Remo vive uma situação extremamente favorável na Série D. Venceu duas partidas seguidas e pode se classificar em campo, no próximo domingo, caso derrote o River no estádio São Benedito, em Bragança. Pode também se classificar sem maior esforço, caso a decisão do STJD de punir o time piauiense (por usar irregularmente o jogador George Michael) se confirme. Em resumo, tudo conspira a favor da classificação à etapa de mata-mata da competição.

unnamedAinda assim, mesmo desfrutando de fase tão positiva na competição nacional, alguns critérios ainda chamam atenção nas escolhas do técnico Roberto Fernandes, principalmente quanto a jogadores formados no próprio clube.

O zagueiro Igor João foi excluído dos planos e acabou liberado pelo clube. Até Roni, uma das joias mais preciosas surgidas no Evandro Almeida nos últimos anos e melhor atacante do time, correu o risco de seguir o mesmo caminho, chegando a amargar a reserva por três rodadas.

Jonathan, destaque do time nas últimas temporadas, foi relegado a terceiro reserva e está praticamente excluído dos planos imediatos. Volante moderno, dono de bom passe e capacidade de finalização, foi primeiro deslocado para a condição de terceiro reserva e hoje nem aparece mais na lista de relacionados para os jogos.

A última exclusão envolvendo atletas oriundos da base azulina é a do lateral esquerdo Alex Ruan, que surgiu há três anos e desde então vinha se firmando como titular. Para espanto geral, no último jogo, contra o Interporto, Alex foi barrado. Em seu lugar entrou Rodrigo Fernandes. Lesionado na partida foi substituído pelo improvisado Régis, que é lateral direito de origem.

Para enfrentar o River no próximo domingo, o técnico resolveu celebrar a improvisação. Como Rodrigo Fernandes foi cedido ao Icasa-CE, Régis herda automaticamente a posição. Enquanto isso, Alex Ruan passa a integrar a nau dos renegados, juntamente com Jonathan.

Pelo que se observou da atuação de Alex nas outras partidas, o lateral esteve em plano razoável, no mesmo nível dos demais companheiros de zaga. São as tais situações que ninguém entende, como diria o bragantino Cláudio Guimarães.

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Vexame não desmerece novo basquete

Houve logo quem, com a afobação dos néscios, comparasse a lavada que o Brasil levou da Sérvia no basquete (84 a 56) com aquela peia histórica de 7 a 1 da Alemanha sobre a Seleção do Felipão, na Copa do Mundo.

Devagar com o andor.

Nada a ver uma coisa com a outra. Para começo de conversa, o Mundial de Basquete não acontece no Brasil, com torcida amarelada a empurrar os canarinhos. Com o torneio disputado na Espanha, os brasileiros não tiveram qualquer favorecimento ou simpatia nas arquibancadas.

Depois, cabe sempre lembrar que a seleção treinada pelo argentino Rubén Magnano teve desempenho dos mais louváveis ao longo da competição. O apagão diante dos sérvios não diminui em nada os méritos da equipe. Como parte da reestruturação do basquete masculino, a quinta colocação no Mundial pode ser considerada excelente.

Cair frente a um adversário fortíssimo, um dos melhores do mundo, não é desonra. Lamenta-se, obviamente, pelo placar elástico, provocado principalmente pelo fraco rendimento da equipe no terceiro quarto do jogo, quando perdeu por 17 pontos de diferença. O excepcional aproveitamento sérvio nas bolas de três pontos foi decisivo para a contagem final.

Os experientes Tiago Splitter, Marquinhos, Varejão e Nenê fizeram um campeonato de bom nível, ajustando-se aos planos de Magnano, que, pela primeira vez, conseguiu dar ao time um sentido de conjunto e força tática desde que chegou ao Brasil. O torneio serviu para revelar uma interessante safra de garotos, que entraram muito bem em várias partidas.

Promessas para encorpar a seleção para o desafio que realmente importa: o torneio olímpico em 2016, no Rio.

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E Pelé volta a pisar na bola

Desde que Romário disse que Pelé calado era um poeta, o eterno Rei do Futebol não tinha mais aprontado nenhum deslize verbal mais grave. Ontem, ao comentar o caso de racismo no estádio do Grêmio, sua majestade teve uma recaída.

Durante evento patrocinado, no Rio, Pelé se meteu a opinar sobre o incidente envolvendo o goleiro Aranha, do Santos. “Acho que o Aranha se precipitou um pouco em querer brigar com a torcida. Se eu fosse parar o jogo cada vez que me chamasse de macaco ou crioulo, não tinha jogo”, disse, em entrevista à TV.

Pelé perdeu uma excelente oportunidade de ficar calado. Racismo não é, de fato, tema dos mais fáceis para ele. Ao longo de sua longa e profícua carreira, o Atleta do Século jamais se destacou por encarar o problema com olhos críticos.

Buscou sempre tangenciar, com frases mais ou menos parecidas com a de agora. Com isso, semeou exemplos tristes, como o de Ronaldo Fenômeno, que certa vez teve a pachorra de dizer que não se sentia discriminado porque é branco.

Para Pelé, ao que tudo indica, xingamentos e insultos não constituem crime. São as tais coisas do futebol. Ledo engano. Racismo se manifesta dessa e de várias outras formas, dependendo do grau de facilitação e impunidade.

Com a autoridade moral de quem é reverenciado até hoje no mundo inteiro, Pelé deveria pelo menos respeitar os ofendidos e silenciar.

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STJD pode encerrar a arrastada polêmica

Está previsto para hoje o julgamento final do caso Brasília. O Pleno do STJD tem a chance de colocar um paradeiro nessa longa e chata novela sobre o campeão da Copa Verde. Para isso, deve confirmar a decisão unânime da Comissão Disciplinar, que deu ganho de causa ao Papão.

O regulamento diz que um time não pode escalar jogadores não registrados no BID. O Brasília escalou quatro. Se a lógica legal prevalecer, o título deve ser confirmado para os bicolores.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 11)

60 comentários em “A incrível urucubaca dos nativos

  1. De fato, totalmente descabida a comparação da derrota do basquete com a do futebol. A seleção da Sérvia disputa competições duríssimas com algumas das melhores seleções do planeta e está acostumada com o alto nível em todas as situações, enquanto disputamos um sulamericano que nos acrescenta muito pouco, até porque a Argentina, maior referência do esporte no continente, participa com equipe reserva. De qualquer modo, foi um grande teste pra 2016 e essa participação serviu pra, finalmente, dar a esse grupo a cara de uma seleção realmente nacional.
    Quanto ao Pelé, quando se pensava que o seu silêncio escreveria mais um grande poema, eis que abre a boca e despeja sobre o ventilador tudo aquilo que poderia ser evitado com a simples ingestão de um comprimido de Floratil. Normal para quem sempre se achou um”preto de alma branca”.

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  2. Penso que só o técnico sabe como vem o adversário e, por isso, como o Levy sai muito, é mais fácil, um dos volantes, cobrir apenas ele… Cada jogo é um jogo… Claro que na hora que ele precisar ir pra frente, o Alex Ruan será colocado… Não se pode achar que todo prata da casa tem que estar em Remo e PSC e ainda ser titular… Régis entrou muito bem no jogo passado… É volante e lateral esquerdo.

    – Falava nos comentários do jogo contra o Interporto, que o sistema defensivo do Remo, precisava ser melhorado e que Reis, não poderia ser titular no Remo, tendo Ratinho e Danilo Lins, no banco..Eu, até pela maior qualidade, principalmente do Ratinho, preferia treinar ele a semana toda, pra fazer a função do Reis…Ganharia em qualidade.

    É a minha opinião.

    NOTA: Ontem, em uma entrevista, RF definiu o Remo, com apenas 1 dúvida que vai tirar depois dos treinamentos da semana: Reis ou Ratinho

    Remo: Fabiano, Levy, Max, R.Andrade e Régis. Dadá, Michel, Danilo Rios e Reis(Ratinho). Rony e Leandro Cearense

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  3. E eu não duvido que o RF quando se for queira levar o Alex Juan e o Jonathan a preço de banana.
    Interessante que no jogo passado ele alegou que improvisou o Regis porque precisava elevar a estatura da defesa, o Alex é jogador ofensivo, o Remo estava ganhando e estava sendo pressionado.
    No entanto, agora, o Remo joga em casa, precisa vencer e mesmo assim ele novamente improvisa.
    Quer dizer, rematado e deliberado equívoco.
    Mas, vamos aguardar, ele é quem treina o time todo o dia…
    Tomara que ele me prove com a atuação do Regis que eu estou ERRADO e ele CERTO. Afinal, a mim não me interessa ter razão, estar certo, que este ou aquele treinador ou jogador comande o time e entre jogando, respectivamente, seja qual for a sua procedência. Pra mim o que importa é que o time vença e alcance seus objetivos.
    Agora, a questão é que para vencer e alcançar seus objetivos é necessário que o treinador e os jogadores em primeiro lugar tenham qualificação física e técnica, pelo menos, em se tratando destes últimos, e foco exclusivo no trabalho de comando tecnico e tático no caso do primeiro, além, logicamente, de conhecimento do ofício de treinar as equipes.

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  4. Amigo Gerson, não gosto muito de corrigir, até por que, para mim, soa como falta de educação e prepotência, mas quanto ao basquete, a informação de novos valores colocada por você não confere, pois, a seleção brasileira era a mais velha entre as seleções, tendo apenas Raulzinho como revelação. Por sinal, assim como a CBF e CBB tem sido muito criticada pot não trabalhar na formação de atlestas. No mais concordo com você.

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  5. Quanto ao destaque sobre RF, quem lembra dele no Paissandu de Luciano Gigante, Charles Vagner e C&A, sabe que o mesmo não trabalha com atletas regionais e que idolatra seus pseudo-reforços.

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  6. Gerson amigo, a tua análise de hoje sobre o Remo considero perfeita.O RF na coluna do correto Sérgio Noronha em 15.7.2014 gritava no Baenão “comigo jogador de base não tem vez” e honrou sua palavra começando com a dispensa inacreditável de Igor João e agora a barração do Alex Juan sob a alegação que precisa de jogador alto. Roni amargou a reserva por 3 jogos sob a alegação do RF que tinha perdido 4 oportunidades. Quando voltou ao time calou a boca de muita gente que acha que jogador de base precisa amadurecer. Já disse na coluna do Cláudio Guimarães que o que precisa amadurecer é mamão, manga, etc. Sorte imensa teve o Pelé que em 1958 foi campeão do mundo com 17 anos, isto sem falar no Edú com menos de 17 anos, ambos oriundos da escolhinha do Santos. Voltando a altura alegada, o Alex e o Fernandes tem praticamente a mesma estatura. Como acompanho o futebol desde 12/13 anos lembro-me de jogadores como Manoel Pedro e João Tavares no PSC e Dico, Rosomiro e Cuca no Remo todos excelentes atletas. Se altura prevalecesse o Leandrão, Luciano Gigante e André Astorga teriam sido craques de seleção (talvez a de basquete?). Por fim tenho que lutar para que o Remo não perca o Tsunami, jogador de excelente estatura, polivalente e sem chance alguma de aproveitamento no plantel principal. E o Jonathan está esquecido treinando de lateral direito, mas quando o Remo precisou dele, ao lado de Alex Juan, Igor João e outros, deram ao Remo o campeonato, ganhando o PSC de 4×1. Na volta dos “titulares” Remo 0xPSC 2 . Por um triz não fomos eliminados.Espero que o Antônio Oliveira esteja errado, e que os citados por ele, tenham longa vida no Remo.Contínuo torcendo apaixonadamente, pouco me importando com quem dirige meu clube de coração, como salientou o Antônio Oliveira. Grato.

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  7. Palavra final da procuradoria: “Vale o resultado de campo, mas tem o outro lado. Tem que valer a regularidade. Senão, isso pode causar um desequilíbrio”

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  8. “Discordo da defesa do Brasília. Nunca vi um caso tão difícil. A CBF conseguiu nos colocar a todos com sua omissão e seu desarranjo interno”, inicia José de Arruda, o relator.

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  9. Arruda indaga: Estaria correta a afirmação de que “o que não está no BID não está no mundo”?

    Relator totalmente pró Brasília, queria ver se fosse Remo ou Paissandu…

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  10. Situação não valeu para Portuguesa… hum hum… Casos entre times de menor expressão na mídia nacional gera essas distorções… lei é lei para uns e para outros não…

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  11. Vejo bem simples. A condição de jogo é por duas maneiras: 1 – pelo vínculo. 2 – Pela publicidade. Se não estiver no BID, não pode jogar”, diz Décio.

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  12. Explicado Maior do Norte… Melhor para o Papão que precisa de apenas mais um voto… Claro que, para mim, essa parada é estratégica e visivelmente pró Brasília.

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  13. Tá na mão do papão, só perde se tiver maracutaia, pró Brasilia, caro Lira.

    Repórter do River

    “Remo e River, o jogo da paz entre as duas maiores torcidas do Norte Nordeste”

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

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