Nova hegemonia europeia

Por Gerson Nogueira

Não bastaram os humilhantes 7 a 1 nas semifinais, nem o título mundial conquistado com requintes de competência e método em pleno Maraca. Incansáveis, os alemães continuam a nos assombrar com exemplos quase diários de evolução dentro e fora de campo. Todo o planejamento concebido e executado a partir de 2000, com investimentos grandiosos na formação de atletas, materializa-se em vitórias de valor incalculável.

A história da transformação alemã de força decadente em potência revitalizada já é bem conhecida. Veio à tona durante a própria Copa, quando todos os olhos se voltaram para a campanha impecável e o apuro nos detalhes da preparação da seleção de Joachin Low. Não custa, porém, reavivar memórias no país que sempre gostou de pensar que tinha o melhor futebol do mundo.

Que a Alemanha é um exemplo de determinação e competitividade todo mundo está cansado de saber. A firmeza com que o país se reergueu depois da destruição advinda das insanidades do nazismo é prova mais do que eloquente da fibra de seu povo e da confiabilidade de suas instituições.

Em termos globais, a execução do ambicioso plano de reforma do futebol, a partir do estímulo à criação de escolinhas, é tão significativa para o esporte quanto a formatação da Premier League na Inglaterra e o renovado esforço norte-americano para conquistar excelência e respeito mundial.

Pois a combinação de fartura de atletas com a solidez econômica dos clubes permite hoje à Alemanha inverter uma rota que normalmente a situava como mercado de quarta linha na Europa, atrás de Itália, Espanha e Inglaterra.

Seus clubes, notadamente Bayern de Munique e Borussia Dortmund, já rivalizam com Real Madri, Barcelona, Manchester United, Internazionale, Milan, Juventus, Chelsea e Arsenal. Prova eloquente dessa mudança de cenário foi dada nesta semana, quando o ídolo Thomas Müller recusou oferta milionária do Manchester United para deixar o Bayern.

Ao descartar a oferta do United, Müller disse simplesmente que estava bem na Alemanha e no Bayern, seu clube de coração e onde aprendeu a jogar bola. Bem remunerado e disputando um campeonato quase tão charmoso quanto o inglês, o craque não viu razão para mudar de país.

Cabe também a Müller e seus talentosos companheiros campeões do mundo a manutenção da hegemonia europeia no futebol planetário. Desde 2006, somente seleções do Velho Mundo conquistaram a Copa. Antes da Alemanha, Itália e Espanha haviam vencido. E, pelo andar da carruagem, diante da decadência de potências como o Brasil, é improvável que a situação se altere nos próximos mundiais.

São três potências conhecidas pela importação maciça de talentos da América do Sul e da África, que, ao contrário do que se imaginava anteriormente, conseguiram reagir à influência dos estrangeiros e passaram a formar seus próprios craques. Alguns – caso de Müller – até bem superiores à média dos boleiros revelados nas “colônias”.

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Dura missão azulina no sertão do Ceará

Em meio a boatos de divisões internas, zangas entre o técnico e os jogadores, o Remo viaja a Sobral-CE para tentar devolver o prejuízo sofrido semana passada em Bragança. A tarefa é duplamente ingrata, pois o Guarani jogará em sua casa e com informações sobre a maneira de atuar do campeão paraense.

Acima da boataria que nada acrescenta e ciente de que sua permanência depende de um bom resultado, o técnico Roberto Fernandes comandou treinos durante a semana que pouco modificaram a escalação que já era prevista para o jogo de hoje. O meio-de-campo deve ter três volantes (Dadá, Ilaílson e Michel) e Reis como meia de ligação.

No ataque, as dúvidas de sempre. Fernandes deve manter Leandro Cearense, centroavante que tem sua preferência desde o Parazão. O segundo atacante deve ser Tiago Potiguar, embora o jogo se prenuncie ideal para as arrancadas de Roni em contra-ataque.

Ocorre que Roni, como Jonathan e Alex Ruan (substituído por Rodrigo Fernandes), carrega a sina de ser um jogador local, cujas limitações são sempre superdimensionadas enquanto as virtudes ficam em segundo plano.

De qualquer maneira, assustado com o tropeço em casa, o Remo parece armado para se defender à espera de erros do Guarani. Exatamente como os cearenses fizeram em Bragança. O fato é que, pelas características dos times, o jogo corre o risco de virar um chatíssimo embate de volantes.

A conferir.   

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O futebol na era do amadorismo

Cascata, de procedência não muito clara, e Leandrão, aquele centroavante que passou em branco pelo Remo, são os “reforços” que o Icasa garbosamente se prepara para receber nos próximos dias.

Não há jeito.

O futebol muda de perfil em muitas áreas, assimila fundamentos de gestão avançada e busca se tornar um negócio rentável para todos, mas certas práticas seguem imutáveis.

Contratar mal e sem critério é aleijão que assombra todos os clubes brasileiros, de A a D. Uma simples busca no Google permitiria avaliar as reais condições dos jogadores, evitando frustrações e prejuízos financeiros.

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Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta e a bancada será formada por Giuseppe Tommaso, João Cunha e este escriba baionense. O programa vai ao ar na RBATV por volta de 00h15, logo depois do Pânico na Band. 

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Boas perspectivas para o Papão em Alagoas

Não há dúvida quanto à evolução do Papão em relação à fase sob o comando de Vica. O time ganhou outro astral, os jogadores estão animados e o bom resultado aconteceu. A partida contra o CRB marca um recomeço na caminhada bicolor na Série C. Mazola Jr., que havia treinado o time no primeiro semestre, voltou ao cargo e as coisas se encaixaram novamente.

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O principal sinal deste novo momento é o ressurgimento de Pikachu, que havia passado em branco nas últimas seis partidas. Com vocação para a finalização, o meia-atacante andava longe da área, arriscando pouco e sem achar uma posição certa para jogar. Como por encanto, bastou Mazola chegar para que Pikachu, Djalma e outros jogadores se reencontrassem com o bom futebol.

Contra o ASA, neste domingo, será fundamental reproduzir a marcação forte e a rapidez nas saídas para o ataque. Caso consiga reeditar a boa atuação de segunda-feira – principalmente no segundo tempo -, o Papão pode sair de Arapiraca com um bom resultado, que permita se aproximar do G4 do grupo A. Apesar da anunciada dúvida no meio, entre Raul e Rafael, é provável que Mazola prefira Djalma para compor o setor, ganhando em velocidade e entrosamento com Pikachu. (Fotos; MÁRIO QUADROS/Bola)

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 24)

15 comentários em “Nova hegemonia europeia

  1. Ontem vi a entrevista de Leonardo na espn. Embora discorde de alguns pontos, fiquei muito contente em ver um cartola falando coisas sensatas. Outro que vem me surpreendendo positivamente é Levir Culpi. Depois que voltou do Japão virou outro com declarações ponderadas e fora da mesmice do futebolês.

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  2. Ah…seria muito bom se da dúvida entre Raul e Rafael Tavares, Mazola optasse pelo óbvio e escalasse Djalma.
    Quanto ao tópico principal, antes da Alemanha, a Espanha vinha ganhando tudo e encantando o mundo com o seu amado/odiado tic-tac,tendo ambas, Alemanha e Espanha, a Holanda como coadjuvante. Parece mentira, mas, desde que Dunga deixou o comando da seleção brasileira, saímos do pódio do ranking da FIFA e guardamos lugar lá no rabo da fila das seleções top de linha.
    Também, nosso futebol foi um instrumento politiqueiro recorrente nas mãos da ditadura, com a cartolagem do futebol misturando-se à política, dando início a um esquemão comandado por meia dúzia de cartolas, a madrasta CBF e uma rede de tevê, por sinal, afortunada afilhada dos milicos.
    E quando mudamos foi pra que tudo continuasse como está. Passamo da escravocrata Lei do Passe à neoliberal Lei Pelé, que instituiu a ditadura dos empresários de jogadores e seu fantástico tráfico de futuros atletas para o exterior. Basta ver qualquer partida entre times do sub qualquer idade que seremos brindados com a recorrente informação, fulano já está vendido pra tal lugar, mas só irá quando completar 18 anos.
    Pelo menos há uma luz no fim do túnel, com a perspectiva da aprovação da Lei de Responsabilidade do Futebol e a crescente influência do movimento Bom Senso F. C. Se não for mais uma chuva de verão, teremos finalmente um contraponto moderno fazendo frente ao mandonismo anacrônico, cujo emblema, sem generalizações do fato, é um cartola que vê seu helicóptero cruzar os céus do país com quase meia tonelada de cocaína. Apreendido o veículo, o proprietário declara, estava emprestado ao piloto. Não dá!

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  3. Só que o paraíso empresarialnão foi criado prla lei Pelé, maspela lei Bosman, não sei se é assim o nome. Exemplo disso é o Barça, interessado em comprar um obscuro lateral do morumbi.

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  4. Do jeito que o futebol é imprevisível de uma hora para outra o Leandrão se dana a fazer gol pelo icasa. As vezes o jogador não dá certo em um lugar e acerta em outro. Aqui não deixa saudade.

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  5. Hoje quem tem um empresário “bom” e amigo de treinador ou cartola pilantra, emplaca fácil seus perebas, e divide o lucro.

    Não são todos, é claro!

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  6. Jorge,
    Essa entrevista é muito boa mesmo e esclarecedora do funcionamento do futebol europeu. O único equívoco (se é que posso dizer assim) ds entrevista está na defesa de ligas semelhantes as européias. O Brasil, por ser um país continente, nunca deveria reproduzir o modelo europeu (países minúsculos). Para finalizar, Jorge, não vejo interesse do Leonardo trabalhar com a antiquada CBF.

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  7. Amazônia e Nordeste têm que se separar do Brasil, pois o pessoal do Sul-maravilha nos veem como cidadãos de segunda categoria. Nunca vamos ser um país igual em nenhum aspecto, desde o esporte ao desenvolvimento industrial, passando pela educação.

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    1. Discordo, amigo Cláudio. Sei que não aprecia o Djalma, mas gosto da mobilidade que ele dá ao time e ao suporte a Pikachu. É melhor que Raul e Rafael Tavares, juntos.

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  8. O futebol europeu é marcado pela força da sua moeda. O Leandrão é um enganador. Quanto ao Remo, tem chances de trazer uma vitória. Basta ter coerência na escalação. Roni tem que entrar jogando. Ratinho e Val Barreto no segundo tempo.

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