Dia: 24 de agosto, 2014
Felipão vence a primeira no Grêmio
Cruzeiro leva sufoco, mas arranca vitória
Guarani x Remo (comentários on-line)
Campeonato Brasileiro da Série D 2014
Guarani x Remo – Sobral-CE, 17h
Na Rádio Clube, Géo Araujo narra; reportagem – Paulo Caxiado. Banco de Informações: Adilson Brasil e Fábio Scerni.
Palmeiras vence e sai da lanterna
Um dia, um país
Pois é…
Nova hegemonia europeia
Por Gerson Nogueira
Não bastaram os humilhantes 7 a 1 nas semifinais, nem o título mundial conquistado com requintes de competência e método em pleno Maraca. Incansáveis, os alemães continuam a nos assombrar com exemplos quase diários de evolução dentro e fora de campo. Todo o planejamento concebido e executado a partir de 2000, com investimentos grandiosos na formação de atletas, materializa-se em vitórias de valor incalculável.
A história da transformação alemã de força decadente em potência revitalizada já é bem conhecida. Veio à tona durante a própria Copa, quando todos os olhos se voltaram para a campanha impecável e o apuro nos detalhes da preparação da seleção de Joachin Low. Não custa, porém, reavivar memórias no país que sempre gostou de pensar que tinha o melhor futebol do mundo.
Que a Alemanha é um exemplo de determinação e competitividade todo mundo está cansado de saber. A firmeza com que o país se reergueu depois da destruição advinda das insanidades do nazismo é prova mais do que eloquente da fibra de seu povo e da confiabilidade de suas instituições.
Em termos globais, a execução do ambicioso plano de reforma do futebol, a partir do estímulo à criação de escolinhas, é tão significativa para o esporte quanto a formatação da Premier League na Inglaterra e o renovado esforço norte-americano para conquistar excelência e respeito mundial.
Pois a combinação de fartura de atletas com a solidez econômica dos clubes permite hoje à Alemanha inverter uma rota que normalmente a situava como mercado de quarta linha na Europa, atrás de Itália, Espanha e Inglaterra.
Seus clubes, notadamente Bayern de Munique e Borussia Dortmund, já rivalizam com Real Madri, Barcelona, Manchester United, Internazionale, Milan, Juventus, Chelsea e Arsenal. Prova eloquente dessa mudança de cenário foi dada nesta semana, quando o ídolo Thomas Müller recusou oferta milionária do Manchester United para deixar o Bayern.
Ao descartar a oferta do United, Müller disse simplesmente que estava bem na Alemanha e no Bayern, seu clube de coração e onde aprendeu a jogar bola. Bem remunerado e disputando um campeonato quase tão charmoso quanto o inglês, o craque não viu razão para mudar de país.
Cabe também a Müller e seus talentosos companheiros campeões do mundo a manutenção da hegemonia europeia no futebol planetário. Desde 2006, somente seleções do Velho Mundo conquistaram a Copa. Antes da Alemanha, Itália e Espanha haviam vencido. E, pelo andar da carruagem, diante da decadência de potências como o Brasil, é improvável que a situação se altere nos próximos mundiais.
São três potências conhecidas pela importação maciça de talentos da América do Sul e da África, que, ao contrário do que se imaginava anteriormente, conseguiram reagir à influência dos estrangeiros e passaram a formar seus próprios craques. Alguns – caso de Müller – até bem superiores à média dos boleiros revelados nas “colônias”.
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Dura missão azulina no sertão do Ceará
Em meio a boatos de divisões internas, zangas entre o técnico e os jogadores, o Remo viaja a Sobral-CE para tentar devolver o prejuízo sofrido semana passada em Bragança. A tarefa é duplamente ingrata, pois o Guarani jogará em sua casa e com informações sobre a maneira de atuar do campeão paraense.
Acima da boataria que nada acrescenta e ciente de que sua permanência depende de um bom resultado, o técnico Roberto Fernandes comandou treinos durante a semana que pouco modificaram a escalação que já era prevista para o jogo de hoje. O meio-de-campo deve ter três volantes (Dadá, Ilaílson e Michel) e Reis como meia de ligação.
No ataque, as dúvidas de sempre. Fernandes deve manter Leandro Cearense, centroavante que tem sua preferência desde o Parazão. O segundo atacante deve ser Tiago Potiguar, embora o jogo se prenuncie ideal para as arrancadas de Roni em contra-ataque.
Ocorre que Roni, como Jonathan e Alex Ruan (substituído por Rodrigo Fernandes), carrega a sina de ser um jogador local, cujas limitações são sempre superdimensionadas enquanto as virtudes ficam em segundo plano.
De qualquer maneira, assustado com o tropeço em casa, o Remo parece armado para se defender à espera de erros do Guarani. Exatamente como os cearenses fizeram em Bragança. O fato é que, pelas características dos times, o jogo corre o risco de virar um chatíssimo embate de volantes.
A conferir.
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O futebol na era do amadorismo
Cascata, de procedência não muito clara, e Leandrão, aquele centroavante que passou em branco pelo Remo, são os “reforços” que o Icasa garbosamente se prepara para receber nos próximos dias.
Não há jeito.
O futebol muda de perfil em muitas áreas, assimila fundamentos de gestão avançada e busca se tornar um negócio rentável para todos, mas certas práticas seguem imutáveis.
Contratar mal e sem critério é aleijão que assombra todos os clubes brasileiros, de A a D. Uma simples busca no Google permitiria avaliar as reais condições dos jogadores, evitando frustrações e prejuízos financeiros.
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Bola na Torre
Guilherme Guerreiro apresenta e a bancada será formada por Giuseppe Tommaso, João Cunha e este escriba baionense. O programa vai ao ar na RBATV por volta de 00h15, logo depois do Pânico na Band.
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Boas perspectivas para o Papão em Alagoas
Não há dúvida quanto à evolução do Papão em relação à fase sob o comando de Vica. O time ganhou outro astral, os jogadores estão animados e o bom resultado aconteceu. A partida contra o CRB marca um recomeço na caminhada bicolor na Série C. Mazola Jr., que havia treinado o time no primeiro semestre, voltou ao cargo e as coisas se encaixaram novamente.
O principal sinal deste novo momento é o ressurgimento de Pikachu, que havia passado em branco nas últimas seis partidas. Com vocação para a finalização, o meia-atacante andava longe da área, arriscando pouco e sem achar uma posição certa para jogar. Como por encanto, bastou Mazola chegar para que Pikachu, Djalma e outros jogadores se reencontrassem com o bom futebol.
Contra o ASA, neste domingo, será fundamental reproduzir a marcação forte e a rapidez nas saídas para o ataque. Caso consiga reeditar a boa atuação de segunda-feira – principalmente no segundo tempo -, o Papão pode sair de Arapiraca com um bom resultado, que permita se aproximar do G4 do grupo A. Apesar da anunciada dúvida no meio, entre Raul e Rafael, é provável que Mazola prefira Djalma para compor o setor, ganhando em velocidade e entrosamento com Pikachu. (Fotos; MÁRIO QUADROS/Bola)
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 24)
Mazola só tem dúvida no meio-campo
O Paissandu embarcou neste sábado para Arapiraca (AL) com dúvidas na escalação do time para o jogo de domingo contra o ASA. O técnico Mazola Jr. ainda não definiu o nome do substituto do meia Marcos Paraná, que se recupera de cirurgia no braço. No último treino, Raul e Rafael Tavares foram testados na posição. O treinador não se decidiu ainda, mas pela movimentação no campo do Kasa é mais provável Raul comece jogando. Na marcação, Ricardo Capanema deve substituir a Zé Antonio, suspenso. Augusto Recife será ser o outro volante.
Djalma, que teve boa atuação contra o CRB, estava cotado para entrar no time titular, mas Mazola deve mantê-lo como alternativa para o segundo tempo. Para enfrentar a equipe alagoana, treinada por Vica (ex-PSC), o Papão deve ter o seguinte time: Paulo Rafael; Everton Silva, Charles, Lombardi e Fábio; Augusto Recife, Ricardo Capanema, Pikachu e Raul (ou Tavares); Héverton e Dênis. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
Diretoria remista reintegra Igor João ao elenco
Depois de ter sido dispensado no começo da semana, o zagueiro Igor João foi reintegrado ao elenco do Remo. A diretoria azulina reavaliou a situação e decidiu pela volta do jogador. O anúncio foi feito neste sábado, em Sobral (CE), onde a delegação remista aguarda o jogo de domingo contra o Guarani pela Série D.
Igor, em entrevista à Rádio Clube do Pará, não escondeu a alegria em ser reincorporado ao elenco. “Estou feliz em saber que voltei para o clube que eu gosto. Não vejo a hora da minha reapresentação que acontece na segunda-feira”, disse. Igor é de São João do Araguaia (PA) e havia renovado contrato com o Remo em julho deste ano.
Rock na madrugada – Pearl Jam, Nothing As It Seems
General trava investigação da Comissão da Verdade
Por Celso Lungaretti
Deu n’O Globo (clique aqui para acessar a íntegra):
“O comandante do Exército, general Enzo Peri, proibiu os quartéis de colaborar com as investigações sobre as violências praticadas em suas dependências durante o regime militar. Em ofício datado de 25 de fevereiro, o general determinou que qualquer solicitação sobre o assunto seja respondida exclusivamente por seu gabinete, impondo silêncio às unidades. Por entender que a medida é ilegal, o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF-RJ) vai pedir à Procuradoria Geral da República que ingresse com representação contra o comandante.
O ofício foi usado pelo subdiretor do Hospital Central do Exército (HCE), coronel Rogério Pedroti, para negar ao MPF-RJ o prontuário médico do engenheiro Raul Amaro Nin Ferreira, que morreu na unidade em 12 de agosto de 1971. O documento médico poderia comprovar a suspeita de que Raul, que foi preso pelo DOPS na noite de 31 de julho, na Rua Ipiranga (Flamengo), não teria resistido às sessões de tortura. No ofício, Enzo Peri informa que a decisão abrange os pedidos feitos pelo ‘Poder Executivo (federal, estadual e municipal), Ministério Público, Defensoria Pública e missivistas que tenham relação ao período de 1964 e 1985’.
— O Ministério Público está adotando as medidas necessárias para remover esses obstáculos às investigações e responsabilizar os servidores que sonegam informações. De qualquer forma, é lamentável que o comando atual do Exército de um Estado Democrático de Direito esteja tão empenhado em ocultar provas e proteger autores de sequestros, torturas, homicídios e ocultações de cadáver — lamentou o procurador da República Sérgio Suiama“.
O jornalista Luiz Cláudio Cunha disse quase tudo que havia a se dizer sobre o assunto. Eis os trechos mais importantes do seu artigo (para acessar a íntegra, clique aqui), publicado no site Brasil 247:
“Não há mais clima de convivência possível entre o general Enzo Peri, chefe do Exército, e os seis comissários da CNV, diante da espantosa manchete de hoje do jornal O Globo: ‘Anos de chumbo: comandante impõe silêncio ao Exército’.
O repórter Chico Otávio recebeu do procurador Sérgio Suiama, da Procuradoria da República do Rio de Janeiro, um inacreditável ofício enviado em 25 de fevereiro passado aos quartéis de todo o País pelo comandante do Exército, general Enzo Peri, proibindo qualquer colaboração para apurar crimes da ditadura que derrubou o presidente João Goulart. O general Peri chega ao requinte de mandar um modelo de ofício, em branco, instruindo cada quartel a rebater pedidos do Procurador-Geral da República para o seu gabinete em Brasília, no quarto andar do Bloco A do QG do Exército.
Será mais um ingrediente explosivo num pleito radicalizado?
O cala-boca nacional do general Peri abrange qualquer pedido ou requisição de documentos feitos pelo ‘Poder Executivo (federal, estadual e municipal), Poder Legislativo (federal, estadual e municipal), Ministério Público, Defensoria Pública e missivistas que tenham relação ao período de 1964 a 1985’. Só quem pode responder a tudo isso, esclarece o ofício, é o Gabinete do Comandante do Exército, ou seja, o próprio general Peri, erigido agora com uma autoridade que transborda todas as esferas de poder.
É útil lembrar que os desmandos e abusos cometidos entre 1964 e 1985 constituem o foco principal da investigação da CNV, que apresentará ao País em dezembro próximo o seu relatório final.
A solução do impasse agora revelado cabe exclusivamente à Suprema-Comandante das Forças Armadas (FFAA), a quem o general se subordina nos termos da Constituição, e à Presidente da República, que criou a CNV em 2011 e a instalou no ano seguinte justamente para apurar graves violações dos direitos humanos no País. Dilma acumula as duas funções e a dupla responsabilidade.
Cabe a ela, e a mais ninguém, repor a autoridade de seu comando e o prestígio de seu cargo. Se nada fizer, Dilma perderá ambos — a autoridade e o prestígio“.
SUPERIOR JAMAIS DEVE CONTEMPORIZAR
COM INSUBORDINAÇÃO DE SUBALTERNO
Ninguém precisa correr a renovar seu passaporte, pois ainda não estamos na iminência de uma crise militar que possa servir como estopim de um novo golpe. No entanto, salta aos olhos que existe, sim, quem esteja semeando ventos, na esperança de que eles virem tempestades.
O que o Luiz Cláudio Cunha qualificou de manchete é, na verdade, uma pequena chamada de capa da edição de 22/08/2014 de O Globo, no topo da coluna. Ou seja, o jornal cumpriu seu papel de noticiar, mas, flagrantemente, não quis dar grande destaque ao que ele próprio apurou.
Podemos concluir que não está, por enquanto, favorecendo rupturas institucionais, pois evitou dar tratamento provocativo a um episódio que se prestava para tanto. E, se precedentes valem alguma coisa, havendo uma quartelada para sair do forno, encontraremos O Globo novamente colocando a toalha na mesa. Autocríticas insinceras não evitam a reincidência nos mesmos erros….
De resto, o fato de o comandante do Exército ter extrapolado em muito a própria autoridade e desrespeitado seus superiores hierárquicos (o ministro da Defesa e a presidenta da República), ao mandar um ofício rebelde e descabido a altos oficiais, não deve ser encarado como um mero acesso de mau humor.
Mas, a exemplo de 1964, só haverá golpe quando os verdadeiramente poderosos resolverem trilhar tal caminho. E eles não decidem em função de bravatas como a do general Peri, mas sim dos custos x benefícios da empreitada. Neste momento, as perdas seriam muito maiores do que os ganhos. O que não nos exime da obrigação de acompanharmos atentamente a evolução dos cenários, para precavermo-nos de surpresas desagradáveis.
Por último: há exatos 19 dias, eu dei (vide aqui), de graça, um bom conselho à presidenta Dilma, quando as Forças Armadas produziram um relatório de 455 páginas para negar as torturas, assassinatos, estupros e outras atrocidades que perpetraram nos anos de chumbo. Foi mais ou menos o mesmo da canção célebre do Chico Buarque, aquela que diz ser “inútil dormir, que a dor não passa):
Que resposta dará ao relatório-escárnio, ao indisfarçado deboche e pouco caso dos fardados com relação à CNV que ela tanto quis criar?
Eles estão blefando. Ela tem as cartas vencedoras. Na hora de decidir se vai ou não utilizá-las, deveria inspirar-se (por incrível que pareça…) no ditador Ernesto Geisel.
Até por ser militar, ele sabia que o superior jamais deve contemporizar com insubordinação de subalterno. Destituiu o comandante do 2º Exército, destituiu o ministro do Exército e ninguém mais contestou sua autoridade“.
Gostaria que ela reagisse como eu então aconselhei e o Luiz Cláudio Cunha está aconselhando agora. Temo, contudo, que o novo sapo também acabe sendo engolido. O que, claro, só fará aumentar o atrevimento dos insubmissos. Aí, outras e piores provocações virão.
Insuficientes para, sozinhas, devolverem o país às trevas, mas sempre perigosas, principalmente se houver uma sinergia com outros fatores de desestabilização.
* jornalista, escritor e ex-preso político. http://naufrago-da-utopia.blogspot.com





