O Brasil que dá certo

Na mesma semana em que Artur Ávila Cordeiro de Melo, matemático brasileiro, conquistou a Medalha Fields, o Brasil teve outra conquista na área de ciências exatas, protagonizada por alunos do ensino médio. Cinco estudantes conquistaram a medalha de prata em prova por equipe na 8ª Olimpíada Internacional de Astronomia e Astrofísica, conquista inédita no país. O evento, que terminou no último domingo, ocorreu na cidade de Suceava, na Romênia. O grupo brasileiro também obteve, nas provas individuais, duas medalhas de bronze e três menções honrosas.

A equipe desembarcou nesta quinta-feira no Brasil, após viagem de 30 horas. “Essa competição tem nível muito elevado, e os alunos brasileiros se destacaram”, disse o coordenador de Educação em Ciências do Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast), no Rio de Janeiro, Eugênio Reis, que acompanhou os estudantes. Segundo ele, “esses jovens que voltam com a medalha mostram para os demais que isso é uma coisa possível; que basta se dedicar, que se tem chance”.

Ao todo, participaram da Olimpíada 208 estudantes, de 39 países. O Brasil é um dos países que participa da Olimpíada desde a primeira edição. A prova de equipe varia a cada ano, e a elaboração fica a cargo do país que sedia o evento. Na última edição, os grupos tiveram 90 minutos para calcular a trajetória de dois mísseis que deveriam atingir um asteroide, em rota de colisão com a Terra, e salvar o planeta.

Para as contas, puderam usar apenas objetos contidos em uma caixa: réguas, massa de modelar, barbante e papel milimetrado. A medalha de ouro ficou com o Canadá e a de bronze com a Lituânia. A preparação dos estudantes vem desde o ano passado, com a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica, voltada para estudantes de escolas públicas e particulares. No ano passado foram 800 mil inscritos em todo o país. Os participantes que se destacaram foram convidados a continuar estudando.

Os selecionados passaram por várias etapas, que incluíram uma prova presencial. Além dos cinco estudantes que participaram da competição internacional, foram escolhidos cinco para participar da competição latino-americana, que será no Uruguai, de 10 a 16 de outubro. Haverá também cinco suplentes. Os finalistas tiveram aulas, participaram de oficinas e de observações astronômicas. (Do Portal Terra)

Pois é… mais um tapa nos arautos da vira-latice nacional.

11 comentários em “O Brasil que dá certo

  1. Gerson e amigos,

    Claro que prêmios são importantes, pois, no mínimo, mostra que alguns trabalhos na educação estão tendo êxito. Merece valorização. Isto é fato. Todavia, é preciso destacar que a educação em ciências, área que trabalho como pesquisador e professor, encontra-se nas últimas posições na avaliação do PISA. Em síntese, temos avançado na educação, porém, muito lentamente,

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  2. Jorge, o mais triste é saber que a situação educacional não está diretamente relacionada ao partido A ou B. Ambos fazem pouco para a qualificação do sistema educacional. Lula, por exemplo, ampliou o acesso as universidades. Isso foi muito bom e atendeu o sonho de muitas famílias. Na meu núcleo familiar, por exemplo, três adentraram com base nos programas do governo. Apesar disso, em um dos setores da educação mais importante, a educação infantil, ainda há milhares de crianças (criança não vota) sem creches e educação de qualidade, o qie acaba refletindo na segurança.

    Enfim, penso que Cristóvão Buarque está certíssimo quando diz que a educação deve ser federalizada. Agora, quem terá coragem de comprar esta luta.

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  3. O Brasil está no caminho errado em relação a Educação.

    O Brasil tem que criar um novo modelo de escola, baseado nos princípios de Paulo Freire e Rubens Alves.

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  4. O problema da educação é bem mais complexo que apenas esforço e uma iniciativa isolada… Fica um ponto de vista capitalista no texto quando diz que se se esforçar tem chance. Mas o esforço é algo pessoal, há alunos esforçados em todos os lugares do planeta. Mas alguns alunos esforçados são mais bem preparados que outros. E uma vitória dessas, por mais significativa que seja, só mostra que há algum potencial no aluno brasileiro, o que não é nenhuma novidade, porque isso há também em todo aluno em qualquer lugar do mundo. É a raridade de vitórias como essa noticiada que indica que a educação é mal tratada no Brasil…

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  5. Só para ilustrar um aspecto importante do meu ponto de vista, cito um diálogo que tive em São Paulo recentemente. Nele, meu interlocutor defendeu o fim de cotas para universidades federais, alegando que os alunos fora-da-cota alcançam notas maiores que os da cota. Os pobres meninos e meninas das classes média-alta e alta são vítimas desse sistema, na sua opinião. Ele prosseguiu dando um exemplo de como esse critério seria justo, citando Joaquim Barbosa, cuja mãe seria lavadeira, além de negra (sic). Retruquei imediatamente perguntando o seguinte: “quantos filhos negros de mães lavadeiras chegaram tão longe quanto ele?”… E aí ouviu-se um silêncio… Por mais que se queira defender a ideia de que as coisas estejam melhorando, Joaquim Barbosa, Artur Ávila Cordeiro de Melo e os alunos premiados na Romênia são exceções do nosso falido modelo de educação. São sim exemplos do grande esforço pessoal que o estudante deve empreender para chegar tão longe, e não do sucesso do sistema educacional. Quem está envolvido em educação não pode se alijar de conhecer teorias como as de Walter Benjamim, Althusser e Bourdier, por exemplo e devem saber de cor os ensinamentos de Piaget e Vygotsky, e outros estudiosos do desenvolvimento cognitivo, antes de ir para sala de aula. Gilberto Freire e Rubens Paiva são boas orientações, mas insuficientes.

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  6. É isso aí, Lopes. Tais prêmios contemplam casos que são extraordinarios e não retratam o descaso com o qual a educação no Brasil Sempre foi ordinariamente tratada. Ao longo dos seculos o Brasil sempre contou com sumidades na ciência, mas, infelizmente, ainda é o que é.

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  7. Essas conquistas são isoladas e resultaram da capacidade de seus ganhadores e de um grupo de professores/orientadores envolvidos. Pouco devem a uma estratégia (inexistente) de nossa sociedade de tornar o país uma referência em educação ou em pesquisa científica e tecnológica. Tais exemplos apenas confirmam não existir fronteiras para a inteligência, mas a necessidade de ambiente propício e estímulo adequado, inclusive financeiro, para seu desenvolvimento, fatores obviamente carentes em nosso país. É bom lembrar que o ganhador da Medalha Fields 2014 desde 2003 trabalha no Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS), na França, e desde 2008 é diretor de pesquisa nesse estabelecimento. Também é bom lembrar a situação dramática da nossa universidade de maior prestígio, a USP, atolada em dívidas, sem recursos suficientes para manter-se superavitária e corroída por greves e pela burocracia. Se a USP está assim, imaginem as demais.

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