Não chore, Marin!

Por Juca Kfouri

Quem chora somos nós. Chora a nossa pátria, mãe gentil. Choram Marias e Clarices no solo do Brasil. E choramos pela miséria a que está reduzido o nosso futebol, sob esta CBF dirigida tal e qual fosse pela dona de um bordel. Por mais que saibamos que temos talento para virar o jogo, por mais que mantenhamos a esperança equilibrista.

Porque, se o show de todo artista tem de continuar, é constrangedor vislumbrar a cena de terça, quando a tarde caía feito um viaduto na sede da Casa Bêbada do Futebol, trajando luto e sem lembrar de Carlitos, o nosso Mané Garrincha.

Eram 27 cartolas de chapéu-coco, todos com brilho de aluguel. Todos submissos, menos o que não foi, o presidente da federação mineira, talvez por tentar se equilibrar de sombrinha.

Como se fossem os irmãos do Henfil, os repórteres Leandro Colon, Martín Fernandez e Sérgio Rangel tinham publicado no mesmo dia, nesta Folha, a incrível história do prédio que custava R$ 39 milhões e foi comprado por R$ 70 milhões.

Fora os vazamentos com a voz de Marin humilhando o coletivo dos presidentes das federações estaduais, todos dispostos a fazer cena antes da assembleia para, depois de bons uísques, aprovar tudo por unanimidade. Não sem antes receber cheques entre R$ 100 e R$ 400 mil, para compensar a mesada, que é menos da metade do que recebem os atuais donos da CBF.

Evidente que tudo isso reflete diretamente em nossos campeonatos sem torcida e com audiência em queda e numa seleção que não comove mais o torcedor.

Canastrão, Marin não engana nem com suas lágrimas de crocodilo nem com sua simulada irritação. Ao dizer que só sairá morto da CBF não lembra Getúlio Vargas, mas Chaves, o mexicano, do seriado da televisão. Ninguém quer que Marin morra, ou que, aos 80 anos, seja preso.

O que se quer é que ele deixe nosso futebol, volte a desfrutar da vida com tudo o que amealhou nos tempos da ditadura a que serviu – como os documentos do SNI revelam sobre ele, segundo informaram, no UOL, do Grupo Folha, os repórteres Aiuri Rebello e Rodrigo Mattos.

Será demais pedir a cada estrela fria que Marin parta num rabo de foguete, se não para Boca Raton, como o colega que fugiu, mas, tudo bem, para Nova York, onde também tem luxuoso apartamento?

É que o futebol brasileiro anda de luto, chupando manchas torturadas, incapaz daquelas velhas irreverências mil nas noites, e nas tardes, do Brasil. Chega de viver nas nuvens ou no fundo do poço. É hora de passar o mata-borrão do céu e acabar com esta dor pungente que não haverá de doer inutilmente, mestres Aldir Blanc e João Bosco.

E que cada passo desta linha, de Ronaldinho a Neymar, seja para machucar o gol do rival, livre, azar, desta cartolagem equilibrista.

Que sufoco. Louco!

9 comentários em “Não chore, Marin!

  1. Olha o temporal caindo sobre o Brasil. Nunca mais futebol arte! nunca mais Manés Garrinchas! Triste fim do futebol brasileiro!
    Aotem vamos sair da copa na primeira fase, isto evitaria um novo Maracanaço!

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  2. O futebol brasileiro ficou ainda pior com Marin no comando. O octogenário nada acrescentou à estrutura carcomida, manteve o mesmo cenário degradado e só se preocupa com a auto-preservação. Já está decidido a se reeleger e os presidentes de federação idem, na velha troca de favores de sempre: Marin os ajudará financeiramente e eles elegerão o benfeitor e a si mesmos, uma máfia que age unida. Não foi à toa que Nunes já se lançou à reeleição (que obterá facilmente, inclusive com o apoio de Remo e Paysandu). A CBF nada em dinheiro hoje, com mais de dez patrocinadores, mas isto só irá até a Copa do Mundo. Passado o evento bilionário, os patrocinadores irão embora, o dinheiro deverá minguar bastante. Não pensem que as benesses irão durar para sempre, principalmente o custeio das séries C e D por parte da CBF. Esta fartura está com os dias contados. Só deus sabe quando e como Marin deixará o futebol brasileiro.

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  3. Minha opinião é a mesma de varios e varios anos. Um tremendo fracasso ,dessa seleção da CBF na primeira fase do mundial, é a única maneira de vermos alguma coisa mudada na estrutura do futebol brasileiro. Do contrário a coisa continuará da mesma forma. Os mesmo senhores mandando no destino do nosso futebol. Por isso mesmo eu sou Argentina de carteirinha. Quero e quero muito, que os portenhos acabem com a banca desses falsos patriotas.

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