Por Gerson Nogueira
Definidos os cruzamentos das semifinais, surge a forte possibilidade de ocorrerem dois clássicos Re-Pa na decisão do primeiro turno, o que deixa a torcida em clima de expectativa pela emoção dos confrontos e, ao mesmo tempo, temerosa da repetição dos problemas ocorridos da última vez.
Os graves incidentes registrados no primeiro Re-Pa do campeonato, há duas semanas, devem servir de balizamento para as providências a serem adotadas, caso os jogos se confirmem. O primeiro passo deve ser a adoção de procedimentos preventivos quanto a trânsito, acesso ao estádio, controle do estacionamento interno e segurança para o torcedor.
Promotores do Ministério Público Estadual têm se empenhado em fazer cumprir as normas do Estatuto do Torcedor, assumindo muitas vezes tarefas que fogem às suas áreas de competência, a fim de pôr ordem na bagunça generalizada. Quase nunca contam com a ajuda dos clubes e dos demais agentes diretamente interessados.
No recente Re-Pa, o mando pertencia ao Remo, mas os desmandos afetaram a todos, tendo o torcedor como vítima maior. As dificuldades de acesso ao estádio, mesmo para quem tinha ingressos, precisam ser removidas. Como já se tornou uma triste rotina, providências óbvias e simples, como a identificação dos portadores de gratuidade para idosos, são solenemente ignoradas.
A proliferação de ingressos falsificados é aceita como fato consumado. A fiscalização rigorosa nas bilheterias resolveria o problema em definitivo. No outro extremo, a prisão de cambistas que vendem esses bilhetes seria o caminho mais fácil para localizar os verdadeiros responsáveis pelo crime.
Ergue-se como principal empecilho à apuração da maracutaia o fato de que os próprios clubes fazem vista grossa e aceitam como natural a concorrência desleal e predatória da máfia dos ingressos. Nesse sentido, a conivência adquire tons de autoflagelação, visto que são os mais prejudicados na história. O descalabro é tão grande que a omissão dos dirigentes soa como aprovação à picaretagem.
Outro ponto que exige enfrentamento imediato é a assombra despesa em torno do clássico-rei. Gastos de R$ 24 mil com lanches e R$ 17 mil pelo aluguel de equipamentos de rádio sangram a margem de lucro gerada pela arrecadação do jogo. Curiosamente, os clubes não se mostram dispostos a combater esses disparates.
Talvez já seja o caso de investigar os motivos de tamanha indiferença.
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Reforço salgueirense
Antigo sonho de consumo dos azulinos, o meia-armador Clebson, do Salgueiro, deve ser o grande reforço para o returno do Parazão. Como o clube pernambucano caiu fora da Copa do Nordeste logo na primeira fase, o caminho ficou pavimentado para que o meia aceite a proposta dos azulinos. Habilidoso, Clebson foi um dos comandantes do Salgueiro na vitória sobre o Paissandu, na Curuzu, na Série C 2011.
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Patrocínio pendente
Apesar da anunciada desistência, o acordo de patrocínio entre o Remo e grupo supermercadista da cidade ainda tem alguma chance de ser salvo. Emissários importantes foram escalados para agir nos bastidores. A situação deve se definir até o fim do mês. Até lá, o time vai continuar fazendo propaganda das marcas do grupo no uniforme.
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Barcos por uma frota
A grande notícia da sexta-feira foi a surpreendente transação entre Palmeiras e Grêmio. Pela liberação do argentino Barcos, o Grêmio disponibilizou vários jogadores ao Verdão. O negócio, apesar da satisfação de todos os envolvidos, reforça a impressão de a nau palmeirense está à deriva. Com a Taça Libertadores pela frente, o clube não contratou reforços de qualidade e agora perdeu seu principal jogador. Nuvens negras pairam sobre o velho Palestra Itália.
Em meio à repentina transação, que envolve ainda o pagamento de R$ 4 milhões ao Palmeiras e R$ 1,3 milhão ao atleta, emerge uma pergunta marota: de onde o Grêmio tira tantos recursos para sair contratando jogadores caros e ainda construir, em tempo recorde, uma moderna arena em Porto Alegre?
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Bola na Torre
Já em ritmo de carnaval, o programa de amanhã vai ao ar às 23h, com apresentação de Guilherme Guerreiro e participação deste escriba baionense. O convidado é Eduardo Ramos (Paissandu).
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste sábado, 09)