Time de Mano, futebol de menos

Por Gerson Nogueira

Até as comemorações da Seleção Brasileira estão piores. Coerente com o nível do futebol apresentado, o primeiro gol brasileiro contra a Bósnia mereceu coreografia canhestra do lateral Marcelo em homenagem ao inevitável Michel Teló. Quanto ao jogo, nenhuma novidade. A indigência técnica virou regra no escrete que já foi o melhor do planeta.
Sem querer ser nostálgico, e já sendo, lembro que a Seleção dos bons tempos às vezes até se dava ao luxo de jogar mal. Quando isso ocorria, por raro, as trombetas soavam e o céu desabava. Técnicos balançavam e caíam. Enfim, criava-se uma confusão dos diabos.
A curva descendente, iniciada na Copa de 2006, não estimula nem mesmo cornetadas contra Mano Menezes. No máximo, ele é alvo de tuitadas implacáveis. O torcedor sabe que o técnico é limitado, mas não está sozinho na história. Conta com a luxuosa companhia de uma das piores safras de boleiros nacionais.   
Tão medíocre que não conseguiu envolver a peladeira (e violenta) seleção da Bósnia, integrante do quarto escalão do futebol mundial. E foi uma partida duríssima, com direito a sufoco bósnio no segundo tempo e gol contra no último instante. Mas, pensando bem, o que esperar de Sandro, David Luiz, Fernandinho, Elias, Jonas, Hulk?
Só os teimosos e alienados ainda acreditam em milagres no futebol. Jogadores fracos não podem tornar uma seleção forte. Ainda mais quando têm como referências alguns veteranos enfastiados, como Júlio César e Ronaldinho Gaúcho.
Aliás, a indolência de Gaúcho é algo digno de nota. Incrível como o técnico da Seleção tem a ousadia de convocar um jogador que hoje é um mero batedor de ponto na repartição. No Flamengo, onde curte férias remuneradas, todos parecem resignados a nada esperar do camisa 10 que também já foi melhor do mundo.
Júlio César é um caso à parte. Não justifica um lugar na Seleção desde que falhou contra a Holanda, em 2010. Passou a engolir frangos com incômoda constância, mas segue prestigiado e arrogante. Sua escalação é tão estranha quanto a insistência em manter Ganso no banco.
O fato é que, a cada nova constrangedora apresentação, como a de ontem, o torcedor é convidado a cair na real. É assustador observar o quanto a seleção titular do Brasil se deixou vulgarizar, sem exibir vestígios de organização tática e sob permanente crise criativa. Não há vida inteligente no meio-de-campo e o ataque vive dos espasmos de Neymar, embora este nem de longe arrisque as jogadas individuais que esbanja no Santos. E o mais assustador é que tudo isso ocorre a dois anos da Copa. 
 
 
O Remo ressuscitou, parece outro. E nem precisou de mudanças radicais na escalação. André e Jonathan, os dois volantes, foram fundamentais na construção da vitória, que podia ser apertada (pela forte pressão do Águia no 2º tempo), mas se transformou em goleada acachapante em dois lances especialmente felizes do ataque azulino. 
Flávio Lopes revelou domingo, no Bola na Torre, que estranhou a frouxa marcação exercida pelos meio-campistas do Remo. Trabalhou muito em cima disso e o resultado apareceu, até antes do que se esperava. Todo o time mostrou comprometimento e interesse na recuperação da bola.
Apesar do cansaço decorrente da decisão do turno, no último sábado, o Águia foi agressivo como sempre e poderia ter tido melhor sorte, caso Flamel e Branco estivessem com a pontaria mais apurada. A equipe não atuou mal, porém teve pela frente um Remo diferente na determinação e na própria postura diante de um resultado desfavorável.
Ao contrário do que acontecia no turno, o time ganhou dinamismo e soube valorizar a posse da bola, caprichou na aproximação e procurou sair para o ataque sempre com mais de três jogadores. Cassiano, o outro destaque da noite, teve papel decisivo. Participou diretamente de dois gols e teve grande movimentação no ataque, explorando a velocidade.
A qualidade dos volantes e a definição do papel de Cassiano, que Sinomar queria posicionar como organizador, podem fazer com que o Remo de Flávio Lopes se torne um time bastante ofensivo.
É importante considerar que os quatro garotos usados por Lopes tiveram grandes atuações. Jonathan, Cametá, Betinho e Reis confirmaram as previsões e se candidatam a permanecer no time, embora alterações ainda devam ocorrer com a chegada dos reforços.     
 
 
A estréia do Paissandu no returno, hoje, em Cametá, tem como principal atração o atacante Adriano Magrão. Sem goleador desde que Rafael Oliveira foi embora, o time ganha em força ofensiva com a presença de um centroavante fixo. Beneficiado direto, Bartola pode dedicar-se à função de segundo atacante, sem a obrigação de encarar a briga direta com os zagueiros e com espaço para explorar ainda mais seus recursos de velocista pelas extremas.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 29)

26 comentários em “Time de Mano, futebol de menos

  1. Já ouvi antes essa estória de que o Remo é outro time. Foi quando ele venceu o Águia por 4 x 2 no 1º jogo do mata-mata. Na ocasião foram feitos os mesmos elogios de agora, com os mesmos exageros. Pedro Balu tinha virado craque e o título já estava encaminhado. Na partida seguinte, o que se viu? Derrota fragorosa e eliminação para o Águia e todos os elogios foram esquecidos. A necessidade de classificar o time para o Brasileiro tem provocado repetidas vezes esse tipo de precipitação nos últimos anos.

    Ora, depois daquela final de turno desgastante, ninguém podia esperar que o Águia jogasse bem. O mesmo vai ocorrer hoje com o Cametá, com o agravante de que a ressaca do Águia era moral, a do Cametá é etílica. Duvido que o Cametá tenha pernas sequer para terminar o primeiro tempo… Mas que as torcidas dos grandes não se iludam com vitórias enganosas. A partir da segunda rodada, tais distorções não acontecerão de novo e tudo será reposto ao seu devido lugar.

    Continuo acreditando no bicampeonato do interior.

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  2. Vale lembrar, Gerson e amigos, que este ano, a CBF vai mudar os critérios, para times desistentes de participar da série D. A partir deste ano, se um clube do Norte desistir, a vaga vai primeiramente, para o seu estado, como era antes. Em não tendo pretendentes, a vaga irá para o time da federação melhor ranquiada, que é a FPF.
    – Por exemplo, ano passado, na desistência dos times de Roraima e Rondônia, as vagas foram para os estados de times da chave desses desistentes, hoje, as duas vagas viriam para o Pará. É mais uma chance para o Remo.

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  3. Devido o fraco rendimento dos jogadores da seleção brasileira, nada mais justo, que o M. Menezes escalar toda onzena azulina com a camisa da seleção brasileira. Isso porque, os azulinos venceram o AGUIA de MARABÁ, sinceramente! O povo besta mesmo, não se esqueçam que o mesmo pau que da no XICO, também da no FRANCISCO.

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  4. Bom dia a todos..A vitória foi importante para levantar a moral mas é cedo para tirar alguma conclusão de que o Remo mudou da água para o vinho.Prefiro esperar.Agora com relação a Seleção compactuo com a ótima análise do escriba betlemaníaco.Não vi o jogo,quando cheguei em casa já estava no central da copa comandado pelo serelepe Leifert.É constrangedor assitir a passividade e a covardia desses caras da globo.NInguém possui o menor resquício de coragem para peitar a CBF e afirmar que Mano não é técnico para a Seleção.Ficam divagando em análises que não levam a lugar nenhum,sem colocar o dedo na ferida.O Casagrande então coitado,que era o único que parecia ter coragem de dizer alguma coisa,foi “amansado”,talvez pelo fato de ter recebido um descomunal apoio da emissora com o seu problema com as drogas,tornou-se um assecla do galvão.Mais tarde veio a resposta do porquê da globo não atacar a CBF e o medíocre Menezes.O JN informou que a emissora dos marinho adquiriu os diretos de transmissão das copas de 2018 e 2022.Tá explicado.

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  5. Noticia do PAYSANDU, segundo o que está escrito na coluna do Cláudio Guimarãens, o Paysandu realmente fechou com a empresa do Roberto Carlos a RC3, mais além disso cita – que o Paysandu está atráz do Ratinho, Moises e o Rafael Oliveira (que se encontra insatisfeito na Portuguesa).

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  6. Ontem eu falei sobre os reforços que o Remo troxe e, que esparava algum pronunciamento da imprensa paraense sobre o assunto, no entanto, eu não vi nenhum falar sobre o assunto, mais bastou o Remo vencer o jogo de ontem, para estamparem na capa do bola – o leão voltou, massacre em Marabá! Eu já vi isso antes, a imprensa encobre os erros azulinos e so mostra o lado positivo, o contrario acontece com o Paysandu.

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  7. Ontém o Águia ainda curtia não só o desgaste físico como também o luto pela perda do turno. Totalmente apático.

    De cara enfrentou uma equipe que estreava treinador e que PRECISA ser campeã do turno e do campeonato.

    O treinador mandou buscar meio time antes de testar os renegados da prata da casa. E agora? Vai botar os veteranos para jogar e encostar a molecada?

    Já estou ficando de saco cheio de ver o Galvão reclamar dos erros dos outros e esquecer dos seus muitos erros.

    Quero saber quando o amigo Cláudio vai estrear a camisa MMA que ele ganhou ontem na Cultura.

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  8. Gerson, não lhe parece que o que ocorre em relação ao não aproveitamento de Ganso hoje se parece com o tratamento dado a Giovani em outra época?
    Ganso não usa penteado estravagante, não cria polêmicas, não é o xodó dos marqueteiros, não deve ter padrinho forte etc etc, ou seja, não cacareja (até porque é Ganso e não galináceo), e no Brasil quem não chora não mama.

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  9. Com relação a seleção fico triste em dizer que o trabalho do mano é horrível, pior que o do dunga. Na era dunga, se tinha uma definição, íamos jogar lá atrás fechadinho, apostando na velocidade do Kaká e do robinho e no poder de decisão do luis fabiano. O jogo era pobre demais, mas se tinha uma clareza sobre o que esperar do brasil. Com o mano, nem isso temos. Outra coisa, vi sua primeira entrevista como treinador da seleção, que foi para o programa do galvão bueno, e este lhe perguntou quais suas expectativas e ele comentou: “Em conversa com o paulo autuori, ele me disse que o brasil está deixando de ser protagonista do mundo da bola. Então, o que espero fazer na seleção, é fazer ela voltar a ser protagonista”.
    Agora, eu pergunta a ele, como ele quer fazer isso, com a convocação e principalmente escalação que usa? Quando ouvi esta entrevista, imaginei que o futebol brasileiro, iria passar por uma transformação similar a que sofreu o futebol alemão. Assisto, com certa assiduidade, campeonatos europeus, e o campeonato alemão era chato a beça de assistir, porém nestes 3 últimos anos, é um dos melhores para se assistir, e tudo começou na copa de 2006, quando Klissman, então técnico da seleção, deixou de usar o estilo alemão de jogo retrancado, e passou a apostar em posse de bola, ocupação de espaço e no estilo ofensivo. Ele jogou aquela copa, com 3 atacantes e um meia e dois volantes não botinudos e que toda hora saiam pro jogo. Não ganharam a copa, mas foram ovacionados pelo povo. O Shwisteger, que jogou aquela copa de ponta esquerda, hoje atua como volante para aumentar a qualidade da saida de bola, e toda esta mudança reformulou todos os times da liga alemã e todos apostam agora nesta ideia.
    Infelizmente no brasil, não vejo nada de novo acontecendo e vamos continuar a assistir peladas como a de ontem.

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  10. Corretíssimo Allan Silva.Assino embaixo.Mas o pior é achar quem poderia salvar esse navio verde-amarelo prestes a naufragar.O “menos pior’ seria Muirici Ramalho,e olha que tenho muitas dúvidas quanto a capacidade dele de recuperar esse status de protagonista do futebol mundial.Tá dfícil!

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  11. O problema da nossa seleção não se resume apenas ao Mano Menezes, tendo em vista, que o atual time do Brasil e composto em todos os jogos, com um meio de campo sempre formado por três volantes e com apenas um jogador na criação.

    Mais o que mais me preocupa, que se a malfadada CBF, for inventar de trocar de treinador agora, não vejo nenhum substituto que possa mudar a cara da nossa seleção. O último treinador que tinha um estilo mais ousado (LUXEMBURGO), também migrou para o estilo “FERROLHO” onde proriza jogadores “brucutus” recheando o meio campo de volantes.
    O que mais me intriga e, que ate os jogadores se sentem confortaveis com esse estilo de jogo e essa composições táticas desses treinadores retranqueiros que hoje habitam o futebol brasileiro.

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  12. Hoje, imediatamente após a Coluna ser postada, eu enviei meu comentário, como, até agora, ele ainda não foi postado, cuido de reenviá-lo:

    Não há como não admitir que um time que venceu de 4 a 1 jogou melhor que o adversário. Também é impositivo admitir que mesmo ainda incipiente o Remo exibiu uma postura tática algo diferente da que vinha apresentando e uma inegável disposição para vencer.

    Todavia, é importante não se perder de vista que o Remo estava estreando o técnico (circunstância que, é cediço, sempre infunde um ânimo muito positivo nos jogadores) e enfrentou um adversário desfalcado e ainda não recuperado nem física, nem psicologicamente de uma partida absolutamente estressante disputada só 72 horas antes.

    Valendo lembrar que mesmo estourado, este adversário ainda sitiou o Remo, a partir dos vinte minutos do segundo tempo, quando o Leão ia pra frente só na base da ligação direta, chutão mesmo (inclusive o gol do Joãozinho resultou de uma quebrada de bola assim).

    Quanto ao Cassiano me pareceu que hoje só não envergou a 10. No mais, jogou do mesmo jeito que jogava no tempo do Sinomar. A diferença foi a participação direta em dois gols, tendo feito um deles, inclusive; e as diversas quedas que teve durante o jogo decorrentes de um problema físico, conforme revelou ao Caxiado no final do jogo (perna 2 cm mais curta que a outra) não contornado pela chuteira que não tinha a palmilha especial que sempre usa.

    Nas oportunidades passadas em que jogou (inclusive naquela em que vestiu a 10) esteve perto várias vezes de marcar gols , tendo até chutado duas bolas na trave.

    Também achei que o Cametá se ressente de um pouco mais de tranquilidade, deu vários e diversos chutões no segundo tempo.

    Quanto ao Jonathan e ao Reis, parece que realmente já estão num estágio mais avançado dependendo agora só de um trabalho cuidadoso do técnico para conseguir extrair dos mesmos todo o potencial que eles inegavelmente têm.

    Bom, mas o fato é que o Fenômeno ficou feliz e mais uma vez esperançoso. Enfim, tomara que: (a) os garotos consigam se firmar; (b) os jogadores que estão chegando aí sejam realmente reforços; (c) o novo técnico seja realmente qualificado e consiga agregar e ter nas mãos o elenco e imprimir um padrão tático decente ao time.Mas, principalmente, tomara que a diretoria consiga pagar em dia todos os atletas, posto que o atraso de salários ou o pagamento somente para certos e determinados jogadores é o principal fator desencadeante de todos os problemas técnicos e táticos e de desagregação que inviabilizam o trabalho de qualquer técnico.
    FENÔMENO, AO ESTÁDIO, POIS.

    Quanto à Seleção Brasileira, mesmo não tendo assistido ao jogo, tenho certeza absoluta que esta é a “imagem do jogo”. Inclusive porque foi esta imagem que vi nos últimos jogos da Seleção que assisti. A propósito, uma pegunta tem perfeita cabida, será que é o Mano mesmo quem convoca e escala o Ronaldinho Gaúcho (dentre outros)?

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  13. “O que mais me intriga é que até os jogadores se sentem confortáveis com esse estilo de jogo e essa composições táticas desses treinadores retranqueiros que hoje habitam o futebol brasileiro.”

    O interessante amigo é que os jogadores brasileiros quando não davam certo na Europa era por razões culturais e por inadequação ao jogo extremamente físico e cauteloso dos europeus. Agora, os brasileiros voltam de lá por, digamos, deficiência técnica… sinal dos tempos.

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  14. Caramba, amigo Acácio, só agora li seu post, desculpe. Amigo, falei no twitter que tinha dado aos meus primos, mas dei para os meus sobrinhos, que agora todo jogo querem que eu participe, para ganhar prêmios para eles.Pode? Te dizer.. Ganhei 2 camisas, uma do UFC e outra do MMA e, dei uma pra cada um. Logo eu pra vestir, como queriam os amigos Marcelo Maciel e Hiran Lobo.. Vou te contar. hehehe. Grande abraço.

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