Tribuna do torcedor

João Moscoso (joaomoscoso@yahoo.com.br)

Qual a explicação do técnico Sinomar Naves por mais um vexame? Não tem mais jeito, o Sinomar mostrou que é um grande treinador de time pequeno, pois nos grandes é só revés, além de trazer uma penca de “craques” da sua confiança que sofrem do mesmo mal, não conseguem jogar em time grande.
Estou desconfiado do treinamento azulino, é impressionante a falta de fundamentos no Leão Azul de Antonio Baena. Portanto ainda acho que tudo isso que está acontecendo é apenas um reflexo dos bastidores, onde o conflito de vaidades tumultua o ambiente e deixa todos que ali vivem sem referências.

A chance para o renascimento da OAB

Por Luis Nassif

A crise da OAB nacional, na figura de seu presidente Ophir Cavalcanti Jr., deve servir de alerta para o fim da instrumentalização política do órgão. E o início de uma reação capaz de eleger uma figura de peso, acima do oportunismo e das paixões partidárias que marcaram as últimas gestões.

O caso Ophir é emblemático. Os detalhes de sua atuação política sepultam definitivamente suas pretensões à reeleição. Mas que sirva de anticorpo contra a entrada de outros aventureiros. Anos atrás houve um movimento na OAB do Pará visando desalojar grupo político que há aons dominava a entidade. O líder do movimento foi Sérgio Couto, que, além de desalojar o antigo grupo, teve uma gestão combativa, questionando a magistratura o tempo todo. Ophir participava do grupo.

Sérgio elegeu a sucessora Avelina Hesketh. Depois dela, foi eleito Ophir Jr. Ophir, pai, foi presidente da OAB nacional, sucedendo Márcio Thomas Bastos. Mas fez sua carreira sempre ligado ao PSDB, mais ainda que Márcio com o PT. Foi consultor jurídico do governo Almir Gabriel, depois no de Simão Jatene. Deixou o cargo quando eleita Ana Júlia e retornou com a volta de Jatene.

No Pará, a OAB sempre girou em torno de dois grupos políticos, Ophir pelo PSDB, Jarbas Vasconcellos pelo PT. Nas últimas eleições, Sérgio voltou a se candidatar tendo Jarbas como vice. Ophir buscava a OAB nacional. Na última hora, César Britto, ligado ao PT, conseguiu fechar um acordo entre Jarbas e Ophir – este apoiando Jarbas para a OAB Pará e sendo apoiado para a OAB nacional. Sérgio foi traído por Ophir e perdeu as eleições.

Durante a campanha apareceu o dossiê contra Ophir, mostrando seu cargo público, no estado, o fato de também ter uma banca de advocacia privada e, às vezes, advogar contra o próprio estado, entre outros pecados. Ophir teve oportunidade de regularizar a situação na época, mas julgou que, presidente da OAB nacional, estaria blindado.

Mais tarde, a OAB nacional decidiu intervir na OAB do Pará devido à venda de um imóvel em Altamira, onde será Belomonte. O Conselho Federal da Ordem, em sessão histórica, decretou a intervenção. O prazo de intervenção, aliás, termina em abril. Ali houve o rompimento entre os dois aliados de ocasião. Mas não foi um rompimento qualquer. Segundo amigos comuns, Jarbas passou a devotar a Ophir um ódio intestino e irrevogável, data venia.

A disputa ganhou caráter nacional. E as denúncias foram ampliadas devido ao fato de Ophir, na ânsia de ganhar espaço na mídia, ter-se convertido em uma espécie de Catão das pequenas denúncias da imprensa, desempenhando um papel pequeno. A guerra custará a reeleição de Ophir. Mas é um bom momento para os advogados repensarem o papel da Ordem.

Nos últimos anos os candidatos preferenciais à presidência foram ex-tesoureiros, homens incumbidos das decisões de investimento da OAB. Define uma sede para determinada cidade, a OAB nacional banca 4/5, a cidade 1/5. Esse poder acabou fazendo com que a OAB se transformasse em um sistema cartorial em nada diferente do modelo político brasileiro. Chegou a hora dos grandes nomes da advocacia firmarem um pacto extra-partido que exorcize os Ophirs, D’Ursos e Jarbas, e permita à entidade retomar o papel relevante que já teve em outros momentos da história.

Um sub-Luxemburgo no Remo?

Via e-mail, recebo a seguinte mensagem de um conselheiro remista, que pediu para não ser identificado: “Seus comentários são muitos lúcidos a respeito do Remo e do fraco (muito fraco) Sinomar, acho que o fator de ter sido campeão ano passado lhe subiu à cabeça (salto alto), está igual ao Vanderlei Luxemburgo (mais parece um empresário do que treinador), mas tudo começa por mais uma vez o Remo ter um presidente muito fraco que não tem e nem saber tomar atitude, infelizmente (espero que eu esteja errado) mais uma vez o Remo vai ficar fora da Série D e vai terminar o campeonato sem ter uma base, já que todos esses pernas-de-pau vão embora”.

Da série “O futebol é quase mãe…”

Vagner Love tem o mais alto salário do futebol brasileiro: voltou ao Flamengo ganhando R$ 525 mil. Ronaldinho Gaúcho recebe R$ 400 mil, acrescidos de ganhos com contratos de publicidade (negociados pela Traffic). Adriano fatura salário de R$ 360 mil no Corinthians, mais R$ 300 mil em acordos publicitários.

Uma rodada tapajônica

Por Gerson Nogueira

Além de definir os semifinalistas do turno, a rodada de ontem teve o condão de ressuscitar os times santarenos no campeonato. São Raimundo e São Francisco viveram tardes inspiradas e arrancaram resultados expressivos contra a dupla Re-Pa. A dupla façanha quase deixou a definição dos classificados em segundo plano.
Na verdade, a rodada se transformou num imenso mico para as duas maiores torcidas do Estado. O Remo se classificou pelas honras da firma, agarrando-se à quarta colocação, que por pouco não lhe escapou entre os dedos. Mas não foi poupado de um vexame em Santarém, deixando-se atropelar por um São Francisco estabanado em muitos momentos, mas sempre aplicado e interessado no jogo.
No dia do aniversário do clube, a camisa 10 que já foi trajada por gente do calibre de Artur Oliveira, Alberto, Geovani, Rubilota, Roberto Diabo Louro e Rogério Belém foi entregue, afrontosamente, a Cassiano. Até que o improvisado meia-armador procurou se desincumbir
da função, mas não tem características de organizador ou criador de jogadas.
Betinho, que é meia de ofício, postava-se como um terceiro volante. Com isso, Marciano e Fábio Oliveira tinham que sair da área para buscar a bola, perdendo um tempo precioso na luta com a boa zaga franciscana. Em cruzamentos e faltas, o Remo até teve chances, mas falhou nas finalizações.
Sobre a armação, cabe observar que o problema não é de Cassiano, mas de quem o escalou para atuar num território que desconhece por completo. Aliás, a responsabilidade é de quem permite a um técnico cometer tamanha invencionice, sabendo que tudo ficará por isso mesmo. E, com a classificação quase milagrosa – que esteve ameaçada até o fim do jogo da Curuzu –, a situação certamente será mantida nas semifinais. Afinal, dizem alguns gênios, não se mexe em time que está perdendo.

Já o Paissandu caiu diante de sua própria torcida, que lotou o estádio (embora o borderô oficial indique outros números), quebrando a lua-de-mel estabelecida desde o Re-Pa. Ninguém esperava a eliminação diante dos briosos alvinegros santarenos, mas, na verdade, é preciso entender que as coisas voltaram ao nível da normalidade.
O torcedor, que não é bobo, percebeu que o time cresceu nas últimas rodadas inflado pelo entusiasmo, mas sem evoluir em termos de organização em campo. A defesa melhorou, mas basta uma rápida espiada na distribuição da equipe para perceber que falta uma liga consistente
entre meia-cancha e ataque. Robinho se aproxima às vezes de Bartola, mas este fica o jogo todo isolado entre zagueiros com o dobro de seu tamanho.
Há outro aspecto a considerar. Bartola, até o Re-Pa, era apenas uma promessa das divisões de base do Paissandu. Depois do clássico e da vitória sobre o Independente em Tucuruí, passou a ser um atacante visado, merecedor de vigilância severa. Obviamente, passou a ter pouco espaço para jogar. E, caso o técnico não o tire da solidão ofensiva, terá cada vez menos margem para os dribles e arrancadas. Acabou a era da inocência.
Depois da rodada desastrosa de ontem, a pergunta é: até quando os dirigentes de Remo e Paissandu insistirão com os técnicos atuais? Questão de economia ou apenas teimosia?

A classificação de Tuna e Cametá acabou fazendo justiça aos dois times, que tiveram campanhas desiguais ao longo das sete rodadas, mas chegaram quase juntos na reta final. O Cametá, único invicto do torneio, é um dos times mais objetivos, buscando sempre o gol, mesmo quando atua fora de casa.

Na Lusa, Charles Guerreiro enfrentou transtornos diversos, perdeu jogadores importantes e conseguiu manter a competitividade. Deve ficar com um ataque ainda mais agudo caso se confirme, ainda hoje, a contratação de Fernando Caranga, goleador da primeira fase defendendo
o Bragantino.

O irretocável triunfo sobre o líder Águia pode ser o começo da arrancada do Independente. O campeonato agradecerá se isso for verdade.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 06)